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Fantasmas, Garotas E Outras Aparições
Fantasmas, Garotas E Outras Aparições
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Fantasmas, Garotas E Outras Aparições

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— Depois de vinte eu parei de contar.

— E você escolheu uma dúzia para nós, é?

— Sim, senhor, nove francesas e três britânicas.

— Bem, acho que você conseguiu umas férias; você as terá assim que as meninas estiverem em segurança no USSF 187. A propósito, qual o nome delas?

Starling fechou os olhos, como se os nomes tivessem sido escritos no interior das pálpebras dele. — Vamos ver, tem Babette, Suzette, Lucette, Toilette, Francette, Violette, Rosette, Pearlette, Nanette, Myrtle, Constance e Sydney.

— Sydney?

— Não posso ajudar chefe, é o nome dela.

— Ah, suponho que poderia ter sido pior — Hawkins sorriu. — O sobrenome dela poderia ter sido Austrália.

— É pior, chefe. O sobrenome dela é Carton.

***

Hawkins estava conversando com as novas astronetes sobre os preparativos para decolagem. — Eu gosto de pensar que vocês são como um pequeno exército de Florence Nightingales. — Ele disse a elas. — Com sorte, vocês receberão todo o crédito que seu corajoso ato de auto sacrifício merece, no entanto --

Starling entra na sala, pânico em seus olhos. — O General Bullfat está vindo pelo corredor!— Ele gritou.

Filmore saltou da mesa que estava sentado. — Jess, você tem certeza que sabe o que está fazendo? Se Bullfat encontrar essas garotas --

— Relaxe, Bill — Hawkins sorriu casualmente. — Eu posso lidar com Bullfat com os dois olhos fechados. Ele é mamão com açúcar.

— Quem é mamão com açúcar?— Bullfat rugiu quando entrou na sala. O general era um homem grande -- mas quarenta anos atrás de uma mesa poderia fazer o mesmo com qualquer um.

— Você é. — Hawkins disse, voltando-se para encará-lo com calma. — Eu estava falando com Bill que será mamão com açúcar você ser promovido para meu cargo caso eu decida renunciar.

Bullfat murmurou incoerentemente. — Quem são elas?— Ele perguntou depois de um momento, indicando para as garotas.

Era uma pergunta esperada. As astronetes, ao contrário do procedimento padrão, usavam trajes espaciais largos e desgrenhados. A placa facial delas era pequena, mal revelando seus olhos e narizes, enquanto o resto de suas cabeças estava completamente coberto pelo capacete. Alguém poderia dizer que elas pareciam mais palhaços do que viajantes espaciais.

— Elas são o grupo programado para decolar em três horas. Gostaria de conhecê-las? Filmore e Starling quase desmaiaram com esse convite, mas Hawkins deu um sorriso assegurando-os.

— Eu estou muito ocupado para apresentações, Hawkins. E porque diabos os trajes delas parecem tão malfeitos? Elas já fizeram os exames físicos?

— E como!— Starling sussurrou para Filmore.

— Você sabe, General, que eu não mandaria ninguém ao espaço que não estivesse em perfeitas condições — disse Hawkins.

— O que o médico de voo disse?

— Ele disse que este grupo está em melhores formas — forma— do que qualquer um que ele já viu.

— Bem, desde que ele tenha as liberado. — Bullfat começou a sair, e então parou na porta. — Aliás, qual o destino delas? Estação de Tycho?

— Não, USSF 187.

— Já está na hora da rotação?

— Não, esse grupo é pessoal adicional.

— Pessoal adicional?— Bullfat gritou. — Hawkins, você sabe muito bem que o um oitenta e sete foi construído exatamente para dezoito homens rotacionados em grupos de seis a cada mês. Não há absolutamente nenhum espaço para doze pessoas a mais. Que raios você espera que seu “pessoal adicional” faça -- durma no mesmo beliche que os outros homens?

Com uma tremenda mostra de autocontrole, Hawkins conseguiu suprimir sua risada. O “pessoal adicional” sorriu conscientemente. Starling, no entanto, teve que correr para fora da sala devido a um ataque de risadas histéricas.

— Aonde diabos ele vai?— Perguntou Bullfat, assistindo Starling sair.

— Ah, ele tem andado sob muita tensão. Está prestes a tirar férias.

— Parece mais que deveria estar sob observação -- e você também, Hawkins. Você pode controlar a política da Agência Espacial, mas eu controlo os lançamentos e essa tripulação não está subindo como “pessoal adicional” para qualquer estação espacial pequena. Se você quiser levá-las lá pra cima, você pode rotacionar seis por mês como todo mundo. E ponto final. — Bullfat saiu trotando triunfante pela porta.

— Pronto para desistir, Jess?— Filmore perguntou.

— Nem um pouco. Surpreendentemente, Bullfat estava certo. Se mandássemos as garotas para o um oitenta e sete, ele iria ficar lotado mesmo. Elas estariam constantemente no caminho dos homens, e isso pode mais atrapalhar do que ajudar. Mas nem tudo está perdido. Quando o um noventa e três vai subir?

— Na próxima semana -- mas certamente você não está pensando em mandar as meninas nele, né?

— E por que não?

— USSF 193 não é uma estação de passageiros -- e sim para armazenar comida e suprimentos. Não foi projetado para viverem nele.

— Então vamos improvisar, Bill. O um noventa e três vai ser colocado em órbita paralela com o um oitenta e sete porque eles vão precisar dele para armazenamento. Ele já vai ser lançado com quatro seções já carregadas e montado no espaço. É uma questão bastante simples de colocar, no decorrer de uma semana, as seções com sofás de aceleração e cômodos -- temos que apenas nos livrar de algumas coisas não essenciais e estamos prontos. As garotas podem viver lá dentro.

— É um absurdo, Jess — Filmore resmungou.

— Na verdade não. A ideia está me agradando bem. — Hawkins sorriu levemente. — Só imagine: USSF 193, sua mercearia vizinha e puteiro ao mesmo tempo.

Filmore gemeu. As meninas, empolgadas, aplaudiram.

***

— Eu não acredito — disse Jerry Blaine. — Quero dizer, alguém lá embaixo deve estar fazendo algum tipo de brincadeira.

— Ninguém brinca com um código secreto superior — Coronel Briston rebateu. — Jess Hawkins mesmo assinou essas ordens. E você viu aquelas garotas com seus próprios olhos. Admito que seja uma loucura --

— Loucura? É surreal, cara — disse Phil Lewis. — Leia essas ordens de novo, certo, Mark. Eu tenho que ouvir essa pequena e bela mensagem mais uma vez.

Briston riu. — Caro pessoal, — ele lê — em cada seção do USSF 193 será enviada três peças de equipamento necessário para o Projeto Carícia (perfazendo um total de doze). Seu amigável Tio Sam não mediu esforços para trazê-las até vocês diretamente da Europa, então manuseie com cuidado, certo? Elas vão ser rotacionadas a cada seis meses ou menos, mas enquanto isso elas podem ser armazenadas no USSF 193. Compartilhe-as igualmente e se divertiam -- isso é uma ordem. Todas as comunicações relativas aos equipamentos devem ser endereçadas a mim pessoalmente nesse mesmo código. Isso, também, é uma ordem. Sinceramente, Jess Hawkins, Diretor, Agência Espacial Nacional.

— Iuhuuuu!— Lewis exclamou. Me lembre de nunca reclamar por pagar impostos de novo.

Então, Sydney emergiu da sala ao lado. Ela tinha retirado seu traje espacial e estava vestida com roupas leves. — Caramba, — ela disse — vocês mantêm o lugar bem frio. Nanette, Constance e eu, a gente está congelando. Estávamos pensando se algum docês rapazes gostaria de nos aquecer um pouco.

Seguindo o ranque, Coronel Briston conseguiu ser o primeiro da fila.

***

Já era muito tarde no que era considerado noite na estação, cerca de um mês depois que as meninas tinham chegado. Lucette, Babette, Francette, Toilette, Violette, Rosette, Suzette e Myrtle estavam em serviço enquanto o resto foi dormir o que podiam. Sydney estava pacificamente enrolada na cama tendo sonhos não tão inocentes, quando de repente uma pedra do tamanho de um punho masculino rasgou a parede perto de sua cama e bateu contra a parede no lado oposto. Um barulho de assobio encheu a sala, e Sydney começou a ficar sem ar enquanto o oxigênio era sugado para fora pelo buraco feito pelo meteoro.

Num flash, ela estava fora de seu quarto e fechando a porta do compartimento hermeticamente fechado atrás dela. As três outras garotas apressaram-se para fora no corredor para descobrir qual era o problema.

— Caramba!— Sydney disse quando recuperou o fôlego. — A maldita coisa está vazando!

***

— Está tudo bem agora, Sydney — Jerry Blaine disse enquanto entrava. — Eu remendei tudo. Sinto dizer que qualquer coisa que estava solto no seu quarto foi sugado para o espaço. Nada valioso, eu espero.

— Não que eu me lembre — Sydney disse-lhe. — Mas você está certo que não vai acontecer de novo?

— Como eu já te disse antes, foi algo que acontece uma vez em um bilhão. Não aconteceria outra vez em mil anos.

— Eu espero que não, moço, se não volto pra Terra rapidinho. — Ela começou a voltar para seu quarto.

— Ah, e a propósito, — Blaine falou com ela — você está reservada para hoje à noite? Bom. Eu saio lá pelas quatorze horas -- você pode vir nesse horário.

— O trabalho de uma mulher nunca acaba — Sydney suspirou sabiamente enquanto entrava em seu quarto. A maioria das coisas dela ainda estava nas gavetas, mas ela não conseguiu encontrar a pequena caixinha de pílulas que ela mantinha na escrivaninha do lado da cama. — Bem, — ela disse — já fiquei sem elas antes. Posso ficar mais um tempinho.

Foram quase quatro meses, para ser exato, quando ela decidiu que a situação precisava da atenção de mais alguém, então ela disse ao Coronel Briston, que tinha acabado de voltar depois de três meses na Terra. — Meu Deus!— Foi tudo o que ele pôde dizer.

— Não é tão grave assim.

— Não é tão grave assim? Você certamente está levando numa boa. Por que não contou a ninguém sobre isso antes?

— Bem, nunca aconteceu comigo antes.

Briston engoliu seco.

— Acho que devemos ligar para o Sr. 'Awkins. Ele sempre parece saber o que fazer.

***

Sen. McDermott: Foi você quem descobriu todos estes acontecimentos, não foi, General?

Gen. Bullfat: Pode ter certeza que foi. Eu suspeitava desde o início que Hawkins tinha enviado algumas meninas lá em cima, mas a Força Espacial nunca age sem prova absoluta. Então eu guardei minhas suspeitas, reunindo as provas meticulosamente, esperando o momento adequado para levar minhas conclusões ao Presidente.

Sen. McDermott: Em outras palavras, então, sua descoberta foi baseada em uma longa e cuidadosa investigação?

Gen. Bullfat: Exatamente, Senador. É assim que os militares fazem as coisas.

***

Graças à sorte, Hawkins e Starling estavam almoçando quando a ligação chegou. Já que a ligação foi rotulada como “urgente”, um homem da sala de comunicações a direcionou diretamente para o escritório de Hawkins. A porta estava trancada.

General Bullfat, acabando de sair de seu escritório no corredor, encontrou o receptor de mensagens esperando o retorno de Hawkins. Com a típica persuasão de Bullfat - e 113 quilos com cinco estrelas no peito podem ser bem persuasivos - ele convenceu o homem que uma comunicação urgente não poderia esperar os “caprichos egoístas de Hawkins”.

Bullfat levou a mensagem ao seu escritório e a abriu. Ele facilmente decodificou a nota de cinco palavras e então olhou para ela por cerca de um minuto, seus olhos esbugalhados. — Parks, — ele disse a sua secretária no interfone — me põe o Presidente na linha. Não, pensando bem, não se dê o trabalho - eu vou vê-lo pessoalmente.

Ele saiu de seu escritório assim que Hawkins e seu assessor estavam voltando do almoço. O general não conseguia se decidir se ria triunfantemente na cara de Hawkins ou discutia com ele, então tudo que ele disse foi: — Agora te peguei, Hawkins. Finalmente te peguei.

Hawkins e Starling trocaram olhares intrigados e preocupados. No escritório do general, Hawkins encontrou a mensagem sobre a mesa, a leu silenciosamente e sentou-se duro. Seus olhos olhavam vagamente para a parede em sua frente, e a mensagem caiu folgadamente de sua mão mole. Starling a pegou e a leu em voz alta.

— Sydney grávida. E agora? Briston.

***

Sen. McDermott: Senhoras e Senhores. Desde ontem, eu tive a oportunidade de me comunicar com o Presidente e chegamos à conclusão de que demais investigações sobre o caso parecem infrutíferas. Portanto, gostaria de adiar a audiência até segunda ordem e reter a publicação da transcrição oficial enquanto for considerada adequada a liberação para o público. Isso é tudo.

***

Filmore conseguiu encontrar Hawkins fora do prédio. — Acho que consigo perceber um dedo seu nisso, Jess. Como você foi capaz de se safar?

— Bem, — Hawkins explicou — já que o público ainda não ouviu falar sobre este assunto, eu simplesmente fiz o Presidente perceber que enquanto ele não pode se livrar de nós, ele pode se acostumar conosco.

— Por que ele não pode se livrar de você?

— Porque o Diretor da Agência Espacial Nacional é nomeado para um mandato de seis anos, do qual eu ainda tenho quatro. E além do mais, só o Congresso tem a autoridade para me demitir.

— Mas e as garotas? Ele não pode demiti-las?

— Graças a Deus, não! Como empregados civis da Agência, elas estão sob nosso status de “serviço excepto” - elas só podem ser demitidas por incompetência no desempenho de suas funções especificadas. E ninguém, — Hawkins sorriu — poderia jamais acusá-las disso.

Lugar Agradável para se Visitar

Essa história apareceu pela primeira vez em Vértice, outubro de 1973.

Olhando para trás, eu pareço ter uma fascinação por cidades antigas e desertas que os sonhos podem nos dar - mas por um preço bem alto. Existe tal cidade no meu romance CAÇA AO TESOURO, e uma culminação em UM MUNDO CHAMADO SOLIDÃO. Mas esta foi a primeira que apareceu. Gostaria de saber o que os estudiosos vão pensar que estou querendo dizer.

O limite da cidade estava precisamente a meio metro dos dedões da bota de Ryan. Ryan ficou parado lá, sem nenhuma pressa em atravessar aquela linha. Cinquenta centímetros eram tudo que estava entre ele e a possível loucura. Ele olhou para a cidade, tentando ler algo de sua silhueta inescrutável -- tentando e falhando.

Finalmente, puxou o comunicador de seu bolso. A caixa fria, metálica e retangular parecia confortavelmente estranha na mão dele. Este era um símbolo da Terra, aqui em meio extraterrestrialidade desse planeta. De alguma forma, a nave - e a própria Terra - não estava tão distante enquanto ele a segurava. Ryan não era um homem excepcionalmente corajoso; apesar de toda a propaganda, os escoteiros planetários tendiam a ter suas próprias falhas e medos humanos. O medo de Ryan era a solidão.

Mas ele falou em um calmo e uniforme tom. A voz dele ia, não para nenhum dos humanos na nave, mas para o computador modelo JVA que havia nela. A sociedade humana tornou-se muito grande, muito diversificada e muito complexa para as próprias mentes humanas compreenderem, e, portanto era necessária a ajuda mecânica. Computadores tornaram-se professor-pai-mãe da raça humana. O Java-10 era a contraparte portátil do enorme cérebro que controlava a terra.

— Estou prestes a entrar na cidade — disse Ryan.

— Não preciso sublinhar a importância de cuidado — o respondeu Java-10. — Cinco expedições anteriores foram perdidas lá dentro. Tente manter uma frequente, se não constante, comunicação. E lembre-se, se você falhar, não haverá mais tentativas. A cidade terá de ser destruída, apesar de seu valor em potencial.

— Eu entendo — Ryan disse tacitamente. — Câmbio e desligo. Ele desligou seu comunicador e o enfiou no bolso.

Ele ficou em pé perto do limite e hesitou. Mais à direita, sua nave de reconhecimento se agachou ao lado de outras cinco, preparada e pronta para uma imediata decolagem caso a necessidade surgisse. Atrás dele, ele sentia o deserto, seco e mortal, suas dunas de poeira deslocando suavemente sempre que uma brisa ao acaso soprava através delas. Em sua frente esperava a cidade, afiada em seu contorno, em sua beleza e estranheza. Paredes cintilantes se projetavam em ângulos inesperados, aparentemente pareciam ser produtos do delírio de um arquiteto bêbado. Estruturas frágeis e quase fálicas brotavam lateralmente de dentro de umas das outras, algumas vezes a centenas de metros do chão. Outros edifícios, ainda mais surpreendentes, pareciam ficar apenas suspensos no ar, sem apoio visível. Ocasionalmente, um vento tocava a cidade e fazia todas as obras vibrarem como um cristal cantante, e a cidade parecia suspirar um canto de sereia.

Homens tinham entrado nesta cidade, a única em um planeta desolado, cinco vezes antes. Nenhum desses homens jamais retornou. Os detectores não mostravam quaisquer formas de vida antes do homem chegar. Dezesseis formas de vida eram registradas agora - dezesseis homens que haviam desaparecido lá dentro. E agora era a chance de Ryan em se tornar a décima sétima.

Ninguém fazia ideia de quem tinha construído esta cidade, quando, ou por que. Tudo o que se sabia era que ela tinha engolido dezesseis homens, vivos, mas aparentemente impotentes de escapar apesar dos melhores armamentos que a Terra podia fornecer. A cidade gerava um campo de energia desconhecida que irradiava para fora, esfericamente, do centro da cidade a uma certa distância e não mais. Alguns dos homens que tinham entrado no campo continuaram em contato de rádio com suas naves por algum tempo depois; mas as informações recebidas tinham sido quase inúteis, já que os homens tinham entrando mais e mais profundamente em estados que só podiam ser denominados de delírio, e eventualmente perderam contato com a realidade completamente e cessaram a comunicação.