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A Garota Que Se Permite
A Garota Que Se Permite
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A Garota Que Se Permite

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— Primeiro um ataque. Agora invasão domiciliar. Pensei ter dito para você ficar longe de problemas.

Aquilo soou vagamente familiar. Abby não tinha acabado de me dizer para ficar longe de problemas? E para me tornar namorável? Mas, na escala móvel de quanto eu estava disposta a ouvi-la, esse conselho estava no final de qualquer lista que eu pudesse fazer.

— Viu? — exclamou Micah. — Você vai ter que pagar por essa janela.

— Não há nada de errado com a janela.

— Então como você entrou? Hem? — Micah passou por mim e começou a examinar a moldura de perto.

Enquanto isso, examinei a grande silhueta por trás da lanterna.

Micah murmurou para si mesmo, procurando por algo errado com a janela. Mas minha situação ainda não tinha sido resolvida.

— Policial Darby, eu tenho uma pergunta. — Olhei para Micah por cima do ombro, considerando empurrá-lo pela janela. Porém, além da óbvia testemunha policial presente, a ideia de que a escada de incêndio impediria qualquer tipo de queda arruinou a alegria que tive com a visão. — Não é ilegal para um proprietário desligar os seus já pagos serviços e impedir que você entre no seu apartamento pago e com contrato assinado?

— Na verdade, é. — Eu podia ouvir o humor tingindo sua voz, uma risada baixa ao encerrar a frase.

— Então, não apenas não estou presa, mas posso ter um caso para registrar, hum…?

— Bem, não é um grande caso, já que não houve danos. Mas você pode implicar com isso se quiser.

— Não. Eu na verdade só quero dormir em algum lugar quente, com luzes e água quente, já que é a minha última noite aqui.

O Policial Darby baixou a luz e tive um vislumbre de uma mandíbula forte, cabelos curtos e escuros na penumbra. Exatamente o tipo de cara que minha amiga Jayne escolheria. Ele provavelmente pilotava uma moto e ficava muitas vezes carrancudo. O tipo de cara que eu evitava a todo custo. Definitivamente não era o tipo de cara que eu queria continuar me esbarrando enquanto minha vida estava desmoronando.

— Eu acho isso justo. Sr. Marrow, você poderia ligar a energia deste apartamento novamente? — Bem, pelo visto, ele também era a voz da razão.

Micah deu a volta para ficar ao meu lado e resmungou que podia.

— Nos próximos trinta minutos? — O policial Darby obviamente sabia fazer as perguntas certas.

Micah resmungou baixinho como se eu fosse a pessoa que desligou todos os meus utilitários dois dias antes do prazo e ele agora tinha que correr para limpar minha bagunça.

— Então, obrigada por ter vindo. — Fui em direção à porta, na esperança de acompanhar o policial Darby direto por ela e me livrar logo dele.

— Não tão rápido, Srta. Lane. — A porta se fechou, mas o policial Darby ainda estava do lado de dentro. — Você quer me explicar essa onda de azar que você parece ter ultimamente?

— Na verdade não.

— Eu preciso reformular minha pergunta? — Ele olhou para mim, uma mão apoiada casualmente no cinto acima de sua arma, a outra apoiada em seu quadril.

— Você disse que eu não tinha violado nenhuma lei.

— De alguma forma, eu suspeito que você está burlando algumas esta semana. — Graças aos céus estava escuro porque eu sabia que ele devia estar me olhando com aquele olhar de aço. Ele era provavelmente o tipo de policial inescrutável que os atores que faziam papel de policiais estudavam para parecerem bem… inescrutável.

— Eu realmente sou uma cidadã cumpridora da lei.

Eu era. Eu realmente era. Eu simplesmente não estava dando a melhor impressão na minha espiral descendente.

— É melhor que esta seja a última vez que sou chamado por sua causa.

— Eu prometo que será. — Nada mais daria errado esta semana. Eu estava tendo uma onda de acontecimentos felizes desde a noite passada.

— Certo — disse ele, como se não acreditasse em mim. — Apenas, de verdade, comporte-se.

O policial Darby abriu a porta e eu dei uma olhada nas linhas nítidas e ásperas, olhos azuis profundos e cabelo preto azeviche. Eu devo ter ficado encarando-o um pouquinho demais. Ele era apenas cerca de cinco centímetros mais alto do que eu, mas preenchia a porta como se ela tivesse sido construída em torno dele.

— Além disso, Sra. Lane?

— Sim.

— É quarta-feira.

Ele fechou a porta atrás de si enquanto eu tentava descobrir o que aquilo significava. Um homem misterioso. Mas, com sorte, não seria um homem que apareceria novamente em minha vida por um bom tempo.

Principalmente não depois que eu me mudasse para o apartamento de Ben. Tinha a sensação de que subir seminua pela janela era ainda mais desaprovador em bairros chiques.

9

NOVE

AS LUZES ainda estavam desligadas quando o aquecedor ligou. Deitei na cama ouvindo o ar passar pelas aberturas e esperei até que estivesse quente o suficiente para tirar meu casaco.

Você pensaria que depois de ficar sem calças enquanto rastejava para fora do ar frio da noite e entrava em minha própria casa, eu estaria… espere um segundo.

Quarta-feira.

Toda vez que eu pensava que minha humilhação havia acabado por esta semana… só que não. Eu tinha certeza que a calcinha que eu estava usando era azul escura com um dia da semana em amarelo brilhante na bunda.

Obviamente, devo estar usando o dia errado.

Eu me virei perseguindo meu próprio traseiro por um momento antes de desistir e me olhar no espelho.

É claro.

Eu estava vestindo terça-feira.

Fiquei ouvindo o barulho do aquecedor, me sentindo dividida entre a gratidão por nunca ter que encarar o policial Darby novamente e nojinho de mim mesma por desejar ter que encarar o policial Darby novamente. Você sabe, apenas para olhar para ele. Foi bom ver um cara que parecia um cara. Aposto que o Policial Darby não tinha um suéter de cashmere.

Mas, um policial? Tipo, o estereótipo do macho alfa controlador.

Não, dispenso.

Para ser justa, ele lidou com as situações com os dois homens mais loucos que já conheci com facilidade e humor. Ambas eram qualidades que eu percebi que faltavam na minha vida. Não que eu precisasse de um herói… quero dizer, um cuidador.

Sei lá.

Quando as luzes voltaram, concentrei-me no que precisava ser feito, empacotando o que restava das minhas coisas e separando só o que precisaria para o dia seguinte.

Quando guardei os últimos itens, o ambiente estéril perdeu qualquer pequena quantidade de charme que eu consegui colocar nele. Mudar-se para o divino refúgio de Ben seria um grande upgrade no fator de charme.

Lentamente, quase como se estivesse saboreando a última noite ali, caí no sono, feliz por estar sozinha e não precisar lidar com as emoções de mais ninguém. Eu não tinha percebido o quanto eu tive que fazer isso. Jason era temperamental e crítico, e provavelmente simplesmente louco, mas nada disso tinha sido óbvio para mim... até agora.

Tentei afastar a sensação de estupidez. Mas, fazendo uma retrospectiva, tudo ficou claro. Muito claro.

Todas as inseguranças que me levaram a namorar Jason: estar sozinha em uma cidade estranha logo após a faculdade, um novo emprego, um cara mais velho tomando você sob sua proteção, até as razões pelas quais eu fiquei com ele, era o que eu conhecia.

Depois de um dia como uma garota solteira na cidade, senti algo que eu não sabia que tinha perdido. Uma leveza de ser. Uma ausência de preocupação em equilibrar e explicar e suavizar tudo o que acontece ao meu redor.

Estava mais do que feliz com as minhas novas condições. Eu estava contente. O tipo de contentamento que perdurava.

E eu tinha que agradecer a uma pessoa por todo aquele contentamento recém-descoberto: Jason.

Eu estava cega, mas ele arrancou as minhas vendas e me empurrou para o mundo. E era um mundo muito melhor sem ele, mesmo se eu tivesse basicamente mostrado a calcinha a um policial.


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