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A Atriz
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A Atriz

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Lucy sorriu forçadamente. ‘Isso acontece às vezes. Por causa dos idiotas que a gente encontra nessa profissão.’

Dois atores mais velhos se levantaram no final do corredor e saíram para fumar. Um deles se virou e apontou o dedo para ela. Ela não sabia se ele estava ironicamente dando um sinal de apoio ou sugerindo que ela seria despedida. Ator experiente encontrado estrangulado pela alça do sutiã de uma atriz em ascensão. Poderia acontecer ...

Lucy desrosqueou a tampa de uma garrafa de suco.

Ela disse, ‘Por que você está fazendo isso?’

‘Vai fazer um lanche?’

‘Não, boba. Estou fazendo uma velha brincadeira para um teatro a ponto de quebrar. Com um diretor que parou nos anos sessenta.’

‘Você faz isso parecer tão agradável.’

‘Exatamente. Quero dizer que estou alegre e tenho certeza que teremos um grande público porque você está aqui. Mas você tem que admitir que é um retrocesso do horário nobre da TV.’

Mai tinha passado por isso várias vezes com Eric e sua mãe, nenhum deles considerava correr riscos como uma atividade que valesse apena.

‘Eu queria melhorar. Eu estava entediada. Você pode muitas vezes abrir seus olhos e dizer, ‘Você não pretende ... !’ ou, ‘Eu não acredito em você!’

‘Eu estava querendo dizer que era um caminho difícil a percorrer. Eles estarão sempre prontos com suas facas apontadas para você. Você sabe como é a imprensa.’

‘Eu posso lidar com uma briga,’ disse Mai. ‘De qualquer modo, eles têm estado do meu lado nos últimos dois anos. Ele não vão mudar assim tão rápido.’

Lucy rosqueou a tampa da garrafa de suco e, inesperadamente, lançou-a com maldade em Jeremy, que levantou seus ombros para se proteger e sorriu.

Ela disse, ‘Espero que seu assessor seja bom em se desviar das críticas.’

‘Eu continuo esperando que ele seja bom em alguma coisa.’

Como ela esperava, a tarde não foi melhor. Pedro abriu a cena para que os outros atores tivessem a chance de fazer alguma coisa. Eles precisavam de uma oportunidade para mostrarem seu trabalho, depois de tudo. Mas no final do dia ele dispensou todo mundo menos Mai e Jeremy. Ele chamou os dois juntos, colocou-os sentados em cadeiras paralelas como um conselheiro matrimonial, e começou a falar, sua voz era tanto de bajulação quanto condescendente. Ele expôs lentamente sua visão sobre a relação entre os dois personagens, dando a cada um uma história que não tinha sido detalhada no roteiro e, Mai pensou, foi inventada por ele para servir aos seus propósitos.

Conforme ela escutava as ideias de Pedro, Mai começou a imaginar se ela não estava se enganando. Ela tinha ido direto da escola para seu papel na televisão. Aprendendo uma nova profissão, porém sem nenhum treinamento real ou técnica. Conselhos de diretores e membros mais experientes do elenco, muitas aulas em grupo. E, logicamente sua mãe. Geraldine Rose. Uma vez famosa, com diversos papéis principais em alguns filmes ingleses antes de seu marido, o pai de Mai, cair morto no nono buraco, um dogleg par cinco, numa partida de golfe. Teve que parar de levar Mai e seu irmão mais velho, Jake. Não tinha que ter desistido, na realidade ... mas ela quis assim. Não podia suportar a proximidade de outras pessoas, outros atores. Toda aquela compaixão e piedade.

Mai não dava muita importância para a atuação até ganhar o papel principal na versão escolar de A Streetcar Named Desire (Um Bonde Chamado Desejo) – representando Blanche Dubois com desessete anos. Atuou no Festival de Drama Nacional na categoria estudante, em Scarborough, Inglaterra, marcado e disputado por assessores até que ela se decidiu por Eric, por quem sua mãe tinha conhecido quando jovem. Depois esteve por dois anos no Terraço Amberside, estagnada.

Agora, a maioria das coisas que Pedro estava dizendo a ela parecia sem sentido, mas ela não tinha certeza. Diziam que ela parecia sempre confiante, mas que apesar do seu ar de certeza era possível que ela estivesse perdendo alguma coisa.

Ela voltou sua atenção para o local onde Pedro estava dizendo alguma coisa ao Jeremy sobre o processo criativo. O personagem de Jeremy era um jovem dramaturgo que tinha escrito o roteiro pelo qual o personagem de Mai, uma garota inexperiente do interior, estava tendo o papel principal. Pedro tinha falado com o fervor de um evangélico, como se ele também tivesse sido alguma vez um jovem dramaturgo atuando numa peça teatral. Talvez seja verdade.

‘Então, queridos, vamos tentar de novo. Por favor, tenham em mente tudo o que eu disse. O jovem, a inocência, o desejo de mostrar ao mundo que está nascendo esta noite uma nova forma artística, neste palco.’

Mai e Jeremy moveram as cadeiras para que pudessem se olhar e então deram início à cena.

Isso durou trinta segundos.

‘Parem!’

Eles se viraram para ver a mão de Pedro levantada acima de seu ombro como um agente do trânsito.

‘Desculpe. Não consigo mais. Vão para casa agora e pensem cuidadosamente sobre o que fizeram hoje. Talvez amanhã teremos algumas ideias melhores.’

Ele inclinou seu peso pra frente da cintura como se fosse se jogar no chão. Então com um suspiro ele colocou suas mãos nos joelhos e empurrou seu corpo na posição ereta, virando-se e indo embora sem dizer nenhuma palavra.

Quando ele deixou a sala, Jeremy disse, ‘Nojento.’

Mai juntou suas coisas. ‘Ele tem algum caminho a percorrer antes de ser nojento. Ele ainda está no estágio de babaca.’

‘Ah, você tem mais experiência que eu.’

‘Eu sou uma garota. Eu percebo melhor as distinções sociais.’

Ele forçou um sorriso. ‘Como você está se sentindo atuando no palco? Com frio na barriga?’

‘Um pouco. Eu seria uma tola se eu não me preocupasse sobre ser capaz de fazer isso.’

‘Pelo que eu estou vendo você se dará bem.’

Ela sorriu e não disse nada. Uma expressão de coragem foi suficiente para esta situação. Mas ela já estava imaginando se ela estava cometendo o maior erro da sua curta e próspera vida.

CAPÍTULO DOIS

ELA SE MUDOU PARA a estação Docklands Light em Canary Wharf com uma vista bem movimentada, próximo ao condutor. Não tanto um condutor, ela pensou, mas alguém que joga um vídeogame. Olhe para a enorme janela frontal que parece uma tela de plasma de sessenta polegadas e gire o botão que coloca o trem em movimento. Gire de volta para reduzir, e então pressione algo que abra e fecha as portas. Deveria ganhar pagamento extra para evitar que eles fugissem pela porta e ao descer na plataforma, esmagados pelo tédio. Atriz em ascensão num resgate heróico de trem. Salva a vida de 54 passageiros que estavam muito ocupados lendo The Girl with the Squirrel Tattoo (A Garota com a Tatuagem de Esquilo) para perceberem que o trem estava sem condutor...

Ela alugou um apartamento em uma casa Georgiana em Greenwich, cinco minutos da estaçao. A casa em si estava à venda em um dos mais legais escritórios imobiliários locais, por quase um milhão de libras (aproximadamente quatro milhões e duzentos mil reais), a proprietária tinha decidido que a vida no sul da França oferecia mais oportunidades que o sul de Londres para laçar um marido rico. Consequentemente a casa lentamente seguia a lei do caos e desmoronava pelo mau estado de conservação – porta frontal arranhada, janelas sujas, calhas quebradas, aquecedores com chiados de gansos de infantaria. O Volvo de Billie já estava estacionado em uma das vagas da frente, tão grande que estava espremido dentro da vaga como um adulto amontoado numa cama infantil.

Quando ela destrancou a porta do apartamento e entrou, os cachorros correram até ela imediatamente, pulando e empurrando suas pernas, fazendo barulhos ofegantes. Billie veio da cozinha com uma caneca em suas mãos.

Mai disse, ‘Sinto-me como um marido chegando em casa vindo de uma mina de carvão. Deveria estar perguntando se o meu chá está pronto.’

‘Pensei que deveria esperar até você chegar. Guardar as coisas e tudo mais.’

Billie era uma mulher de aproximadamente trinta anos com cabelos ruivos ondulados e um rosto amigável. Ela vestia jeans e um suéter azul escuro: roupa especial para uso externo. Ela caminhava com os cães da Mai desde que ela os pegou, quase um ano atrás, mas era agora o máximo que Mai poderia ter de uma amiga, todos os outros tinham se espalhado como o vento quando sairam da escola. Às vezes ela pensava se não era estranho não precisar de outras pessoas, mas isso era uma característica que ela já reconhecia em si mesma desde os quatorze anos. Ela tinha companhia suficiente no trabalho e não sentia necessidade de companhia em casa.

Ela tirou seu casaco, afagou as costas dos seus dois cachorros, que se entrelaçavam em forma de oito entre suas pernas, balançando o rabo vigorosamente.

‘Desculpe, estou atrasada. Tive um trabalho extra.’

‘Como foi? As coisas no seu primeiro dia.’

Mai mexeu os ombros. Ela nunca gostava de falar sobre seu trabalho. Parecia pretensioso, até mesmo para seus próprios ouvidos.

‘O diretor é um idiota, mas as outras pessoas são legais. Está frio lá fora. Não vá congelar até a morte.’

‘Roupa especial para uma passeadora de cães moderna. Nenhuma chance de congelar.’

‘Quanto tempo vai levar?’

‘Estarei de volta em uma hora e meia, a menos que você queira mais tempo.’

‘Eu posso estar no banho.’

Billie achou as coleiras dos cachorros e as colocou neles. Era o único momento em que eles ficavam parados, pelo menos até travar as coleiras. Então ficavam frenéticos novamente, girando em volta das pernas da Billie como sabonetes até ela mandá-los parar e caminharem até a porta.

Quando Billie saiu, Mai foi até a geladeira e pegou a outra metade de uma lasanha que ela tinha preparado no dia anterior. Ela colocou no microondas por alguns minutos, se sentou no sofá em frente à televisão e colocou no canal de notícias das dezenove horas. Políticos estavam sendo entrevistados em um cenário azul brilhante. Então mostrou uma reportagem filmada no México. Uma reunião esportiva. O mundo monótomo e comum.

Ela terminou a lasanha, tirou seu iPad da bolsa e foi verificar seus e-mails. Recorrentes e-mails de fãs, marketing de feriado, piadas enviadas pela sua mãe, que parecia pensar que ninguém mais acessava o Facebook, então ela precisava reenviar tudo que encontrava lá.

Recebeu uma notificação de mensagem no celular, então ela o tirou do bolso de seu casaco. Seu amigo Stefan: Você quer sair com a gente esta noite? Todo mundo vai pro Dereks.

Ela digitou de volta: Pode ser. Não vou beber. Que horas?

Um momento depois veio a resposta: às 9. Não vá furar.

Ela respondeu: Não se preocupe. Te vejo lá.

Assim que desligou o telephone voltou sua atenção à televisão. Um repórter estava do lado de fora da fachada de vidro dos escritórios do Daily Paper, um jornal sensacionalista que tinha iniciado suas atividades poucos meses antes, financiado por um oligarca russo que procurava por alguma coisa interessante para investir sua fortuna. O que tinha atraído a atenção de Mai era o fato de que o reporter tinha mancionado o nome de ‘Deannah’. Esse era o nome de uma heroína do ultimo livro que Mai havia lido, uma fantasia de uma Jovem Adulta pela qual uma garota de uma origem comum descobriu que ela tinha o poder de viajar dentro de um mundo alternativo, onde ela era conhecida como a filha problemática de um todo-poderoso, porém doente rei.

Ela aumentou o som.

‘Uma ação em que muitos estão dizendo que é a última tentativa deseperada do proprietário russo de aumentar o número de seus leitores, o Daily Paper firmou colaboração com um estúdio britânico a fim de encontrar uma grande estrela para seu próximo filme. O jornal irá fazer uma pesquisa com seus leitores, pedindo a sugestão de uma atriz para fazer o papel de Deannah no filme Deannah’s Quest (A Questão de Deannah), o best-seller da autora reclusa, Beatrice M. Kirwan. A ganhadora da pesquisa fará o papel de Deannah e fechará um contrato de três filmes no valor acima de cinco milhões de libras (mais de vinte milhões e quinhentos mil reais). Os comentáristas da indústria têm sido rápidos em condenar tal decisão arriscada, como assim consideram, dizendo que um papel tão importante deveria ser escolhido por meio de uma audição apropriada. O Daily Paper respondeu que eles estão procurando por uma nova brilhante estrela em seus primeiros passos para o sucesso. Ainda não houve nenhum pronunciamento por parte do estúdio sobre esse assunto.’

As notícias retornaram ao estúdio e Mai desligou a televisão. Houve uma estranha sensação de um buraco em seu estômago. Ela percebeu que não era por causa da lasanha mas porque sentiu um desejo pelo papel de Deannah.

Ela se levantou e foi até o banheiro para tomar banho. Ela adicionou algumas gotas de ylang-ylang com propriedades calmantes, e então ela tirou a roupa e deslizou para dentro da água perfumada, o aroma agridoce a envolvia.

Ela conhecia Deannah: a opinião de que ela não era quem todos pensavam que ela fosse; a sensação de ser uma princesa incompreendida; a habilidade de se transpor facilmente entre o mundo real e o mundo da fantasia ... todas as características que ela reconhecia e compartilhava. Não seria nenhum problema para ela fazer esse papel. Se seu papel como Steffi no Terraço Amberside era de um realismo melancólico, o de Deannah destroçaria sua própria identidade oculta – uma garota engraçada, inteligente e vivaz que bem poucas pessoas tiveram a oportunidade de conhecer.

Deus, ela quer esse papel.

Ela estava secando seu cabelo quando Billie retornou com os cães. Eles entraram alvoroçados em casa, correndo um atrás do outro e correram para o quarto de hóspedes, onde seus brinquedos ficam guardados. Billie foi para a cozinha e preparou seu jantar. Os cães correram assim que ouviram suas tijelas serem colocadas no piso de cerâmica e, momentos depois, Billie veio com um copo de café, fazendo um sinal com a cabeça em direção à cozinha.

‘Você não precisa cozinhar quando chegar em casa. Eu poderia deixar alguma coisa pronta para você. Eu tenho minhas habilidades.’

‘Você está querendo dizer que minha perícia com o microondas não é boa o suficiente? Quero que saiba que eu preparei aquela lasanha com as minhas unhas quebradas.’

Billie sentou-se na ponta do sofa e ficou olhando Mai enxugar vigorosamente seus cabelos. Ela parecia sempre se interessar em observar Mai se arrumar, como se ela estivesse aprendendo segredos profissionais. Para ela, ela parecia ter feito o mínimo de cerimônia – jeans, um modelo desestruturado de blusa e botas pesadas que eram do tipo alfa e ômega do seu guarda-roupas. Seu cabelo estava lavado, passou o secador de cabelos por dez segundos e então, partiu para encontrar seu próprio caminho no mundo.

Mai tinha conseguido uma cópia da edição de Deannah’s Quest. Estava no sofa ao lado de Billie, aberto no meio.

Billie pegou o livro, olhou a sinopse na parte de trás e disse, ‘Você ouviu falar sobre isso, então? Eu imaginei que você pudesse ter se interessado.’

Mai não quis demonstrar que estava tão interessada.

‘Pode ser que eu me interesse. Eu li o livro.’

‘Você seria louca se não se interessasse. Isso foi feito para você.’

‘Por que você diz isso?’

‘Você está na idade certa, você se encaixa com a descrição, você tem mais chances do que qualquer outra pessoa, não concorda?’

‘Eu não tinha pensado nisso.’

Billie levantou as sobrancelhas. ‘Minha mãe costumava dizer que há apenas uma chance em uma boa carreira. Depois disso, você pode reorganizar as palavras sorte e chance em uma única sentença. Obviamente eu ainda estou trabalhando nisso, mas você já está voando alto. Você não quer que eu te conte a história do Dennis de novo, quer?’

O ex-namorado dela tinha se recusado a se promover como o novo James Morrison e no final Billie tinha o desencorajado. Escolher uma carreira era algo pela qual ela tinha começado recentemente a se considerar uma especialista.

Mai disse, ‘Eu tenho que falar com o Eric.’

‘Querida, ele é seu assessor. Ele fará o que você pedir que ele faça. É assim que as coisas funcionam, não é?’

Mai não disse nada e foi para o seu quarto. Ela vestiu um jeans e uma blusa larga, penteou seus cabelos e passou um pouco de maquiagem que ela costuma usar fora do horário de trabalho.

Billie ainda estava no sofa, acariciando a cabeça de um dos cães, Mai não tinha certeza qual deles era. Ele apoiou sua cabeça na coxa de Billie, e ficava olhando fixamente para ela com uma adoração doentia.

Mai disse, ‘De qualquer modo, eu não tenho certeza se quero entrar nessa disputa. Será como um reality show na TV, sem nenhuma classe.’

‘O que preocupa você?’

‘Quem disse que estou preocupada?’

‘Eu sei que você quer isso, mas não está demonstrando nem um pouco de entusiasmo.’

Mai procurou um casaco leve em seu guarda-roupas e encontrou sua bolsa Hermès.

‘Para realmente ser honesta eu não sei se eu tenho tempo. Ficarei presa aos ensaios pelas próximas quatro semanas e depois tem o Tornado – haverá estréias e assim por diante.’

Tornado era um filme que ela tinha terminado de gravar quase um ano atrás, enquanto ainda estava fazendo o Terraço Amberside, e tinha levado muito tempo para o CGI (efeitos especiais) e a trilha sonora ficarem prontos. A abertura da peça tinha sido inteligentemente preparada para coincidir com a abertura do filme – os produtores esperavam ganhar dinheiro com qualquer burburinho que o filme pudesse gerar.

Billie mexeu os ombros mas Mai pôde sentir que ela estava decepcionada: ela estava olhando para fora da janela observando os telhados escuros de Greenwich, como se de repente eles se tornassem interessados no assunto.

‘Diga o que você acha, Billie. Não tenha medo de falar, como se eu fosse morder você.’

‘Eu acho que você vai se arrepender se o filme for um sucesso. Dizem que um diretor arrogante já se inscreveu.’

‘Isso não quer dizer nada. Os produtores poderiam até dizer que Spielberg e Lucas tinham demonstrado interesse, mas isso não significa que eles estariam por trás das câmeras quando começasse a gravação.’

Billie desviou de novo o olhar, numa incursão da crítica, no entanto oblíqua, demonstrando uma certa ofensa. Ela não tinha nenhum envolvimento real com o show-business e não gostava quando Mai – ou qualquer pessoa – deixasse claro que os pensamentos e as ideias dela eram essencialmente de uma amadora.

Mai não queria ferir seus sentimentos. ‘Eu vou pensar sobre isso,’ disse. ‘Eu só preciso descobrir como fazer.’

Billie sorriu. ‘Eu sei que você seria ótima.’

‘Eu tenho que lutar com essa maldita peça primeiro. O diretor já me odeia e continua falando sobre o ‘contrato social’ que Chekhov está tentando criar com o público. Estou tentando achar sentido para a personagem.’

‘Querida, faça o que você sempre faz – utilize o sentimento humano. Não importa o contrato social, todos aqueles russos vitorianos eram humanos, não eram?’

‘Quando eu tiver alguma evidência, eu vou te contar.’