banner banner banner
O Mistério Do Lago
O Mistério Do Lago
Оценить:
Рейтинг: 0

Полная версия:

O Mistério Do Lago

скачать книгу бесплатно


Depois de recolher tudo no meu quarto, quis dar um passeio, porque o costume quase religioso de tirar uma sesta apоs o almo?o me parecia quase que perda de tempo, porque o corpo, pelo menos o meu, se recupera da fadiga ? noite e n?o ao meio-dia.

Е poss?vel que, em alguns pa?ses mais quentes, perto do equador, ou perto de algum deserto, esse costume seja uma espеcie de defesa natural para evitar a exposi??o ao sol nas horas de maior intensidade, mesmo que seja bom para facilitar uma digest?o pesada como a que eu estava sofrendo agora; mas n?o era costume para mim ou minha fam?lia, ent?o n?o o fazia.

Sa? com cuidado para n?o interromper o sono profundo de meu anfitri?o improvisado, que dormia pacificamente sentado em uma cadeira ao lado da porta, e olhei para os dois lados da cidade para decidir qual caminho seguiria.

? minha esquerda, o caminho das pedras descia como uma rua, para fora da cidade e seguindo atе chegar ao lago grande e preto, uma ideia que eu logo descartei, porque ainda sentia calafrios ao me lembrar dos momentos vividos antes de comer.

Do outro lado, subia a estrada para a parte superior da cidade, que eu ainda n?o havia explorado, porque, quando cheguei, mal tive que percorrer alguns metros antes de descobrir onde dormiria. Tambеm era um pouco tarde e ? luz do sol estava para desaparecer por detrаs dos penhascos das montanhas circundantes, ent?o eu preferi me abrigar e descansar para hoje.

Eu n?o precisei pensar demais para decidir sobre a segunda op??o. Sem me despedir do meu anfitri?o e tentando n?o fazer muito barulho ao sair, ele ainda soava aquele c?ntico inconfund?vel de inspira??es for?adas e sons bufantes, o que denotava alguma paz interior e absoluto desprezo pelos problemas mundanos.

Caminhei com calma pela avenida de paralelep?pedos ladeada de casas, sem parar demais para contemplа-las, pois do lado de fora eram todas iguais, ent?o, quem via uma, via todas. Casas de um pavimento com telhado alto e telhas duplas. Telhas comuns a lugares que nevam muito com certa frequ?ncia. Evitam o ac?mulo dos flocos no telhado e o problema que isso traz por causa do peso.

Alеm disso, е claro, todas tinham uma chaminе fina e alta de um lado, o que garantia a sobreviv?ncia de seus inquilinos quando a temperatura ca?a vаrios graus abaixo de zero, fundamental para as noites frias de inverno.

Quase que por instinto, olhei para o cеu claro acima da minha cabe?a e imaginei, por um momento, como seria uma daquelas raridades da natureza daqui, um presente caprichoso da vida que apenas alguns t?m o privilеgio de poder contemplar, uma aurora boreal. Iluminando o cеu frio de inverno, quebrando a monotonia da escurid?o da noite, limpando o horizonte com as estranhas mas maravilhosas silhuetas.

Um dos fen?menos da natureza mais atraentes em que tanto a Terra e o Sol se envolvem em termos iguais. O produto da colis?o de elеtrons do vento solar com os da atmosfera da Terra. Uma dan?a indescrit?vel de cores maravilhosas, mais t?pica de histоrias ou sonhos de crian?as, que cativa e atе hipnotiza quem tem a sorte de contemplа-la e que n?o se cansa ou se exaure, por mais que esteja sendo observado. Aqui, entre esses picos majestosos e diante de um cеu claro, certamente seria uma experi?ncia extraordinаria e inesquec?vel, especialmente se as imagens daquelas ondas sinuosas de cores vivas e luminesc?ncia fulgurante fossem refletidas na superf?cie polida do lago, retornando parte de sua cativante imagem, iluminando assim todo o contorno das montanhas adjacentes, tornando-se um espelho espetacular na escurid?o da noite, exatamente como eu havia visto com a passagem das nuvens. Um jogo de cores digno de ser contemplado, onde a imagem poderia ser confundida com um reflexo, formando uma sucess?o de luzes e sombras entre as аrvores e rochas circundantes, sem d?vida causando uma das experi?ncias mais cativantes e irreais que se possa ter.

Apоs essa viagem da minha imagina??o, olhei para baixo e lembrei que algo assim nunca poderia ocorrer nesta cidade, porque apesar de estar localizada no hemisfеrio norte, acima do Trоpico de C?ncer, ainda era longe das latitudes mais ao norte, onde era comum visualizar esse fen?meno atmosfеrico fascinante. Uma imagem t?o id?lica quanto a que eu estava fantasiando, sо poderia ser produzida em alguns lugares com latitudes muito prоximas aos polos.

Em minha vida, sо tive a oportunidade de v?-lo em uma ocasi?o, quando fui a uma dessas viagens de aventura organizadas pela Lap?nia, lugar que se escuta muito na inf?ncia, embora n?o saibamos muito bem onde localizа-lo no mapa, apesar de ser a terra natal de um personagem cativante que todos os pequeninos anseiam, e que uma vez por ano, alegra o esp?rito e desperta a ilus?o de adultos e crian?as. Em alguns lugares, ele е conhecido pelo Papai Noel; em outros, ele е chamado de Santa Claus, mas todos os que ouvem falar dele lembram que a esta??o fria estа chegando e que em breve receber?o os muito desejados presentes.

Uma tradi??o de generosidade para com os pequenos que se tornam o centro dessas celebra??es, os adultos buscam surpreender e satisfazer os pequenos, seja com brinquedos simples de madeira ou com os mais sofisticados dispositivos de ?ltima gera??o. Tudo desperta interesse, alimenta a curiosidade e as crian?as com seus olhos expectantes ficam cheias de emo??o na expectativa de terem sido lembradas e receberem um belo presente.

Apesar de tudo, considero que a Lap?nia, um territоrio bem grande compartilhado por tr?s pa?ses: Noruega, Suеcia, Finl?ndia e parte da R?ssia, ainda е atualmente um lugar desconhecido para o p?blico em geral, digno de ser descoberto por suas muitas atra??es durante o ano todo. Talvez seja por isso que suas paisagens encantadoras se mantеm intactas, onde se pode sentir em um belo oаsis congelado, cercado apenas pela natureza em seu estado mais puro, longe do dia-a-dia agitado e apressado, dando lugar a uma extensa quietude, que parece parar atе o tempo, apenas modificado pela passagem do vento gelado vindo do Polo Norte.

Onde a imaculada cor branca cobre todos os lugares, gra?as ? sua copiosa queda de neve, que muitas vezes esconde qualquer caminho tra?ado pelo homem, e com um frio intenso que congela tudo, mostrando belas impress?es matinais com aquelas cortinas de gelo que pendem das аrvores e telhados ? espera de derreter gota a gota. O branco imaculado e o frio polar tornam-se partes indispensаveis da vida cotidiana, com presen?a constante em tudo que acontece.

Seus habitantes acostumados a sobreviver em condi??es t?o adversas, vivem fervorosamente suas tradi??es profundamente enraizadas, mantendo os costumes quase intactos desde tempos imemoriais.

Uma experi?ncia enriquecedora e extraordinаria diante de uma natureza selvagem, mais selvagem do que nunca, com seus imensos vales nevados, cachoeiras congeladas que parecem vidro ou belas аrvores com seus galhos derrubados pelo peso da neve acumulada.

E se tudo isso n?o bastasse, havia o incentivo de poder admirar, durante boa parte da noite, um dos fen?menos mais perturbadores e maravilhosos que podem ser vistos da Terra, a aurora boreal.

Mais uma vez, me deixei levar pelas belas lembran?as de uma bela experi?ncia, e olhando para os dois lados, voltei para onde estava, parada entre aquelas casas de piso ?nico, enquanto avan?ava morro acima pela estrada de paralelep?pedos que tambеm era a rua principal da cidade.

Acompanhando as chaminеs familiares e como parte indispensаvel da paisagem, as centenas de toras cortadas empilhadas, ao lado da porta ou na lateral da casa, t?o necessаrias para garantir o calor da casa ou como combust?vel na cozinha.

Continuando a avan?ar, e sem perceber muito do que os vizinhos estavam fazendo, fiquei muito surpresa ao ver como a cidade pela qual passava era exatamente como eu vi no sonho que tive antes do almo?o ? frente do lago. As mesmas casas, as mesmas pedras do ch?o, tudo parecia estranhamente familiar, eu quase podia dizer que era exatamente como eu me lembrava, talvez com a ressalva de que nessa ocasi?o havia pessoas na rua e sentadas na varanda de suas casas.

Pode ser um desses eventos estranhos, chamados extrassensoriais, que n?o podem ser explicados de maneira muito clara e convincente, e que determinados jornais e programas de televis?o sensacionalistas tratam com tanto alarde. Algo chamado de paramnеsia ou “Dеj? vu”, que pode ser traduzido como “jа visto, jа vivido”. Uma experi?ncia pela qual a pessoa acredita que reconhece detalhes de um local em que nunca esteve, mas que pode fornecer detalhes surpreendentes, que n?o deveria saber, se n?o, porque jа havia visitado o local antes.

Pelo pouco que sei sobre o assunto, ainda n?o foi poss?vel chegar a uma explica??o por unanimidade, esclarecedora o suficiente para responder como ou por que esse fen?meno misterioso ocorre, permitindo assim o surgimento de vаrias tentativas de uma explica??o mais ou menos convincentes, cada uma mais incomum que a anterior.

Da ci?ncia mais conservadora, hа autores que defendem a posi??o de que е um fen?meno fаcil de explicar; seria como uma espеcie de autoilus?o do cеrebro, provavelmente devido a certas disfun??es nas conex?es neurais que alterariam o processamento normal do cеrebro. Uma falha que confunde o que estа sendo armazenado na memоria naquele momento com a experi?ncia de recupera??o de informa??es, tornando poss?vel sentir como familiar tudo o que estа sendo vivido pela primeira vez.

Uma explica??o que, ao meu entender, е bastante complexa e atе complicada, e que deixa perguntas t?o importantes sem resposta, jа que algumas pessoas s?o capazes de fornecer detalhes exatos de lugares, edif?cios ou objetos, mesmo antes de chegar ao local e, portanto, sem ter tido a experi?ncia prеvia de v?-los.

Os parapsicоlogos, enquanto isso, tentam resolver esse enigma, afirmando que ainda se estа longe de ser capaz de desvendar os limites das capacidades do nosso cеrebro. Uma prova confiаvel disso seria justamente este caso, onde hа evid?ncias da exist?ncia de um tipo de capacidade que n?o compreendemos, questionando tudo o que acreditаvamos atе ent?o. Seria um tipo de sexto sentido, que nos alertaria com anteced?ncia, impedindo-nos de nos aproximar do perigo muito antes que ele ocorra. E е precisamente, gra?as a esse sentido, que podemos conhecer os detalhes de lugares que n?o conhecemos. Em que a pessoa, atravеs deste sentido, teria visitado o local em momento anterior, de alguma forma, para saber se algum tipo de perigo ronda o local antes da visita propriamente dita, e, portanto, е capaz de reconhecer estes lugares ao visitа-los fisicamente pela primeira vez.

Por outro lado, hа que considere isso uma prova inevitаvel da exist?ncia de um tipo de segunda vida, que chamam de reencarna??o, algo que milh?es de pessoas no mundo acreditam, como os seguidores do hindu?smo. Por meio dessas cren?as, afirma-se que, depois de que esta vida se finde, o corpo seria deixado e algo dentro dele passaria para uma nova vida, no ventre de uma mulher grаvida. Apesar de ser um novo ser que nasce, acredita-se que ele retenha parte do modo de ser e de pensar da pessoa anterior, hа quem afirme que pode atе transmitir claramente caracter?sticas f?sicas identificаveis. E е nessa experi?ncia de ser, quando um tipo de mа conex?o entre a pessoa que viveu antes e a pessoa que agora vive que, de alguma forma, se pode acessar essas experi?ncias passadas, a pessoa torna-se capaz de se lembrar lugares e de detalhes vividos nessa outra vida.

Existem aqueles que, baseados na premissa de que pode haver uma transmiss?o de informa??es de uma vida para outra, n?o admitem que ocorra entre estranhos que nada t?m a ver um com o outro, admitindo apenas a possibilidade de que ocorra entre pais e filhos de maneira descendente, pois consideram que essas memоrias est?o contidas no DNA e, portanto, far?o parte das novas gera??es. Esse fen?meno seria explicado porque um parente direto esteve no mesmo lugar em algum momento do passado.

Qualquer que seja a explica??o para esse fen?meno, tenho certeza de que, neste exato momento, estа acontecendo comigo. Enquanto continuo a caminhar, reconhe?o cada um dos lugares por onde passo, o que me causa uma sensa??o de estranheza e atе inquieta??o, com uma convic??o t?o profunda que me faz parar. Eu n?o tinha mais certeza do que via, tudo era t?o v?vido, cheio de luz e cor como eu havia experimentado no sonho tido na pedra que n?o podia ter certeza se continuava a sonhar ou n?o, ent?o fiz a ?nica coisa que me ocorreu para conferir: me beliscar.

A forte dor que me causou atе me fez surgir lаgrimas e me permitiu me certificar de que eu estava ali no meio daquelas casas e n?o em frente ao lago, algo que n?o deixou nada alеm de um sentimento agridoce de desconfian?a sobre o motivo de eu reconhecer tal lugar. Depois de alguns instantes e vendo que, se eu n?o seguisse em frente, n?o chegaria a lugar algum, continuei subindo a ladeira atе chegar ao topo, onde o ?ltimo edif?cio da cidade, na parte mais alta, e sem surpresas lа estava a igreja de paredes brancas, com o grande campanаrio, exatamente como no sonho.

Ninguеm ficaria indiferente a isto, e minha estranheza aumentou, porque n?o me lembrava de ter chegado t?o alto no dia anterior, dada minha exaust?o naqueles momentos da tarde em que apareci nas proximidades da cidade, completamente perdida e sem no??o.

— Boa tarde. — cumprimentei o primeiro alde?o que vi que estava colhendo alguns galhos.

— Boa noite, senhorita. — ele respondeu com оbvios sinais de surpresa. — O que a traz aqui?

— Eu me perdi e estou procurando um lugar para passar a noite antes de continuar o meu caminho. — eu disse com um sorriso t?mido enquanto colocava minha carga pesada de sempre no ch?o.

— Vai ficar na cidade? — ele perguntou, estranho, enquanto deixava cair a pilha de lenha que havia coletado.

— Sim, claro. — eu disse sem entender a rea??o dele.

— Quanto tempo? — ele me perguntou novamente e sem reagir ? perda dos itens coletados.

— Eu ainda n?o sei, pelo menos hoje ? noite. — respondi, tentando ser o mais gentil poss?vel, apesar do cansa?o acumulado e das pernas come?ando a vacilar.

— Siga-me. — ele respondeu e come?ou uma caminhada frenеtica atе a cidade.

Naquele momento, pensei em deixar minha mochila lа e buscа-la depois, porque n?o tinha vontade de levа-la ?s costas outra vez, mas como n?o sabia para onde estava indo, preferi carregar, dada a falta de cortesia daquele homem que nem sequer ofereceu-se para levа-la para mim.

Posso ter me acostumado a galanteria, algo que, por outro lado, n?o me incomoda muito, mas quando alguеm е t?o abrupto e desatento me incomoda, o que custa ?s pessoas terem um pouco mais de cuidado?

Tentei alcan?а-lo quando, de repente, ele entrou em uma casa em cuja porta parei para esperar por informa??o, n?o sabia o motivo da entrada dele, pois deveria me levar a um lugar para dormir, um hotel mesmo modesto, ou pelo menos um abrigo, mas n?o havia indica??o de qualquer tipo de acomoda??o naquela casa.

Olhei em volta, com a pouca luz que ainda existia e pude supor que havia duas fileiras de casas, uma de frente para o outra, formando um corredor no que seria a rua principal. Sem uma palavra, o homem saiu quase que correndo e foi para outra casa na frente daquela, e depois de um breve momento, ele disse:

— Aqui!

— disse o homem ao sair da segunda casa, me dando instru??es com a m?o.

Aproximei-me sem saber muito bem o que estava acontecendo e, quando estava prestes a chegar, um homem mais velho saiu da casa, e eu o cumprimentei.


Вы ознакомились с фрагментом книги.
Для бесплатного чтения открыта только часть текста.
Приобретайте полный текст книги у нашего партнера:
Полная версия книги
(всего 350 форматов)