Читать книгу A Cidade Sinistra (Scott Kaelen) онлайн бесплатно на Bookz (9-ая страница книги)
bannerbanner
A Cidade Sinistra
A Cidade Sinistra
Оценить:
A Cidade Sinistra

4

Полная версия:

A Cidade Sinistra

“Ah, vamos lá, Dag. Aquele incidente na caverna foi há muitos anos.”

“Sim, foi! Sete, para ser preciso. E não preciso de você me lembrando sobre isso mais uma vez, muito obrigado.”

Oriken zombou. “Não se preocupe com tetos desabados e entradas bloqueadas, você continua gritando e acordará os mortos.”

Dagra estremeceu, cerrou os dentes e lançou um olhar muito zangado para Oriken.

“Tudo bem, crianças,” Jalis disse asperamente. “Guardem os jogos até voltarmos para a charneca. Vocês podem brincar por todo o caminho para casa, se quiserem, mas vamos apenas fingir um pouco de decoro enquanto estamos aqui, como freeblades profissionais.” Ela olhou para Dagra. “Lidere.”

Ele estabeleceu um passo cauteloso para o corredor. A lamparina gotejava à medida que ele a balançava de lado para o outro para espiar os recessos dentro das paredes em intervalos regulares. Sombras tremulavam por toda parte como espectros se encolhendo do alcance da luz. Pedaços diversos de pedras preciosas atraíam a luz da lamparina para dentro das alcovas e nos pódios ao longo do centro da passagem; ele reconheceu obsidiana, pedra estrelada, lápis-lazúli, olho de gato, nuvens de raios e vários outros pedregulhos bonitos, mas não tão preciosos. Uma pedra do sol rajada de carmesim chamou sua atenção no fundo de uma das alcovas. Ele se aventurou para dentro para olhar de perto. A gema estava posicionada na altura da cintura no centro da laje de granito que alcançava dos joelhos até o peito de Dagra, duas vezes mais larga do que era alta, com os lados calçados firmemente nos cantos dos pilares. Ele segurou a pedra do sol para soltá-la, mas estava firmemente embutida no granito.

Palavras e datas circulavam a gema. Dagra se aproximou mais, mas as letras esculpidas estavam em Himaeriano Antigo e quase ilegíveis. Com um aceno de cabeça, ele retornou para o caminho.

Quando ele passava por um pódio central, a luz da lamparina caiu sobre marcas de arranhão na poeira vários passos à frente. Ele aproximou-se e agachou-se para espiar as marcas no chão cheio de poeira. Oriken e Jalis se agacharam em cada lado. “Parece que não somos os primeiros aqui,” ele disse.

“Provavelmente apenas ratos,” Oriken disse, recebendo uma sobrancelha erguida de Jalis. “Ratos realmente grandes?” Dagra lançou um olhar fulminante para ele. “Tudo bem!” Ele deu de ombros. “Um nargute então. Provavelmente tem uma toca aqui embaixo em algum lugar.”

“Não ratos.” Havia uma nota de preocupação na voz de Jalis. “E não um nargute, Orik, mas obrigada pelas sugestões. Seja o que for, precisa ter duas pernas. Talvez um cravante. Mas creio que todos concordamos que é improvável já que o cemitério está fechado.”

“Menos provável do que um nargute?”

Jalis fechou os olhos. “Esqueça seu nargute. Irei pegar um para você mais tarde, se você quiser. Você pode amarrar uma corda ao redor do seu pescoço e mantê-lo como um animal de estimação para a viagem de volta para casa.” Franzindo os lábios, ela acrescentou, “Provavelmente vale a pena mencionar que estas pegadas estão longe de serem frescas.”

“Quantos anos você acredita?” Oriken perguntou.

“Considerando que esta cripta provavelmente não foi limpa desde a sua Grande Insurreição… Quando foi isso? Os primeiros quatrocentos?”

“Perto o suficiente,” Dagra disse, mantendo um olho na escuridão ao redor deles.

Jalis levantou-se e Dagra e Oriken seguiram seu exemplo. “Neste caso,” ela disse, “estamos olhando para dois ou três séculos de poeira aqui.”

“Huh,” Oriken disse. “A poeira não teria coberto as pegadas após tanto tempo?”

“Não necessariamente. A camada nesta cripta não é particularmente grossa como você encontraria em uma casa não limpa após tantos anos. As pegadas poderiam ter décadas.” Os cantos dos seus lábios curvaram em um sorriso triste. “Dagra, certamente comece a rezar que aquela suposta joia funerária ainda esteja aqui. Orik, você pode desejar para as estrelas e as luas, se isso lhe agradar. Da minha parte, depois da nossa longa viagem até esta extremidade do fim do mundo, estou ansiosa para garantir uma recompensa para nós. Mas se alguém nos derrotou…”

“Não vamos tirar conclusões precipitadas,” Dagra disse. E eu estava começando a me acostumar com a ideia de que, talvez, nós encontrássemos a joia no final das contas.

As moedas de prata do contrato iriam garantir refeições quentes e canecas cheias por um ano inteiro, para todos os três. Até mesmo a parte de Maros como Oficial da Guilda lhe renderia um bom lucro. Era um trabalho que nenhum deles poderia se dar ao luxo de deixar passar.

Eles retomaram o avanço mais profundo no corredor. Mais uma vez Dagra assumiu a liderança com a lamparina, seguindo as trilhas de poeiras desbotadas, verificando as alcovas à medida que eles passavam. Ele fazia uma busca rápida por sinais da joia funerária, mas elas não continham nada além de lajes semelhantes de granito e pedras preciosas de pouco valor.

“Sabe,” Oriken disse, dando uma coçada preguiçosa na barba, “Notei uma coisa sobre esta cripta mortuária. Desde aquele corredor lá atrás, mal vi sinal de teia de aranha. A não ser que o teto lá em cima esteja cheio delas; felizmente mal podemos vê-lo para descobrir.”

Dagra olhou para Jalis. “O homem tem um ponto.”

“É quase como se…” O rosto de Oriken fixou-se com uma concentração interna.

Dagra deslocou seu peso. “Sim?”

Oriken levantou as mãos em derrota. “Não sei o que é, quase como se. De qualquer maneira, alguma coisa.”

“Obrigada por este discernimento,” Jalis disse. “Quem precisa de um oráculo quando temos um Oriken?”

“Esqueça isso.” Ele puxou a aba do chapéu uma fração, ficando em silêncio enquanto eles continuavam a entrar na cripta.

Para Dagra, a escuridão opressiva tornava-se cada vez mais asfixiante quanto mais eles avançavam. Ele passou a parte de trás da manga pelo suor que brilhava em sua testa e deu um puxão no colarinho já afrouxado. O teto era quase invisível aqui; apenas algumas linhas cinzas e manchas que sugeriam pedras de corte grosseiro e vigas mestras bem acima, mas o espaço aberto esmagava-o mais do que o corredor apertado. A última coisa que ele queria era ficar preso no lado errado de um desmoronamento de rochas, sem nenhum lugar para fugir enquanto os fantasmas dos falecidos há muito tempo se infiltravam das paredes, suas luzes fantasmagóricas se aproximando cada vez mais…

“Lugar profano,” ele resmungou, reprimindo um tremor.

Mesmo assim, ele estava feliz por ser ele segurando a lamparina. Ele imaginou Jalis se posicionando na retaguarda e em silêncio, admirou sua coragem. Confiando nele para ser seus olhos, isso era algo estranho, com certeza.

Você tem mais coragem do que eu, moça. Irei lhe conceder isso.

Seus olhos estavam nas lajotas cobertas de poeira quando algo se moveu no limite da sua visão. Ele congelou, um suspiro alojando-se na sua garganta. O alcance da luz da lamparina caiu em um punhado de formas sombrias se contraindo que se arrastavam para o caminho a partir de uma alcova à esquerda. Ele se atrapalhou com sua espada, os dedos esquecendo seus anos de treinamento, mas o gládio estava meio fora da sua bainha antes que ele reconhecesse as formas pelo que elas realmente eram e ele soltou um suspiro ruidoso de alívio.

Deuses, eu não precisava disso. Era somente escombros, uma placa quebrada de granito caída do seu nicho, nem agachada nem à espreita. Apenas um truque de luz e sombras. E imaginação, ele acrescentou em reprovação. As formas não estavam se movendo nem um pouco.

Ao se aproximar dos escombros, ele notou com preocupação que as marcas de arranhões que eles haviam seguido levavam diretamente para a pedra esmagada e se reuniam em um aglomerado. Ele olhou para Jalis. Ela assentiu em aquiescência à pergunta não formulada. Apoiado pela sua coragem silenciosa, Dagra entrou na alcova, os fragmentos estilhaçados de granito esmagando sob suas botas. Seus olhos examinaram a pequena área, atraídos para o nicho no fundo, de onde a placa havia caído. Na sua ausência havia uma parede grossa de teias de aranha. Aranhas poderiam ter se esgueirado mais profundamente, mas era impossível de dizer; os fios densamente agrupados pareciam absorver o brilho da lamparina, sugando-o, sem revelar segredos.

Sua atenção foi atraída para o canto superior direito da cavidade oblonga. Uma área escura de fungos de aparência frágil se agarrava à pedra, exatamente como a coisa que cobria as árvores no cemitério. Um aglomerado de cistos pálidos com veias finas e carmesins aninhadas em cima da mancha mofada Dagra se aproximou mais para inspecionar os crescimentos curiosos. Levantando um dedo para o cisto maior, ele tocou-o gentilmente. Com um pop suave, a membrana seca explodiu em uma nuvem de poeira. Ele recuou quando um cheiro pungente encheu suas narinas, mas a nuvem já tinha quase desaparecido. Ele espirrou e levantou-se rapidamente. Recuando, ele fez uma careta para a parede de teias de aranha, os crescimentos fúngicos, os escombros espalhados e a poeira agitada.

Isso não é maneira de passar a vida depois da morte, ele pensou, nauseado com a perspectiva de ser deixado em um buraco para apodrecer em vez de ser queimado até os ossos. Eles eram selvagens durante os Dias dos Reis, eles realmente eram. Corpos deveriam ser queimados, tinham de ser queimados para libertar os espíritos para sua jornada para Kambesh.

Espíritos …

Um odor leve e de movo flutuou da cavidade cheia de teias de aranha. Ele estremeceu e reuniu-se com seus companheiros.

“Algo interessante?” Oriken perguntou.

Dagra lançou um olhar significativo para ele. “Nada sobre o que você queira saber.”

“Aranhas.” Oriken fez uma careta. “Se for aranhas, apenas diga aranhas. Prefiro saber do que não.”

“Não vi nenhuma aranha.”

Oriken parecia reservado. “Muito justo.”

“Mas…”

“Mas o quê?”

“Você sabe por que não há nenhuma teia de aranha aqui?”

Oriken semicerrou os olhos em antecipação as próximas palavras de Dagra.

“Creio que eu as encontrei.” Dagra empurrou um polegar por cima do ombro. “Elas estão todas reunidas naquele buraco. Assim parece, de qualquer maneira.” Oriken gemeu e Dagra deu de ombros inocentemente. “Ei, você perguntou.”

“Sim, mas há informação e há informação demais. Você não conseguiu resistir a acrescentar o mas, não é?” Oriken empurrou um dedo para ele. “Minha vez na próxima vez.”

Dagra forçou um sorriso tenso. O gracejo ajudou um pouco a combater seu atual estado de espírito.

Um pedregulho de pedra de sangue chamou sua atenção nos escombros espalhados. Ele se inclinou, pegou-o e esfregou-o na calça. Um ovalado verde escuro suave, coberto de manchas escarlates brilhantes.

Sem valor, mas uma peça bonita. Não é mais parte de um túmulo, Dagra argumentou, justificando a moralidade de pegá-lo. Talvez eu pudesse conseguir com que o ferreiro o colocasse no cabo do velho gládio. Algo para lembrar a viagem, ele pensou amargamente, enfiando a pedra de sangue no bolso da calça.

“Estas bugigangas são quase inúteis,” ele disse baixinho, “mas que tipo de ladrões comuns deixariam tantas para trás? Algum de vocês viu sinais de manipulação além desta placa?”

Oriken franziu o cenho. “Agora que você mencionou isso, não. Mas se alguém esteve aqui embaixo, eles poderiam estar atrás da mesma coisa que nós. Poderiam até ter sido freeblades. Nunca se sabe.”

Jalis balançou a cabeça. “Só que ninguém atravessou as Terras Mortas em séculos.”

“Supostamente,” Dagra disse.

Oriken deu de ombros. “Talvez nossa cliente contratou mais alguém antes de nós e este túmulo é onde eles encontraram a joia.”

Jalis chutou um pedaço de entulho. “A placa abrigava uma pedra preciosa do mesmo tamanho que as outras por aqui.” Ela lançou um olhar rápido e astuto para Dagra. “Nenhuma que vimos até agora é grande o suficiente para ser a joia que estamos procurando.”

Oriken assentiu de soslaio para a alcova. “Talvez estivesse enterrada com o corpo em vez de estar fixada ao granito.”

Jalis parecia em dúvida. “Estas pessoas se empenharam para cobrir este lugar com pedras preciosas. Qual seria o objetivo de selar a joia onde ninguém pode vê-la?”

Dagra balançou a cabeça e disse a Oriken. “Mesmo se a joia estivesse ali, você não deu uma olhada naquela teia de aranha. Está intacta. E grossa. Seja quem for que removeu a placa não se deu ao trabalho de ir mais longe. Ou, se fizeram isso, tudo aconteceu há muito tempo, como Jalis disse.”

Os olhos de Oriken eram profundezas de sombra sob a aba do seu chapéu enquanto ele arriscava um olhar para o recesso. “Dificilmente posso culpá-los por não entrar ali. Aquela teia de aranha seria algo que colocaria tudo a perder para mim também. Apenas tente me fazer arrastar para um buraco cheio de teias de aranha. Não vai acontecer. Nem mesmo por um saco cheio de dari de ouro.” Ele enfiou um polegar atrás do cinturão da espada. “Nem por todo dari em Himaera. Sem chance.”

“Deuses!” Dagra empalideceu. “Espero que a joia não esteja guardada na parte de trás de um destes buracos, com algum pobre imbecil cujo cadáver foi deixado para apodrecer e cuja alma está presa no limbo e nós temos de entrar e vasculhar…”

Jalis estalou os dedos no rosto de Dagra. “Cai na real. Continue com esta bobagem e irei ajudá-lo a agilizar uma cura para sua fobia.”

“Huh?” Dagra franziu o cenho em confusão, em seguida acompanhou o olhar dela para o buraco cheio de teias de aranhas. Ele olhou de soslaio para ela e ela assentiu enquanto ele se afastava mais do recesso. “Você não faria isso.”

Ela segurou um dedo nos lábios. “Então cale-se, Dag. Vocês dois.” Olhando de Dagra para Oriken, ela baixou o olhar para as marcas de arrastar na poeira. “Odeio mencionar, mas estou percebendo mais alguma coisa sobre estas pegadas.”

Dagra suspirou, “Há uma chance de que isso possa ser uma boa notícia para variar?”

Jalis lançou o esperado olhar sarcástico para ele.

“Vá em frente então, desembucha.”

“Você estava em alguma coisa quando disse que não vimos sinais de pilhagem. Isso me fez pensar. Se alguém esteve aqui, deveria haver pelo menos dois conjuntos de pegadas. Um conduzindo para dentro, um saindo de volta. Mas além das nossas, eu só vi um conjunto de pegadas.”

Oriken parecia cético. “Você acredita que seja quem for que esteve aqui embaixo não saiu? Que eles… o que, morreram aqui? Oh! Você quer dizer que deve haver outra saída!”

“Este foi o meu primeiro palpite. Mas se houvesse outra entrada para este lugar, não está indicado no mapa. Mas isso está além do ponto. Veja.” Ela apontou ao longo do lado mais distante dos escombros e Dagra balançou a lamparina para iluminar a área. “As trilhas param aqui,” Jalis disse sombriamente.

Era verdade, Dagra viu. A poeira além permanecia intacta. Ele esfregou um polegar na barba enquanto uma sugestão sombria começava a se instalar em sua mente. Ele olhou para Jalis com um olhar cauteloso e um aceno de cabeça. “Não diga isso.”

“Isso não era alguém descendo até aqui,” ela disse. “Foi alguém indo embora.”

“Você tinha de dizer isso, não é?”

Oriken cruzou os braços. “Isso apenas fica cada vez melhor.”

Jalis apenas deu de ombros desconsolada.

“Pelo amor dos deuses,” Dagra rosnou. “Nós estaremos nos assustando tolamente antes de sequer encontrarmos a maldita joia. Vamos apenas continuar procurando.” Ele pressionou os lábios juntos e olhou para seus companheiros enquanto sacava o gládio da sua bainha.

Oriken inclinou a cabeça e desembainhou seu sabre.

Jalis verificou as adagas em sua coxa e quadril, mas ela as deixou em suas bainhas. “Concordo,” ela disse. “Mas saber o que podemos estar enfrentando somente pode nos dar uma vantagem.”

Dagra grunhiu. “Você não vai dizer isso quando a vantagem for eu cagando na minha calça.”

Eles continuaram mais fundo na câmera funerária, fazendo uma verificação superficial em cada alcova que passavam até que eles finalmente chegaram ao final da cripta. Diante deles, um retângulo alto de granito foi colocado no centro da parede, estendendo-se do chão até mais alto do que a copa do chapéu de Oriken. Uma linha de pedestais na altura da cintura percorria ambos os lados ao longo da parede; em cada um descansava uma coleção de pedras preciosas empoeiradas.

Seu queixo caiu quando ele viu a característica central. Situado dentro do granito ao nível dos olhos de Dagra havia uma joia de corte primoroso, duas vezes o tamanho do seu pulso. Pela Díade, a velha Cela não estava nos enganando. E ela também não estava exagerando.

Uma faixa de prata envolvendo a circunferência da joia, mantendo-a bem presa dentro do seu estojo de pedra. Rosas e verdes suaves volteavam pela superfície multifacetada da joia; reflexos da lâmpada a óleo cintilando.

“Doce Khariali,” ele sussurrou, invocando o nome da deusa primitiva das pedras preciosas e metais.

“Doce Khariali, de fato,” Oriken repetiu. “Lá está o nosso bebê!”

“É linda,” Jalis sussurrou.

Dagra colocou a lamparina no pedestal mais próximo, empurrando para o lado as pedras preciosas que ele continha, em seguida recuou. Poderia ter sido sua imaginação ou poderia ter sido a maneira como a luz brilhava das miríadas das faces da joia, mas parecia emanar um calor que não era físico, mas uma calma que tocava não a pele, mas a alma. Pode ter sido usada como uma pedra funerária, mas não pertencia a esta cripta mais do que o próprio Dagra pertencia aqui. Ele ficaria feliz em levá-la com ele.

“Estava esperando algo como um diamante,” Jalis disse com reverência. Ela deu um passo à frente para traçar a ponta do dedo pela superfície angular. “Mas isso não é um mero diamante ou eu sou uma mocreia.”

Ela tem direito a isso, Dagra pensou. A joia fez os poucos diamantes pequenos que tinha visto parecerem tão simples quanto vidro.

Em letras pesadas e ornamentadas acima da joia, as palavras Lajdie Cunaxa Tjiddarei foram esculpidas juntamente com as datas 152 e 225. Símbolos antigos estavam misturados com um texto Himaeriano Antigo e Sosarran Médio ao redor da joia em círculos concêntricos. Dagra imaginou que as palavras poderiam ser uma prece ou provavelmente uma declamação das realizações da senhora.

“Ela morreu há muito tempo antes da praga,” Oriken comentou.

“Provavelmente a primeira da sua linhagem,” Jalis disse. “Ou a primeira a alcançar a proeminência, de qualquer maneira. Sua posição no ponto mais distante da cripta sugere que ela foi a primeira a ser enterrada aqui.”

“Como os construtores sabiam quantos Chiddaris haveriam?” Oriken perguntou. “Todos os nichos parecem ter túmulos neles. Esta é uma suposição muito boa.”

“Acredito que somente os indivíduos importantes tinham uma vaga na cripta mortuária da família. Provavelmente o resto era enterrado na superfície. Além disso, se examinarmos os primeiros nichos, imagino que vamos descobrir que eles não foram usados como tal, mas apenas reservados.”

Dagra resmungou. “É uma pena que a velha Cunaxa aqui não foi a última a ser enterrada. Poderia ter nos poupado de caminhar pela extensão deste corredor amaldiçoado.”

“Imagino que se ela estivesse mais próxima da entrada,” Oriken disse, “então não seria ela procurando pela joia da família, não é?”

Dagra lançou um olhar frio para ele antes de voltar sua atenção para o prêmio deles. Ele apontou para um grupo de símbolos esculpidos no texto ao redor da joia. “Aqui estão algumas daquelas runas sobre as quais você fica empolgada, Jalis. Como aquelas na minha espada.” Ele segurou a lâmina larga do gládio na luz, indicando as inscrições escuras que percorriam sua extensão. “Attic algo-ou-outro, certo?”

“Antik rukhir.” O sotaque Sardayan de Jalis emprestou às palavras antigas um diferencial místico, enfatizando o k no final de antik com um ruído agudo da língua e rolando o r no final de rukhir. Ela se aproximou mais para inspecionar as runas. “A linguagem da Era Umbral nunca para de me surpreender. Tantas variações regionais que parecem ter evoluído completamente separadas umas das outras e, no entanto, mantiveram elementos comuns reconhecíveis. Estamos falando sobre milhares de anos atrás, antes que os primeiros escaleres atravessassem o Canal Ardente e, no entanto, antik rukhir era tão prevalente em Himaera quanto no continente Sosarran. E é anterior a todas as tribos antigas.”

Oriken deu de ombros. “Quem se importa? Eu disse isso quando você viu as runas pela primeira vez na espada de Dagra. Claro, é uma arma interessante, mas por que ficar toda empolgada sobre uma linguagem morta?”

“Não sei qual é o maior tesouro,” Jalis suspirou, com um sorriso irônico. “A joia ou sua compreensão incomum.”

“Tudo que estou dizendo é que temos a joia e vale muito mais do que Cela Chiddari está nos dando. Até eu consigo ver isso.”

“Todos nós concordamos que encontramos uma pequena fortuna,” Dagra disse, “mas quem tem o dinheiro para nos pagar o que realmente vale? Certamente ninguém que eu conheço. Quinhentas moedas de prata não devem ser ridicularizadas.”

Jalis assentiu em concordância e olhou para Oriken. “Além disso, estamos comprometidos pelo código. Até Orik não ignoraria as regras da guilda.”

Oriken deu um leve giro em seu chapéu. “Claro que não. Nem pense nisso. Mas estas regras cobrem como remover uma joia valiosa que está incrustrada em um pedaço sólido de granito? Eu preferiria entregar a coisa em uma única peça, se possível.” Dagra deu de ombros e olhou para Jalis, que balançou a cabeça. “Quero dizer,” Oriken continuou, “não é como se tivéssemos um martelo e um cinzel, é?”

Jalis murmurou uma maldição. “Em retrospecto, algo de um descuido.”

“Então como vamos tirá-la?”

“Nós usamos nossas espadas.” Dagra apontou para as armas na cintura de Jalis. “As suas seriam melhores para a tarefa, garota.”

Jalis riu. “Você está fazendo uma piada, sim? Não arruinaria minhas espadas, não importa seu valor.” Ela deu um tapinha na adaga longa de lâmina preta em seu quadril e a adaga fina de prata em sua coxa. “Dusklight e Silverspire são mais do que apenas armas ou ferramentas. Elas são obras de arte e insubstituíveis.”

Dagra suspirou e embainhou seu gládio. “Tudo bem. Deixe isso comigo.” Ele fez um gesto para Oriken se virar. Oriken o fez e Dagra desamarrou a algibeira lateral da sua mochila e vasculhou o interior, tirando a faca de caça de lâmina curta.

“Esta não é nenhuma faca sofisticada com um nome,” Dagra disse a Jalis, arqueando uma sobrancelha. “Um bom e velho pedaço sólido de aço que Orik tinha desde que éramos crianças.”

“Na verdade, eu dei um nome para ela,” Oriken disse, um brilho em seus olhos. “Chamei-a de Akantu em homenagem ao patrono das criaturas inferiores.”

“Não,” Dagra disse. “Você não fez isso. E você não deveria zombar dos deuses, muito menos nesta cripta.”

Oriken zombou. “Patronos não são deuses. Eles são homens e mulheres, não são diferentes de… bem, não são diferentes de mim e Jalis.” Ele deu um grande sorriso a Dagra.

“Vá se foder,” Dagra sugeriu.

Ele colocou a ponta curvada da lâmina na fresta entre o granito e a prata e começou a alavancá-la para frente e para trás, trabalhando com cuidado ao redor da circunferência da joia.

“Não escorregue,” Oriken disse.

“Duvido que sua faca possa danificar a joia,” Jalis disse. “É por isso que não vou manchar minhas lâminas nela. Parece mais forte do que um diamante.”

O coração de Dagra acelerou quando a faca de caça escorregou sobre a faixa de prata. Sua ponta afiada oscilou pela joia, emitindo um grito estridente.

“Pelas pedras de Cherak, Dag!” Oriken disse. “Você está tentando perder nossa recompensa?”

Dagra estufou as bochechas e soprou enquanto seu nervosismo começava a acalmar. Ele pensou que havia arruinado o prêmio deles, mas não havia o menor risco em nenhuma das superfícies angulares da joia.

Jalis suspirou. “Obrigada por testar minha suposição, Dagra,” ela disse categoricamente. “Creio que podemos considerar o ponto comprovado.”

Havia um leve tremor na mão de Dagra quando ele inseriu a ponta da faca de volta na ranhura. Ele girou a lâmina e o arranhar do aço na pedra sussurrou pelo corredor escuro.

bannerbanner