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Storey
Keith Dixon

TEKTIME S.R.L.S. UNIPERSONALE

”Gosto de Lee Child, Robert Crais, Tess Gerritson. Portanto, penso que Keith Dixon está lá em cima, com os grandes.” – Crítico da Amazon. ”O escritor mais legível a trabalhar hoje em dia no género.” – Crítico da Amazon. Quando Paul Storey vem de Londres para casa, vem a fugir dum acontecimento que arruinou a sua vida profissional. Agora está lentamente a contactar outra vez com pessoas... mas as pessoas que vai conhecendo são bandidos, ladrões e burlões.

Keith Dixon nasceu no Yorkshire e foi criado nas Midlands. Escreve desde os treze anos, cultivando vários géneros: thriller, espionagem, ficção científica, literário. É autor de sete romances da coleção Investigações de Sam Dyke e doutras duas obras fora da área do crime, bem como de duas coletâneas de publicações em blogues sobre o ofício da escrita.

Quando não está a escrever entretém-se a ler, a aprender a tocar guitarra, a ver filmes e a devorar séries televisivas. Hoje em dia passa mais tempo em França do que provavelmente seria bom para ele.

Saiba mais, seguindo-o no Twitter @keithyd6, lendo o seu blogue em cwconfidential.blogspot.com ou ligando-se a ele em facebook.com/SamDykeInvestigations/

E do seu portal na web pode descarregar alguns livros gratuitos e saber mais acerca dos outros: keithdixonnovels.com

STOREY

Um romance criminal

KEITH DIXON

Tradução de

J. Freitas e Silva

Semiologic Ltd

Copyright Keith Dixon 2016

Copyrighy da tradução portuguesa: J. Freitas e Silva 2017

Publicado pela primeira vez por Semiologic Ltd

Keith Dixon reivindica o seu direito, ao abrigo da Copyright, Designs and Patents Act, 1988, a ser identificado como autor desta obra.

Todos os direitos reservados

Este livro não pode ser reproduzido, no todo ou em parte, por mimeografia, fotocópia ou quaisquer outros meios, eletrónicos ou físicos sem autorização expressa, por escrito, do autor.

Qualquer semelhança com qualquer pessoa viva ou morta é pura coincidência

Para informações, contactar: keith@keithdixonnovels.com

Imagem da capa © David Holt sob Creative Commons License

Design de Keith Dixon

Adira ao Grupo de Leitores em www.keithdixonnovels.com (http://keithdixonnovels.com/) ou ao Blogue em www.cwconfidential.blogspot.com (http://www.cwconfidential.blogspot.com/) para obter gratuitamente os dois primeiros livros da coleção Investigações de Sam Dyke!

Para Elmore

Il miglior fabbro

CAPÍTULO UM

A terceira vez que Paul Storey a viu era aquilo de que depois se lembraria, quando tudo correu mal.

Não olhara para ele nem lhe dissera nada, pelo menos de início. Mas sabia que tinha reparado nele quando transpôs a porta. Mesmo numa sala cheia de gente, havia algo na maneira como o ignorou – uma tomada de consciência estudada.

Perguntou a si mesmo se devia ir ter com ela, apresentar-se de modo informal, sentar-se à sua frente numa das mesas quadradas pretas e iniciar uma conversa. Vem cá todos os dias, não vem?... Não, era demasiado óbvio. Não produzia o efeito que pretendia. Talvez não devesse dizer nada, limitando-se a puxar uma cadeira, desdobrar um jornal, acenar-lhe com a cabeça e fazer as palavras cruzadas.

Talvez pensasse, então, que andava a persegui-la. Coisa que não era verdade. Era uma mulher atraente e ele acabava de reparar nela…

Entrava todas as manhãs à mesma hora no Starbucks, pouco antes do almoço. Roupa diferente todos os dias, mas com classe, de bom corte, saia abaixo dos joelhos, blusa justa no peito. Como uma mulher de negócios que, apesar de tudo, ainda pretende dar um ar de alguma sensualidade. Trazia uma pequena pasta castanha com fechos dourados. Saltos com alguma altura, mas sem dar um aspeto ordinário. Cabelo louro bem penteado, liso, preso atrás das orelhas… não, duma orelha – a orelha que usava quando estava ao telefone.

Escolhia sempre uma mesa à janela, olhando, através da Broadgate, para lá da estátua de Lady Godiva, em direção ao Wagamama e ao café que fica ao lado. Tinha um computador pequeno em que depenicava e depois parava e olhava pela janela. Mordia o lábio inferior. Bebericava um “Starbucks flat white”. Tinha boa estrutura, testa alta, sobrancelhas arqueadas que pareciam ter sido desenhadas com um lápis, e um toque de cor nas pálpebras. Nariz retilíneo pequeno, mas uns lábios que podiam ser ligeiramente mais carnudos. A pele era imaculada.

Desta vez, só estivera sentada cinco minutos e já estava outra vez de pé, a organizar as suas coisas dentro da carteira – chaves, bolsa, pacote de Kleenex, trocos que recebera do empregado. A meter o computador na pasta. Parecia irritada, nervosa, agora de pé, imóvel, a olhar pela janela para as pessoas que passavam.

Depois, virando-se e olhando diretamente para ele.

Agora, estava a caminhar na sua direção e ele não conseguia mover-se. Estava preso, sentado numa das cadeiras altas, junto da outra janela, perto dum altifalante que tocava Dylan.

Parou a um metro de distância, olhos pretos, loura esbelta de altura mediana, um pouco mais jovem do que ele, rosto um pouco duro.

A dizer: “Se vai ficar a olhar fixamente para mim o dia inteiro, podia, pelo menos, apresentar-se.”

“Estava à espera do momento certo. Não era este.”

“Que quer?”

“Viver um dia de cada vez sem complicações. Obrigado por perguntar.”

“De mim. Que quer de mim?”

Estava a entrar no jogo. Ele gostava disso. Era o que admirava nas mulheres de Londres – tinham pressa. Significava que podia acompanhar o ritmo delas ou abrandar. Nem sempre era ele a marcar o ritmo, tentando avaliar com que rapidez avançar. Era bom encontrar alguém assim na velha terra natal.

“Pergunto a mim mesmo por que razão veio aqui” – disse ele.

“Porque é que não havia de vir?”

“Está em traje de executiva. Está maquilhada. Traz um computadorzinho portátil e um telefone inteligente, senta-se a um canto e age como uma mulher de negócios. Onde é que as pessoas pensam que está quando fala com elas ao telefone? Qual é o endereço do escritório que tem no seu cartão de visita? Não consigo deixar de me interrogar acerca destas coisas.”

“Você é polícia?”

“Pareço um polícia?”

Percorreu-o de alto a baixo com os olhos como se ainda não se tivesse preocupado em olhar para ele.

“Deve ser” – disse ela. “Lá para o extremo mais inferior do espetro.”

“Seguros.”

“Vendas?”

“Perito. A sua casa arde ou tem uma inundação, eu digo quanto é que provavelmente vai receber.”

“Mas você está todos os dias no Starbucks. A observar mulheres estranhas e a assustá-las.”

“Você não está assustada.”

“Não? Como é que sabe? Como é que sabe o que é ir a um local público e descobrir alguém a olhar fixamente para si todos os dias?”

Paul encolheu os ombros. “Não pensava que fosse assim tão óbvio. Pretendia ser furtivo.”

“Eu apenas quero entrar aqui, tomar o meu café e não ser observada. Está bem?”

Estava a perder gás, com a ameaça a desaparecer-lhe dos olhos. Ele tentou situar o seu sotaque – uma vaga cadência escocesa, mais costa leste do que oeste. Era tão ligeiro que perguntou a si mesmo se não se teria dissipado por viver no Sul. Era atraente, fazia com que apetecesse ouvi-la falar para se poder acompanhar os altos e baixos.

Pegava, agora, na pasta e apoiava-se alternadamente numa e na outra perna. Trazia a sua habitual blusa branca por baixo do casaco escuro e ele pensou ver um soutien preto por baixo da blusa. Não tinha, portanto, um ar tão de executiva como isso.

“Como se chama?” – perguntou ela.

“Paul Storey.”

“Com ou sem e?”

“Com. Não há muita gente que faça essa pergunta. Vai procurar-me no Google?”

“Devia ir?”

“Eu não iria. Como é o seu nome?”

“Nem pense. Achava que tinha olhado para mim durante o tempo suficiente para eu lhe conceder um encontro?”

“Passou-me isso pela cabeça.”

“Não vai acontecer.”

“Estou a compreender.” Baixou a voz. “Que se passa? De que é que tem medo?”

“Da vida” – disse ela –, “do universo e de tudo. De muita coisa. E, respondendo à sua primeira pergunta, venho para aqui trabalhar porque o barulho ajuda-me a concentrar-me. No escritório há silêncio a mais.”

“Que faz?”

“Jornalista, pasquim local. Não é que seja da sua conta. Satisfeito?”

“Claro. Porque não haveria de estar?”

Parecia estar prestes a acrescentar qualquer coisa, mas, em vez disso, virou-se e foi-se embora. Observei o seu perfil enquanto empurrava a porta e se dirigia para a esquerda, em direção ao Primark. Com um sorriso aberto, girou a cadeira para se virar para a parede e pegar no café.

A pensar que ela não era jornalista! Vestia-se bem de mais e era mais nervosa do que qualquer jornalista que alguma vez conhecera.

Mas também que não se importava. Afinal, ele também não trabalhava em seguros.

CAPÍTULO DOIS

“Senhor Storey, se quer a minha opinião de profissional, o preço que fixou é de longe demasiado elevado para a casa do seu pai. As habitações na... bem, na sua zona de Coventry deram um grande tombo nos últimos anos. O senhor visa pessoas à procura da primeira casa e o preço que pretende vai desincentivá-las até de a ver por dentro.”

Des-incentivá-las? Meu Deus! “O problema não é meu, pois não? Essa é que é a sua função, vender” – disse.

“Claro…”

“Olhe, baixo cinco por cento se estiverem interessados em fazer negócio.”

“Hoje em dia os compradores são muito mais agressivos. É provável que façam ofertas quinze a vinte por cento abaixo do preço pedido, especialmente na sua zona. A escola local não tem grande reputação e, como sabe, tem sido noticiado um certo número de crimes no último ano. Coisas de pouca importância, coisas pequenas, mas que marcam, por assim dizer.”

“Compreendo o que está a dizer, mas não me importo. Tenho de vender.”

O agente imobiliário chamava-se Jeremy Frost e Paul não gostava dele. Havia muita coisa que lhe desagradava na sua postura. Fingia ser realista ao mesmo tempo que continuava a agir como seu amigo. Talvez fosse assim que trabalhassem atualmente.

Frost estava agora reclinado na sua reluzente cadeira de pele, a descrever o que iam fazer, a alinhar as fotos para serem distribuídas pelos vários parceiros nacionais, a colocar o vídeo no ecrã cíclico da vitrina, e, se quisesse pagar um pouco mais, podiam dar-lhe um espaço especial no portal da web, o que significava uma imagem maior e um aumento garantido de trinta por cento do número de visualizações…

Tratar da venda da casa do pai trouxera à superfície o pior que guardava. Era a casa onde fora criado e agora tinha de a vender. Era como se lhe tivessem pedido que arrancasse um braço e o leiloasse no eBay.

Perguntava Frost: “Tem uma data limite para a venda? Até regressar a Londres?”

“Eu não vou regressar.”

“Ah!, mas pensava…”

“Está preso a mim.” Fez um sorriso aberto. “O seu cliente favorito.”

Frost, devolvendo o sorriso: “Todos os nossos clientes são nossos favoritos.”

“Claro que sim. Mas uns são mais favoritos do que outros, não é? Alguns são tocados pelas vossas mãos mágicas e vendem rapidamente, enquanto outros são deixados a apodrecer. Eu não vou ser um desses, pois não, Jeremy?”

A expressão do agente pareceu congelar e começou a falar da satisfação do cliente, de questionários e dos muitos clientes que se mantinham com eles ao longo de várias vendas…

Paul alheou-se, a pensar: E ele? Que é que vendeu a si mesmo? Sabia que a situação estava a consumi-lo – ir todas as noites para casa, para uma casa vazia que ainda cheirava ao purificador do ambiente que o pai usava. Decidira vender e, depois, procurar outra coisa… um apartamento simpático, talvez perto do centro da cidade, ou uma coisa nos subúrbios mais finos, Styvechale ou Cheylesmore. Até então passaria o mínimo de tempo possível em casa. Tomar o pequeno almoço, sair, voltar à noite e cozinhar alguma coisa para jantar nos tachos e frigideiras que o pai usara durante trinta anos. Depois, ir para a cama, no mesmo quarto onde dormira até sair de casa para ingressar na Faculdade. As recordações… a paz… faziam parte do argumento de venda que criara para si mesmo: era um local temporário para voltar a ambientar-se. Depois de toda a agitação lá do Sul.

“Que tal?” – perguntou Frost.

Paul não ouvira a maior parte, mas não se importava. Os pormenores não eram tão importantes para ele como para Frost. Os compradores ou gostavam do aspeto e do preço da casa ou não gostavam. Ficaria lá o tempo que tivesse de ficar. Certamente não ia voltar a Londres e, em definitivo, não voltaria ao trabalho. Uma vez que se saia da polícia, incendeiam-se as pontes. É virar as costas ao incêndio e procurar nas sombras alguma coisa para ocupar o tempo.

“Faça o que tem a fazer. Venda-a, mas não dada” – disse.

“Nunca faria isso.”

“Eu sei que não, Jeremy. Conto consigo para vender a casa, mas do ponto de vista financeiro não preciso de o fazer. Compreende? Portanto, quero que faça o melhor negócio possível sem afugentar as pessoas. Se não tiver perspetivas nas próximas três semanas, reconsiderarei a questão do agente de que me sirvo. Não quero fazê-lo porque é uma dor de cabeça e não quero envolver-me outra vez nessas conversações bizarras. Venda a casa por um bom preço e ganhe a sua parte. É muito simples. Portanto, não se ponha aí de papo para o ar a ver em que param as modas. Sairei de casa quando quiser trazer cá pessoas para a verem e não interferirei. Mas tem de dar o seu melhor, ambos sabemos disso.” Reparou que Frost empalidecera e perdera a sua petulância. “Não se preocupe” – disse Paul –, “eu não sou mau tipo. Sou apenas um pouco impaciente, de vez em quando. Portanto, ajude-me a resolver isto e tudo correrá bem. De acordo?”