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Guerreiro Dos Sonhos
Guerreiro Dos Sonhos
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Guerreiro Dos Sonhos

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Zander parou e se virou para encarar seus guerreiros.

— Como diabos ela sabe sobre elas? O que ela sabe?

Orlando se remexeu, inquieto.

— Não sei ao certo o que ela sabe ou como sabe. Ela estava resmungando, baixinho, sobre a existência delas, sem saber que eu podia ouvi-la.

Um cenário como esse foi precisamente o motivo pelo qual Zander designou Orlando e Santiago para o departamento de polícia humana. Era seu dever proteger o Reino de Tehrex e mantê-lo em segredo. Ele havia empregado seus melhores guerreiros para esconder as informações e impedir que elas vazassem. Suspeitava do caso envolvendo o assassinato de um conselheiro. Não lhe agradou que isso tivesse saído do controle. O lado positivo é que ele agora tinha uma desculpa para fazer uma visita à fêmea. A excitação o percorreu.

— É possível que você tenha entendido errado o que ela falou? Diga-me exatamente o que ela disse.

Orlando pigarreou.

— Depois que a informei sobre a mudança de detetives no caso do marido dela, ela começou a reclamar e delirar sobre como o Departamento de Polícia de Seattle cuidou mal do caso e colocou a comunidade em risco, permitindo que um assassino perigoso ficasse livre, sem sequer procurar por ele. Acredito que suas palavras exatas foram…

Zander cortou o que seria um longo diálogo.

—Ora, não quero ouvir a opinião dela sobre a incompetência do Departamento de Polícia de Seattle. O que ela disse sobre as escaramuças?

— Depois que lhe disse que Santiago e eu dedicaríamos toda a nossa energia e recursos para encontrar a pessoa responsável, ela disse exatamente isso: “Detetive Trovatelli, não há nada que possa fazer para tornar as coisas melhores para mim, e não acredito por um minuto que serão capazes de descobrir quem fez isso. Vocês não têm qualquer pista por onde começar. É um exercício em que perseguirão seus próprios rabos”. Então, ela murmurou baixinho: “Se pelo menos soubessem o que vagueia pela noite…”. Fiquei surpreso, para dizer o mínimo, amo.

A temeridade da mulher fez o ardor de Zander rugir mais uma vez. De alguma forma, era mais sexy por vir de uma criatura tão impotente. Concentrando-se na questão que tinha em mãos, ele se dirigiu a Orlando:

— Interessante mesmo. Gostaria de saber onde ela está obtendo essas informações. Quando irá se encontrar com ela? Vou precisar estar ali para lidar com isso. — A dificuldade que ele enfrentaria por poder lhe causar algum dano foi ofuscada pelo fato de que a veria de novo.

Santiago entrou na conversa e respondeu antes de Orlando.

— Sem dúvida. Marcamos a reunião na casa dela hoje à noite para incluir você. E descobri que a irmã dela veio de São Francisco para visitá-la, então ela também estará lá.

Orlando cruzou os braços sobre o peito.

— Você está apenas planejando apagar o conhecimento que ela tem sobre o Reino Tehrex, certo? Não quero que a machuque. Ela já passou por muita coisa e merece algo melhor.

Caramba, se Zander não soubesse a verdade, diria que Orlando estava apaixonado. Independentemente do quanto Zander estava obcecado no momento, esse era um ótimo lembrete para ficar longe da fêmea. Orlando era muito mais adequado para a humana. Ele se recusou a reconhecer a dor que brotava em seu peito.

— Não tenho que explicar meus planos para você, Orlando, mas fique tranquilo, não vou machucá-la. Estarei pronto ao pôr do sol. Vocês estão dispensados. — Ele apontou para a porta. Quando os guerreiros alcançaram o corredor, Zander chamou a atenção deles mais uma vez. — Ah, e planejem para que tenhamos tempo suficiente para buscarmos o jantar no caminho da casa dela.

Os dois lhe deram um olhar do tipo “que diabos você está pensando”. Ele fez um gesto com a mão e uma explosão do poder dele fez a porta bater nos rostos confusos.

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* * *

Elsie espiou pelo buraco e viu três homens enormes e bonitos em sua pequena varanda. O detetive Trovatelli, com seus cabelos loiros platinados apontando para todas as direções (fazendo-a se lembrar de Guy Fieri) estava parado ali, segurando o distintivo da polícia. Ela abriu a porta, mas manteve presa a corrente da tranca no lugar. Não que isso fosse impedir aqueles homens.

Seus músculos salientes ondulavam sob as camisas de botões e suas auras gritavam “não brinque conosco”. O que deveria tê-la assustado mas, surpreendentemente, não estava com medo. Em vez disso, sentia-se segura com eles como se fossem sempre protegê-la. Ela não sabia ao certo de onde vinha a sensação de segurança, pois não os conhecia direito e nunca havia visto um deles. Não era ingênua o suficiente para achar que um crachá os tornava inofensivos.

— Olá, detetives, como posso ajudá-los? — perguntou.

— Sra. Hayes, detetive Reyes — Trovatelli fez um gesto para um homem familiar, com olhos castanhos calorosos e cabeça raspada —, e eu queria discutir o caso com a senhora novamente. E este é o nosso colega, Zander Tarakesh. Ele tem habilidades específicas que serão benéficas no caso de Dalton.

O coração dela parou quando ela viu Zander. Os detetives eram bonitos, mas… Zander era algo completamente diferente, com feições fortes e masculinas, e cabelos pretos sedosos na altura dos ombros. Seus ombros largos e musculosos pareciam ocupar todo o espaço do lado de fora, e o poder transbordava dele.

Dizer que era lindo seria eufemismo. Sentiu-se como se empurrada para fora do corpo no momento em que encontrou aqueles cativantes olhos azuis como safiras. Algo no olhar intenso dele era familiar. Foram necessários vários momentos embaraçosos olhando-o até perceber que tinha visto aqueles olhos algumas noites antes, quando ela e sua irmã compraram burritos para o jantar. Surpreendentemente, a reação que teve em relação a ele havia sido a mesma.

A excitação, quente e insistente, a percorreu até se acumular em seu sexo. Ela escondeu o busto por detrás da porta para não mostrar como seus mamilos haviam endurecido. Era inquietante a rapidez com que ela perdia o controle de seu corpo, ao mesmo tempo em que ardia por aquele homem. E era um soco no estômago se sentir atraída por aquele estranho. Seu abismo negro latejava dolorosamente, deixando-a enjoada. Culpa e vergonha guerreavam, tentando dominar o desejo em sua mente, e as emoções conflitantes a açoitavam.

A irmã e os amigos lhe disseram que já fazia mais de um ano e que ela precisava seguir em frente. Isso era impossível de se fazer pois, para ela, Dalton não havia ainda esfriado no túmulo. Ela havia feito uma promessa de vingar Dalton, ainda que fosse a última coisa que realizasse, e nada o impediria. Não havia espaço para nada mais ou mais ninguém. Ela afastou seus sintomas físicos e manteve no coração os votos feitos a Dalton. Ela o amava e sempre o amaria.

Capítulo Três

Zander estava tremendo. Estava parado no degrau de concreto rachado, do lado de fora do apartamento de Elsie. Elsie… seu nome era tão delicado quanto sua aparência. Ambos estavam em desacordo com o modo como ela o examinava. Ele se perguntou o que estava passando pela mente dela e, antes que percebesse o que estava fazendo, sintonizou seus pensamentos com os dela e quase cambaleou pela sensação de dor e perda que o atingiu.

Os seres humanos, com vidas curtas, amavam mais intensamente e tendiam a se apegar a tudo o que tinham. Aquela fêmea não era diferente. Zander, por outro lado, não sabia nada sobre relacionamentos íntimos. Fez sexo com fêmeas, mas não havia nada mais profundo do que atender às demandas físicas de seu corpo. Isso fazia dele um bastardo grosseiro, mas a alma de sua Companheira Predestinada não havia permitido nada além disso. Ele não foi capaz de dar as costas àquela presença sagrada.

O doce perfume de madressilva fez sua atenção voltar-se para a fêmea diante dele. Estranhamente, queria apagar a dor daquela mulher. Ela havia sofrido terrivelmente e ele descobriu que detestava a tristeza dela. Isto era inédito para ele; bem, não tão inédito. Já era ruim o suficiente ele desejar a humana, mas agora queria lhe dar afeição e conforto.

De repente, Orlando virou-se e colocou as duas mãos nos ombros dele.

— Relaxe, amo. Você está em todo tenso. Não podemos minimizar o risco que ela suscita em você — sussurrou Orlando, baixo demais para ela ouvir. Zander ficou chocado com a declaração. Não sabia que suas emoções eram tão instáveis. Precisava se lembrar de que a empatia transmitia tudo o que estava sentindo e que devia manter um controle melhor.

Zander assentiu, agradecido. Soltou um suspiro pesado que levava o peso de sua agonia. Seu pênis ardia para provar aquela fêmea, e seu coração queria alcançá-la o tempo todo, enquanto sua cabeça argumentava que ela era muito frágil. Temia a condição de humana dela, mas ainda a desejava. Não havia uma parte de seu corpo que estivesse de acordo com a outra.

— Está tudo bem? — A voz sensual dela acendeu a centelha de seu desejo, aquecendo-o ainda mais. Ele olhou por cima do ombro de Orlando quando o guerreiro se virou.

Ela estava de calça jeans folgada e um suéter rosa, macio, que escondia a pele nua do olhar dele. Ela sorriu para algo que Orlando respondeu, e o mundo dele girou em torno de seu eixo.

O doce aroma de madressilva acelerou seus sentidos. O perfume assolava-o, pela necessidade do corpo e do sangue dela. Mas algo se encaixava e, por um momento, não lhe importava mais se ela era humana ou se havia pertencido a outra pessoa. Ele iria tê-la. Não podia mantê-la para si mas, pela Deusa, precisava estar dentro dela antes que ela morresse.

Ele ignorou a dor aguda que o pensamento da morte lhe causou. Estava muito consumido pela intensidade de seu desejo por uma humana frágil, quando nunca havia tido a mínima ideia do que seria sentir atração por um humano.

Estava nervoso com as reações incontroláveis de seu corpo. Naquele momento, seu pênis estava rígido como granito, dirigindo-se para o estado de diamante, enquanto ele examinava lentamente a constituição esbelta de corredora de Elsie, os lábios cheios e beijáveis, e seios perfeitos e atrevidos que pressionavam sedutoramente o top rosa. Ele surpreendeu-se com a luxúria que corria em suas veias e sua incapacidade de controlá-la em qualquer aspecto.

Não que quisesse controlar qualquer parte dela. Queria que a paixão fora de controle consumisse os dois. Normalmente, ele tinha total controle e nunca havia experimentado essas sensações. Olhou para a luminescência da pele clara, de um tom de pêssego, e quase gozou nas calças. Arrebatadora.

— Está tudo bem, apenas cansado por trabalhar longas horas — respondeu Orlando, com suavidade. — Podemos entrar?

— Claro — concordou ela.

A porta se fechou e ele ouviu a fêmea destrancando as fechaduras. Seguiu Orlando e Santiago para dentro da pequena residência. Ao passar pelo pequeno corpo dela, notou que suas pupilas se dilatavam e ouviu seu coração disparar como se ela estivesse sendo perseguida por um lobo raivoso. A excitação dela era inconfundível. Era muito desconcertante que ele estivesse com ciúmes de que isso pudesse ser direcionado a um dos outros homens.

Incapaz de resistir, ele estendeu a mão até a dela. No momento em que suas peles se tocaram, ele foi transportado para outro plano. Formigamentos elétricos percorreram seu corpo, e seu sêmen correu para seu membro. Ele respirou fundo para se acalmar. Era contraproducente. O perfume intoxicante de madressilva tornou-se mais forte com a excitação dela. Ele estava quase perdendo o controle, mas sua preocupação com o corpo frágil dela foi capaz de lidar com as sensações que corriam por todo o seu corpo e que o mantinham sob controle.

— Elsie — murmurou ele, enquanto inclinava a cabeça e levava a mão dela à boca para um beijo. O beijo foi suave e breve demais para o seu gosto. Ele era um animal voraz que não queria nada além de devorá-la.

— É um prazer conhecê-la oficialmente. Orlando e Santiago me contaram a respeito do seu caso. Entre nós três, descobriremos quem fez isso e garantiremos que paguem — prometeu Zander.

Ele ouviu a respiração acentuada dela e capturou seus pensamentos confusos e selvagens. Ela o queria tanto quanto ele a queria, mas havia tanta agitação. Ele forçou os dedos a relaxarem e a soltou.

Ela o encarou novamente, um belo rubor manchou seu rosto e, por fim, respondeu:

— É um prazer conhecê-lo também. Nós… bem… minha irmã e eu vimos você e outro cara naquele restaurante, ontem à noite. Não foi?

— Sim, viu. Lembro-me claramente. — A maneira como os mamilos dela se retesaram sob o top ficaria gravada para sempre em sua mente. A lembrança era o suficiente para que seu membro engrossasse ainda mais. Mais ainda e ele poderia possuí-la ali mesmo. Ainda bem que ele gostava de viver no limite. Ele hesitou por uma fração de segundo antes de fechar a porta. De quanto perigo ele gostava? Era impossível voltar as costas e ir embora agora.

Elsie corou, tornando-se ainda mais bonita.

— Por favor, sente-se e sinta-se confortável. Esta é minha irmã Cailyn. — Ela apontou para o divã verde-claro e a mulher em pé no espaço entre a pequena cozinha e a sala de estar.

Ele notou o apartamento lotado e os móveis escassos. Embora parecesse que Elsie não tinha muito dinheiro e vivia com simplicidade, viu que ela estava orgulhosa do que tinha e mantinha seu espaço limpo e arrumado.

Ele voltou sua atenção para a irmã dela. Elas tinham algumas características em comum, mas Elsie era, na opinião dele, a irmã mais bonita. Ele estendeu a mão.

— É um prazer, Cailyn. — Ele apertou a mão dela e fez um gesto para Santiago. — Trouxemos o jantar conosco. Espero que gostem de comida tailandesa.

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* * *

Elsie observou silenciosamente enquanto eles preparavam a comida e conversavam com a irmã. Jantar? Aqueles não eram policiais típicos. Ela mal os havia conhecido e então eles apareceram agindo como se fossem amigos que estiveram afastados há muito tempo. Sua coluna enrijeceu, ela havia aprendido o suficiente nos últimos dezoito meses para saber que não podia confiar em nada.

Uma palma quente pousou em seu ombro. Ela olhou por cima do ombro para Zander e encontrou os olhos azuis-safira dele. Aquele simples toque foi um choque elétrico, seguido por uma sensação abrasadora, e sentiu o desejo chamuscá-la. Ela havia achado que seu corpo estava morto há muito tempo, mas ele o trouxe de volta à vida.

De modo algum ela era virgem, pois o único homem com quem já estivera foi Dalton. E, apesar de satisfatória, eles não tiveram uma vida sexual muito ousada. Com Zander, ela queria fazer coisas perversas. E isso a aterrorizava mais do que qualquer outra coisa.

Seu demônio sexual interior queria lamber cada centímetro do corpo dele e montá-lo até a exaustão. Era tudo tão confuso. Ela se afastou dele, precisando de espaço. O toque dele era muito perturbador.

— Você não está comendo, moça. Sente-se e vou lhe servir alguma comida. — O sotaque escocês dele era delicioso. Havia algo que lhe chamava a atenção em um cara com sotaque.

— Não, obrigada. Você sempre é tão autoritário?

— Aye, sou — respondeu Zander com um sorriso que levantou um canto da boca. Elsie não pôde deixar de sorrir também e encarar os lábios dele, faminta por saboreá-los.

Estava atraída por aquele homem, apesar do fato de ele parecer capaz de quebrar seu pescoço com dois dedos. Era alto, cerca de um metro e oitenta, e parecia um campeão de pesos pesados.

Se tivesse que adivinhar, diria que ele fazia parte das operações secretas, ou algo parecido, com sua atitude selvagem. Havia uma intensidade nele que faria com que homens feitos ficassem de joelhos, mas ela estava inevitavelmente atraída por ele. O que havia acontecido com todo o treinamento que Mack e os outros lhe deram desde que ela se juntou aos SOVA?

Os pensamentos sobre Mack trouxeram à tona a realidade e a culpa. Ela nunca ficaria com esse homem sexy e enigmático, por mais que quisesse. Era uma viúva agora, e seu coração ainda pertencia a outro. Ela não podia… não iria… abrir-se para alguém, nunca mais. Permitir-se ficar vulnerável à dor da perda de novo era impensável. Além disso, seu coração estava em pedaços, e todos eles pertenciam a Dalton.

Rindo, o detetive Trovatelli rompeu o momento tenso.

— Sei o que está pensando. Sabemos que isso não é profissional. Mas também sabemos que você passou por tanta coisa no último ano e meio e, bem, estamos tentando compensar a má experiência que teve com nosso departamento. Depois de conhecê-la mais cedo e ler o arquivo de Dalton, sentimos como se a conhecêssemos. Acredite ou não, você é importante para nós. Não se trata apenas da investigação. Então, você herdou novos amigos.

Trovatelli piscou para ela.

— Alguns de nós são melhores que outros. Você aprenderá que sou notável. Gosto de filmes de ação, mas não me oponho a comédias românticas, e preparo uma margarita razoável. Não há necessidade de me agradecer por abençoá-la com a minha amizade, seu silêncio atordoado é um agradecimento mais do que suficiente. — Ele terminou com um sorriso.

Ela soltou uma risada trêmula. O cara poderia ser bonito, mas era extremamente presunçoso. E, no entanto, seu instinto havia lhe dito, quando os viu na varanda, que eram pessoas em quem podia confiar. Ainda assim, era difícil aceitá-los de braços abertos.

Antes que ela pudesse responder, Santiago retrucou:

— Não o deixe enganá-la. Ele adora comédias românticas. Mas está certo quando diz que queremos lhe oferecer amizade. É por isso que estamos aqui. — As brincadeiras deles a deixaram mais à vontade. Ela apreciava um engraçadinho.

— O que eles não disseram é que não deixaremos de procurar quem é o responsável. Isto aqui não é uma maneira de esperar que você se esqueça — acrescentou Zander, com um sorriso sincero. Quando ele falou, ela queria acreditar nele. Cada grama de seu ceticismo parecia querer se afastar de sua mente. E, então, havia o sorriso dele. Ele lhe provocava coisas que ela se recusava a contemplar.

Nenhum daqueles homens era como os que ela já havia encontrado. Ela endereçou um olhar à irmã Cailyn antes de estreitar os olhos para os detetives e o amigo deles.

— Caras, vocês não estão certos, estão…

Um miado alto e estridente cortou Cailyn, seguido pela voz do detetive Trovatelli, resmungando:

— Maldito Rhys. — O sorriso dela se alargou quando ele puxou o celular do bolso da frente da calça preta. Não era um toque assim que ela teria imaginado para um cara grande e durão.

— Você deve ter uma queda por gatos — sorriu Elsie.

Zander e o detetive Reyes riram alegremente, fazendo com que o detetive Trovatelli erguesse os olhos do telefone. Ele balançou a cabeça, tristemente.

— Um colega meu gosta de mexer conosco alterando nossos toques. Ele é um pouco chato, mas eu tenho uma quedinha por gatos.

Apenas mostra que você não pode julgar um livro pela capa. Seu sorriso de Gato Risonho continha uma piada particular, e ela se perguntou se algum dia saberia qual era. Elsie balançou a cabeça. Por enquanto, confiaria neles. Afinal, era habilidosa com uma lâmina e podia se proteger.

— Quais são os próximos passos, detetives? — exigiu Cailyn. Elsie apreciou a interrupção da irmã. Sem dúvida, Cailyn queria ter certeza de que eles tinham um plano e não estavam mentindo na cara de Elsie.

— Primeiro, pode me chamar de Orlando, e esse cabeça oca é Santiago. — Orlando apontou para o parceiro. — E segundo, temos perguntas para Elsie, mas depois. Vamos comer, então poderemos conversar sobre o caso.

Cailyn concordou, balançando a cabeça afirmativamente. Elsie não fazia ideia do que pensar sobre aqueles caras. Não apenas estava inexplicavelmente atraída por um deles, como também sentia um parentesco inato com todos, e isso era perturbador. Olhando para a irmã, não conseguiu determinar ela sentia algo semelhante. Ela sempre se espelhou na irmã mais velha e poderia usar sua orientação agora. Elsie não fazia o tipo de acreditar no destino nem em algo instantâneo, mas suas crenças haviam sido desafiadas por sua camaradagem fácil com aqueles homens poderosos.

Capítulo Quatro

Elsie jogou sua comida não consumida no lixo. Fazia mais meses do que gostaria de admitir desde a última vez que havia feito uma refeição completa, e, naquela noite, não havia sido diferente. A ansiedade da conversa iminente a estava matando. Teria que ser cuidadosa. Aqueles homens poderiam parecer invencíveis, mas não faziam ideia dos monstros que andavam por aí. Não teriam chance contra os vampiros que mataram Dalton e atacaram os inocentes.

— Sobre o que querem conversar? — perguntou ela.

— Sabemos que tem sido difícil para você e realmente lamentamos sua perda — disse Orlando, enquanto seus olhos verde-esmeralda sustentavam o olhar dela, de alguma forma a paralisando.

A sinceridade na voz dele lhe disse que aquele homem conhecia dores angustiantes. Isso a confortou da maneira de que precisava, e a tensão em seu corpo diminuiu.

— Estamos seguindo as pistas que envolvem as crianças do orfanato. O que pode nos contar sobre elas? — perguntou Santiago.

Com essas palavras, ela sentiu muito mais compaixão e carinho por aqueles homens do que por qualquer pessoa anteriormente envolvida no caso. Era a preocupação sincera de um amigo, o que fez a situação ter um significado ainda maior. Eles haviam sido sinceros quando disseram sobre serem amigos agora.

Ela teria que escolher as palavras com cuidado. Havia tanta coisa que não foi capaz de compartilhar com eles. Eles a achariam louca se lhes contasse sobre a existência de vampiros. Encontrá-los e eliminá-los teria que ficar entre ela e outros membros dos SOVA.

— Não posso dizer muito, exceto que todos estavam com problemas, mas investigá-los é uma perda de tempo. Obviamente, quero que o responsável pela morte de Dalton pague pelo que fez. Só isso. Não acredito que haja algo que vocês possam fazer — disse ela com honestidade.

— Faremos tudo o que pudermos para ajudá-la, mas entenda que, depois de tanto tempo, as pistas foram perdidas e isso se torna muito mais desafiador. Agora, isso não significa que não colocaremos todos os nossos esforços para descobrir quem o matou. Posso lhe prometer que não deixaremos pedra sobre pedra — assegurou Santiago enquanto se aproximava para se agachar perto da sua cadeira. Ele estendeu a mão e apertou o ombro dela. Seu sorriso era sincero e reconfortante.

— Claro, você já está dando desculpas. Nenhuma surpresa aqui. E eu pensei que vocês seriam diferentes — respondeu ela, cruzando os braços sobre o peito.