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Alan concordou com a cabe?a.
— Por favor. Precisamos acabar logo com isso.
Ele come?ou a subir as escadas, mas parou e se inclinou de volta em dire??o ? cozinha.
— Margo?
A velha senhora olhou para ele.
— Voc? tem sequer alguma ideia de quantas criaturas do Inferno entraram pelo portal sobre o qual voc? nos falou?
O rosto de Margo amoleceu e Alan pensou ter visto uma pequena pitada de medo ali. Ela balan?ou a cabe?a e disse:
— Deus me ajude, Alan, eu n?o sei. Podem ter sido algumas, ou algumas centenas. Infelizmente n?o sei dizer.
Alan compartilhou um olhar com Katie, e ent?o olhou de volta para Margo.
— Eu me sentiria melhor se voc? ficasse aqui conosco, Tia Margo. Е melhor do que estar sozinha na floresta, mesmo que sua casa esteja camuflada com espelhos. Pelo menos, eu teria a ilus?o de que estaria mais segura.
Margo abriu a boca para recusar educadamente a oferta, mas parou. Finalmente, ela disse:
— Vou pensar no caso, sobrinho, se a oferta for de cora??o.
Alan encontrou os olhos da anci?.
— Sim, ela е. Fique, por favor — ent?o mudou o assunto — Ok, eu tenho que ir.
Cap?tulo 2
Em algumas manh?s, Phoebe Smalls Napier achava realmente dif?cil organizar as crian?as para que sa?ssem de casa em seguran?a a tempo de seu turno na Mackie's.
Quando Phoebe e Billy se casaram, Billy tentou convencer Phoebe a deixar o emprego de operadora de caixa. Como xerife, Billy ganhava dinheiro suficiente para manter a fam?lia alimentada, vestida e com uma casa para morar. Sua cria??o de Boston Terriers tambеm era uma renda extra... mais do que suficiente para sustentar a fam?lia.
Phoebe se recusou a deixar o emprego. Ela explicou a Billy os reais motivos, para que ele n?o pensasse que se tratava de dinheiro.
— Bill, o trabalho me mantеm s? e sоbria. Se eu n?o tivesse esse emprego, o que eu faria nos dias em que voc? estivesse no trabalho e as crian?as na escola? Eu teria interminаveis horas vazias para preencher... e um alcoоlatra em recupera??o n?o precisa de tempo para ficar sozinho com seus pensamentos. Geralmente, е o que os faz voltar a beber.
Ela abra?ou o marido e continuou:
— Ent?o, ao invеs de dar chance ? tenta??o, vou trabalhar na Mackie's. Isso vai me manter com os pеs no ch?o, e eu estarei logo ali na cidade se voc? precisar de mim.
Billy, descontente, concordou.
Mas ele tambеm conversou com Martin Mackie, neto do fundador da loja, e pediu que ele mantivesse Phoebe livre nos fins de semana e apenas com escalas diurnas. Martin concordou, e assim todos ficaram felizes.
A menos que as coisas virassem uma completa confus?o em uma manh? de dia de semana. Quando isso acontecia, ninguеm ficava feliz.
— Pam! Larga esse telefone e me ajude com os pequenos!
Phoebe estava tentando fritar alguns ovos para Mary.
Pamela, a mais velha de Phoebe, estava no ?ltimo ano do ensino mеdio. Seu cabelo era castanho com mechas loiras. Seus olhos eram azuis, quase como gelo. Seus lаbios n?o eram muito grossos, mas n?o chegavam a ser finos. Ela era uma jovem muito bonita aos dezoito anos, e sua semelhan?a ? sua irm? Mary era impressionante. Quase como se Mary fosse uma mini Pamela. Muitas pessoas comentavam isso.
Mary era a segunda mais velha, com treze anos.
Catherine, a terceira mais nova, lembrava Phoebe e as meninas mais velhas, mas algumas diferen?as na apar?ncia denunciavam que Catherine tinha outro pai. Ela tinha dez anos.
Derek, o ca?ula de oito anos, tinha uma ligeira semelhan?a com sua m?e e com sua irm? Catherine.
O homem que os dois filhos mais novos chamavam de "papai" era um ex-namorado de Phoebe, um viciado em drogas chamado John Clark. John estava em um laboratоrio de metanfetamina do outro lado da cidade e experimentou um pouco do produto que ele e seu irm?o in?til haviam recеm preparado. A droga estava muito forte, e os dois irm?os morreram quase instantaneamente por overdose.
Ao menos foi o que disseram. Billy n?o conduzira esta investiga??o. Ele estava de fеrias na еpoca e as mortes ficaram sob jurisdi??o da pol?cia do munic?pio. Isso significava que Godfrey Malcolm estava no comando.
Isso tambеm significava que as mortes poderiam ter sido qualquer coisa.
As duas meninas mais velhas n?o sabiam quem eram seus pais.
Phoebe tambеm n?o.
Quando as duas filhas mais velhas foram concebidas, Phoebe estava desmaiada por beber demais... ou tomar muitos analgеsicos... algo assim. O fato е que n?o conseguia se lembrar, e isso provavelmente n?o faria diferen?a. Pam fora concebida durante o ?ltimo ano de Phoebe no ensino mеdio. Apesar das brigas diаrias com a m?e, Phoebe vencera e manteve o beb?.
Cinco anos depois, veio Mary.
As duas vieram de situa??es id?nticas. Embora as meninas tivessem nascido com cinco anos de diferen?a, seus aniversаrios se separavam por apenas alguns dias.
E Mary possu?a magia.
Quando Mary estava com Carol Grace Montgomery, emanava uma magia poderosa.
Jа Pam n?o possu?a poderes. Pelo menos atе onde Phoebe sabia.
?s vezes, ao pensar sobre isso, Phoebe lembrava que as duas concep??es eram muito parecidas entre si, mas com intervalo de cinco anos... como se Mary fosse uma segunda vers?o de Pam. Uma nova tentativa.
Mas, se isso fosse verdade, isso significaria que alguеm... algo... havia estuprado Phoebe duas vezes para tentar produzir uma crian?a com poderes mаgicos.
Isso significaria que Phoebe fora escolhida, por algum motivo, para carregar uma filha da magia.
E isso a assustava atе o ?mago.
Mas, nesta manh?, seu medo era duplo. Um deles era colocar as quatro crian?as no ?nibus escolar a tempo.
O outro era o Man?aco de Sardis.
Billy n?o tinha contado muito a Phoebe sobre os assassinatos. Ela sabia que ele n?o queria preocupа-la.
Outras pessoas, no entanto, falavam, e a fofoca corria solta em cidades pequenas. Phoebe trabalhava no Centro Oficial de Fofocas do munic?pio. Seu cargo como caixa na Mackie's lhe permitia ouvir todo tipo de coisa.
Alguns diziam que o assassino era o velho Ricky Jackson, o homem que estava desaparecido hа algum tempo e cuja casa havia queimado. Outros diziam que pensavam ser Margo Sardis, o que Phoebe sabia de fato que n?o era verdade. E alguns sussurravam que poderia ser obra de dem?nios, e Phoebe achava que essa poderia realmente ser uma possibilidade.
Quem ou o que quer que fosse o assassino, Phoebe estava assustada. Ela estava com medo por seus filhos, por Billy e Alan e por todos que viviam no Condado de Sardis.
— M?e, eu tenho que trabalhar esta noite. Das cinco ?s nove.
Pam trabalhava em uma loja enorme que era franquia de uma multinacional, mas que n?o podia contar ninguеm no Condado de Sardis como cliente. Ou melhor, ninguеm do Condado de Sardis. Visitantes no munic?pio costumavam fazer compras lа, principalmente porque estavam acostumados a comprar coisas de lojas cujos nomes terminavam com "Mart". Mesmo que a grande franquia oferecesse descontos em tudo, vendendo de mantimentos a ferramentas e pneus muito abaixo dos concorrentes locais, eles n?o conseguiram atrair os moradores para a loja. As pessoas que trabalhavam lа tiravam bastante poeira e empurravam coisas de um lado para o outro. Ninguеm se incomodava ao trabalhar lа — eles ficariam felizes em receber dinheiro para nada — e ninguеm devolvia o dinheiro.
— Vou dizer a Billy para buscа-la ?s nove — disse Phoebe, colocando os ovos de Mary em um prato.
— Posso pedir a Jeff que me traga para casa.
— Vou me sentir melhor se Billy for te buscar, querida. N?o tenho nada contra o Jeff, mas atе Billy pegar esse assassino, quero que venha com ele.
Phoebe olhou para a filha mais velha.
— Fa?a as vontades dessa velha senhora, tа bom?
Pam sorriu.
— Tudo bem, m?e. Diga a Billy que estarei na porta da frente ?s nove.
Mary colocou uma grande colherada de ovo na boca e disse:
— E n?o se esque?a de que vou ? casa de Carol Grace esta tarde depois da escola. Tia Margo tem mais li??es para nоs.
— N?o fale com a boca cheia, Mary. Me ligue quando chegarem lа, ouviu? E diga a Kate que combinaremos algo para este fim de semana.
— Sim, Senhora.
— Mam?e? — disse Derek.
— Sim, beb??
— Catherine e eu vamos ? casa da Vovо novamente depois da escola?
— Sim, garot?o, voc?s v?o.
Pam cutucou os dois pequenos, que tinham acabado de comer.
— Vamos, seus pirralhos! Vamos para fora esperar o ?nibus.
Mary enfiou a ?ltima colherada de seus ovos na boca e disse:
— Ei! Esperem!
— Se cuidem! — gritou Phoebe — Amo voc?s! N?o fale com a boca cheia, Mary!
Phoebe percebeu ent?o que estava conversando com uma porta fechada. As crian?as jа haviam sa?do.
Um sentimento de pavor fez cоcegas no fundo de sua mente enquanto ela fritava um ovo para seu prоprio cafе da manh?. Ela comeu em sil?ncio. Quando terminou, colocou o prato na pia, pegou a bolsa, suas chaves e foi trabalhar.
***
ENQUANTO ALAN DIRIGIA pela estrada a caminho da Escola Tеcnica Nathaniel Sardis, passou pelo que parecia ser um enorme canteiro de obras. Equipamentos de transporte de terra, escavadeiras, guindastes, caminh?es basculantes e homens com capacetes de seguran?a estavam espalhados pelo local de vinte acres. Parecia que eles estavam cavando um buraco enorme no ch?o, ou jа o haviam conclu?do. Ao passar pelo local, n?o conseguiu decidir se haviam ou n?o terminado.
Interessante. Isto е novidade. Eu passei aqui hа tr?s dias e n?o havia nada alеm de um campo. Me pergunto o que isso vai ser...
Ele fez uma anota??o mental para perguntar a Billy mais tarde. Talvez o xerife soubesse algo a respeito.
Fosse o que fosse, parecia ocupar uma enorme por??o do campo que lа estivera. E, por causa das аrvores ao longo da estrada, o local de trabalho era vis?vel apenas em uma pequena аrea ao longo da estrada, a qual era usada como acesso de ve?culos ao campo.
Ao continuar seu caminho, Alan voltou a pensar nos assassinatos.
Precisamos pegar este cara. Espero que n?o seja um ataque pessoal a nenhum de nоs desta vez. N?o quero reviver a noite em que Moses Turley invadiu a casa da fazenda. N?o sei qual poder as garotas possuem ou se е o poder que as possui, mas n?o quero me arriscar a desencadeа-lo novamente.
***
CLIFF ANDERSON ABRIA seu escritоrio imobiliаrio prontamente ?s oito horas da manh? e hoje n?o era exce??o.
Cliff possu?a e administrava a Anderson Imоveis e Leil?es (A MELHOR do Condado, gritava a placa acima da porta) e comandava uma equipe de dez funcionаrios. Com exce??o de sua secretаria, nenhum outro empregado chegava antes das nove. Cliff aproveitava o tempo sozinho pela manh? e gostava de lidar pessoalmente com os clientes ansiosos que ?s vezes chegavam bem cedo.
Arlene Looper, secretаria de Cliff, trabalhava para ele hа quinze anos. Ela era muito boa em seu trabalho. Chegava um pouco antes das oito da manh? para fazer cafе e preparar seu dia.
Cliff ficava de olho nas pernas de Arlene. Eram belas pernas, e ele sonhava em um dia v?-las em volta de sua cintura. Ocasionalmente, ele lan?ava um olhar para os peitos de Arlene, apenas para se certificar de que eles se mantinham da maneira que os peitos de uma mulher linda deveriam se manter, mas as pernas em volta da cintura comandavam a maior parte de seus devaneios. Ele sonhara acordado com isso todos os dias em que Arlene trabalhou para ele. Sо uma coisa o impedia de perseguir esse sonho, e n?o era o medo de assеdio sexual ou uma acusa??o de comportamento inadequado no local de trabalho.
Arlene morava em Londres, a cidade mais ao sul do Condado de Sardis.
Cliff tinha um medo mortal de Londres.
Nada que ele realmente pudesse identificar. Algo naquela cidade de fim de mundo o fazia borrar as cal?as. Ele podia sentir a respira??o acelerar quando se aproximava do pequeno munic?pio, e arrepios saltitavam em sua pele. Uma vez que ele passasse pela placa que anunciava os limites da cidade, seus pelos eri?avam e ele come?ava a suar profusamente, um suor nervoso e fedorento. Cliff um dia decidiu que nunca mais iria voluntariamente a Londres, por motivo nenhum. Quaisquer negоcios imobiliаrios em Londres agora eram delegados a um de seus funcionаrios.
O pensamento de ir a Londres buscar Arlene para um encontro, ou levа-la para casa depois, n?o era um pensamento divertido na cabe?a de Cliff.
Se Arlene tinha ideia da maneira como Cliff a desejava, n?o dava nenhum sinal.
Mas...
?s vezes, quando Cliff n?o estava olhando, Arlene olhava para ele. Ela abria um largo sorriso, como se estivesse se divertindo... ou olhando para uma presa.
Ent?o um brilho amarelado parecia atravessar suas ?ris... um brilho amarelado quase selvagem.
Mas naquela manh?, antes que Cliff se sentasse em sua mesa para iniciar o ritual diаrio de observa??o do andar quase furtivo de Arlene, o sino sobre a porta da frente tocou e um cliente apareceu.
A cliente era uma mulher bela e de baixa estatura, com cabelos loiros e um leve toque de sardas atravеs do dorso do nariz.
Cliff se afastou da cafeteira com um sorriso no rosto e atravessou o escritоrio em encontro ? mulher.
— Bom dia! Meu nome е Cliff Anderson. O que posso fazer por voc? esta manh??
Cliff esperava que a jovem perguntasse sobre aluguel de apartamentos, ou talvez uma casa barata que pudesse ser alugada por algumas semanas. Ele nunca a tinha visto antes e, por causa disso, achava que devia ser uma funcionаria da loja multinacional.