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Sanidade Antes, Magia Depois
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Sanidade Antes, Magia Depois

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— Onde você conseguiu isso? — exigiu Aislinn, enquanto pegava o objeto da minha mão.

— Eu sentei nele. Por quê? O que é isso?

— É uma escama de dragão, mas o que ela está fazendo aqui? — Os olhos de Aislinn saltaram entre a casa de Tunsall e o objeto em sua mão.

Eu li sobre dragões outro dia e me lembrei de algo sobre eles serem capazes de soltarem fogo. — Ah meu Deus! Um dragão fez isso? Por que a Rainha chamaria os cachorros grandes quando ela poderia usar muito menos recursos para se livrar de Tunsall e sua irmã?

— Você tem razão. Um dragão não poderia ter feito isso. Se tivesse sido um, não teria restado nada em pé — explicou Aislinn.

— Faz sentido… Não imagino que eles possam controlar o tamanho da bola de fogo que cospem da boca. — Eu me virei para Tunsall. — Você ou sua irmã irritaram mais alguém?

Talvez a Rainha não estivesse por trás das mortes, afinal. Talvez elas estivessem procurando no lugar errado. A Rainha usou outros em sua trama para roubar meu poder, mas quando se tratava do âmago da questão, ela fazia o trabalho sozinha.

Eu apreciava essa ética de trabalho. E entendia isso. Não havia nada como a satisfação de chocar as pessoas e provar exatamente do que você é capaz. Especialmente quando as pessoas te subestimam ou julgam com base em algo como o seu título. A maioria pensaria que uma rainha nunca sujaria as mãos. Assim como poucos médicos me consideravam capaz de conectar pacientes à ECMO quando geralmente era o trabalho de um médico.

— Eu e minha família somos muito reservados. Nem sei como entramos no radar da Rainha para ser sincera. Eu achava que era porque Isidora confiava em nós e sempre permitiu passagem livre por Pymm's Pondside. Agora já não faço ideia.

— Talvez tenha sido a Rainha — arrisquei. — Esta escama pode ter sido plantada aqui para despistar.

— Há uma maneira de testar essa teoria. Você sente a presença dela aqui? Depois de seu encontro com ela, você deve ser capaz de detectar vestígios de sua presença — informou Aislinn.

Respirando fundo, fechei meus olhos e foquei nos elementos ao meu redor. Inicialmente, o poço mágico que eu tinha me acostumado a convocar era um leito de lago seco. Dentro de alguns segundos, o poder gotejou e me preencheu.

Sem ter uma pista, concentrei-me na terra, depois nas plantas e árvores, e depois nos seres próximos. Meu dedo formigava com cada novo elemento. Eu estava cercada por todos os elementos e eles adicionavam outra camada à magia que carregava em meu peito.

No início, foi uma confusão de respostas na forma de energia e elementos. Tentei identificar a energia de Aislinn no meio de tudo isso. Minha pele zumbiu quando consegui isolar sua vibração do resto. Depois disso, foi fácil separar os diferentes fios.

Lembrei-me de como a energia da Rainha me sufocou e repuxou minhas entranhas. Eu agora sabia que ela estava tentando roubar minha bateria, por falta de uma descrição melhor. Graças à forma como me foi explicado, eu sempre veria um cilindro de lítio em meu peito, alimentando minha magia.

Mantendo a vibração da Rainha em mente, eu vasculhei a área ao nosso redor. Não havia nem um indício de sua presença. O que eu senti foi pura maldade. Era o que eu imaginava que sentiria se olhasse na mente de um assassino em série.

— Não foi ela. Foi algo muito, muito pior do que isso.

Tunsall estava tremendo como uma folha e a tez de Aislinn havia perdido toda a cor. — Quem seria o responsável então?

Eu balancei minha cabeça e tentei empurrar o peso que havia caído sobre mim para longe. — Não tenho ideia, mas nunca senti nada tão horrível. — Nenhum de nós sobreviverá ao que quer que este ser planejou para nossa cidade. Eu mantive esses pensamentos para mim, não querendo causar um pânico em massa.

CAPÍTULO TRÊS

Quando voltei para casa, uma hora depois, estava exausta e pronta para uma soneca. Sempre que o caos aparecia em minha vida, ele tendia a assumir o controle. Eu não tinha dormido ou tomado cafeína o bastante. Quando esses dois fatores combinavam, criavam a tempestade perfeita e eu sofria para continuar funcionando.

Eu estava seriamente começando a duvidar da afirmação de minha avó de que eu tinha algum tipo de bateria interna. Eu mal podia levantar meu braço para acenar para o Feérico seriamente sexy que olhava para mim do outro lado do quintal. Já o meu coração não parecia sentir a fadiga quando começou a disparar no meu peito. Deus, ele era sexy demais.

— Ei. — Foi uma saudação fraca, mas não tinha mais nada a oferecer no momento.

— Quando você ia me contar que Isidora voltou, Borboleta? — Aquela carranca sempre presente estava no lindo rosto de Bas, o que indicava que ele estava irritado. Ele não poderia estar muito bravo porque estava usando o apelido que ele escolheu para mim recentemente.

Muito parecido com a primeira vez que o conheci. Lutei contra a vontade de me desculpar. Eu não devia uma explicação a ele. Claro, eu estava animada para ver até onde esse relacionamento iria e estava me apaixonando por ele, mas eu não tive tempo sozinha para assimilar aquilo. Eu estava fazendo o que precisava para cuidar de mim mesma e garantir que não perdesse a cabeça desde que soube da morte de Tierny.

Minha vida não girava e nunca mais giraria em torno das necessidades de outra pessoa antes das minhas. Era uma das vantagens de um recomeço. Eu podia definir o cenário desde o início. E esperar que meus hormônios excessivamente ansiosos não me traíssem.

Eu lancei um olhar feio para o Sebastian. — Olá, Fiona. Como foi o seu dia? Parece que fazer poções foi produtivo. — Pigarreei para me livrar do tom de voz rouco que tinha feito e voltar ao meu tom de voz normal. — Foi bastante agitado. Ainda estou processando tudo, mas estou mais preocupada com a malevolência que captei na casa de Tunsall, quando fui investigar o assassinato de sua irmã.

Eu tinha aprendido uma ou duas coisas sobre equilíbrio e a importância do autocuidado. Passei mais da metade da minha vida cuidando dos meus filhos e do meu falecido marido. Eu tinha perdido o meu equilíbrio depois que Tim morreu. Felizmente, eu tinha meus filhos para me manter ocupada. E justamente quando me deparei com o ninho vazio, minha avó morreu e eu me mudei para outro país do outro lado do globo. Eu sabia que não se deve tomar decisões importantes na vida em momentos como aquele, mas parecia certo e não me arrependi por um segundo.

Claro, eu me perguntava se havia algo mágico me atraindo para cá. Eu diria que as chances são boas de que a vovó, além de lançar um feitiço para amarrar seu espírito a mim, colocou um encantamento em mim para que eu quisesse permanecer em Pymm's Pondside e assumir os negócios da família.

Bas baixou a cabeça e esfregou a nuca. — Entendi. Eu fui grosso. — Ele reduziu a distância e passou os braços em volta de mim, em seguida, deu um beijo suave em meus lábios antes de se afastar. Eu queria sua boca de volta. De repente, meu cansaço foi embora e meu corpo estava se animando para uma aventura totalmente diferente.

— Mas fiquei chocado quando voltei meia hora atrás e encontrei Isidora flutuando na cozinha e observando Kairi pela janela acima da pia… Espera. Tierny foi morta? O que aconteceu?

Suspirei e entrelacei meus dedos com os dele, em seguida, o puxei em direção à casa. Vovó precisava ouvir isso também. — Vovó! — gritei enquanto tirava meus sapatos no anexo.

Eu estava entrando na cozinha e indo em direção à cafeteira quando ela flutuou pelo teto. — O que foi? O que aconteceu?

Eu soltei a mão de Sebastian. — Mae passou na livraria enquanto estávamos lá e nos informou que houve outro assassinato e Gardoss foi chamado para investigar. Aislinn e eu decidimos ir ao local e ver se era obra da Rainha Feérica.

— Isso foi estúpido. Nunca a procure sem eu estar com você — interrompeu Bas.

Eu me virei e lancei um olhar feio para ele antes de continuar. Dei a eles um breve resumo do que encontramos quando chegamos e, em seguida, mostrei a escama e minha teoria de que ela foi plantada para apontar a investigação na direção errada.

— Colocar a culpa nos dragões prejudicaria ainda mais o relacionamento entre eles e os principais residentes da cidade. — A figura translúcida da avó parecia vibrar cada vez mais rápido enquanto ela falava. — Isso causaria uma rixa entre Feéricos e Transmorfos, dividindo ainda mais a população sobrenatural. Passei anos tentando acabar com esta rixa e uni-los.

Sebastian ajeitou as costas e ergueu a mão como se fosse alcançar a vovó, mas depois a deixou cair ao seu lado. — Sem você, eles lutariam abertamente sem motivo. Em vez disso, concordamos que precisamos trabalhar juntos para garantir que os humanos nunca saibam sobre nós.

Eu me servi de uma xícara de café e acrescentei creme de hortelã. — Isso seria muito ruim. Farei o que puder para ajudar na situação. E o primeiro passo é descobrir quem é o responsável pela morte de Tierny. Quem quer que seja, tem algumas intenções seriamente más para nossa espécie. A energia maliciosa era assustadora.

Sebastian se aproximou e esfregou a mão nas minhas costas, deixando-a lá para me confortar. — Provavelmente foi a Rainha. Ela deve estar ficando desesperada. Especialmente agora que sua energia não é mais facilmente detectada.

Vovó assentiu, o que era um movimento estranho quando a árvore do lado de fora era visível através de seu rosto. — Isso ajudará a manter a atenção longe de você. Só podemos esperar que ela acredite que estava errada sobre o que você é. Afinal, toda a briga que vocês duas tiveram, não enfraqueceria uma nicotisa como faria com outros híbridos.

Os olhos de Sebastian se arregalaram e sua mandíbula cerrou. — Você é uma nicotisa. — Foi uma declaração, não uma pergunta ou esclarecimento. — Eu deveria saber, e você deveria ter me contado. Eu poderia ter feito mais para impedir a Rainha de descobrir isso. Isso complica as coisas.

Vovó cruzou os braços sobre o peito enquanto o vermelho cintilava nas bordas de sua forma fantasmagórica. — Por que eu deveria ter confiado em você? Sim. Somos amigos há muito tempo e não, você nunca me deu motivos para duvidar de você, mas com suas conexões anteriores, eu não poderia ter certeza. E, eu nunca colocaria a vida de Fiona em perigo. É por isso que sacrifiquei um relacionamento mais próximo com minha neta. — Lágrimas pareciam brilhar seus olhos.

Eu não tinha considerado o quão difícil foi para ela quando mandou meus pais e eu embora todos aqueles anos atrás. Um pensamento surgiu na minha cabeça e saiu da minha boca antes que eu tivesse tempo para pensar sobre isso. — Se era tão perigoso, por que eu vinha para cá todo verão?

— De que outra forma eu renovaria o feitiço?

Eu balancei a cabeça. — Me desculpe, eu não continuei voltando. A vida ficou tão ocupada, mas se eu soubesse… — Minha voz falhou. Não tinha certeza do que teria feito se soubesse.

— Quando você completou treze anos, o feitiço já estava cimentado no lugar. Agora, sobre a Rainha e esta energia. Tem certeza de que não foi ela?

Eu não estava completamente pronta para deixar o assunto para trás, mas não tinha certeza do quanto mais eu realmente precisava saber. — Minha magia tocou a dela, ou algo assim, quando nós lutamos, e eu a senti. Há essa determinação raivosa ligada a ela que estava faltando na energia hoje. Ao redor da casa de Tierny havia ódio e fome. Quem fez isso gostou de matar a brownie e queria mais.

— Talvez o assassino não esteja fazendo isso numa tentativa de roubar o portal de você, afinal. Podemos ter nos enganado ao presumir que essa era a intenção deles — disse Bas, apoiando as mãos no balcão. Suas sobrancelhas estavam franzidas e seus lábios repuxados. Eu diria que esse era seu olhar pensativo, mas ele usava aquela carranca na maior parte do tempo.

O calor encheu minhas bochechas quando me lembrei de como Aislinn me disse que eu poderia ser capaz de suavizar as rugas na testa dele. Eu fui casada por algumas décadas e tinha três filhos, mas não tinha certeza e estava nervosa sobre levar o relacionamento para o próximo nível com ele. Parte de mim estava além das inseguranças e da preocupação sobre se ele gostaria ou não do meu corpo. Enquanto a outra parte gritava para fazer abdominais e comprar um hidratante melhor para disfarçar as rugas.

— Eu não acho que seja a mesma pessoa. Este era muito diferente dos anteriores. Além disso, eles podem usar o sangue que tiraram dos outros para mais alguma coisa? — Tomei outro gole do meu café, apreciando o sabor da menta. Algumas pessoas gostavam de um toque de especiaria de torta de abóbora no café, eu preferia um toque de menta.

— Não que eu saiba. Isidora, as bruxas podem usar sangue Feéricos em feitiços?

Vovó acenou com a mão no ar e a energia do gesto me atingiu em ondas. Ela formigou em todos os lugares que tocou. — Claro, mas é difícil de trabalhar. Deve ser coletado com precisão, como acontece com os rituais Feéricos. Poucas bruxas estão dispostas a fazer tal magia nefasta. Tudo tem um custo, e quando você executa magia de sangue, isso devora sua alma e, eventualmente, o deixará louco.

Estremeci com o pensamento. — Não, dispenso. Eu posso ter me enganado. A rainha pode ter matado Tierny. Tudo o que sei é que quem fez isso estava além da raiva.

— Da última vez que ouvi, a Rainha estava furiosa. Isso mudou? — Eu fiquei boquiaberta com a pergunta da vovó. Ela realmente sabia de tudo o que acontecia em Cottlehill.

— Isso não mudou. Foi o que a levou a atacar Fiona.

Um canto da boca da vovó se curvou. — Bem, isso e o fato de que você está interessado na minha neta.

O rosto de Sebastian tingiu de rosa e ele mudou de sua típica expressão carrancuda para dar sua versão de sorriso. — Isso certamente piora as coisas, mas tudo começou antes que eu agisse quanto a isso.

— Ele está certo, vovó. Ela estava matando feéricos muito antes de ele dizer uma palavra para mim. Qual é a história entre vocês? — Lembro-me dele me dizendo que eles tinham um relacionamento, mas nunca me deu detalhes.

Sebastian respirou fundo e fechou os olhos por um segundo. — Você sabe que ela é casada com Vodor. Bem, ela e o rei estão distantes há séculos. O que você pode não saber é que Feéricos são criaturas luxuriosas e sexo fora de uma parceria é comum.

Minhas partes femininas ficaram alertas quando ele mencionou que Feéricos estavam sempre com tesão. Eu queria deixá-lo nu e mostrar a ele como eu estava excitada. Só o tom de sua voz era como uma carícia íntima. Merda. Ele ainda estava falando.

Pare de pensar besteira e volte a prestar atenção.

— O rei tem um harém desde que atingiu a maioridade, mas a rainha não. Pelo menos não oficialmente. O problema surgiu quando ela se apaixonou por outra pessoa. Ela falou sobre derrubar o rei com seu amante. De alguma forma, a notícia chegou até os pais dela e eles não ficaram felizes. Eles arranjaram um matrimônio com Vodor quando ele estava tentando disputar o trono. Ela implorou ao homem que ela amava que se apresentasse na disputa, mas ele recusou. — Os olhos de Bas ficaram distantes e pude vê-lo revivendo os eventos enquanto falava. Seu corpo ficava cada vez mais rígido com o passar do tempo.

— Por que ele recusou? — A carranca estava de volta e eu odiei aquilo. Eu esperava que minha voz o ancorasse no presente.

Ele piscou várias vezes e finalmente se concentrou em mim, mas foi a vovó que me respondeu. — Política. Somente aqueles no alto escalão da sociedade Feérica são poderosos o suficiente para assumir o trono. O critério das separações de classes entre os feéricos vai além da renda. Eles valorizam o poder mais do que qualquer coisa. É por isso que a Rainha quer roubar o seu, Fiona. Você poderia eclipsar o status dela.

— Ela está certa — acrescentou Bas. — O homem que ela amava não era da classe alta e, apesar de ser poderoso o suficiente para ascender, não tinha vontade de fazê-lo. A Rainha ficou chateada quando ele recusou. Ela sempre foi uma megalomaníaca e, mesmo assim, queria o homem mais poderoso como seu companheiro. Essa recusa a envergonhou e foi um grande escândalo. Nunca se ouviu falar que a Rainha queria alguém que fosse oficialmente de uma família mais fraca do que a de Vodor.

— Você é o tal homem, certo? — Não havia dúvida disso em minha mente. Ele exalava essa aura revestida de uma força inegável.

Sebastian ergueu um ombro. — Sim, mas isso não é importante. Precisamos nos concentrar na Rainha e por que ela está tão silenciosa.

— Isso é mais importante do que você imagina. Ela não te superou. Eu imagino que ela sente que você a desprezou ao rejeitá-la e depois indo embora. Isso, junto ao seu desejo por meu poder, a torna altamente perigosa. E isso poderia tê-la levado ao limite. Ela pode, agora, estar atacando sem se importar com quem fere.

— Essa parece a explicação mais plausível que já ouvi a noite toda — concordou vovó com um aceno de cabeça. — E não se esqueça de suas maneiras, Fiona. Você não ofereceu chá a Bas nem nada para comer.

Revirei os olhos para minha avó, mas não pude evitar minha vergonha. Ela e minha mãe me ensinaram melhor e eu as estava fazendo parecerem desleixadas. — Eu não tenho certeza sobre você, mas eu preciso de um pouco de vinho. Você aceita um pouco de uísque? Vou colocar uma pizza no forno.

— Eu pego. — Bas foi até o armário e pegou o uísque, em seguida, puxou o vinho branco da geladeira. Um sorriso cruzou seu rosto quando ele pegou a taça de vinho sem haste do balcão. Dizia: Eu harmonizo bem com vinho.

Depois de preaquecer o forno, coloquei uma pizza congelada com tomate, alho e manjericão numa assadeira e me sentei na ilha da cozinha. — Estamos seguros aqui? — Eu não conseguia afastar a sensação de que não era capaz de derrotar a Rainha. O que significava que todos os que viviam em Pymm's Pondside estavam em perigo. Isso agora incluía minha avó também.

— Suas proteções são tão boas quanto qualquer outra que eu já conjurei — respondeu vovó. Ela estava sorrindo para mim. O orgulho era inconfundível.

— Obrigada, mas elas são impenetráveis? Não quero que mais ninguém se machuque por minha causa.

— Eu encontrei todas as pedras enfeitiçadas que Tunsall plantou, então essa parte já está resolvida. E você já restringiu a entrada pelo portal.

Vovó fez um barulho que soou como se ela estivesse sufocando. — Você proibiu qualquer um de entrar em Pymm's Pondside?

Levantei-me e coloquei a pizza no forno. — Sim. Eu não tive escolha. Kairi e eu quase morremos porque a Rainha manipulou Tunsall para fazer seu trabalho sujo. Eu precisava ter certeza de que isso não aconteceria novamente.

— E aqueles que procuram passagem pelo portal? Você já pensou em como tal feitiço os afetaria? A maioria deles está fugindo do tirano em Eidothea e você bloqueou a única passagem segura que resta para eles.

Engoli em seco e me virei para encarar minha avó. Ela estava com as mãos nos quadris, mas fiquei feliz em ver que ela não estava vermelha nas bordas.

— É por isso que o portal está em silêncio desde a minha luta com a Rainha. Achei que tinha a ver com ela por algum motivo. Eu não tinha ideia de que isso aconteceria. — Eu engoli o pedido de desculpas. Eu não tinha nada pelo que lamentar. Tudo isso era novo para mim e eu estava dando o meu melhor com o que tinha.

— Claro que não. Eu culpo Filarion. Se aquela doninha não tivesse invadido e roubado meu livro, você teria visto minha carta e eu estaria aqui desde o início para ajudar. O mais importante agora é afrouxar as barreiras.

Sebastian terminou sua bebida e pousou o copo. — Existe algo que podemos fazer para garantir que ninguém com intenções maliciosas possa atravessar?

Vovó flutuou mais perto do forno quando eu o abri e ficou me observando enquanto eu removia a pizza. — Isso é complicado.

— Isso é o que eu pensei que tinha feito antes — interrompi. Quando lancei minhas proteções, eu até mantive esse desejo na frente da minha mente.

— A magia não é capaz de avaliar uma pessoa a menos que ela pratique magia nefasta. Isso muda uma pessoa, como eu disse antes, e por causa disso podemos manter essas pessoas fora. Mas ela não é capaz de detectar o que alguém está pensando. Ou se eles têm ciúmes de você. Nem pode dizer quando você está com fome e lhe fornecer uma refeição. Torna-se complicado ao lidar com um indivíduo que está sendo forçado a cumprir as ordens de outra pessoa.

— Certo. Isso faz sentido… Então eu só me resta ter esperanças de que ninguém mais seja manipulado como Tunsall foi?

Bas balançou a cabeça. — Isso não seria sábio. Garanto que ela encontrará outra pessoa para manipular, mais cedo ou mais tarde. Essa é uma de suas constantes.

Eu joguei minhas mãos para o ar. — Tem alguma coisa que eu possa fazer? Kairi quase foi morta da última vez. Eu prometi a ela um lugar seguro para morar depois que ela preferiu fugir de Vodor, em vez de dar a ele um pedaço de si mesma. — Ela sabia que a pior coisa que ela poderia fazer por seu povo era dar a ele poder sobre quem vive debaixo d'água. Eu respeitava isso e queria ter certeza de que ela poderia viver da forma mais segura possível, mesmo que estivesse longe de todos que amava.

Vovó flutuou de volta para a janela. — Nós podemos chamar Theamise. Ela e suas irmãs podem ficar de olho nas fronteiras e nos avisar se algo parecer suspeito.

Bas serviu outro copo de uísque enquanto eu cortava a pizza. — Sim. Não pareceria estranho a ninguém se elas puxassem conversa com eles. Algumas perguntas bem formuladas e ela deve ser capaz de determinar se alguém está agindo fora do normal.

Fui até a geladeira, peguei uma fruta e a coloquei na ilha. — Acho uma boa ideia. Vou levar alguma coisa para comer no caminho e falarei com ela e Kairi, então poderei remover as proteções. Não gosto da ideia de Feéricos ficarem presos em Eidothea e em perigo.

Peguei um prato e enchi com a comida antes de sair. Sebastian me seguiu com nossas bebidas e pizza. A culpa me consumia por ter eliminado uma rota de fuga na qual os Feéricos confiavam. Eu não poderia imaginar se Kairi ainda estivesse em Eidothea. O Rei a teria pego e conseguido o que queria. E teria sido minha culpa. Eu esperava que o peso em meus ombros diminuísse agora que vovó estava comigo e fosse capaz de me ajudar a entender essa merda toda.

CAPÍTULO QUATRO

— Então, está tudo quieto porque você acidentalmente bloqueou o portal? — Violet bateu seu copo de margarita no meu. Estávamos no Penas de Fênix, o pub onde Aislinn era atendente. — Bom trabalho, Fi.

A primeira vez que viemos aqui, Aislinn passou mais tempo conversando conosco do que servindo aos outros. Perguntei por que ela não tinha medo de ser demitida e ela riu ao dizer que gostaria de ver sua mãe tentar. Aparentemente, sua família era dona do lugar há décadas.

De qualquer forma, passei a última meia hora contando a elas o que aconteceu quando voltei para casa na noite anterior. Aislinn riu e ergueu um copo de refrigerante para nós de sua posição atrás do bar. — Essa é uma boa maneira de manter sua carga de trabalho baixa.

Eu rosnei baixo em minha garganta. — Eu não estava tentando me livrar do meu trabalho. Eu culpo a vovó. Isso não teria acontecido se ela tivesse me contado sobre, hum… — Eu lancei meu olhar ao redor, me certificando de que ninguém estava por perto. Era só o que faltava, eu revelar a existência de sobrenaturais aos humanos. — A nossa família. Já é ruim o suficiente que Kairi sofreu por semanas quando eu não tinha ideia do que era esperado. Eu tive que sair fazendo as coisas do meu jeito de novo porque não sabia o que mais poderia fazer.

Aislinn parou de limpar a parte superior do balcão. — Não há nada que você possa fazer para mudar o que aconteceu, e você solucionou o problema, não é?

Balancei minha cabeça para cima e para baixo. — Vovó estava tão hesitante quanto eu em diminuir a proteção sem uma maneira de monitorar quem cruzasse para Pymm’s Pondside. Na verdade, foi muito simples, uma vez que Bas sugeriu a ideia de convocar Theamise para ajudar se alguém aparecesse. Eu não tinha ideia de que ela tinha esse impacto nas árvores mais próximas da casa. As folhas estão rareando e a casca está descascando agora que ela se mudou para os arredores de minha propriedade.