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A Garota Que Se Permite
A Garota Que Se Permite
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A Garota Que Se Permite

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— Sério, Micah. Por que meu apartamento é o único que parece uma geladeira? Favor ligar de volta. Estou apenas, você sabe, passando um tempo no corredor de pijama.

Uma porta no andar de cima se abriu e passos pesados cruzaram sobre minha cabeça em direção à escada. O cara, por quem Beth chamava a polícia o tempo todo por fazer o treino P90X depois das sete da manhã de um sábado, dobrou a esquina e parou no patamar.

— Trancada do lado de fora? — Ocorreu-me o quão ruim eu devia parecer antes de tomar meu banho, ou antes da dose de cafeína.

— Não.

— Só passando o tempo? — Ele abriu um sorriso.

E por que não deveria. Devo parecer ridícula. — Sem aquecimento, água quente ou eletricidade.

— Sério? — Ele olhou para a minha porta como se pudesse ver o problema através do painel frágil. — Escute, eu só estou correndo para pegar um café e bagels, mas minha namorada está aqui para passar o fim de semana. Por que você não pega suas coisas e vem tomar banho na minha casa. Ela não vai se importar.

Dan, que aparentemente era o nome do cara P90X, me acompanhou até o apartamento dele, me apresentou a sua namorada e se dirigiu para a porta.

Isso mostrou o quão baixo eu tinha afundado, que eu nem me importava se estava tomando banho no apartamento de um cara estranho. A namorada de Dan pegou uma toalha para mim e certificou-se de que eu tinha tudo de que precisava.

— Para sua sorte, ele sempre contrata uma diarista na semana anterior à minha visita. Tenho um medo mortal do que você poderia encontrar aqui caso contrário.

— Obrigada. — Tentei imaginar Dan, que sempre parecia incrivelmente arrumado, tendo um banheiro imundo. Simplesmente não fazia sentido.

Mas, quem era eu para tentar decifrar o namorado de outra pessoa quando nem mesmo consegui decifrar o meu?

Corri para o meu banho, não querendo interromper o tempo da Namorada do Dan. Além disso, eu tinha um encontro com o dono de uma cafeteria que esperava encontrar um teto para eu morar. Eu estava disposta até a implorar naquela altura.

Sequei o meu cabelo o mais rápido possível e o enrolei em um coque desleixado antes de agradecer a ambos, um pouco triste por só conhecer o vizinho simpático um dia antes de me mudar.

De volta ao apartamento geladeira, abri minhas cortinas para deixar a luz do sol entrar antes de enrolar um lenço em volta do pescoço, puxar meu casaco e erguer minha bolsa. Como eu nunca percebi como ela ficava tão pesada assim com o notebook e o carregador nas minhas caminhadas de apenas uma quadra da minha casa até o ponto de ônibus?

Posso não receber um pagamento pelo dia hoje, mas ainda era um dia útil. Eu tinha muito trabalho a fazer e ainda mais coisas para pensar. Então era melhor já começar a arregaçar as mangas.

O ar estava úmido, o tipo de clima pré-outono que fazia tudo parecer um pouco mais fresco. Foi uma caminhada mais curta do que o esperado. Um pouco mais de um quilômetro. Isso é o que acontece quando você nunca não vai além do que a própria vizinhança, você perde a oportunidade de encontrar jóias escondidas.

Entrei na cafeteria e inspirei o aroma inebriante de café. Estar lá novamente foi a primeira coisa que me fez sentir bem, algo que parecia certo, nos últimos dois dias.

Aproximei-me do balcão, feliz por poder pedir outro daquele mocha delicioso e estranhamente não me surpreendi ao encontrar Abby no balcão novamente.

Ela olhou para mim e balançou a cabeça. — É assim que você sai de casa?

Eu olhei para minhas calças de ioga e jaqueta esportiva.

— Sim. É assim que saio de casa quando preciso caminhar dois quilômetros para sentar e tomar um café enquanto trabalho.

Ela balançou a cabeça novamente, desgosto emanando dela como se ela tivesse acabado de descobrir que eu chutava gatinhos como passatempo.

— Se você insiste em sair assim, vai continuar solteira.

— Eu só estou solteira desde a noite passada, você sabe, quando você me acusou de sair por aí traindo.

— Então. Bem-vinda à Terra dos Solteiros. — Abby me entregou meu mocha como se ele fosse algo muito bom para alguém como eu. — Você vai ficar nessa Terra por um bom tempo.

— Talvez eu queira ficar solteira por um tempo.

Ela olhou para mim por cima da névoa do vapor. — Você não parece alguém que gosta de ficar solteira. — Com isso, ela foi até o final do balcão para limpar alguma máquina.

Fiquei olhando para ela me perguntando se ela estava certa. Eu era do tipo de garota que não gostava de ficar solteira? Era? Foi por isso que fiquei tanto tempo com Jason?

Achava que não, mas estava aprendendo muitas coisas novas sobre mim mesma esta semana.

Sentei-me na mesma poltrona da noite anterior e ponderei. Eu estava definitivamente em um momento de reflexão de vida.

Assim que deixei de lado a reflexão sobre a Terra dos Solteiros, comecei a considerar o verdadeiro problema em questão. No fundo da minha mente, eu tive uma ideia, uma que tinha vivido lá por um tempo tentando criar coragem para emergir. Mas agora, em uma situação mental de luta ou fuga, ela abriu caminho na minha mente e está cutucando o meu cérebro desde que acordei com frio e irritada.

Meu próprio negócio de marketing e design. Divulgação, sites, banners, anúncios… Muitos designs divertidos para fazer sozinha. Sem todas aquelas grandes contas corporativas discutindo sobre o que tal ou tal tom de laranja diz subconscientemente. Apenas trabalho direto para startups, indivíduos e pequenas empresas.

Trabalho acessível, mas lindo.

Eu tinha as habilidades. Eu tinha a vontade.

Examinando meus contatos, tentei descobrir onde poderia encontrar alguns clientes para lançar meu novo negócio assim que o colocasse em funcionamento. Eu não tinha certeza de onde estava a linha ética sobre entrar em contato com ex-clientes. Uma coisa que eu sabia sobre mim mesma, essa não era uma linha que eu cruzaria.

Obviamente, eu precisaria de algo para mostrar a eles. Algo tão bom quanto o que eu conseguia fazer quando tinha recursos, mas com um orçamento muito menor. O que eu poderia oferecer para me destacar? O que faria de mim um sucesso? E que me permitiria pagar o aluguel?

Pesquisei designers no Google e comecei a pegar capturas de tela. Peguei o meu Moleskine e fiz anotações de diferentes coisas ofertadas, preços, cronogramas, esquemas de cores, sites... qualquer coisa que outras pessoas estavam fazendo. Eu marquei exemplos. Fiz anotações do que poderia ser feito melhor, diferente, ou apenas que fosse mais eu.

Foi divertido. Foi emocionante. Mas foi apenas o começo e quando tentei pensar além disso, fiquei um pouco assustada.

Depois de uma hora, já tinha bebido todo o meu mocha. Definitivamente, outro era necessário para traçar um plano de negócios enquanto eu esperava por John.

E, para minha sorte, Abby ainda estava trabalhando no balcão.

— Sabe qual é o seu problema? — começou ela, antes mesmo que eu pudesse fazer o meu pedido.

— Não, mas tenho certeza de que, como minha barista, não há nada que você gostaria mais do que me dizer.

É uma situação triste quando não me sinto estranha ou culpada por discutir verbalmente com uma criança.

— Olhe para você. Você está uma bagunça.

Olhei para baixo. Provavelmente por hábito. Será que Abby começou a canalizar a minha mãe. Eu estava uma bagunça? Emocionalmente ou fisicamente? Ela provavelmente queria dizer um pouco dos dois.

— Isso não é bom — disse ela, como se estar uma bagunça ocasionalmente fosse uma coisa boa e eu pudesse ficar confusa. — Já é difícil ser uma garota, quanto mais uma garota comum. Mas você está reduzindo sua própria classificação de crédito social vindo aqui assim.

Eu não deveria perguntar. Foi um movimento idiota e eu sabia disso mesmo enquanto a pergunta escapava dos meus lábios. — Classificação de crédito social?

— Eu chamo isso de Teoria da Garota Comum. É a razão pela qual você está solteira e não sabe o que fazer sobre isso.

Eu sabia o que fazer sobre isso: Nada.

Eu estava solteira, olhei para o relógio, há catorze horas. Eu não tinha morrido por não ter um homem em minha vida ainda.

Eu estava mais do que viva. Eu estava me sentindo super bem.

Quando decidi morar com Jason, minha mãe não ficou feliz. Tantas indiretas sobre gente interesseira que perdi a conta. Minhas tias se juntaram a ela. Os casais felizes da família também juntaram forças para tentar me convencer do contrário. Ninguém, nenhuma pessoa simplesmente veio até mim e disse que não gostava dele. Eles apenas pensaram que deveríamos nos casar em vez de morarmos juntos.

Ou talvez não gostassem dele.

Mas já essa… essa adolescente, autoproclamada guru do amor, era demais.

— Veja, os caras são muito visuais. — A Garota Barista Abby acenou com a cabeça como se eu não fosse acreditar nela ou isso fosse, sei lá, novidade. — Tudo gira em torno do que eles podem ver. Eles não podem ver que você é inteligente ou engraçada, ou o que quer que seja o seu Poder Feminino. É tudo uma questão visual.

— Se você diz. — Não era minha culpa se isso soou grosseiro até mesmo para mim.

— Agora você entra aqui desse jeito. — Ela acenou com a mão vagamente para mim do seu lado do balcão. — Nada bom.

— Ontem à noite você me acusou de ser uma adúltera.

Eu estava realmente começando a desejar já não ter pago a bebida. Ou que ela já tivesse me dado o meu mocha. Ou que meu ego não estivesse sendo metralhado sem motivo aparente.

Ou… ou… ou…

Ah, a vida fabulosa da garota recém-solteira. A garota solteira comum, aparentemente.

Claro, eu não tinha me arrumado já que viria andando até aqui e trabalharia o dia todo. Calças de ioga e uma camiseta justa eram a melhor escolha. Eu já havia planejado levar todas as minhas peças executivas para revender em um bazar e conseguir um dinheiro para o aluguel.

Claro, roupas de grife e sapatos que esmagam os dedos eram uma parte que eu não me importava em cortar.

Agora só precisava de um lugar alugado para pagar.

Eu toquei o pequeno buraco começando a desfiar ao longo da borda da minha camiseta e pensei comigo mesma que a última coisa que eu precisava agora era outro cara. Eu estava deixando a garota-dependente-de-algo de lado e estava me tornando a Mulher de Negócios Independente.

A Garota Barista chamou a minha atenção quando terminei a minha inspeção do será-que-esta-camisa-pode-ser-salva.

— Talvez um pouco de maquiagem também. Você sabe. Só um pouco de rímel e gloss.

— Meu mocha está pronto? — Sério. Ela achava que esse era o caminho para uma boa gorjeta? Irritar os clientes até que eles paguem para serem deixados em paz?

Eu balancei minha bolsa de moedas. Provavelmente estava muito leve para pagar por aquela bênção.

— Ainda não. — Ela olhou para o copo de viagem vazio em sua mão. — Então, a teoria. Caras. Eles tendem a se avaliarem bem alto, enquanto colocam as mulheres muito abaixo facilmente. Portanto, vamos supor que cerca de oitenta e cinco por cento das mulheres se enquadrem nesse grupo de aparência média. Algumas são classificadas como acima, na média superior, como a classe média alta, e algumas são classificadas abaixo na escala. Mas todas elas caem no meio da curva do sino.

Olhei para a mão dela, aquela com meu copo vazio, esperando que ela terminasse para que eu pudesse voltar ao trabalho. Eu tinha uma empresa para lançar.

— De qualquer forma — continuou ela, colocando meu copo, ainda vazio, na mesa. — Caras não vivem na mesma curva de sino. Quando eles veem aquelas dez por cento das garotas realmente lindas e gostosas, setenta por cento dos caras pensam que essa garota pode ser obtida. Esses setenta por cento estão reduzindo o QGC (Quociente da Garota Comum) significativamente. Pense nisso. Se um cara que está classificado como seis pensa que pode namorar uma nove, quem as garotas seis vão namorar?

O que me deixava assustada era que ela estava realmente fazendo sentido.

Mais do que assustada. Olhei para o lado de fora, só para ver se havia quaisquer outros sinais do apocalipse se aproximando.

— Então, todos aqueles caras da média superior se avaliam acima de uma garota acima da média.

— E os outros trinta por cento dos homens? — perguntei. O que eu estava pensando? Para onde foi a vozinha que vivia na minha cabeça? Que deveria estar gritando, Não dê corda! Não se envolva!

— Bem, a porção mais baixa, os homens abaixo da média, sabem do seu lugar. Eles aceitaram que estão entre os quinze por cento da margem inferior e encontraram uma garota em seu nível de atração. Pense nisso. Você vê uma garota. Você sabe que é bem mais bonita do que ela, mas ela tem namorado. Normalmente não paramos e pensamos, Que bom! Mas eu não namoraria com ele. Nós apenas ficamos presas na coisa toda do ela tem namorado e eu não.

Quem soava a dor de cotovelo agora, Garota Barista?

— Isso ainda deixa cerca de quinze por cento dos caras. — Por que eu ainda estava me torturando assim?

— Sim. — A Garota Barista acenou com a cabeça. — Sim. Você está absolutamente certa. E a maioria deles já tem alguém. Eles foram espertos. Eles agarraram uma ótima garota e estão mantendo-a. O resto deles estão apenas descobrindo o que devem fazer. É melhor você se recompor e se manter uma oito antes de ficar velha demais.

Velha demais?

Eu tinha vinte e seis anos. Para o que exatamente eu ficaria velha demais?

— Posso pegar minha bebida?

A frieza na minha voz deve ter ficado óbvia porque ela fez uma careta e começou a fazer o que quer que eles fizessem atrás do balcão para criar aquele mágico mocha. É melhor eu aproveitar agora. Com minha nova falta de renda, os mochas não ficariam mais na coluna de necessidades básicas onde costumavam residir.

Assim que a Garota Barista Criadora de Teorias terminou minha maravilha espumosa, peguei um guardanapo e voltei para a minha mesa de trabalho, ou melhor, minha poltrona confortável e mesa de centro, no canto da cafeteria.

— Não dê ouvidos a ela. — A voz era suave, meio que aguda no final. Combinava com a garota de uma maneira estranha. Ela devia ter mais ou menos a minha idade, com cabelo castanho claro emoldurando um rosto de fada por trás dos óculos.

— Desculpa?

— Não dê ouvidos a ela. Ela está errada. — A garota olhou para o balcão antes de se mexer na cadeira para olhar para mim. — Ok, ela pode não estar errada. A teoria provavelmente é válida. Mas ela tem cerca de nove anos e você não pode colocar um número em algumas coisas.

— Eu gostaria de acreditar que isso seja verdade. Especialmente porque aquele cenário não me favorece muito neste momento. — Não havia nada de atraente em ser sem-teto. Mais um motivo para colocar o meu negócio em funcionamento.

Toda a ideia de que eu tinha que sempre me virar sozinha me irritou ontem à noite. Havia uma razão que “para melhor ou para pior” fazia parte dos votos matrimoniais. Mas isso era algo de um relacionamento real. Não um que você pensasse que era real, mas aparentemente era apenas uma conveniência para uma das partes. Mais uma razão para Jason e eu não sermos casados. E agora, de jeito nenhum eu procuraria um relacionamento enquanto estivesse sem teto e desempregada.

Claro, de jeito nenhum eu procuraria por um relacionamento por um bom tempo de qualquer maneira. Eu estava declarando que a esfera de três metros ao meu redor era uma zona livre de homens. Posso até fazer voltar a moda das saias gigantescas só para fazer cumprir essa nova sanção.

Mas, a garota não tinha terminado.

— Meu namorado, Ben… — Ela abriu um sorriso bobo no rosto. — Ele é maravilhoso. Tipo, o segundo cara mais lindo que eu conheço. Sério. Eu pareço o tipo de garota que um cara bonito se interessaria?

Quase balancei a cabeça. Não porque ela não fosse bonita. Ela era. De uma maneira fofa, a garota-da-casa-ao-lado-que-é-um-tanto-nerd. Eu tinha certeza de que os caras ficariam atraídos por ela apenas por causa de todo aquele brilho vindo dela. E os óculos. Eu nunca tive inveja de meninas com óculos, mas ela parecia usá-los como se fossem apenas parte de seu visual.

Claro, isso poderia ser apenas o brilho de um relacionamento novo, mas eu estava supondo que ela já era adorável mesmo na era pré-Ben.

— Me chamo Jenna Drake. — Ela se inclinou sobre a mesa de centro, a mão estendida.

Foi um gesto muito acolhedor. Ela simplesmente não era uma daquelas pessoas que você dispensava rudemente porque estava tentando trabalhar. Além disso, o nome dela era vagamente familiar enquanto eu lutava para lembrar de onde. Eu estava realmente, realmente esperando que não tivéssemos frequentado a escola juntas ou algo assim.

Era a última coisa que eu precisava. A famosa rede de fofoca da minha pequena cidade ainda estava viva e bem. Minha mãe me ligaria trinta segundos depois de ouvir sobre meu novo status, e eu receberia um sermão sobre as mulheres que vivem sozinhas no mundo.

Obviamente, minha mãe havia acidentalmente voltado no tempo para os anos 40.