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O Testamento: O Código De Deus
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O Testamento: O Código De Deus

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Epílogo (#)

Parte I—Início

Tragédia

Era uma vez uma família simples de classe média residente na zona Rural do município de Arcoverde-PE com sobrenome Andrade Correia. A família era formada por cinco pessoas: Philliphe Andrews, o pai, Angélica, a mãe, Samantha, Constantina e Bartolomeu, os filhos. Por um longo tempo viveram em paz.

Philliphe era o tipo de pai distante, muito ligado ao trabalho, que geralmente só nos finais de semana prestava mais atenção na esposa e filhos. Era pouco, mas ninguém reclamava, pois era um mal necessário.

Tudo ia transcorrendo dentro da normalidade até o dia fatal. Foi exatamente no fim de ano, época de recesso escolar quando a família inteira reuniu-se, arrumou as malas, acomodaram-se no automóvel e partiu para o litoral com o objetivo de passar o final de semana longe da monotonia do dia a dia.

Inicialmente, nada de anormal aconteceu. Foram ultrapassando as barreiras da movimentada Rodovia BR 232 e chegando próximo a Caruaru, no final de uma curva, foram surpreendidos por outro automóvel que vinham em sua direção. Resultado: Colisão frontal, com os carros saindo da pista principal.

O socorro chegou rápido, todos foram encaminhados ao hospital da capital da capital do agreste com a ajuda dos bombeiros sendo atendidos em estado de urgência ao chegarem lá. Foram feitas os esforços iniciais para o restabelecimento da saúde dos mesmos e alguns tiveram que ser encaminhados á UTI.

Dentro do hospital, passaram-se dois dias e infelizmente o acidente deixara como resultado vítimas fatais: Quatro da Família Correia e outro da Família Gouveia, ocupantes do outro veículo. Da primeira, o único que restara tinha sido Philliphe. Ele ainda não sabia pois seu estado de saúde requeria cuidados.

Passou-se mais um tempo ,as feridas foram cicatrizando,e quando os médicos perceberam que ele já se encontrava bem lhe comunicaram a má notícia de que o mesmo perdera toda sua família no trágico acidente.A reação oscilou do espanto inicial á revolta.E agora?O que faria?

A primeira coisa que fez foi colaborar de todas as formas para uma recuperação mais rápida.O objetivo era se afastar o mais rápido daquele lugar triste e macabro que era o hospital.

Com uma semana de esforços,finalmente foi liberado e a primeira coisa que fez foi telefonar para um táxi.Esperou mais quinze minutos até a condução chegar,um palio azul e ao embarcar no mesmo cumprimentou o motorista e indicou o lugar de destino: A rodoviária.Ao seu sinal,o carro imediatamente partiu e enfrentando um tráfego intenso chegaram em quinze minutos até o local desejado.Philliphe pagou a passagem,despediu-se e desceu.Dirigiu-se até o guichê do estabelecimento onde foi informado que o próximo ônibus para Arcoverde chegava em uma hora.A fim de passar o tempo,atravessou a avenida,tomou suco com pão de queijo na lanchonete e ainda teve tempo de passar numa pequena livraria onde comprou suas revistas preferidas.Após,atravessou a avenida em sentido contrário e voltou á rodoviária.Comprou a passagem e esperou mais um pouco.

Chegando o ônibus com destino á sua querida Arcoverde,ele não perdeu tempo,entrando de imediato escolhendo uma das poltronas da frente.Espera mais um pouco e então finalmente é dada a partida.

Iniciava-se assim a viagem de volta.Durante o trajeto longo,teve tempo de refletir sobre o estado atual,puxou conversa com o vizinho de poltrona e aproveitou para ler as revistas que comprara.Quando se sentiu cansado,tomou um cochilo.

Três horas depois,acordou com os solavancos do carro e percebeu que estava próximo de sua terra,a querida Arcoverde de tantas histórias.Instantes depois,ele segura a mala,bate na cabine do motorista e pede parada.O motorista obedece,o ônibus para e finalmente ele desce,rumo ao seu sítio (quinze metros) ,próximo ao povoado de Caraíbas.Segurando o que restara das malas,demora mais quinze minutos até á sua casa e ao chegar,cai exausto na cama.Tentaria dormir para aliviar sua mente conturbada e só se levantaria no outro dia para dar um destino á sua pobre vida.

A noite densa na vida de Philliphe

Amanhece.Philliphe acorda,toma banho,troca de roupa,prepara e come o desjejum (pão com ovos),escova os dentes e parte para a cidade onde ia exercer sua função pública.Seu cargo era auditor fiscal da fazenda do estado,de alta hierarquia e remuneração,fruto dos seus esforços de concurseiro.

Em Vinte minutos de viagem,usando o seu carro próprio,já chega ao local do trabalho,o pólo da secretaria de fazenda do estado em Arcoverde,um prédio amplo de dois andares.Após ultrapassar o portão de entrada,passa por um corredor e mais uma porta e então tem acesso ao vão principal onde se localizam os grupos de trabalho.Gentilmente,cumprimenta seus colegas e é consolado pelo fato da tragédia.Agradece e inicia a labuta.Passa cerca de oito horas no local e em trabalhos externos com companheiros e nesta volta nenhuma anormalidade ocorreu.Ao concluir suas tarefas,despede-se,Faz o mesmo percurso em sentindo contrário,ultrapassa o portão de entrada-saída, e dirige-se para o carro que está estacionado na rua vizinha.Ao chegar,acomodasse no seu assento,liga a ignição e parte passando para resolver algumas pendências no comércio para só então ir embora.Pega a avenida principal do centro,dirige-se ao bairro boa vista e alguns instantes depois tem acesso á rodovia BR 232.

Com velocidade moderada,demora apenas quinze minutos para chegar em casa.Guarda o carro na garagem,aproxima-se da porta,usa a chave para abri-la e já dentro da casa dirige-se á cozinha e chegando no local retira da geladeira o almoço já pronto.Esquente no fogão o alimento e alimenta-se com certa pressa tamanha é a sua fome.Ao término do almoço vai cuidar de atividades domésticas e do sítio no restante do dia.Logo cedo,resolve dormir.

Nos outros dias seguintes,repete-se a rotina.Apesar de ser completamente normal,sua vida mudara de ponta á cabeça após a tragédia.Vivia apenas do trabalho para casa,se afastara dos amigos,da religiosidade e de si mesmo.Enfim,não acreditava mais em nada.

Psicologicamente,Philliphe estava arrasado,afundado num deserto sem fim.A todo o momento,perguntava-se :Que pecado cometera para cair em tal desgraça?Por que Deus não poupara sua família?O que faria da sua vida agora que estava só?Havia possibilidades de recuperação?

Por mais que o tempo passasse,não encontrava solução para seus problemas e a solidão que batia em seu peito cada vez mais forte.Estava vivendo uma noite bastante densa onde só havia desespero.

Avante,guerreiro,não desista!

O livro

O tempo avança mais um pouco e a situação mental de Philliphe é a mesma:Não conseguia conformar-se com as mudanças drásticas na sua vida.Mesmo consciente de que nada poderia mudar ,o seu inconsciente era incontrolável e falava mais alto.Fazia parte de sua personalidade e estava intrinsecamente ligado ás influências do seu Maktub.

Foi aí que algo interessante e inusitado ocorreu:Na data que completara seis meses da tragédia,fuçando na internet após o jantar encontrou um site de uma editora e um livro que realmente chamou muita sua atenção por tratar especificamente dum tema em que se enquadrava um pouco a vida desértica de sentimentos e esperanças que vivia no atual momento.O título era “A noite escura da alma” e o autor se chamava Aldivan Teixeira Tôrres.Instigado,resolveu comprar o livro,fazendo o cadastro no site e após todos os procedimentos imprimiu o boleto pois seria uma boa oportunidade de aprender e viajar um pouco enriquecendo o seu conhecimento e quem sabe ajudá-lo a despertar um pouco.Era esta a aposta.

Continuou mais um pouco navegando na internet,entre redes sociais,site de notícias,futebol,bate papo em chats,jogos,ouvindo música e pesquisando um pouco para ajudar em seu dia a dia,em sua profissão.No entanto,mesmo quando terminou a sessão de navegação,a questão do livro não saia de sua cabeça.

Cansado do dia que fora realmente corrido,dirigiu-se ao quarto para dormir.Aproximou-se da cama e antes de deitar,lembrou-se do boleto que tinha imprimido.Guardou-o em sua bolsa com intuito de não esquecer de pagá-lo no outro dia.Após o ato,finalmente relaxou.

A noite se seguiu,a madrugada chegou e próximo das seis horas da manhã, Philliphe finalmente acordou.Como sempre,levantou rápido,espreguiçou-se,foi ao banheiro,tomou banho,voltou ao quarto,vestiu roupas limpas e um sapato de camurça marrom que tinha comprado,dirigiu-se á cozinha e ao chegar lá,Junto ao fogão,estralou ovos com bacon,recheou o pão acrescentando requeijão.Depois,comeu algumas frutas e deu-se por satisfeito.

Escovou os dentes,lavou o rosto,foi ao banheiro defecar e ao término do ato,aproximou-se da pia da cozinha e lavou as mãos.Como era vaidoso,foi ao quarto e junto ao espelho do seu guarda roupa enorme,cuidou dos últimos detalhes,que incluía o tratamento do rosto com cremes,uso de perfume fino com fragrância de rosas, e por último pentear o cabelo que estava um pouco assanhado.

Pronto!Agora podia ir a garagem,pegar o seu carro possante e dirigir-se ao trabalho na sua querida Arcoverde.E é o que faz .Apesar do seu descontentamento com a vida,sempre fora responsável com seus compromissos e afinal trabalhar não era uma escolha e sim uma questão de necessidade.

Enfrentando o trânsito normal na pista da BR 232 e na área urbana da cidade chega finalmente ao trabalho após quinze minutos de esforço.Com muita educação,adentra na instituição e deseja um bom dia a todos os colegas de trabalho.Nem todos são recíprocos mas isto não importa.Já tinha feito sua parte.

Começa com seu trabalho burocrático e quando solicitado,sai com a equipe.Com muito profissionalismo e competência,se destaca na multidão.Estava de parabéns pela sua integridade e honra sempre postos á prova.

Ao final da oito horas,bate o ponto e vai embora.Como de costume vai tratar de outras pendências pessoais em bancos,financeiras,casas lotéricas,lojas,etc.Paga o boleto referente ao livro e então finalmente vai para casa.

Desta feita,encontra um trânsito congestionado mas mesmo assim chega a tempo em casa para cuidar das pendências domésticas e do sítio.Agora estava só e absolutamente tudo estava nas costas dele.

À noite,ainda tem tempo de acessar a internet e verifica a confirmação de pagamento do livro no site.Agora só restava esperar e descobrir o que Aldivan Teixeira Tôrres ,o vidente,queria repassar com o mesmo.

Enquanto sonhava com a chegada do livro,foi dormir aproximadamente ás 23:00 Hs.Mais um dia cumprido em meio a uma solidão e incompreensão profundas.

Vinte dias depois

Passa-se um pouco de tempo dentro da normalidade na vida solitária de Philliphe entre trabalho,atividades sociais,vida doméstica,fins de semana e lazer.Completando-se exatamente seis meses e vinte dias após a tragédia ,vindo do trabalho,é notificado por vizinhos de que há algo para ele esperando ser retirado nos correios da Vila de Caraíbas.

Imediatamente,vai ver do que se trata saindo a pé do seu sítio.No trajeto curto,atravessa a rodovia,e sobe no caminho de 1,5km (Um quilômetro e meio cheio de curvas) que o separa do aglomerado urbano citado.

No caminho,além de encontrar vários conhecidos e cumprimentá-los,tem a oportunidade de refletir,analisar e ponderar sobre as possibilidades.O que será que o esperava nos correios?Seria uma carta de parentes distantes do sul que há algum tempo não tinha notícias?Uma cobrança?Ou até mesmo uma inesperada declaração de amor?Estas e outras hipóteses preenchiam sua mente naquele momento.

Chega!Diz Philliphe interiormente.Reunindo uma força nunca dantes vista,recupera a tranqüilidade perdida e limpa sua mente perturbada.Resolve apressar o passo,atravessa a última curva e já se aproxima das primeiras casas.Sua ansiedade estava prestes a acabar.

Com mais trezentos metros percorridos,entra na rua principal,dobra a direita e ultrapassando cerca de cinco casas,chega ao prédio em que funcionava os correios.Cheio de educação,pede licença ao adentrar no recinto e entra em contato com o funcionário responsável,seu Xavier,Um ancião de cerca de 60 anos,branco,barba por fazer,barrigudo,costas largas,cabelos pretos escorridos,faces enrugadas,braços grossos e firmes,olhos verdes,postura ereta,vestindo camisa de algodão amarela,óculos de sol escuros,boné,relógio prendado,calça jeans,cinto de couro,sapato social preto e cueca marrom que se mostrava um pouco,sendo o mesmo muito conhecido na região.O diálogo é então iniciado:

—Boa tarde,Seu Xavier,tem alguma correspondência para mim?

—Boa tarde,Philliphe.Tem uma encomenda de São Paulo,enviada por uma editora.É um livro?

—Ah,já sei.È um livro sim.Vejamos.

Philliphe se aproxima mais,assina em duas vias um formulário,pega o pacote e começa a desembrulhá-lo.Apesar da pouca habilidade,perde pouco tempo na operação.Retirado todo o papel que envolve a mercadoria,faz uma análise rápida do produto e apresenta ao interessado.

—Este livro de título “A noite escura da alma” me interessou muito.Pelo que a sinopse apresenta fala um pouco do período em que nos desligamos de Deus,vivendo no pecado e ensina as formas de recuperação.Quero aprender com ele e quem sabe superar meu mau momento.(Philliphe)

—Entendo.Muito interessante mesmo.Qual é o autor?

—Aldivan Teixeira Torres,vulgo vidente ou filho de Deus.

—Posso dar uma olhada?

—Pode.Á vontade.

Philliphe entregou o livro á Xavier que o examinou rapidamente.Ao final devolveu e comentou:

—Muito boa a escolha.Pretendo também comprar.Como posso adquiri-lo?

—Pela internet,no site da editora que você viu.Faz-se um cadastro e imprimi-se um boleto.Vale a pena!

—Entendi.Obrigado.

—De nada.Agora tenho que ir.

—Até mais.

—Até.

Tranquilamente,Philliphe deixou as dependências dos correios e retornou pelo mesmo caminho.Enfrentando um pouco de sol e poeira,ultrapassou os mesmos obstáculos de antes.Com trinta minutos de esforços,cumpre o trajeto total,adentra em casa,passa pelo sala e corredor e chega ao quarto.

Senta numa cadeira junto a uma mesinha e com paciência começa a folhear o livro que tem mais de trezentas páginas.Durante duas horas,tem a oportunidade de viajar um pouco e sair da dura rotina e solidão que a vida lhe impunha.Gosta muito e ao final o guarda e promete a si mesmo retomar a leitura no outro dia mais ou menos no mesmo horário.

Após,prepara sua janta,se alimenta,vai assistir TV,escuta música,navega um pouco na internet e quando cansa,finalmente vai dormir.Os próximos dias prometiam.

A experiência de Philliphe

Passa-se mais uma semana com Philliphe cumprindo todas as suas obrigações que envolviam o trabalho no setor público,no sítio,afazeres domésticos,relacionamentos profissionais e pessoais além de atividades de lazer.Sua vida era mesmo agitada e solitária desde que perdera na tragédia seus entes queridos.

Com a chegada do fim de semana,teve mais tempo para concluir os trabalhos pendentes e concluir a leitura do livro que cada vez mais o instigava.No domingo chegou ao término e concluiu que valera muito a pena comprá-lo.Com o mesmo,aprendera um pouco da dualidade luz-Treva,sobre os pecados capitais,da parte densa da noite escura,lutas,fracassos e conquistas dos personagens principais,o valor do perdão e a possibilidade de recuperação,e especialmente ficou admirado com a sensibilidade do autor.Como queria conhecê-lo e aprender com ele!

Manuseia o livro com mais cuidado e numa das notas adquire o contato de Renato,companheiro de aventuras do autor do livro.Sem pensar muito,decide interiormente procurá-lo pois não era tão longe a Serra do Ororubá em Mimoso-Pesqueira-PE.O objetivo era pedir ajuda,conhecer o vidente e quem sabe livrar-se dos pesos que carregava desde sempre e que se agravaram com a tragédia ocorrida.

Estava decidido!Liga para o seu chefe,avisa que vai viajar e que não sabe quando volta.Como resposta,tem toda sua compreensão e é liberado por 15 dias.Após,imediatamente começa a arrumar sua mala colocando dentro dela calças,calções,cuecas,sandálias,sapatos,camisas,meias,bonés,óculos de sol,relógio,objetos de higiene pessoal e seu inseparável álbum de fotografias.Ao término,cuida dos outros detalhes,avisa aos vizinhos que vai sair e pede que olhem um pouco o seu sítio na sua ausência,fecha a casa e a garagem e vai para a beira da rodovia Br 232 a fim de pegar a primeira lotação rumo a Pesqueira.

Como morava perto,rapidamente chega no ponto,espera cerca de quarenta minutos e finalmente consegue condução.Daí até mimoso são apenas oito minutos e gentilmente o motorista o deixa no centro,próximo á praça da vila.Desce,paga a passagem ,agradece e se despede.Começa a caminhar.

Quando se aproxima da primeira pessoa,pede orientação de como chegar á serra do Ororubá,especificamente na casa de Renato.Cordialmente,o jovem que aborda chamado Bernardo dá todas as informações necessárias para o primeiro e até se oferece para acompanhá-lo.Não querendo abusar de sua boa vontade,Philliphe o dispensa ,aperta suas mãos e agradece efusivamente.Preferia ir sozinho.

Seguindo suas orientações,segue em frente alguns metros,dobra a direita,atravessa a ponte do canal,caminha mais um pouco,adentrando num terreno particular.Já avista a famosa serra que muitos consideravam sagrada.Agora era só seguir em frente até ao sopé e subir as suas íngremes veredas.

Em quinze minutos,chega ao sopé e como não estava acostumado faz uma parada.No momento,a expectativa,a ansiedade e a inquietação tomavam proporções gigantescas com ele distraído a todo o momento envolto em perguntas.Algumas delas eram:O que o esperava?Como seria o Renato real?E a guardiã?Realmente existia?Estas e outras questões só seriam sanadas com o tempo e não adiantava ficar se martirizando.

Decide então retomar a caminhada.Começa a subir as ladeiras perigosas e a cada passo dado se sente mais determinado e preparado para tudo.Rumo ao futuro!Pensa ele.Embora as suas possibilidades de encontrar-se fossem diminutas,seria interessante uma experiência com Renato e o autor do livro "A noite escura da alma”.

Um pouco mais adiante,completa um terço da subida,para novamente por cinco minutos,retornando logo a caminhar com mais vigor.Neste instante,tudo começava a pesar um pouco mais,inclusive a mala o que exigia dele um esforço maior.Em frente sempre!Repete ele mentalmente com o intuito de se animar.A estratégia dá certo pois pelo menos se sente psicologicamente mais calmo.Avança mais.

Exatamente dez minutos depois,completa a metade do trajeto.Apesar do cansaço que se refletia no suor derramado pelo seu corpo ele não desanima,mantendo um ritmo aceitável.Continua caminhando,ultrapassando pedras,poeiras,espinhos,enfrentando o sol escaldante,a descrença , e correndo contra o tempo.E como ele corria!

Dez passos adiante sente a força poderosa da montanha,suas vozes,atuarem contra si.Inspirado na experiência do vidente,tira de letra esta etapa,comemora sua vitória e continua no percurso.Em dado instante,volta-se para trás,e observa a aglomeração urbana de Mimoso no fundo do vale.Como era linda a paisagem!Estava explicado a força,o patriotismo e a paixão da dupla da série “O vidente” a mais interessante que conhecera na literatura e que ainda prometia muito.

Philliphe continua caminhando,alguns minutos depois entra na curva perigosa do S,e apesar do nervosismo comum aos que andavam por ali,a supera.Pronto!Agora restavam apenas cem metros para alcançar o topo maravilhoso da Serra do Ororubá.O destino estava prestes a se revelar.

O trajeto restante se conclui em apenas cinco minutos e antes de dar o último passo,o viajante força uma última parada.Estava se sentindo como um jogador de futebol prestes a cobrar um pênalti ou uma mulher prestes a entrar em trabalho de parto após nove meses de espera.Eu explico:Sua vida fora uma grande roda gigante,fora filho de um pedreiro e de uma empregada doméstica e com muito esforço concluíra o ensino básico.Trabalhara no comércio cerca de dez horas por dia sem desanimar.Cinco meses depois,conhecera Angélica,se apaixonara,e em dois anos noivaram e casaram.Com a ajuda dela que era abastada,saíra do comércio,cursara uma faculdade,dedicara-se a concursos e como era competente passara em vários até chegar ao cargo atual,auditor da fazenda do estado.Com a consolidação no emprego comprara um sítio na zona rural da cidade e mudara-se com a esposa para lá pois o que gostava era de ar puro e tranqüilidade.Frutos do casamento surgiram três filhos.Tudo parecia estar muito bem até o dia da tragédia.Descera do céu ao inferno,perdera completamente sua fé,revoltara-se e no momento encontrava-se sem destino.

Agora estava ali,após descobrir o mundo maravilhoso dum ser chamado Aldivan Teixeira Torres,autor da série o vidente,que prometia recuperação aos casos mais difíceis.Foi isto que o motivara a superar seus limites e acreditava que Renato,seu parceiro,poderia ajudá-lo em sua trajetória pelo menos fazendo a função de seta.Bem,era pelo menos o que esperava.

A expectativa aumenta.Philliphe finalmente faz um movimento e ao encostar o pé na montanha,a terra treme,o tempo fica nublado,sente calafrios,e uma nuvem de fumaça encobre todo o topo.De dentro da nuvem,surge uma anciã misteriosa que se aproxima.A cada passo dela,o nervosismo aumenta.Quem seria e o que desejava?

Estava prestes a descobrir.Chegando bem perto,a estranha trata de se apresentar e iniciar o diálogo:

—Bom dia,Philliphe,sou o espírito da terra que habita esta montanha sagrada.Pode chamar-me de guardiã.Em que posso ajudá-lo?

Philliphe ficou estático.Quer dizer que estava diante da sábia Abigail da montanha,a primeira mentora do vidente?Não podia acreditar que fosse verdade.Reunindo uma força nunca dantes vista,ele consegue se comunicar.

—Guardiã?Você existe mesmo?Como me conhece?

—Calma.Eu entendo seu espanto.Sou eu mesmo.Vivo há séculos neste lugar e sou detentora de muitos mistérios.O que deseja?

—Quero conversar com Renato,seu filho adotivo.Quem sabe ele não possa me ajudar na resolução de alguns problemas.

—Claro,tudo é possível.Acompanhe-me e fique a vontade.

Philliphe obedece a guardiã e ambos começam a caminhar no misterioso topo da montanha rumo á residência da última.O que o destino aprontava para aquele corajoso viajante?Continuemos acompanhando.

Após vinte minutos em ritmo rápido,ultrapassando os obstáculos naturais da mata e virando-se de um lado para outro,finalmente chegam ao humilde casebre coberto de palha.Como boa anfitriã,a guardiã o convida a entrar,ele aceita,e juntos adentram na casinha.Dentro do vão único,encontram Renato sentado no centro junto a uma mesinha e a estranha senhora se adianta fazendo as apresentações.

—Renato,este é o Senhor Philliphe,um viajante que deseja falar com você.

Renato se levanta,se aproxima mais e cumprimenta o viajante.

—Prazer,Renato.O que deseja especificamente?

—Sou um leitor da série o vidente que no momento enfrenta sérios problemas.Poderia me ajudar?

—Pode ser.O que lhe aflige?

—Obrigado.Contarei resumidamente um pouco da minha história.Meu nome é Philliphe Andrews,alguém em busca da essência e da verdade.Desde o meu nascimento,por ser de origem humilde,enfrento preconceitos e muitas dificuldades profissionais.No entanto,sempre achei que era possível vencer e por isto persisti lutando por meus sonhos.Neste caminho árduo,trabalhei no comércio,encontrei o amor,saí da pobreza,noivei,casei,tive filhos,fiz faculdade e hoje sou um funcionário de alta hierarquia.Contudo,uma tragédia me persegue e desde então não tenho mais paz.

—Que tragédia?

—A perca de toda minha família num acidente.

Lágrimas escorrem pelo rosto sofrido e já enrugado do seu Philliphe.Ali,estava um exemplo de sofrimento e luta constantes.Renato se comove e indeciso consulta sua mãe de coração.

—O que acha,mãe?

—O caso dele é bem complicado.O coração dele ainda está cheio de amargura e revolta por não se conformar-se com seu próprio Maktub.Sente-se injustiçado por Deus e pelo destino.(guardiã)

—E como esperavam que eu ficasse?Minha esposa e filhos eram pessoas boas que mereciam uma sorte melhor.O que eles fizeram de mal para merecer isto?Eu sempre fui um seguidor das leis de Deus e merecia pelo menos uma proteção á altura para mim e minha família.