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Meu Furacão É Você
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Meu Furacão É Você

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Lucas ficou em silêncio, perguntando-se se oito quilômetros era um longo caminho.

Felizmente, Kira conseguiu entretê-lo, então a viagem para casa transcorreu de maneira alegre.

Infelizmente, no entanto, assim que a enorme villa de seu pai apareceu do lado de fora da janela do carro, todos os traços de sorriso desapareceram do rosto de Lucas.

Quando o portão foi aberto, a criança começou a tremer, perguntando-se como seu pai reagiria se soubesse o que ele tinha feito.

— Crianças, esperem por mim aqui! — ordenou Elizabeth, saindo do carro e caminhando até a porta da frente que tinha acabado de ser aberta, para deixar a forma poderosa de Darren Scott sair.

— Sr. Scott, eu imagino.

— Sou. Quem é você?

— Meu nome é Elizabeth Madis. Encontrei seu filho sozinho na escola, no final das aulas. Peguei Lucas e o trouxe para casa.

— Bem, agora você pode ir embora.

— Não, eu não vou!

— Você não vai? O que você quer? Dinheiro? Não pedi a você para trazê-lo para casa! Ele poderia andar até aqui, no que me diz respeito!

— Você não sente vergonha? São quase oito quilômetros! Como você pôde obrigá-lo a andar uma distância tão grande e além disso, sozinho?

— E quem é você para me dizer o que posso ou não fazer com meu filho?

— Sou assistente social e irei avisá-lo, há motivos suficientes para tirar a custódia do seu filho de uma vez por todas: negligência infantil, violência física e provavelmente psicológica e além disso, a criança parece desnutrida… embora você não pareça viver mal!

— Como você ousa vir à minha casa e me atacar? — explodiu o homem, saltando sobre a mulher e parando a alguns centímetros do seu rosto.

— Você está bêbado — adivinhou a mulher pela respiração fedorenta que atingiu seu rosto.

— Vá embora ou chamarei a polícia e farei você perder o emprego. Vou bani-la desta cidade para sempre — ameaçou ele.

— Você não me assusta. Só saiba que vou mandar o serviço social para te fazer uma visita em alguns dias e também um dos meus colegas para verificar se não há mais marcas de violência em Lucas, ou vou fazer com que joguem você na cadeia. Está claro? — continuou ela implacável e decidida a conseguir o que queria.

— Saia da minha casa! — gritou Darren para ela, assustando também Lucas, que pegou sua mochila rapidamente e saiu correndo do carro, para correr para casa e pôr fim àquela briga.

— Te vejo em breve, Sr. Scott — disse Elizabeth com uma ameaça velada, em seguida voltou para o carro e foi embora.

Quando o carro saiu da enorme propriedade, Darren voltou para casa, onde encontrou seu filho assustado e soluçando.

— Você trouxe uma assistente social para casa, seu bastardo idiota! — trovejou ele furiosamente contra seu filho.

— Eu não sabia. — A criança apenas conseguiu sussurrar, pronta para pagar as consequências.

— Aquela vadia realmente acha que pode me desafiar e ameaçar… na minha cidade? Ela vai pagar caro por isso! E no que diz respeito a você, não poderei te bater pelos próximos dias, mas tenha certeza de que você também vai pagar pelo que fez! Vá para seu quarto agora! Esqueça o jantar hoje à noite, assim você aprenderá a não trazer aquela mulher desprezível até minha casa.

Lucas não deixou que ele dissesse duas vezes.

Ele correu para o quarto como um tiro, grato a Kira e sua mãe, que lhe ofereceram aquele lanche especial e guloso. Seu estômago ainda estava cheio, então ele mergulhou sob os lençóis, rezando para que a manhã chegasse logo.

Ele gostaria de reencontrar Kira, sua amiga especial, aquele furacão com boca em formato de coração e olhos verdes como madeira, que virara seu dia de cabeça para baixo e mudaria sua vida em breve, ele tinha essa certeza no fundo do seu coração.

KIRA

Princeton, Kentucky, 12 de julho de 2014

— Não tolero mais essa situação! Não me importa se Darren Scott é o mandachuva da cidade! Sim, eu entendi… Sim… sim… Absolutamente não! Com certeza não vou desistir… Não me importa se essa guerra já dura quatro anos! Estou cansada de deixar aquele monstro estragar a infância de um menino! Sei que ele já ameaçou me demitir… Ele está tentando há muito tempo, mas felizmente sou muito boa no meu trabalho, então ele não conseguiu a autorização do Prefeito… Eu entendo… Sim… Ok, mas não aguento mais este estado de coisas! Lucas está mais uma vez na minha cozinha. Ele está ferido e minha filha está cuidando dele! Ele tinha um ferimento no lábio no mês passado, agora tem um corte profundo na sobrancelha esquerda! — Elizabeth Madis continuava gritando ao telefone. Ela estava trancada em seu escritório, certa de que os dois jovens em sua cozinha não poderiam ouvi-la, mas infelizmente sua raiva e frustração pareciam prestes a derrubar as paredes. Ela vinha discutindo com seu chefe há alguns anos sobre as medidas que eles poderiam tomar em relação ao poderoso Darren Scott, mas parecia que todas as pessoas que moravam em Princeton tinham parentes trabalhando para ele ou alugando uma casa em um dos prédios decadentes de apartamentos. Todos deviam algo a Darren Scott, então temiam as consequências. Até o chefe da Polícia.

Apesar disso, Elizabeth nunca desistiu. Ela era famosa porque sempre obtinha os melhores resultados no seu trabalho e pelo seu incrível sexto sentido que a fazia descobrir o que havia de podre em cada família da cidade. Após quatro anos, ela ainda estava tentando obter justiça para aquela criança miserável que ela muitas vezes teve que hospedar e curar, junto com sua filha Kira, que nunca havia deixado Lucas sozinho desde que o conheceu.

Mesmo que Kira ainda fosse muito jovem, ela havia assumido os problemas do seu melhor amigo e estava muito ocupada procurando um curativo naquele momento, então não estava ouvindo o telefonema da sua mãe, mas ela já sabia de cor o discurso.

— Você provavelmente vai ter uma cicatriz. Sente-se e continue apertando a gaze — ordenou ela a Lucas, sentindo-se irritada e nervosa por não ter conseguido evitar aquela nova violência contra o menino.

— Está doendo! — reclamou Lucas, sentado no banquinho em frente ao balcão da cozinha, onde todos os tipos de remédios, gaze, algodão e curativos estavam espalhados.

— Apenas espere um momento e sente-se confortavelmente! Não consigo alcançar — continuou Kira bufando e tentando colocar o maior curativo que conseguiu encontrar na sobrancelha do menino.

— Não é minha culpa se você é pequena — provocou Lucas, enquanto achava engraçado o olhar ameaçador de Kira: quando ela semicerrava os olhos, parecia um personagem de mangás japonês.

— Você é apenas sete centímetros mais alto do que eu e, a propósito, gostaria de lembrá-lo que você era um verdadeiro baixinho no ano passado — enfatizou Kira de imediato. Ela percebeu recentemente que todos os seus colegas de classe tinham crescido muito e ela era a mais baixa agora, embora costumasse ser a mais alta no passado. Até suas melhores amigas Jane e Roxanne eram alguns centímetros mais altas que ela.

— É melhor eu pegar a cesta mais uma vez — pensou ela, sentindo-se irritada por não ter crescido nos últimos dois anos.

— Tire sua camiseta agora. Está manchada de sangue — ordenou ela logo em seguida, pensando na grande quantidade de sangue escorrendo de sua ferida quando ela foi visitá-lo naquela tarde de feriado. Ela teve que se conter e evitar se sentir mal, após ter ido para cima do pai de Lucas, chamando-o de “açougueiro viciado em álcool” e “Jack, o Estripador”. Apenas a chegada de sua mãe foi capaz de salvá-los da raiva furiosa daquele homem, que estava em um atordoamento alcoólico.

— Mas o que devo vestir então? — Lucas ficou nervoso e incomodado por estar seminu, principalmente porque as marcas da violência do seu pai ainda estavam nitidamente visíveis em suas omoplatas.

— Minha mãe e eu compramos uma camiseta para você no mercado ontem. Mãe queria dar a você no seu novo período escolar, mas eu vou fazer isso agora! Eu a escolhi — exclamou Kira entusiasmada, fazendo Lucas corar até as orelhas, mas ela apenas o ignorou e, pegando-o pelo braço como sempre fazia, ela o levou para o quarto dos pais, onde sua mãe havia escondido o presente na gaveta de meias do marido.

Quando entraram no quarto, Kira e Lucas se trancaram lá dentro.

— Aqui está!

— Obrigado — murmurou ele, sentindo-se comovido e desembrulhando o presente.

Havia uma camiseta azul dentro, com o Goomba do Super Mario no centro, como no Nintendo de Kira e seu nome, Lucas, estava impresso debaixo dele.

— Assim que vi, pensei em você, porque sempre jogamos Nintendo quando passamos o domingo juntos. Você realmente ama Super Mario Bros e pular sobre os cogumelos do jogo.

— Eu normalmente pulo sobre eles enquanto você colide com eles e é morta — lembrou Lucas. Ele considerava Kira um gênio na escola, mas uma absoluta lerda em videogames.

Como resposta, Kira mostrou a língua para ele e Lucas sorriu feliz.

— Então, será que isso vai caber em mim? — perguntou ele, mudando o assunto da conversa antes que Kira começasse a listar os campos em que não tinha problemas em vencê-lo.

Ela odiava julgar de maneira imprudente e não criteriosamente, então ela colocou as mãos nos quadris com seu ar altivo habitual e começou a olhar para ele com atenção.

A camiseta serviu nele perfeitamente e Kira não pode deixar de notar seus músculos, que não estavam ali pouco tempo antes. Ela sempre guardou silêncio sobre isso, mas havia percebido que era sempre a perdedora quando eles lutavam com os travesseiros agora, quando se empurravam no sofá ou jogavam basquete no pátio. Embora Lucas sempre tivesse sido muito magro, não havia sobrado muito do menino de nove anos que Kira conhecera quatro anos antes.

O tempo havia passado e Lucas estava ficando mais forte. Ele estava crescendo e ficando cada vez mais ousado e valente. Ele não temia mais os golpes do pai, aprendera a aceitá-los sem derramar uma lágrima.

Kira ficou olhando para ele por muito tempo e ficou fascinada pelo seu rosto como sempre acontecia. Ela tinha que amá-lo, mesmo se sua aparência fosse com frequência diferente por causa dos golpes do seu pai.

Seus olhos castanhos eram sempre brilhantes sob a pilha de cabelos castanhos bagunçados, apesar da sombra melancólica que Kira vira com frequência em seu olhar.

Saber que seu amigo estava sofrendo a deixava muito triste, então ela sempre tentava fazer com que ele se sentisse melhor e feliz quando passavam algum tempo juntos.

Ela até caiu no choro nos braços de sua mãe uma noite, pensando em Lucas.

— Você ainda é jovem demais para carregar esse fardo, mas como é atenciosa o suficiente para perceber, apenas tente fazê-lo sorrir o máximo possível. Kira, se você deseja ajudar Lucas, não deve chorar. Você precisa ser forte por ele! — Sua mãe havia lhe dito naquele dia. Ela não entendeu muito bem o que sua mãe quis dizer com essas palavras na época, mas vinha se esforçando ao máximo para estar sempre alegre e carinhosa com seu melhor amigo desde aquele momento.

E agora, depois de alguns anos, ela podia ver um Lucas muito diferente na sua frente: muito mais alto, mais forte e muito bonito.

— Então? — incitou Lucas, sentindo-se nervoso. Com certeza, ele não estava acostumado com o silêncio de Kira. Ela era a garota que falava de maneira mais mordaz e enfática da escola.

Graças a ela, ninguém jamais se atreveu a provocá-lo, mesmo quando descobriram que ele achava a escola difícil por causa de uma leve dislexia, que a fonoaudióloga e psicóloga da escola não conseguiram atestar porque o pai do menino abafou isso assim que começaram a falar sobre professores de reforço e exames facilitados para ajudar seu filho a enfrentar melhor sua deficiência.

Essa palavra, deficiência, foi exatamente aquela que provocou uma confusão, enviando a fonoaudióloga para o hospital com um nariz quebrado

Nesse dia, o poderoso Darren Scott não conseguiu escapar com facilidade e foi obrigado a pagar muito dinheiro a fim de evitar ser denunciado formalmente.

— Você está muito bonito — declarou Kira, mantendo os olhos na camiseta.

— Bonito? — repetiu o menino, divertido e desconfortável, pois não estava acostumado a tais elogios.

Kira se arrependeu imediatamente de usar essa palavra.

— Jane diz que você é bonito — enfatizou ela, muito envergonhada pois acabara de revelar o segredo da sua amiga.

— Jane? Jane Hartwood?

— Sim. Acredito que ela gostaria de namorar você — sussurrou Kira, continuando se xingando e se perguntando como diabos estava contado essas coisas para Lucas.

— Sério? — Lucas perguntou, de repente ficando sério.

Essa mudança em sua voz irritou profundamente Kira, que de repente se sentiu muito irritada e zangada.

— Você não gosta dela, não é? Lucas, não me diga que você também quer namorar com ela! Você quer beijá-la e… — gritou ela, com uma voz estridente e delirante.

— Não, não quero! Estou apenas curioso. Não achei que Jane gostasse de mim — interrompeu Lucas.

Se essa é a questão, Roxy também é louca por você , Kira pensou em responder, mas um sentimento venenoso de ciúmes fechou seus lábios.

— Qual é o problema agora? — Lucas ficou imediatamente preocupado pois sabia o que aquela pequena boca em formato de coração podia esconder quando ficava ainda menor e mais fina.

— Nada.

— Você está zangada. — Lucas podia entender já que a conhecia muito bem.

— Não estou nem um pouco zangada!

— É por culpa de Jane? Acho que ela é legal, mas ela não é a garota certa para mim.

De todas as suas palavras, Kira só conseguiu ouvir “legal”.

— Então, você gosta dela!

— Apenas disse que ela é legal, não que gosto dela!

— Bem, então consiga sua próxima camisa do Super Mario dela! — explodiu Kira furiosa, sua mente estava confusa e ela saiu do quarto batendo a porta.

— Kira! — chamou Lucas, chateado. Kira nunca o deixou sozinho em todos aqueles anos que passaram juntos, então ele estava se sentindo profundamente culpado naquele momento, como se fosse responsável pela sua reação.

Kira não conseguia entender o próprio comportamento, mas se sentia sufocada enquanto seu peito doía.

Quando chegou ao seu quarto, ela começou a chorar.

Ela se jogou na cama, sentindo-se miserável e perdida por causa das suas emoções profundas.

Alguém bateu à porta logo depois.

Ela não respondeu, mas a porta se abriu mesmo assim.

Sua mãe estava lá.

— Você pode me dizer o que aconteceu, querida? Lucas estava chorando quando foi embora! Fazia muito tempo que eu não o via chorar… Kira, você também? Você está chorando! — Elizabeth ficou imediatamente preocupada, porque não estava acostumada a ver sua filha derramando lágrimas. Kira sempre foi muito zen e não muito emotiva, exceto diante de alguma injustiça.

— Não estou chorando! — soluçou ela, o rosto encharcado de lágrimas.

— Kira, querida, o que aconteceu com você? Você e Lucas brigaram?

— Não sei… eu… eu não sei o que se apoderou de mim. — Kira tentou explicar e continuou chorando. — Dei a ele a camiseta que compramos no mercado e então… ele disse que acha Jane legal e eu… eu…

— Você está com ciúmes de Jane? — sugeriu sua mãe, tentando conter um sorriso divertido diante do que parecia ser uma cena de ciúme. Ela vinha se perguntando no fundo do coração em que se tornaria aquela amizade muito particular entre Kira e Lucas, quando os dois saíssem da puberdade e entrassem na adolescência. O carinho de sua filha por ele aceitaria a presença de outra garota ao lado de Lucas? Algum dia ele seria capaz de se separar da sua melhor amiga?

Ela tinha ficado cada vez mais segura nos últimos anos que o vínculo entre essas duas crianças nunca poderia se desfazer e mais cedo ou mais tarde, ela os encontraria se agarrando atrás da cerca viva do jardim.

E agora, ao ver que sua filha tinha caído vítima do ciúme e estava sofrendo suas primeiras dores de amor, ela não pôde deixar de sorrir e sentir-se satisfeita com sua excelente intuição que nunca a desapontou.

— Não estou com ciúme! — resmungou Kira.

— Então, por que você está chorando? Me diga a verdade, você está se apaixonando por Lucas? — supôs Elizabeth, fingindo estar indiferente ao rubor evidente no rosto pálido da filha.

— Não, não estou! O que você está dizendo, mãe?

— Estou apenas dizendo que ficar tão zangada porque Lucas gosta de outra garota é muito estranho… Aliás, você cresceu e isso tinha que acontecer mais cedo ou mais tarde. Para ele ou para você… — provocou ela.