banner banner banner
Entrevistas Do Século Breve
Entrevistas Do Século Breve
Оценить:
Рейтинг: 0

Полная версия:

Entrevistas Do Século Breve

скачать книгу бесплатно


A mais bela de todas

Foi a mais bonita do mundo, a mais bem paga e, tudo somado, também a mais castigada. «Sou a única modelo da qual nunca se viu nem o seio» declarava orgulhosa. Até o seu contrato bilionário com a Revlon a proibia de mostrar-se sem véus.

Pelo menos até que dois fotógrafos espanhóis da Agência Korpa derrubaram também este baluarte e o mundo inteiro pode admirar o seio perfeito ao vento da famosa Claudia Schiffer. Aquelas fotos rodaram o mundo inteiro e a imprensa internacional deu amplo espaço ao acontecimento . Só o jornal semanal alemão Bunte a colocou na capa vestida. Salvo depois dedicar-lhe, com hipocrisia, muitas páginas internas, com as fotos com os seios desnudos. E a nova Bardot protestou furiosa, anunciando queixas e pedidos de danos astronômicos.

Graças a alguns contatos privilegiados com o ambiente da moda, decidiu aproveitar a onda de atenção provocada pelas “fotos-escândalo” para tentar entrevistá-la para o jornal semanal Panorama . Foi muito complicado, muitos telefonemas e depois longas tratativas com a sua agente, que impedia cada tentativa de aproximação jornalística. Mas a minha constância é repagada e, finalmente, em agosto de 1993, conseguiu o encontro: Claudia estava de férias com a família, nas Baleares e, deste modo, para entrevistá-la eu deveria ir lá.

Tratava-se de um autêntico scoop , uma entrevista absolutamente exclusiva: a bela Claudia nunca tinha concedido entrevistas à imprensa italiana e, principalmente, nenhum jornalista nunca tinha colocado os pés na sua casa de férias, na intimidade da sua família. Além do mais, exatamente no local onde tinham sido tiradas as fotos-escândalo, Puerto de Andratx , na ilha de Maiorca, uma discreta baiazinha ao sul de Palma onde a família Schiffer possuía, há muitos anos, uma casa de férias.

Aquele ano, Claudia tinha um motivo a mais para ir para lá e repousar. Tinha acabado de gravar a si mesma em um longo filme-documentário dedicado à sua vida: Claudia Schiffer special, dirigido por Daniel Ziskìnd, ex-assistente de Claude Lelouch, e rodado na França, Alemanha e Estados Unidos. As gravações tinham acabado recentemente e todas as televisões do mundo já estavam disputando para adquirir os direitos.

Pouco antes de partir, conversando com um meu caro amigo da época, muito rico , da família proprietária de uma famosa empresa que produz ferramentas de trabalho, deixei escapar (talvez me orgulhar um pouco...) que estava para viajar para Palma de Maiorca para encontrá-la. Quando o meu amigo me disse para não reservar nenhum hotel: «eu tenho lá o meu iate» (um magnífico trinta e dois metros a vela), me disse logo. «Há cinco marinheiros além do cozinheiro sem fazer nada, por minha conta, no porto de Palma. Vá então, os faço trabalhar um pouco’!». «E quando estiver lá, peça para o levarem para Puerto de Andratx de barco, assim vai fazer também um belo cruzeiro!».

Não deixei que repetisse duas vezes e assim no dia acertado para a entrevista desembarquei no pequeno porto, a duas horas de navegação de Palma de Maiorca, descendo do barco do meu amigo. Saudando os marinheiros, fui para o local do encontro previsto para as três e meia, no Cafè de la Vista , em frente ao cais cheio de iates.

Certamente, a entrada em cena mais espetacular da qual tenha jamais desfrutado um jornalista, para fazer uma entrevista!

*****

Um pouco antes da hora marcada, chega um Audi 100 com placa de Düsseldorf: são eles. Na frente, dois homens, no banco posterior, a inseparável agente, Aline Soulier. Um pouco de desilusão: onde está ela? É só um rápido instante. Uma nuvem loura aparece atrás de Aline e se inclina para frente no banco. «Olá, sou Claudia» diz, estende a mão e sorri. Um fascínio que atordoa, entre Lolita e a Madonna.

Ninguém desce do carro. «Os paparazzi estão em todo lugar» sussurra a agente no breve percurso para casa, uma vila baixa, cor de tijolo, de um andar. Começando a falar, Claudia afirma que nenhum jornalista, até aquele dia, tinha entrado na casa Schiffer e faz as apresentações: «Meu irmãozinho, minha irmã Caroline, minha mãe». Uma senhora muito distinta, bem alemã, cabelos louros curtos, superando até o metro e oitenta e um centímetros da filha. No encontro, falto o pai, advogado em Düsseldorf, verdadeiro maestro na sombra e responsável pelo sucesso da filha, dizem os melhor informados que se deve a ele a criação de um tal mito da beleza.

Tudo começou em uma discoteca de Düsseldorf…

Eu era muito jovem. Uma noite, se aproximou o proprietário da agência Metropolitan, pediu-me para trabalhar para ele...

Qual foi a sua reação?

«Se for uma coisa séria» eu lhe respondi, «falarei amanhã com os meus pais». Sabe, existem tantas técnicas de abordagem na discoteca, aquela podia ser uma, nem tão nova...

É ligada à sua família?

Muito. É uma família com os pés no chão. Meu pai e advogado e minha mãe o ajuda na administração. Não se deixaram impressionar pelo meu sucesso. Dificilmente se surpreendem. São muito orgulhosos de mim, isso sim, mas para eles não é nada mais que o meu trabalho e esperam de mim que o faça da melhor forma.

E os seus irmãos não são ciumentos?

Claro que não! São orgulhosos de mim, aliás. Em particular, o meu irmãozinho de doze anos. Depois, tenho uma irmã que tem dezenove e frequenta a universidade, enfim, nenhuma competição entre mim e ela. E por último, tenho um irmão de vinte anos: um amigo.

Vem sempre aqui em Maiorca com eles, nas férias?

Desde que eu era bem pequena. Adoro este lugar.

Agora que cresceu, porém, parece que teve algum problema em passear por esses lados…

Efetivamente, existem os paparazzi em todos os lugares, nas plantas... é embaraçoso. Cada um dos meus movimentos é observado, estudado, fotografado... Não são exatamente férias, sob este ponto de vista! (ri ).

É o preço da celebridade…

Bem, é exatamente assim. Porém, eu saio frequentemente de barco com mamãe, com os meus irmãos. No mar, me sinto tranquila.

Tranquila mesmo?

Ah, pelas fotos em topless? Realmente, não entendo como isso pode acontecer. Estava no barco com a minha mãe e a minha irmã. Estávamos no convés tomando sol. Estava também Peter Gabriel que é um meu caro amigo...

Nós o vimos…

Já, é verdade. Ele está também naquelas fotos. Enfim, prefiro não falar sobre isso... Em todo caso, já encarreguei os advogados pelos danos...

Dizem que quer se tornar atriz.

Gostaria de experimentar, é isso. Eles me propõem alguns scripts e quanto mais os leio, mais tenho vontade de tentar... Hoje, tenho vontade de fazer um filme. Muita vontade.

Mas não irá interpretar para Robert Altman, o próximo ano, em “Prêt-à-porter”, dedicado ao mundo da moda?

É realmente incrível. A imprensa do mundo inteiro continua a falar sobre isso, mas não é realmente verdade. E depois não gostaria de fazer um filme onde interpreto ainda o papel de mim mesma.

Se tivesse que escolher entre a top-model e a atriz?

Ser modelo não é para a vida toda. É um trabalho para garotas bem jovens, que é feito por poucos anos, como jogar tênis ou nadar... Enfim, é preciso aproveitar até onde puder. Em seguida, eu gostaria também de voltar para a universidade e estudar história da arte.

Disse sempre de querer defender a todo custo a sua privacidade. Fazer este filme sobre a sua vida, na sua casa, naquela dos seus pais, não é uma contradição?

Não acho. Os momentos realmente privados ficaram assim. No filme, se vê aquilo eu decidi voluntariamente mostrar ao público: a minha família, os meus amigos, as minhas férias, os meus hobbies... Enfim, as coisas que amo. E depois, as viagens, os desfiles, os fotógrafos com os quais trabalho, as conferências de imprensa...

Você vive entre Paris e Monte Carlo?

Na realidade, moro em Monte Carlo, e não perco a oportunidade para voltar para lá quando não trabalho, nos fins de semana, por exemplo.

Viaja sempre acompanhada com a sua agente?

Normalmente, não. Eu preciso dela quando tenho que trabalhar em países que não conheço. Na Argentina, no Japão, na Austrália ou na África do Sul. Nesses casos, existem muitos fãs e depois jornalistas, paparazzi...

São chatas todas estas viagens?

Não, porque adoro ler e com um livro o tempo passa sempre, mesmo de avião. E depois, é um trabalho, não férias!

Que tipo de livros costuma ler?

Principalmente os livros de arte. Prefiro o Impressionismo e a arte Pop. Gosto muito também da história, as biografias dos grandes homens. Li a de Cristovão Colombo. Incrível!

Disseram que você é na metade Brigitte Bardot e na outra metade Romy Schneider-Sissi. Você se reconhece nestas duas modelos?

Sim. Mas não tanto fisicamente. Acho mais ter em comum com elas alguns aspectos do caráter, o estilo de vida... Acho extraordinária a Bardot, além de belíssima: que caráter! Por Romy Schneider então tenho um espécie de adoração. Vi todos os seus filmes e foi terrível quando morreu. Com uma vida tão infeliz...

À parte as desgraças, você gostaria de ser a nova Romy Schneider?

Vejo um outro belo elogio! Parecer com esta, aquela e aquela outra bela mulher. São todos elogios belíssimos, mas eu quero ser principalmente eu mesma. Faço de tudo para ser eu mesma.

O que queria fazer quando adulta?

Não previa de forma alguma me tornar uma modelo. Teria querido me tornar uma advogada.

Como seu pai?

Sim, teria ido trabalhar com prazer no seu escritório de advocacia. Depois, todos os meus programas foram para o espaço. Quando percebi da sorte que tinha tido, decidi renunciar.

A sua história parece uma fábula dos anos Noventa. E os momentos difíceis?

Existem, claro. Mas, por exemplo, nunca me sinto inadequada...

Qual é o segredo?

Muita disciplina. E depois, a capacidade de estar com os outros. Gosto de ficar no meio das pessoas. Gosto de responder com presteza ao tiro cruzado dos jornalistas nas conferências de imprensa. É como um desafio. Não tenho medo, é isso.

Só uma questão de disciplina?

Também um grande equilíbrio. E nesse sentido, é fundamental a educação recebida em família: isso me ajudou muito. Formou o meu caráter dando-me segurança, praticidade e equilíbrio. E não perder o domínio da situação nos momentos mais complexos. É mérito dos meus pais se agora, por exemplo, sei falar em público sem timidez.

De acordo com a mídia, os seus amores nascem e mudam rapidamente, hoje Alberto de Mônaco, amanhã Julio Boca. Qual é a verdadeira Claudia?

A verdadeira Claudia é uma garota com muitos amigos. O príncipe Alberto é um desses, outro é Julio Boca. Mas depois, há também Placido Domingo ou Peter Gabriel e muitos outros personagens públicos. Assim, quando apareço em alguma fotografia junto a eles, a imprensa de todo o mundo os transforma imediatamente em namorados! Mas não é verdade.

Mas, no seu futuro, existe um namorado, um marido, filhos?

Estou super disposta a me apaixonar e logo ainda. Mas por enquanto não tenho nenhum companheiro pelo simples motivo que não me apaixonei por ninguém.

O que olha mais em um homem?

Não tenho um tipo estético ideal. A primeira coisa que vejo é o caráter e, principalmente, o senso de humor. A um homem peço que tenha fascínio, de me conquistar com a inteligência, com a cabeça, enfim. Que saiba o que e a ironia e que saiba ensiná-la a mim. Se não se consegue rir, na vida…

É difícil ser seu namorado …

Todos os companheiros das pessoas famosas devem ter um caráter forte. Eu gosto dos homens de caráter, mas que sejam também sensíveis. Para andar por aí comigo, é preciso suportar o barulho, as intrusões, as fofocas, os jornalistas...

Tem sentimentos de culpa?

Como assim?

Bem, parece que você tenha tudo: beleza, celebridade, dinheiro…

Eu acho que tenho sorte, isso sim, agradeço a Deus e aos meus pais que fizeram nascer assim. Por isso, quando posso tento fazer algo útil, social.

Na moda, porém, não há só os bons sentimentos. Há também a droga, o álcool, as rivalidades…

Droga e álcool não me interessam. Os ciúmes, esses sim, mas não os entendo. As modelas têm físico, caráter e mentalidade tão diferentes que, ao meu ver, há lugar para todas. E também, sempre há lugar para todas. E depois não é necessário ser belíssimas. Cada mulher tem algo de bonito. É preciso só valorizá-lo.

O que é necessário para conseguir?

Principalmente, caráter, porque existem tantas garotas bonitas no mundo... Depois educação, personalidade e disciplina.

Disciplina alimentar também?

Não demais. Não e não tomo bebidas alcoólicas, mas só porque não gosto. Não como muita carne porque acho que não faz bem à saúde e estou atenta às gorduras. Porém, adoro chocolate... Ah! também a Fanta naturalmente! (ri ).

Que relação tem com dinheiro?

Não é a coisa mais importante, mas me permitirá, no futuro, fazer o que desejo. Dinheiro é liberdade.

O que significa para você a palavra sexo?

Para mim? (parece realmente surpresa ).

Sim, para você

Bem, uma coisa que acontece naturalmente entre duas pessoas apaixonadas uma pela outra. É isso.

Acredita possuir uma grande carga erótica ou, ainda, sensual?

Absolutamente.

Absolutamente não?

Absolutamente sim!

4

Gong Li

Encantada pela lua

No início de 1996, eu tinha há pouco iniciado o meu encargo de correspondente do Extremo Oriente e com outros amigos jornalistas, saia com colega do Time em Hong Kong, John Colmey. John me colocou em contato com o empresário da belíssima atriz chinesa Gong Li, através da qual consegui ter uma entrevista exclusiva para Panorama , no set do filme que estava gravando, próximo à Xangai.

*****

Em Suzhou, às margens do Lago Tai, cem quilômetros a oeste de Xangai, Chen Kaige está para gravar uma das últimas cenas do seu esperado filme Temptress Moon , três anos depois do sucesso mundial de Addio mia concubina . Os assistentes correm entre as mais de duzentas participações em trajes dos anos Vinte que enchem o cais do porto, as mulheres usam o característico cheongsam em seda, alguns cavalheiros leem sentados em um banco e, no fundo, os operários do porto carregam as mercadorias no navio. Está sendo gravado um grande adeus: Gong Li, que no filme é Ruyi, a bela e viciada herdeira de uma riquíssima família de Xangai na qual ocorrem incestos, ritos opiácios e traições cruzadas, está para partir para Pequim junto ao prometido cônjuge, Zhongliang: Leslie Cheung, o ator de Hong Kong já ao seu lado em Addio mia concubina .

No banco, está o amigo de infância Duanwu (interpretado pela promessa do cinema de Taiwan, Lin Chìen-hwa), que desde sempre ama Ruyi em segredo: «Deve pensar: é a última vez que a vejo, a última vez! Isso se deve ler no seu vulto, é aquilo que quero ver!» recomenda-lhe Chen Kaige, quarenta e seis anos, casaco de pele e jeans pretos. «Bem... Yu-bei ... (prontos, ndr) ... Action !». Quando Lin Chien-hwa se vira para olhar o navio que parte, nos seus olhos se lê a dor. « Okay! » grita Kaige satisfeito. É a última claquete do dia.

Depois de mais de dois anos passados reescrevendo o roteiro, Kaige está trabalhando duro para preparar o seu filme para a participação do Festival de Cannes, em maio. Número um do cinema chinês dos anos Noventa, filho da arte (seu pai, Chen Huai’ai, era um monumento do cinema do pós-guerra), Chen Kaige é famoso por obter o máximo dos seus atores, colocando às vezes à dura prova a sua paciência. E aquela do governo chinês, que por anos proibiu, cortou e censurou os seus filmes, até que teve que reconhecer, no fim, a estatura de mestre do cinema contemporâneo.

O novo filme Temptress Moon, que custou até agora seis milhões de dólares, representa de certo modo o símbolo da condição hoje do cinema chinês, oscilando entre liberalismo e repressão, projetado nos mercados mundiais, mas com os pés bem no chão no solo da pátria mãe; cosmopolita e provinciana ao mesmo tempo. E o set do filme parece um microcosmo da China contemporânea.

Os protagonistas são o melhor que oferecem, atualmente, «as três Chinas»: Hong Kong (Leslie Cheung), Taiwan (Lìn Chien) e a China popular (Gong Li). O diretor é um intelectual de Pequim e a produtora, Hsu Feng, é uma ex-estrela do cinema de Taiwan, casada com um homem de negócios de Hong Kong, onde nos anos Setenta fundou a Tomson Film (e tinha sido exatamente ela a convencer Kaige, oito anos atrás, a levar para a tela a novela de Lilian Lee, Addio mia concubina ).

Mas se a espera pela nova direção de Kaige é grande, ainda maiores são as expectativas do público e da crítica para a prova de atriz da estrela incondicional da película, Gong Li. Com trinta e um anos, a atriz é com certeza neste momento a mulher chinesa mais conhecida no mundo. No seu passado, há filmes como Sorgo rosso (1987), Lanterne rosse (1991) e Addio mia concubina (1993). É uma longa história de amor recém terminada com Zhang Yimou, seu companheiro por oito anos, o diretor que fez dela uma estrela mundial e com o qual rodou uma última película o ano passado, La triade di Shanghai .

Mas o sucesso junto ao público ocidental não impediu a Gong Li de permanecer chinesa cem por cento.