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A Cidade Sinistra
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A Cidade Sinistra

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A Cidade Sinistra

Enquanto Alari voltava para sua mesa, outro freeblade passou por ela até o quadro de avisos da guilda. Jalis olhou para o homem friamente enquanto ele diminuía a distância.

“O que você tem?” Fenn disse enquanto entrava na alcova, posicionando-se atrás de Jalis para impedi-la de sair.

“Afaste-se, Fenn.”

“Vamos dar uma olhada.” Ele tentou agarrar o papel, mas Jalis puxou a mão para trás das costas.

“Primeiro a chegar, primeiro a ser servido,” ela disse. “Você conhece as regras. Você quer um trabalho, há muita coisa no quadro que vai te satisfazer.”

Os olhos redondos de Fenn olhavam zangados para ela. “Pelo menos, eu posso fazer meu trabalho sozinho. Todos nós sabemos que você e seus dois guarda-costas recebem tratamento preferencial por aqui.” Ele agarrou o ombro de Jalis.

Ela enfiou a mão entre suas pernas e apertou. “Aqueles são meus companheiros e meus amigos. Quer saber, que tal você tirar a mão de mim e eu vou fazer o mesmo. Então você volta para seu assento como um bom menino.”

O lábio de Fenn curvou em um rosnado silencioso. Jalis aumentou a pressão e, com relutância, ele afastou a mão. “Você tem um problema.”

“Se eu tenho algum problema, você não está entre eles.” Ela agarrou com mais força. “Só para que estejamos entendidos. Estamos entendidos, Fenn?”

“Tire a porra da mão de mim!”

“Oh, eu irei. Mas primeiro quero dar um aviso justo de que na próxima vez que você me tocar, não será minha mão, mas minha adaga na sua virilha. Por favor, me teste e irei fazer um favor ao mundo.” Com uma torção final, ela soltou a mão.

Quando Fenn cambaleou para trás, ele deu um soco no rosto de Jalis. Ela se abaixou e deu um soco nas suas costelas, em seguida arremessou um uppercut que quebrou seu nariz e o enviou adernando da alcova e esparramando-se no chão. Um aplauso disperso fluiu gradualmente dos clientes da taverna, interrompido quando Maros saiu mancando do corredor.

“Que diabos está acontecendo na minha taverna?” ele explodiu.

Fenn se levantou, sangue escorrendo do seu nariz. “Você quer manter uma correia nesta cadela. Todo mundo sabe que ela é sua favorita.” Ele lançou um olhar para a camisa transparente de Jalis. “Não é difícil ver por quê.”

“É mesmo?” Maros se aproximou mancando para intimidá-lo. “Você deveria demonstrar um pouco de respeito a um mestre espadachim – não, muito respeito – especialmente depois que ela te colocou no chão. Saia da linha mais uma vez, Fenn e a filial de Grenmoor pode recebê-lo de volta. Consiga uma guilda para si mesmo. Agora. Você teve sua cota para o dia.”

O rosto de Fenn brilhava com raiva, mas ele não disse nada. Após um momento, ele virou-se e caminhou até as portas.

“Oh, e Fenn,” Maros o chamou, “se algum dia você falar comigo assim de novo, você não sairá caminhando daqui. Você sairá voando.”

“O que eu perdi?” Dagra perguntou ao lado de Jalis.

Ela balançou a cabeça. “Nada.”

Maros mancou ao redor para olhar para ela. “Presumo que você foi a primeira no novo trabalho que eu afixei?”

“Fui. Seu tempo em Balen não foi desperdiçado.”

“Não tenho certeza se quero que você pegue este, Jalis.”

“Por quê? Seria uma tola se não fizesse isso.”

Maros grunhiu. “Só me prometa que você não vai fazer isso sozinha.” Ele acenou com a cabeça para Dagra. “Se os rapazes não concordarem, o trabalho vai voltar para o quadro. Eu preferiria que Fenn ficasse com este e bons ventos o levem.”

Jalis franziu o cenho. “O que está te deixando preocupado, velho amigo? Se houver outro grupo de bandidos assumindo o controle de algum lugar...”

“Não bandidos.” Maros olhou rapidamente ao redor da sala e disse em uma voz baixa, “Fale com Dagra e Oriken. Veja o que eles dizem. Se todos vocês concordarem, então é seu. Mas não vou ficar feliz sobre isso. Você e eu passamos muitos anos juntos, garota. Não subestime o que este trabalho exige.”

Ela estudou seu rosto. “Nunca ouvi você falando assim.”

“Nunca tivemos um contrato como este.”

Quando Jalis voltou para seu assento com Dagra a reboque, Oriken ergueu uma sobrancelha. “Bem, este foi o maior entretenimento que eu tive a semana toda. Você perdeu, Dag. Jalis abriu um cu novo no idiota local.”

“Não fiz isso.” Jalis ignorou o olhar inquisitivo de Dagra. Ela cruzou os braços sobre a mesa e acenou para seus amigos se aproximarem. “Consegui um contrato para nós e vocês não vão acreditar na recompensa.”

“Não tenho certeza se quero ouvir,” Dagra disse, “não depois da reação de Maros. Mas continue.”

A tagarelice da sala comunal tinha retornado, mas mesmo assim ela olhou ao redor para garantir que ninguém estivesse ouvindo. “Quinhentos dari de prata.”

Oriken deu um assobio baixo. “Estrelas do céu. Você está brincando.”

“Não estou.”

Os olhos de Dagra estavam sombreados com ceticismo. “Quais são os detalhes?”

“Não sei. Não tive exatamente tempo para verificar.”

“Você não teve tempo? Jalis, você não sai às cegas aceitando trabalhos. Você é mais esperta do que eu e Orik.”

“Eu sei! Mas quinhentas moedas de prata. Que trabalho você não aceitaria por isso?”

“Posso pensar em alguns que eu não faria,” Oriken disse com um sorriso malicioso. “Dagra, contudo, provavelmente não muitos.”

Dagra ignorou a zombaria. “Vamos lá, então,” ele disse para Jalis. “Vamos dar uma olhada.”

Ela desamassou o bilhete e abriu sobre a mesa, franzindo o cenho em confusão enquanto examinava os detalhes. “Er, onde fica Lachyla? O que é a Cidade Sinistra?”

“Oh, deuses sofredores.” Dagra passou a mão pelo rosto.

“O quê?”

Oriken riu. “Maros colocou isso no quadro? Ele está brincando conosco. Ele tem de estar.”

Jalis balançou a cabeça. “Ele não faria isso. Espere, isso não é um conto folclórico Himaeriano? A Cidade Sinistra foi uma das histórias do Tecelão de Histórias há alguns anos, não?”

“Mantenha a voz baixa,” Dagra disse. “Olhe, se isso é apenas uma caça ao dragão ou de verdade, esqueça. Não vamos até lá. Está marcada com a caveira por um bom motivo.”

Oriken zombou. “Vamos lá. Só porque você foi criado acreditando em toda história sob o sol não há nenhum motivo para pensar que isso será qualquer coisa além de um longo passeio no campo.”

“Você não pode acreditar nisso,” Dagra disse. “Desde quando você já entrou nas Terras Mortas? Nunca, é quando. Passeio no campo? Mais como uma caminhada para a forca.”

“Não sei muito sobre suas lendas,” Jalis disse, “mas só os dez por cento pela não-recuperação nos manteria bem por alguns meses. Se cumprimos o objetivo, será uma conquista mais lucrativa do que Maros e eu já conseguimos nos nossos anos dourados. Isto é grande. Se deixamos passar, Alari, Fenn, Henwyn ou qualquer um dos outros irão pegá-lo.”

“Não precisa me convencer,” Oriken disse. “Estou dentro.”

“Você está dentro para tudo.” Dagra olhou com cara feia para ele. “Sempre correndo para todos os buracos escuros que você encontra. Mesmo quando éramos meninos. Você nunca irá aprender?”

Oriken deu de ombros. “Você é o supersticioso. Mostre-me prova de que Lachyla é qualquer coisa exceto uma história assustadora contada pelos Tecelões de Histórias. Dê-me alguma evidência que não deveríamos pegar o trabalho.”

“Você sabe que não posso. Mas não deveríamos irritar a Díade ao vagar pelo domínio de uma deusa morta. Toda a região é solo profano.”

“A Díade são seus deuses,” Oriken disse. “Não meus. E nem de Jalis. Pelo amor das estrelas, Dag, somos freeblades.”

“Mesmo se encontrarmos o lugar, as chances de localizar… O que era?” Dagra olhou para o bilhete. “Uma cripta? Oh, não. De maneira nenhuma. Não vou entrar em uma cripta.” Ele olhou para Jalis. “Você sabe que eles costumavam enterrar seus mortos sem queimá-los? É bárbaro, eu te digo. Sacrilégio.”

Oriken deu a ele um sorriso divertido. “Sacrilégio? Você está falando sobre uma época antes que a Díade viesse para Himaera. Como você pode acusar os ancestrais de sacrilégio quando eles existiam antes dos seus deuses?”

Dagra empalideceu. “Você está indo longe demais, Oriken.”

“Aconteceu em toda parte,” Jalis disse, “não apenas aqui em Himaera. Foi a mesma coisa no Arkh.”

Dagra esvaziou o resto da sua cerveja. “Jecaiah!” Ele sinalizou para o garçom para outra bebida, depois olhou enfaticamente para Jalis. “Na melhor das hipóteses, vamos desperdiçar mais ou menos um mês vagando pelo deserto antes de voltar para casa de mãos vazias.”

Com um suspiro interior, ela decidiu tentar outra tática. “Você percebe que se concluirmos este contrato, provavelmente Maros vai apresentar vocês dois para seus testes de mestre espadachim.”

“Imagine isso, Dag. Freeblades de terceiro nível depois de apenas cinco anos.” Oriken ergueu uma sobrancelha. “Vamos ser o assunto da guilda.”

“Hmph.” Dagra empurrou sua cadeira para trás e marchou até o bar.

“Ele vai concordar,” Oriken disse.

Dagra olhou por cima do ombro. “Eu ouvi isso. Ainda estou esperando para ser convencido.”

“Você não parece tão convencido quanto estava,” Jalis disse quando ele voltou para seu assento. “Olhe, se você não quer vir junto, isso só vai significar mais para Oriken e eu. Seria uma pena não tê-lo conosco, mas se esta é a sua escolha…”

“Não tente isto comigo, garota. Você ouviu Maros. Ele disse que somos todos nós ou nenhum.”

“Ele disse. Mas infelizmente isso não depende dele. Vi os detalhes. Se ele tentasse me parar, ele estaria fazendo isso como um amigo, não como o Oficial.”

“Pense em todo o bem que isso traria,” Oriken pressionou. “Você e eu conseguindo nossos títulos de mestres espadachins. O reconhecimento que isso traria para nós e a filial, sem mencionar para toda a guilda. Não é apenas sobre dinheiro. Estrelas, nem sem o que eu faria com a minha parte. Imagine, Dag. Quando circular o boato que desafiamos a doença, conquistamos uma lenda e retornamos vitoriosos…”

“Não pretendo correr o risco de irritar os deuses, não por qualquer quantia de dari.”

“Estrelas!” Oriken suspirou em exasperação. “Tudo que temos de fazer é entrar em uma cripta e encontrar alguma bugiganga enferrujada. Você não pode relaxar apenas desta vez? Você poderia até esperar no lado de fora enquanto eu e Jalis fazemos todas as coisas corajosas.”

Dagra olhou com cara feia para a oferta de contrato em um silêncio inflexível.

“Ok,” Jalis disse. “Duvido que a Díade ficaria feliz se você permitisse que Oriken e eu caminhássemos para o nosso destino sem você, mas se esta é a sua escolha, então irei respeitá-la.”

Dagra olhou para ela. “Isso foi um golpe baixo.”

Ela deu de ombros e se levantou. “Vou aceitar o contrato e Maros irá permitir. Dentro ou fora, isso depende de você.”

Ele suspirou. “Não estou feliz sobre isso. Realmente não estou feliz.”

Jalis sorriu. “Você está dentro então?”

Dagra curvou os ombros em derrota. “Eu me odiaria se algo acontecesse com vocês dois. Que escolha eu tenho?” Seus lábios pressionaram juntos e ele lançou um olhar semicerrado para Oriken. “Aye, você terá minha espada ao seu lado. Como sempre.”

Capítulo Dois

Nas Terras Mortas

Jalis estava deitada de bruços, apoiada nos cotovelos, junto à margem do rio enquanto Dagra e Oriken enchiam novamente os odres de água. Um mapa da região estava aberto diante dela. Enquanto estudava-o, ela balançava a cabeça. “Nenhum dos assentamentos que vimos nos últimos três dias estão marcados aqui, apenas a antiga fortaleza circular pela qual passamos um tempo atrás.”

“Não estou surpreso,” Oriken disse ao lado do rio. “Nem os chamaria de assentamentos, apenas aglomerados de cabanas velhas e decrépitas. Os olhares que recebemos quando passamos, você pensaria que éramos bandidos ou algo pior.”

“Eles são um povo simples por aqui,” Dagra disse enquanto deixava a margem do rio e sentava perto de Jalis. “Vivendo na periferia das Terras Mortas, eles têm o direito de suspeitar de estranhos quando provavelmente eles nunca veem nenhum. E as armas que estamos carregando não são plausíveis de estimular amizade.” Ele tocou o velho gládio no quadril. “Para eles que não sabem a diferença entre um freeblade – ou até mesmo um mercenário comum – e um bandido, um parece a mesma coisa que o outro.”

Oriken se aproximou para juntar-se a eles e arremessou para Jalis seu odre de água. “Ainda não precisamos saber onde estamos,” ele disse a ela. “No que diz respeito as histórias desta área, alcançaremos a cidade desde que sigamos a estrada.” Ele tirou o chapéu e deitou na grama, cruzando as mãos atrás da cabeça.

“Não há quase nada da estrada,” Dagra murmurou com uma olhada de relance para os restos cobertos de vegetação da Estrada do Reino a uma curta distância. “Imagine em que estado vamos encontrá-la amanhã ou no dia seguinte.”

“Estrada ou não,” Oriken disse, olhando para o céu da tarde, “de acordo com os Tecelões de Histórias, não podemos errar se formos para o sul e para o oeste. Vamos chegar lá. E então, provavelmente, vamos virar e voltar de mãos vazias. É quase tentador acampar por algumas semanas, depois voltar pelos dez por cento.”

Jalis ergueu os olhos do mapa. “E correr o risco de perder os outros noventa por cento? Você tem tão pouca fé em nós para encontrar a joia?”

Oriken deu de ombros. “Não tenho fé em nada. Honrarei o contrato, você sabe disso. Mas pelo que Maros disse sobre Cela, parece-me que os corvos beberam o que restava do seu cérebro. Usar um título de família! Quem faz isso agora?” Pegando o olhar de Jalis, ele disse, “Ok, talvez você faça e alguns outros que vieram para cá do continente, mas nossa cliente é Himaeriana.” Ele deu um suspiro de escárnio. “Alegar que ela é descendente de Lachyla. Ha!”

Jalis arqueou uma sobrancelha. “Quem vai dizer que não é?”

Oriken resmungou e fechou os olhos.

“Houve supostamente alguns sobreviventes da praga,” Dagra comentou.

“Se Cela é louca ou nós somos,” Jalis disse, “vamos atravessar a Colina Scapa e encontrar esta suposta Cidade Sinistra e dar o nosso melhor ao procurar a herança.” Ela olhou para Dagra. “Algo está te preocupando?”

Ele deu a ela um olhar semicerrado e esperou um momento antes de responder. “Aye, algo está me preocupando. Em primeiro lugar” — ele inclinou-se para frente e colocou um dedo no mapa onde o símbolo da Caveira cercava o centro da Colina Scapa — “isso me incomoda muito. Há um bom motivo por que ninguém vem aqui.”

“Sim, é porque todo o Himaera se tornou afável aos deuses,” Oriken disse lentamente. “Nós nos livramos do governo dos deuses, mas era apenas um lado da moeda.”

“Em segundo lugar,” Dagra continuou, lançando a ele um olhar contundente, “presumindo por um momento que toda esta região é o trecho mais inofensivo do deserto que já vimos, o que acontece se realmente encontramos Lachyla?”

Jalis guardou o mapa na sua mochila. “O que você quer dizer?”

“Dag está preocupado sobre o cemitério,” Oriken disse.

“Com certeza estou! Não é certo, deixar as pessoas para apodrecer assim. E espera-se que nós entremos em algum buraco no chão cheio de todos os tipos de cadáveres antigos e não santificados? Quero dizer, quem em seu juízo perfeito...”

“Vou te dizer quem.” Jalis sentou-se e olhou direto em seus olhos. “Três freeblades que mal conseguem juntar moedas suficientes de trabalhos escassos para pagar pelo nosso sustento. Dinheiro está curto e definitivamente não estaríamos em nosso juízo perfeito se tivéssemos rejeitado este. Temos sorte que Maros nos avisou sobre isso. Ele não precisava fazer isso.”

“Nossos quartos na taverna são cortesia de Maros,” Oriken comentou. “E a comida cortesia da própria guilda.”

“Meu ponto permanece. Trabalho tem sido desanimador ultimamente.” Jalis levantou-se agilmente. “Não vamos chegar a lugar nenhum sentados aqui discutindo sobre isso. Ainda faltam algumas horas antes do anoitecer, então vamos continuar.”

Dagra resmungou e levantou-se, pegou sua mochila e pendurou no ombro. Enquanto ele seguia para a estrada, Jalis caminhava ao seu lado e lançou um olhar para trás para ver Oriken se apoiar nos cotovelos.

“Justo quando eu estava ficando confortável,” ele disse.

Ela piscou e virou-se para Dagra. “Cinco anos e ele não mudou nem um pouco.”

Dagra bufou. “Cinco? Tente vinte e cinco. O homem é tão preguiçoso quanto o menino era, mas se eu tivesse de descer ao próprio Inferno, não escolheria ninguém além de Orik ao meu lado. E você, é claro.”

Jalis sorriu. “O mesmo para mim, meu amigo.” E então um pensamento indesejável veio a ela. Descer no Inferno. Espero que seja quem for que estiver ouvindo não estejamos indo fazer exatamente isso.

À medida que a noite se intensificava, eles avistaram uma coleção de quatro cabanas de pedra e madeira, uma dispersão de celeiros e um conjunto de latrinas afastadas da estrada, aninhadas na beirada de um grande bosque de árvores. As construções estavam intactas, mas cobertas com musgo, os telhados enfeitados com grama e plantas floridas. Sinais de desuso permeavam a área. Se o lugar ainda era a casa de alguém, eles não tinham cuidado dela há anos.

“Parece que teremos abrigo hoje à noite,” Oriken disse.

Jalis estava em dúvida. “Se as casas estão tão descuidadas dentro quanto no lado de fora, poderíamos estar dormindo sob as estrelas de novo.”

Dagra resmungou. “Logo descobriremos.” Ele acelerou seu ritmo, as pernas curtas caminhando para a mais próxima das pequenas cabanas. Com uma batida forte na porta, ele gritou, “Olá?”

Quando Oriken alcançou Dagra, ele riu e bateu uma mão no ombro do seu amigo. “Dag, se alguém estiver vivo ali, eles devem estar bem abastecidos com provisões. Esta porta não foi aberta em anos.” Ele apontou para os dentes-de-leão crescendo em touceiras densas nas bordas da porta e a hera intacta que seguia seu caminho ao longo da moldura e através da porta da frente. Ele pegou a maçaneta e empurrou; ela rangeu para dentro um centímetro e um fedor de mofo flutuou para fora. Dagra franziu o nariz em desgosto.

“Apenas precisa arejar,” Oriken disse. “Vai ficar tudo bem.” Ele bateu o ombro na porta. As videiras se romperam e a porta arranhou as tábuas do assoalho, suas dobradiças gemendo até tocar a parede adjacente. Um interior sombreado os cumprimentou, permeado por um fedor úmido e pungente que fez Oriken dar um passo para trás. “Ou talvez não,” ele acrescentou com um encolher de ombros.

Do lado direito da área de estar, escassa e empoeirada, uma porta aberta conduzia para uma segunda sala. Oriken atravessou a sala e deu uma espiada dentro. “Hm.”

Jalis parou no centro da primeira sala. “O que você vê?”

Oriken semicerrou os olhos para a escuridão. Uma expressão desconcertada surgiu em seu rosto. “Oh.”

“Que diabos isso significa?” Dagra rosnou enquanto ficava atrás de Jalis. “O que há aí?”

“Teias de aranha.” Oriken virou-se para um conjunto de persianas atrás dele e abriu a persiana da esquerda, permitindo que a luz da noite banhasse o quarto.

A maior parte do que Oriken podia ver estava bloqueado da visão de Jalis, mas seu olhar semicerrado para a sala antes de sair e balançar a cabeça disse a ela que eles não dormiriam ali hoje à noite.

“Deveríamos tentar outra casa,” Oriken sugeriu com um olhar severo para Dagra.

“Não seja tão covarde.” Dagra passou por ele.

“Ah, Dag, eu não iria...”

Quando Dagra entrou na sala e olhou para o lado, uma expressão de horror espalhou-se pelo seu rosto e ele recuou contra o batente da porta. “Deuses acima e abaixo!” Ele se afastou cambaleando e intrometeu-se entre Oriken e Jalis para desaparecer através da porta da frente. “Maldito!” ele gritou. “Você poderia ter me avisado!”

“Eu tentei”

“Avisado de quê?” Jalis perguntou.

Oriken deu de ombros. “Como eu disse, há teias por toda parte. Não poderia dizer até abrir a persiana. As malditas coisas estão em todos os lugares do cadáver, cobrindo-o como uma mortalha.”

“Oriken! Você sabe como Dagra fica sobre este tipo de coisa!”

“Esqueça-o! E eu? Há uma aranha enorme e gorda rastejando sobre o rosto do sujeito.” Com um estremecimento, ele se afastou. “Odeio aranhas!”

“E eu odeio surpresas!” Dagra gritou do lado de fora.

Sorrindo para si mesma, Jalis olhou para a sala adjacente. O sorriso vacilou quando ela viu uma folha de pergaminho no braço da cadeira onde o cadáver estava caído. Ela atravessou a sala e afastou os fios grudentos, pegou o papel e soprou a poeira dele. Após ler o bilhete desbotado, ela colocou-o ao lado do cadáver e olhou para suas feições enrugadas com um toque de simpatia.

“Vamos deixá-lo em paz,” ela disse baixinho. “Lamento incomodá-lo.” Ela deixou a construção e olhou para seus companheiros enquanto eles estavam discutindo. “Sabe,” ela refletiu, “às vezes parece que sou uma babá em um orfanato em vez de um mestre espadachim na Guilda Freeblades.” Enquanto os homens murmuravam seus protestos, ela apontou o polegar na direção da porta aberta. “O sujeito ali ficou para trás quando o último dos seus vizinhos fez as malas e foi embora. Ele se recusou a juntar-se a eles. Em vez disso, permaneceu aqui sozinho e morreu com o que ele considerava ser dignidade. É tão triste que alguém se importaria mais sobre uma pequena área de terra do que uma chance melhor de sobrevivência em outro lugar.”

Os homens olharam para ela inexpressivamente antes de retomarem sua discussão. Com um suspiro, Jalis passou por eles. “Vou dar uma olhada na próxima casa. Aranhas ou cadáveres, os meninos fiquem bem atrás de mim. Mamãe vai protegê-los.”

“Você é um grande idiota,” ela ouviu Dagra dizer a Oriken enquanto caminhava para a casa mais distante.

“Tentei avisá-lo,” veio a resposta de Oriken. “Mas você tinha de entrar ali todo valente. Achou que era apenas aranhas, não foi? Achou que me faria parecer um banana. Anãozinho idiota.”

“Anão? Posso derrubá-lo qualquer dia da semana, seu bastardo desengonçado.”

“Sim? Bem, que tal agora?”

“Crianças!” Jalis gritou quando alcançou a próxima casa. “Comecem a se comportar agora ou eu juro que vou colocar ambos sobre meu joelho.” Ela olhou para suas expressões chocadas, em seguida se virou para a porta da cabana e bateu o calcanhar abaixo da maçaneta. As dobradiças racharam quando a porta voou para dentro. Com as mãos perto das adagas, ela entrou na escuridão e esperou que seus olhos se ajustassem. Os contornos cinzentos da mobília escassa pontilhavam o único cômodo: havia uma lareira na parede oposta, um grande catre em um lado e uma despensa no outro. Uma verificação rápida confirmou que não havia coisas mortas ao redor – exceto pelo esqueleto de um rato na lareira – e pouquíssimas teias de aranha.

Dagra e Oriken entraram timidamente.

Ela lançou a eles um olhar monótono. “A área está limpa. Vocês estão seguros.”

Alguns minutos depois, com Oriken ocupado construindo uma fogueira na lareira, Jalis sentou-se em uma cadeira bamba e olhou para Dagra. O homem barbado estava no meio da sala, olhando para o chão coberto de sujeira. Estava claro para ela que ele ainda estava agitado.

Ele olhou para o outro lado e encontrou seu olhar. “Nada te incomoda?” ele perguntou. “Até mesmo as mulheres e os homens mais durões têm uma fraqueza, mas nós te conhecemos há cinco anos e ainda não vi a sua.”

“Há uma coisa que eu tenho medo,” ela admitiu. “Perder.”

“Perder o quê?”

Ela olhou calmamente para ele. “Pessoas que eu me importo.”

Ele bufou, mas sua barba abriu em um sorriso forçado, mas afetuoso. “Bem, provavelmente você não vai perder nenhum de nós tão cedo. Você não deveria, a não ser que uma grande aranha monstruosa desça pela chaminé e devore Orik.”

“Ou,” Oriken disse enquanto estalava uma lasca de pedra em uma pederneira, “talvez aquele cara morto na casa acolá se levantará no meio da noite e virá arranhar a porta atrás de Dag.”

Dagra virou-se para ele. “Você tinha de dizer isso, não é?”

“Estou falando sério,” Jalis disse. “Estamos indo para o desconhecido e não gosto de não saber. Quase perdemos Maros ano passado. A equipe invencível de quatro tornou-se três e temos sorte que ele sobreviveu.”

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