banner banner banner
Sanidade Antes, Magia Depois
Sanidade Antes, Magia Depois
Оценить:
Рейтинг: 0

Полная версия:

Sanidade Antes, Magia Depois

скачать книгу бесплатно


— É hora de recitar o feitiço. — A voz de Aislinn me tirou das minhas ruminações.

— Certo. — Eu me concentrava na carta e nas palavras que minha avó escreveu quando notei que eu estava brilhando com uma luz azul. Pelo menos agora você sabe que fez a poção direito.

Deixe minha voz ser ouvida do outro lado.

E alcance a ancorada ao meu lado.

Ignore os limites da física e dê forma ao sem forma.

Pelas leis de nossa antiga magia, que assim seja.

O vento soprou mais forte e apagou as velas. Do lado de fora os trovões soaram e as nuvens se abriram. A chuva golpeou a janela quando correntes de energia azul deixaram meus dedos para formar um ciclone do outro lado do sótão.

Protegi meus olhos do redemoinho e assisti através da proteção criada pelos meus braços. A luz se fundiu na forma de uma pessoa. Quando o vento acalmou, baixei os braços e vi uma figura que nunca pensei que veria novamente.

— Vó! — Corri para o lado dela e joguei meus braços em sua volta. Eles atravessaram pelo seu corpo, deixando-me tremendo de frio.

— Já era hora de você me invocar, criança. Por que demorou tanto?

Coloquei minhas mãos nos quadris e estreitei meus olhos. — Desculpe, mas fui pega de surpresa com toda essa coisa de híbrida Bruxa-Feérica. Depois, fui atacada e quase morta pela Rainha dos Feéricos. E antes disso eu tinha que encontrar o portal e então aprender como evitar que os feéricos atravessassem. Um aviso teria sido bom!

Eu estava mais do que feliz por tê-la de volta e não tinha percebido até aquele momento como eu estava com raiva por ter sido mantida no escuro. Aparentemente, eu não era a única.

Aislinn limpou a garganta. — Não se esqueça que você teve que pegar o seu grimório de volta das mãos do Filaron também.

— Aquela pequena peste roubou meu grimório? — perguntou vovó, seu brilho ficando vermelho nas bordas. Ela tinha um brilho azul-claro e transparente, mas quando ela rosnou de raiva, ela mudou. Sua forma ficou um pouco mais sólida e apareceu um filamento vermelho em torno dela.

— Eu não o chamaria de pequeno, mas ele é uma peste. — respondi, erguendo um ombro. Filarion era um ladrãozinho de uma figa. Um ladrão muito bonito, mas que não prestava.

— Tudo o que importa agora é que você conseguiu realizar o feitiço e eu estou aqui com você. Camille, é bom vê-la. Preciso que você, Aislinn e Violet ajudem a lançar um feitiço para dissipar a assinatura de energia de Fiona.

Camille lançou um olhar para vovó que deixou claro que ela estava chateada. Eu me perguntava se era porque ela não contou quem, ou melhor, o que eu era ou se era outra coisa. — Eu já lhe disse antes, Isidora. Não sou uma idiota, independentemente do que você possa pensar. Eu estava planejando abordar o assunto depois que eu ensinasse a sua neta como fazer poções. Aposto que foi por isso que a Rainha Feérica a atacou. Ela queria roubar o poder da sua neta junto com o portal. Mas eu quero saber como você conseguiu voltar sem atravessar.

— Sim, ela só pensa em ser o mais poderoso ser vivo. Imagine como a luta teria acabado e como ela seria se tivesse uma bateria recarregável de magia dentro dela — apontou Aislinn.

— Eu não tenho ideia do que você acabou de dizer. Por favor, me explique. E preciso saber como posso manter meus amigos seguros. Desde que vocês começaram a sair comigo e os Feéricos vieram morar em Pymm's Pondside, eles foram atacados. Eu não quero ser a razão pela qual alguém acabe ferido. — Eu tinha culpa suficiente nas minhas costas no momento.

— Isso é besteira. Você não é responsável pelo que aquele ser sujo com sede de poder fez. O que importa é que entenda que agora você é como um reator nuclear. Você emite um sinal que é impossível para os sobrenaturais não notarem ou resistirem. — Minha avó flutuava ao redor da sala enquanto ela falava. Isso ia levar algum tempo para me acostumar, mas eu a tinha de volta!

— Isso é porque eu sou uma nicotisa certo? O que isto significa exatamente?

— E, como você descobriu isso? Ela se mudou quando tinha cinco anos! E, não pense que eu esqueci que você ainda não respondeu como você está aqui com a gente agora. — Havia um pouco de agressividade no tom de voz de Camille. Estava claro que ela não se dava muito bem com a minha avó. Havia uma história não contada no meio disso, mas eu não tinha as faculdades mentais para abordar o assunto no momento.

Vovó olhou para Camille e virou para mim com um sorriso. — Sabíamos que você era diferente assim que nasceu. Começou quando você nasceu com uma energia que ajudou a acalmar sua mãe. Mas eu tive certeza quando você invocou sua mamadeira um dia, quando eu estava cuidando de você enquanto sua mãe trabalhava na cabine dela na F&F. Agora, respondendo sua pergunta Camille: não tinha certeza se teria essa capacidade, mas liguei meu espírito à Fiona. Eu não tinha certeza se funcionaria. Não encontrei nada sobre lançar um feitiço enquanto fazia projeção astral. Eu tinha que lançar o feitiço na minha alma, não no meu corpo.

A ideia de ter o corpo da minha avó amarrado a mim revirou meu estômago, mas foi nisso que minha mente focou no meio de tudo o que ela disse.

— Ceeeeerto. Gostaria de poder invocar as coisas agora.

Eu estava precisando desesperadamente de uma xícara de café, daqueles de levantar defunto se eu fosse sobreviver a essa conversa. Ou talvez uma dose, ou dez, de tequila. Minha cabeça já estava começando a doer, um aviso que a cafeína era necessária. Minha habilidade de me concentrar na conversar iria rapidamente por ladeira abaixo se eu ignorasse essa necessidade.

Violet deu um tapa no meu braço. — Acho que você não entendeu, mas isso é incrível. Nós não despertamos os nossos poderes antes dos vinte anos. Caso contrário, seria impossível esconder nossa existência. Imagina seus filhos invocando um sorvete ou os brinquedos até eles enquanto você anda pelas lojas?

Vovó balançou a cabeça para cima e para baixo. — Mas isso não foi devido à sua peculiaridade como nicotisa. Ela lhe dá a habilidade de lançar magia por conta própria sem precisar invocar os elementos, mas foi o seu lado Feérico que ampliou tudo. Quando você tinha três anos, eu lancei um feitiço em você que diluiu seu poder. Seus pais sentiram que você estava chamando muita atenção dos Feéricos e decidiram se mudar pouco antes do seu sexto aniversário.

Aquilo pareceu sinistro. E se encaixava com o que estava acontecendo desde que voltei para Pymm's Pondside há alguns meses. Honestamente, minha cabeça estava nadando e eu tive dificuldade em aceitar tudo isso. Uma coisa que os últimos meses me prepararam foi para aceitar que o místico era real e que eu fazia parte desse mundo. Caso contrário, teria me internado num hospício.

— Vamos dissipar a assinatura de energia dela — Camille interveio como se tivesse lido minha mente. Violet, Aislinn e Camille se reuniram ao meu redor. Camille desenhou um círculo de sal, cercando todas nós, então elas murmuraram: — Sors.

Compartilhar? Eu estava aprendendo latim graças ao meu novo lado bruxa, mas a escolha do feitiço delas não fazia sentido. — Por que não dissipo ou dispergo?

— Porque estamos compartilhando sua assinatura. — Minha boca se abriu com a explicação de Aislinn.

Vovó suspirou e flutuou na minha frente. — Este é apenas o primeiro passo. Vejo que você já lançou feitiços de proteção sobre você e Pymm's Pondside. Esses escudos agora serão muito mais eficazes.

— Você não me ouviu antes? Eu não quero colocá-las em mais perigo! — Eu não queria gritar com a minha vó, mas recusava fazer aquilo.

Vovó colocou as mãos nos quadris da forma que sempre fazia e me prendeu com seu olhar. Aquele olhar que me levou de volta no tempo e me lembrou de como era ser punida por ela.

Eu queria me contorcer sob a atenção da minha avó. — Você não está colocando-as em mais perigo. Só espero que não estejamos fechando a porta do celeiro depois que o cavalo saiu. A Rainha já te tem como alvo, mas isso vai impedir qualquer um de canalizar você. E você não tem escolha a não ser aceitar a ajuda delas. Sua luz fica mais brilhante e mais fácil de seguir quanto mais você desenvolve seu poder.

Vovó flutuou até a janela e olhou para fora antes de virar para o grupo. — Temos que começar os trabalhos agora. Você precisa de mais prática com poções e começar a aprender as runas Feéricas.

— Café primeiro, depois podemos voltar ao trabalho. — Fui até a porta, confiando que não perderia minha avó de novo. Não havia como eu continuar sem um impulso. E um pouco de comida.

CAPÍTULO DOIS

— Você acha que terei que devolver o quarto da vovó? Acabei de comprar um colchão novo. E criei um closet só para colocar as minhas coisas. — Quando minhas coisas finalmente chegaram em Pymm's Pondside, percebi que os armários não seriam grandes o suficiente para guardar todas as minhas roupas, então, com a ajuda de Violet e Aislinn, criamos magicamente um closet.

Aislinn pousou sua xícara de café e ergueu os ombros. — Não faço ideia. Fantasmas dormem? Espera. O que você vai fazer quando seus filhos vierem visitar durante as férias no próximo mês?

— Eu não acho que fantasmas dormem ou precisem de um quarto, mas essa é a menor das suas preocupações. Você é uma… você sabe o quê, e precisa ter certeza de que isso continuará em segredo. Mas agora você tem Isidora para ajudá-la a aprender tudo o que você precisa saber. — Se eu não estava enganada, Violet parecia chateada.

— Isso não muda em nada o Bruxas Quarentonas. Somos uma equipe, certo? Não consigo nem imaginar enfrentar toda essa merda com a Rainha sem vocês. Não me interpretem mal. Estou feliz por ter a vovó de volta e estou ansiosa para aprender com ela, mas preciso de vocês duas.

Violet sorriu e Aislinn cutucou meu ombro. — Não esqueça o Bas. Você precisa dele também.

Revirei os olhos, mas não consegui impedir o sorriso de se espalhar pelo meu rosto. — Verdade. Ele é útil durante uma luta. — Eu já tinha desistido da ideia de namorar e pensei que meu “porto” estava fechado para sempre quando perdi Tim, mas Sebastian mudou isso.

— Entre outras coisas… — disse Violet, mexendo as sobrancelhas. — A campainha sobre a porta tocou e todas se viraram naquela direção para ver a nossa fofoqueira favorita, Mae, entrar na livraria de Violet.

A cicatriz espessa e elevada ao longo de sua garganta estava à mostra, um lembrete brutal de que ela tinha sido violentamente atacada em algum ponto e que suas cordas vocais estavam permanentemente danificadas. Isso havia tornado suas habilidades de sereia inúteis, o que significava que ela não poderia mais sobreviver no oceano.

De repente, me perguntei se escapar da minha casa e da minha avó tinha sido uma boa ideia, afinal. Claro, minha avó morta tinha retornado para mim como um fantasma e passou a maior parte do dia me importunando para dominar meu poder para que eu pudesse usá-lo contra meus inimigos, mas isso não era tão ruim, não é? Afinal de contas, Mae nunca trouxera boas notícias nas outras vezes que veio até a loja.

Violet se virou para a recém-chegada com um sorriso no rosto. — Boa tarde, Mae. O que a traz aqui?

— Você estava fechada mais cedo. Zreegy foi chamada para a casa de Tunsall e Tierny, mas ela chegou tarde demais. Ela precisou chamar Gardoss. — A voz de Mae falhou no final e seu olhar saltou ao redor da sala como se ela estivesse verificando se não foi ouvida.

Eu bati na lateral da minha xícara e considerei o que ela disse. Meu coração disparou quando ela disse o nome de Tunsall. Tierny tinha que ser amiga dela, ou talvez irmã. — Quem é Tierny e Gardoss?

Mae se aproximou de mim e disse em voz baixa: — Tierny era irmã de Tunsall. E, Gardoss é irmão de Bruce e o equivalente Feérico de Lance.

Meu coração acelerado parou de bater e meu peito apertou. Esfreguei a área distraidamente. — Então, ele é um policial?

A cabeça de Aislinn balançou para cima e para baixo, e ela acrescentou antes que Mae pudesse dizer mais alguma coisa: — Ele investiga crimes aos quais os policiais não conseguem atender.

— Por que ele está aqui? — A voz de Violet vacilou enquanto ela falava.

Mae baixou o olhar e passou um dedo sob o olho. — Houve outra morte. Tunsall não pôde ligar para Lance quando encontrou sua irmã, então ela ligou para Gardoss. Os assassinatos não mostram nenhum sinal de ter fim. Só espero que Gardoss possa fazer algo antes que outra pessoa se machuque.

Violet engasgou e sua mão voou para cobrir a boca. Seu olhar estava preocupado quando encontrou o meu. — Nós pensamos que haviam parado.

Aislinn estreitou os olhos e lançou a Violet um olhar que dizia, mantenha sua boca fechada, a menos que queira que todos estejam na sua porta pedindo sangue. Eu apreciei o apoio. Seria fácil para as duas se voltarem contra mim e me culpar pelas mortes recentes na cidade. Afinal, foi por minha causa e por meu bat-sinal que os assassinatos começaram. Bem, ao menos era isso o que eu suspeitava. E eu já podia ver Mae contando a todos o que eu era e incitando uma revolta com os Supes pela minha cabeça.

Mae jogou suas longas mechas cinzas sobre um ombro. — Parece que nosso breve adiamento acabou. Gostaria que sua avó ainda estivesse aqui. Ela saberia o que fazer. Vou ver se Bruce tem mais informações. — Na porta, Mae se virou para mim e me examinou por vários segundos. — Você parece diferente. Não consigo definir o que é, mas algo mudou.

Encolhi um ombro trêmulo. Meu pobre coração de meia-idade não conseguia uma folga. Quando começava a diminuir a velocidade, voltava a disparar. Tinha que ser mais cuidadosa. Eu não tinha mais vinte anos. Se minha incapacidade de correr mais de um quilômetro fosse uma indicação, não havia muito que aquele velho músculo pudesse aguentar.

— Estou mais perto dos quarenta e um hoje do que ontem. E não tomei cafeína suficiente hoje.

Mae deu uma risadinha. — Deve ser isso. Eu sou como uma fera raivosa sem meu cafezinho pela manhã. Vejo vocês mais tarde.

Eu me virei para minhas amigas. — Precisamos descobrir se foi a Rainha. Se ela está de volta, precisamos saber.

— Você tem razão. Vamos para a casa dela e ver se podemos descobrir alguma coisa — sugeriu Aislinn, então se virou para Violet. — Voltaremos para te informar quando terminarmos.

— Você tem aquela poção de invisibilidade que fizemos semana passada? — Não era isso que eu esperava ouvir Violet dizer.

Eu pisquei e balancei minha cabeça. — Eu não a trouxe comigo. Além disso, não tenho certeza se é uma boa ideia tomá-la. Visto que não explodiu, tenho quase certeza de que fiz algo errado.

Aislinn riu disso. — Nós ficaremos bem. Se Gadross estiver lá, a Rainha não se atreveria a ficar rodiando.

Outro cliente entrou e tomamos isso como nossa deixa. Com um aceno, segui Aislinn porta afora e me dirigi para o meu Mustang vintage. Vintage era um código para enferrujado e mal rodando.

Aislinn agarrou minha mão e me parou antes que eu destrancasse a porta. — Não precisamos dirigir. Ela mora perto o suficiente para ir a pé.

Assentindo, eu examinei a rua. O sol ainda estava alto, mas eu não conseguia afastar a sensação de ser observada. Desde que saí da loja, minha nuca formigava em alerta.

Aislinn estava descendo a rua a vários metros de distância quando desisti de procurar o que não conseguia ver e corri para o lado dela. — Precisaremos ficar fora do caminho de Gadross se ele ainda estiver lá. Ele não vai gostar muito da gente conduzindo a nossa própria investigação.

Eu arqueei uma sobrancelha para minha amiga. — Há algo acontecendo entre você e Gadross? Eu sinto uma hostilidade mais profunda.

A boca de Aislinn franziu como se ela tivesse acabado de chupar um limão. — Isso foi há muito tempo e nunca foi além de alguns encontros. Não. Não foi bem isso. Era mais um caso do que qualquer outra coisa.

A imagem de Bruce passou pela minha mente e uma risada explodiu de minha boca. Eu não conseguia imaginar aquela maravilhosa mulher alta fazendo sexo com um cara de menos de um metro de altura, com uma grande barba espessa e carrancudo. — Ele não parece muito inteligente se deixou você escapar. Isso será um problema?

— Isso é passado. Jurei nunca mais voltar a me relacionar com ele. Estamos bem.

— Ah, que bom. — O buraco do coelho não poderia se tornar ainda mais estranho. Graças a Deus que de estranho eu entendia. — Então, onde estamos indo?

Aislinn nos levou para fora da rua principal e para a floresta que pontilhava a região. Cerca de três metros da estrada, ela desviou em direção a uma grande árvore de folhagem perene que tinha fumaça saindo da parte de trás. Na frente dela estava um homem baixo e atarracado que se parecia muito com Bruce.

Aquele tinha que ser Gadross, só que ele era um pouco mais alto que o irmão. E seu cabelo era de um tom mais claro de castanho, mas seus olhos dourados eram idênticos. Aislinn se escondeu atrás de um arbusto e eu me abaixei ao lado dela.

Quando olhei em volta do arbusto, não vi Gadross, apenas a árvore. Mais especificamente a casa no tronco. Eu me perguntei como conseguiam esconder a casa dos humanos. Não havia como confundir a porta roxa neon situada na parte inferior do largo tronco. Cerca de um metro acima disso havia um conjunto de janelas de cada lado da base do portal.

Havia fumaça atrás do vidro, mas eu podia ver o que pareciam ser mobílias de boneca em várias cores. Eu tinha um sofá rosa e uma cama amarela para minha boneca quando era criança. O sofá que dava para ver através da janela parecia o mesmo.

Até a casca na base era de um tom mais claro de marrom do que o resto das árvores. O diferencial de cores abrangia o tronco até cerca de quase dois metros de comprimento. Até chegava a ter um V invertido no topo como a borda do telhado de uma casa normal.

Os galhos eram muito mais baixos nesta árvore do que as que a cercavam também. Isso tinha que ser intencional, visto que dava alguma proteção ao segundo conjunto de janelas, que eu não tinha visto até que inclinei minha cabeça para ter um ângulo diferente.

— Vamos dar a volta — sussurrou Aislinn.

Eu assenti e gesticulei para ela ir na frente. Eu poderia chegar lá sem o auxílio dela, mas ela sabia o caminho e independentemente do que ela dissesse, eu aposto que o policial sobrenatural pegaria mais leve com ela se fôssemos pegas.

Minhas coxas imediatamente começaram a reclamar enquanto caminhávamos agachadas no chão. Eu me exercitava regularmente, mas não tinha sido tão consistente como de costume. Tampouco mantive minha resolução de ano-novo de adicionar treinos com agachamentos e coisas do gênero à minha rotina. Minha bunda precisava ser tonificada.

Eu ainda não estava igual uma coalhada, mas era apenas uma questão de tempo. Além disso, como minha filha, Emmie, me disse, minha bunda tinha caído e estava achatando com a mesma velocidade que meus seios estavam despencando para o meu umbigo. Juro que aquelas partes do corpo seguiam o seu objetivo como se houvesse uma torta de limão como recompensa na reta final.

Uma pequena figura correu em nossa direção antes mesmo de chegarmos ao outro lado da casa. — Tunsall?

Lágrimas transbordando de seus grandes olhos verdes, Tunsall olhou para mim com o lábio inferior trêmulo. — Você veio para ajudar?

Minha cabeça balançou para cima e para baixo antes que Aislinn pudesse dizer qualquer coisa. — A gente fará o que puder para te ajudar. O que aconteceu?

O olhar de Tunsall mudou de mim para a parte de trás de sua casa. Notei que a coloração marrom claro continuava a tomar o tronco. Eu não poderia dizer se havia janelas ali, porque toda a parte de trás da árvore tinha sumido. Tive um vislumbre perfeito das brasas e da mobília carbonizada.

— Minha irmã e eu fomos atacadas há uma hora. O fogo disparou pelas janelas e Tierny me jogou pela janela antes de uma bomba explodir. Ela… ela se foi. — O minúsculo brownie começou a chorar e colocou os braços em volta da cintura.

Aislinn colocou alguns dedos num de seus ombros. — Gadross conseguiu descobrir alguma coisa?

Ela fungou e enxugou os olhos com as costas da mão. — Não sei. Ele não disse nada ainda.

— Onde seu pai estava quando isso aconteceu? — Eu examinei a área, mas não vi mais ninguém. Minha audição não era aguçada o suficiente para captar movimentos na área ao nosso redor.

— Ele não foi libertado. Me desculpa, Fiona. Eu sabotei você por nada.

Aislinn bufou. — Eu poderia ter dito a você que ela não o deixaria ir. Pessoas más como ela nunca cumprem suas promessas.

Eu queria defender Tunsall, mas concordava com Aislinn, então mantive minha boca fechada. Tunsall enrijeceu e se afastou de Aislinn. — Eu sei que você tem razão, mas o que você teria feito se ela estivesse ameaçando sua família? Eu não tive escolha.

— Sempre há uma escolha. E o que mais importa é se você poderá ou não viver com sua decisão e conseguir se olhar no espelho no fim. Não há nada pior do que trair sua integridade. Você nunca obtém um alívio da repulsa que sentirá toda vez que se olhar no espelho ou do autodesprezo em sua mente. O que você fez machucou a mim e aos meus amigos, mas eu entendo que você estava fazendo isso para salvar sua família. Só espero que você tenha aprendido a lição nesse processo porque Aislinn está certa, você nunca pode confiar em alguém que não valoriza a vida.

Tunsall abaixou a cabeça. — Eu irei me redimir contigo, eu prometo.

Eu fiz um aceno com a mão para indicar que aquilo não era necessário e caí de bunda. Eu não conseguia mais ficar agachada. Minhas coxas estavam queimando como um pecador na igreja. — Ai! — Levantando uma banda do bumbum, peguei algo oval e vermelho-escuro debaixo de mim. Era iridescente e mais duro do que o aço. Ele brilhou quando o levantei acima da minha cabeça.