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História Dos Lombardos
Paolo Diacono – Paulus Diaconus
Um livro histórico, escrito em latim por Paolo Diacono no oitavo século d.C., narra os acontecimentos do povo Lombardo que saiu da Escandinávia para alcançar a Itália e reinar por outros dois séculos. Hoje, Milão é a capital daquela região que leva o nome de Lombardia, terra dos Lombardo. A história é interessante mesmo se a conquista Franca nos tira o gosto do final feliz, Na tv e nas ficções, há histórias que parecem retiradas das histórias deste povo; a vida de Grimoaldo, Rei dos Lombardos vale por si só um romance.
Começa com a saída da Escandinávia e a lenda do nome. Depois, segue uma história de uma longa marcha de aproximação à Itália. Uma breve divagação sobre São Benedito com duas poesias pouco importantes, depois a chegada na Itália, a descrição da península, Alboino, as suas façanhas, Rosmunda e Elmiche que matam Alboino. Os dez anos de anarquia dos duques, Autari e Teodolinda, princesa católica dos Bavaros, Astolfo, segundo marido de Teodolinda, Rotari o Rei do Édito e do primeiro grupo de leis Lombardas, depois o direito romano, um primeiro exemplo de legislação orgânica, importantíssima para a futura história do direito legal. A isto, segue a extraordinária aventura de Grimoaldo com a fuga da prisão, das intrigas, o Ducado de Benevento e a conquista do trono. Depois, Grimoaldo derrota os Francos e os Bizantinos, engana os Avari… . E assim por diante, de rei em rei até a outra história humana, aquela de Liutprando e da sua família. Uma história emocionante e evocativa, útil para compreender a Itália de hoje, dividida entre norte e sul.
Paulo Diacono
História dos Lombardos
Paulo Diacono
HISTÓRIA DOS LOMBARDOS
Historia Langobardorum
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Conteúdo do livro
O livro contém um breve prefácio dividido em seções e a tradução da Historia Langobardorum de Paolo Diacono, Origo Gentis Langobardorum e o Chronicon de Andrea de Bergamo
Uma breve menção é merecida para as Notas, estas são poucas mas práticas, valem-se de Wikipedia e permitem passar entre as listas de Papas, Imperadores e Reis. Passando entre sucessores e antecessores, podem ser encontrados quase todos os personagens citados no texto.
Se conhecem o texto de Paolo Diacono, podem deixar de ler este prefácio ou podem ler só as partes que lhe interessarem.
De todo modo, é dividido em seções temáticas breve e claras, úteis para enquadrar corretamente o texto.
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Informações de base
História dos Lombardos
de
Paulo Diacono
Fórum Barbarico Piccolo
VOLUME 1
o FÓRUM BARBARICO PICCOLO contém os textos medievais, traduzidos do latim ao italiano, mas em um formato essencial, sem conteúdos extras
GBL Grande Biblioteca Latina
Site: www.grndebibliotecalatina.com
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Nota
Se conhecem o texto de Paolo Diacono podem deixar de ler este prefácio, ou podem ler só as partes que lhe interessarem
De todo modo, está dividido em seções temáticas breves e claras, úteis para enquadrar corretamente o texto
A Tradução em italiano, do latim de Andrea Cornalba
Esta não é uma tradução "científica", é respeitosa do texto originário, mas deseja ser de leitura fácil e rápida. Enfim, quer ser divulgativa, de resto, os estudiosos acessaram fontes melhores. As linhas condutoras da translação foram a compreensão e a amenidade do texto. O problema maior foi mesmo a compreensão, colocar as pessoas no local certo para tornar a narrativa clara. Isto me obrigou a repetir continuamente os nomes ou o título para tornar os eventos claros. Isto gerou um texto pouco escolar, pouco elegante, mas no resto, o mesmo autor se mantém em um estilo linguístico original. Bem entendido, original pelo nosso conhecimento linguístico e o nosso hábito ao escrever, para aqueles tempos é um texto de absoluta importância tanto é que a História Romana de Paolo Diacono foi usada como texto escolar durante séculos.
Assim, perdoem a banalidade do léxico e narrativa, considere-a um modo para tornar alto medieval também a tradução. Se lerem Homero, perceberão logo as contínuas repetições e a incapacidade de síntese, uma professora do primeiro grau daria uma nota baixa ao maior poeta. Eu, como sempre, faço um paralelismo entre a evolução literária da humanidade e aquela de um estudante, Homero está no primeiro grau, Virgílio no segundo grau, Paolo na escola técnica profissional, estará só com o Iluminismo se chegar à universidade. Este paralelismo é útil para evitar pretender demais dos antigos, lembrem-se que César está entre os melhores e os mais límpidos escritores latinos e ele era um político e um general. O discurso é longo e interessante, mas não é o tema deste livro, assim, boa leitura.
A História
Por que publicar um livro antigo em latim e principalmente de parte? O motivo é exatamente esse, na definição "de parte": a história escrita é sempre de parte enquanto é gerada por uma "estrutura cultural"; entidade que, com frequência, coincide com o "estado-nação". Na prática para a história, vale o mesmo conceito válido para a arte, cada época dá um julgamento diferente sobre uma determinada obra de arte. Desde rapaz, quando eu estudava arte no segundo grau, ia para a biblioteca da escola para consultar uma famosa e belíssima série dedicada aos pintores, naqueles livros eram descritos os julgamentos críticos de especialistas da arte e artistas de diferentes épocas. Ali, podia-se ver a mudança de opinião com o passar do tempo. Assim, uma obra barroca primeiro gostamos, depois é desprezada e depois volta a ser considerada bonita. Esta mudança de opinião é estritamente ligada aos eventos históricos e às mudanças sociais. Para explicar alguns conceitos basilares vou continuar a usar o paralelismo arte-história, que acredito seja o mais adequado. Conto aqui brevemente uma experiência pessoal tida na Universidade ao prestar um exame de História Medieval. Assistindo aos exames de alguns estudantes meus colegas, notei a dificuldade que tinham ao definir os períodos históricos, ao seu apego às datas. O corpo docente da Estatal de Milão se irritava consideravelmente ao ver a incapacidade de argumentar sobre as datas de início e fim da época Medieval. As datas são convenções escolares, a idade antiga não terminar em um dia em um determinado lugar, mas é uma delimitação que se desloca e leva consigo mudanças sociais, frequentemente não uniformes. O reino goto na Itália ja é talvez da época Medieval, mas nós o consideramos tardio antigo, porque tendemos a fazer iniciar a época Medieval na Itália com os vinte anos das guerras góticas ou com a irrupção na península. A resposta certa à pergunta ''quando começa a época Medieval?'' é a data convencional da destituição do último imperador Romando do Ocidente, acompanhada da determinação que se trata, na realidade, de um longo período de transição que vai de Odoacre, aos Lombardos, e não envolve todo o território de modo uniforme. Se olhamos para a arte, vejamos os esplêndidos mosaicos de Ravenna, mas depois aparece o imponente mausoléu de Teodorico, faço notar que, depois destes, se passa para uma arte pobre paleocristã: a arte marca bem a passagem do mundo antigo aos novos tempos. De igual modo, independentemente da data em que conta-se que Colombo tenha descoberto a América, a arte do segundo quatrocentro florentino já mostrava o Renascimento, que aparece brevemente e logo se dissolve no Maneirismo que se tornará Barroco já na cúpula de Michelangelo de São Pedro. Assim, os Comuns tornam-se Senhorios e a política libera o fio com a antiguidade clássica que tem em si os símbolos do poder. Estranha história aquela da arte Clássica, nasce na democrática Atenas para se tornar instrumento de cada ambição imperial. De todo modo, também a arte decreta o fim da época Medieval, com a volta à plasticidade o "stil novo" de Vasari. Na prática, é o David de Michelangelo e não Colombo, a data certa a ser lembrada.
Assim, tendo esclarecido que é a sensibilidade comum e não as datas a enunciarem a História, acrescentemos o conceito de instrução estatal. Cada estado exalta a história que convém a ele para justificar a sua existência, podia-se adicionar também o fator geográfico que é parte integrante, mas haveria um tratado à Platão e bem longo. Resumindo, os Lombardos dividiram a Itália e para o futuro Estado-Nação, tudo isso que não tem Roma como capital e todo o território nacional como domínio é negativo, sem beleza, não importante. Este era o interesse dos Savoia, patriotas do Ressurgimento, do reino e também do Duce, agora, com um partido chamado Liga Nord, as "trombetas de Roma" voltaram a se fazer ouvir, sujando a verdade histórica. Eu acho que a Itália do Ressurgimento se tornou um estado maduro, pronto a se tornar parte do mundo. De resto, há cento e cinquenta anos, os Savoiardi são famosos biscoitos, ótimos para o tiramisù e o sentimento antigermânico se transformou em antagonismo esportivo. Desta forma, permitindo a todos lerem um texto como esse no formato original sem uma mediação cultural estatal, permite ao homem contemporâneo, "científico", julgar por si e aprofundar o tema como desejar.
O Autor
Paolo Diacono nasceu em Cividale del Friuli, provavelmente em 720 d.c. O seu nome latino era Paulus Diaconus, aquele lombardo Paul Warnefried ou também Paolo di Varnefrido. Era descendente de Leupichi, um dos lombardos que seguiram Alboino durante a invasão da Itália. Quando jovem, foi mandado para Pavia, que naqueles tempos era a capital do Reino Lombardo do Rei Rachis. Aqui foi aluno de Flaviano, frequentou a escola do mosteiro de São Pedro em Ciel d'Oro, de onde depois se tornou docente. Ficou junto à corte também com os sucessivos Reis Astolfo e Desiderio, sob este último, se tornou preceptor da filha Adelperga. Quando a filha de Desiderio se casou com o duque de Benevento Arechi, o seguiu. Com a queda do Reino Lombardo de 774, por causa da prisão do irmão, aceitou transferir-se para junto da corte carolíngia entre os anos 782 e 787, onde foi apreciado principalmente como gramático. Depois da liberação do irmão Paolo fugiu da corte de Carlo Magno e voltou para Benevento, e aqui entrou no mosteiro de Montecassino se tornando Monge Beneditino. Exatamente no mosteiro, escreveu entre 787 e 789 a Historia Langobardorum, a sua obra mais famosa e importante. Um outro fato que se refere a ele, mesmo se indiretamente, é ligado à música e de fato dá um seu hino dedicado à São João Batista, no século XI (onze), Guido d’Arezzo obteve as sete notas musicais, que deram à música um notável passo à frente. Paolo Diacono morreu em Benevento em 799, deixando a sua História desejosamente incompleta porque estava Paolo, que foi usada por muitos séculos como texto didático.
O que é a Historia Langobardorum
O que é a Historia Langobardorum
O que é a História dos Lombardos
Uma bela história, em muitas das suas partes emocionantes, infelizmente as exigências nacionais dos dois séculos anteriores não permitiram uma visão objetiva sobre este período. O problema principal é a nacionalidade dos Lombardos, chamados de estirpe Germânica, tentem entender, com os Austríacos em Milão e Veneza, depois em Trento e Trieste, não se podia mesmo olhar o período lombardo com orgulho nacional. Roma também era um problema, perguntem à Garibaldi e Cavour. Por falar em Garibaldi, ele é um nome conhecido entre os Lombardos, não encontrarão igual na História de Paolo, mas encontrarão uma bela sugestão. Enfim, a Itália nasce anti-alemã e por muito tempo isso que os italianos fizeram, e um pouco também a última guerra, condicionaram a imaginação de todos nós. E ainda, foram os Lombardos a romper a unidade da península, o que irá durar até 1918. Mas, algo importante, os estudos sobre suas origens étnicas da Europa demonstraram que a identificação Estado-Nação é artificial, cultural, frequentemente de recente criação e o sangue é tão misturado que talvez a única verdadeira nação europeia é exatamente a Europa, assim desfrutem da história. Às vezes, será um pouco cansativa, imprecisa, manifestadamente pró-católica e pró-Lombarda, inacabada, falta o final porque o autor, desiludido do final pouco glorioso do reino, nega-se a completá-la. Enfim, uma epopeia sem o 'gran finale'.
A Obra
A obra foi escrita por Paolo Diacono no mosteiro beneditino de Montecassino nos dois anos depois do seu retorno da corte francesa de Carlo Magno junto à qual desenvolvia as funções de gramático. A História relata os acontecimentos por parte do povo chamado Winili, que tomará depois o nome de Lombardos depois da heróica e mítica batalha contra os Vândalos. Assim, seguindo os acontecimentos dos vários reis, a história nos leva em Pannonia e de lá para a Itália. A este ponto, o autor nos conta da Itália no momento da conquista Lombarda, de Alboino e Rosmunda, dos dez anos de anarquia aos quais segue a eleição de um rei. Daqui, a História retoma a narrativa dos acontecimentos da corte. Entram em cena Autari, Teodolinda, Rotari, o excitante evento de Grimoaldo e o último rei de quem nos fala Paolo, o famoso Liutprando, aquele da tão discutida doação de Sutri ao Papa, o presumido início do poder temporal dos papas, mas esta doação é, de fato, uma restituição, a verdadeira doação é anterior à Liutprando.
O autor não falta ao alargar o seu olhar, contando também os casos eclesiásticos do ponto de vista estritamente católico, não deixando de contar-nos sobre os imperadores Bizantinos e dos acontecimentos do próximo e fatal reino Franco. A história é frequentemente imprecisa e, às vezes, claramente errada, mas dá um quadro de conjunto corretamente filo-Lombardo que realça a parcialidade Franco-Papal nos acontecimentos itálicos.
Uma outra particularidade da ocorrência é a nota friulana, Paolo, originário de Cividale, nos mantém constantemente informados sobre o que acontece no nordeste da Itália, e também em Benevento, seu lugar de residência, Ducado estritamente ligado à Friuli e à coroa Lombarda.
As fontes históricas de Paolo são: Origo gentis Longobardorum, um antigo canto que narra a lenda da origem escandinava. Segundo Non, Gregorio di Tours, Isidoro de Sevilha, Beda o Venerável e os Anais do Benevento.
O livro I (Primeiro) nos conta as origens dos Lombardos, descrevendo-nos as várias etapas de aproximação à Itália, até a vitória de Alboino sobre os Gepidi e a partida para a península, além das ocorrências de San Benedetto.
O livro II (Segundo) nos conta a entrada na Itália (com uma descrição da península), a conquista de Pavia por parte de Alboino, a trama da mulher Rosmunda e o assassinato do amador e a morte dos reis.
O livro III (Terceiro) começa narrando-nos algumas ocorrências dos dez anos de anarquia do duques. Ele nos narra parte das travessias do Império de Constantinopla, das três invasões francas, de Autari que casa a católica Teodolinda, em segundas núpcias desta com Agilulfo.
O livro IV (Quarto) o reino de Agilulfo e Rotari, da seção de Cividale em obra dos Avari, a breve história da família de Paolo, até o golpe de estado de Grimoaldo.
O livro V (Quinto) continua com a narrativa detalhada do difícil período do reino, Grimoaldo derrota Francos e Bizantinos, engana os Avari e consolida o Reino. O capítulo termina com a batalha entre os Cuniperto e Alachis.
O livro VI (Sexto) reparte de Cuniperto, conta-nos sobre seu reino, mas fala também sobre o reinado Franco, o Império e os Sarracenos. Depois chega o despótico mas capaz Ariperto, a longa luta com o nobre Ansprando, pai de Liutprando, o último de quem o autor nos conta, porque Paolo, desiludido, deixará a obra inacabada.
Devo acrescentar que o copista, aquele que copiava manualmente o texto original
provavelmente adicionou muitos erros ao texto já por si só impreciso, ou melhor, a nova cópia de uma cópia produzia um número incontável de erros. Este inconveniente será resolvido com a invenção da imprensa. O mesmo Paolo confunde locais e povos, erra os anos, enfim, não é um texto científico, mas tem a sua importância histórica, porque nos mostra aqueles séculos do ponto de vista Lombardo.
O que é o Origo Gentis Langobardorum
O Origo é um breve texto que é inserido no Decreto de Rotari, nos conta as origens do Povo Lombardo, em particular, narra a origem do nome "longas barbas". A mesma lenda nos é narrada também por Paolo, onde porém é definida ridícula. Foi também incluída uma lista parcial dos Reis Lombardos.
Origens dos Longobardos
Origo Gentis Langobardorum
Em nome de Deus, começo aqui a história das origens do povo Longobardo.
1. Existe uma ilha nas áreas setentrionais chamada “Scadanan” (Escandinávia), palavra que literalmente tem o significado de "massacre”. Nesta ilha, vivem muitos povos, entre os quais havia um pequeno chamado Winnili. Entre eles vivia uma mulher de nome Gambara mãe de dois filhos, o primeiro de nome Ybor, o outro Aio. Eles junto à mãe, comandavam os Winnili.
Acontece que os chefes dos Vândalos, ou seja, Ambri e Assi colocaram-se em marcha com o seu exército contra os Winnili e os intimaram: «Ou nos pagam tributos ou terão que se preparar para a guerra contra nós». Então Ybor e Aio junto com a mãe Gambara responderam assim: «É melhor para nós nos preparar para combater em vez de pagar tributos aos Vândalos».
Assim, Ambri e Assi, chefes do Vândalos, rezaram ao deus Godan para lhes conceder a vitória sobre os Winnili. Godan respondeu dizendo: «Concederei a vitória aos primeiros que vir pela manhã ao surgir do sol». Assim, Gambara e os seus dois filhos Ybor e Aio chefes dos Winnili invocaram Frea, mulher de Godan, para que levasse ajuda aos Winnili.
Frea os aconselhou a se apresentarem ao surgir do sol e levar junto aos maridos também as mulheres com os cabelos soltos em torno do rosto como se fosse uma barba. Aos primeiros raios do sol, enquanto se fazia dia, Frea girou o leito onde dormia o marido e o voltou para o Oriente, depois o acordou. Ele ao abrir os olhos viu os Winnili e as suas mulheres com os cabelos soltos e em volta ao rosto como uma barba e disse: «Quem são estes com as barbas longas?». Assim Frea lhe respondeu: «Assim, como deu a eles um nome, conceda-lhes também a vitória». Assim aconteceu que daquele momento, os Winnilos tomaram o nome de Longobardos.
2. Os Longobardos deslocando-se daqueles lugares, chegaram em Golaida, depois ocuparam Aldonus, Anthaib, Banaib e a terra dos Burgundos. Diz-se que nomearam como Rei Agilmundo, filho de Aio, da família dos Gugingos. Depois dele reinou Lamissone, da família dos Gugingos; a ele seguiu Leti, de quem se diz que reinou por aproximadamente quarenta anos.
A ele seguiu Ildeoc, filho de Leti; depois reinou Godeoc.
3. Naquele tempo, o Rei Odoacre saiu de Ravenna com um exército de Alani, foi para Rugilandia, combateu contra os Rugi e matou o seu Rei Feleteo, trazendo para a Itália muitos prisioneiros. Então os Longobardos se deslocaram das suas regiões para se estabelecer na terra dos Rugi e alí permaneceram por diversos anos.
4. À Godeoc seguiu seu filho Claffone, depois dele reinou Tatone, filho de Claffone. Os Longobardos se deslocaram no território de Feld por três anos. Tatone combateu com Rodolfo, Rei dos Erulos e o matou, se apoderou do seu capacete e da sua bandeira; depois dele, os Erulos não tiveram mais um reino. Depois destes eventos, Vacone filho de Unichis matou o Rei Tatone, seu tio paterno, junto à Zuchilone. Vacone combateu também Ildichi, filho de Tatone, que derrotado fugiu para junto dos Gepidos onde morreu. Assim, os Gepidos para se vingar da ofensa declararam guerra aos Longobardos.
Naquele tempo, Vacone obrigou os Svevi a se submeterem ao Reino Longobardo. Vacone teve três mulheres: Raicunda, filha de Fisud Rei dos Turingos. Depois casou Austrigusa, mulher de estirpe Gepide, da qual teve duas filhas: a primeira, de nome Wisigarda, foi a mulher de Theudiperto Rei dos Francos; a segunda, de nome Walderada, foi a mulher de Scusualdo um outro Rei dos Francos, que depois começou a odiá-la e a deu como esposa para Garibaldo. Vacone teve uma terceira mulher, Silinga filha do Rei dos Erulos; dela teve um filho de nome Waltari. Quando Vacone morreu, seu filho Waltari reinou por sete anos mas não teve sucessores. Todos eles foram Letingos.
5. Depois de Waltari reinou Audoino, este conduziu os Longobardos em Pannonia. Depois dele, o Reino passou ao seu filho Alboino, cuja mãe foi Rodelenda.
Naquele tempo, Alboino combateu com o Rei dos Gepidos Cunimondo. Cunimondo morreu naquele combate e os Gepidos foram derrotados. Alboino tomou como mulher Rosmunda, filha de Cunimondo, capturada como prisioneira de guerra, enquanto lhe tinha morrido a primeira mulher Flutsuinda, filha de Flothario Rei dos Francos, de quem tinha tido uma filha de nome Albsuinda. Os Longobardos habitaram na Pannonia por quarenta e dois anos.
O mesmo Alboino conduziu os Longobardos na Itália, sob convite dos secretários de Narsete. Alboino, Rei dos Longobardos, partiu de Pannonia no mês de abril, na primeira assembleia depois da Páscoa. Com certeza na segunda assembleia começaram a depredar a Itália e na terceira assembleia se tornou o chefe da Itália. Alboino reinou na Itália por três anos e foi morto no seu Palácio de Verona por Elmichi e por sua mulher Rosmunda através de Peritheo.
Elmichi quis reinar mas não pode fazê-lo porque os Longobardos queriam matá-lo. Então Rosmunda escreveu ao prefeito Longino para que a acolhesse em Ravenna. Quando Longino ouviu este pedido se alegrou e mandou um navio da frota para pegá-los. Rosmunda, Elmichi e Albsuinda, filha de Alboino, embarcaram levando consigo para Ravenna todos os tesouros dos Longobardos. Em seguida, o prefeito Longino tentou convencer Rosmunda a matar Elmichi para depois se tornar sua esposa. Ouvindo os seus pedidos, Rosmunda preparou um veneno e depois que Elmichi tinha tomado banho, lhe ofereceu para beber uma bebida quente. Mas, assim que ele bebeu percebeu ter ingerido uma poção mortal, ordenou que também Rosmunda bebesse, mesmo se ela não quisesse e assim, morreram os dois. Assim, Longino tomou os tesouros dos Longobardos e Albsuinda, filha do Rei Alboino, carregou-os em um navio dirigido para Constantinopla e ordenou que fossem entregues ao Imperador.
6. O resto dos Longobardos escolheram como Rei Clefi, da casa dos Belei, Clefi reinou por dois anos e depois morreu. Os duques dos Longobardos se autogovernaram por doze anos, depois do que escolheram como seu Rei Autari, filho de Claffone. Autari tomou como mulher Teodolinda, filha do Rei Garibaldo e Walderada dos Bavaros. Junto à Teodolinda veio o seu irmão de nome Gundoaldo e o Rei Autari o nomeou Duque da cidade de Asta (Leste=Asti). Autari reinou por sete anos. Acquo (Agilulfo), Duque de Turingia, partiu de Turim e se uniu à Rainha Teodolinda tornando-se Rei dos Longobardos.
Agilulfo matou os duques que se opunham a ele, Zangrolf de Verona, Mimulf da ilha de S. Giuliano, Gaidulf de Bérgamo e os outros que lhe eram rebeldes. Acquo (Agilulfo) genou com Teodolinda uma filha de nome Gunperga e reinou por seis anos. Depois dele, reinou Arioaldo por doze anos. Depois ainda reinou Rotari, da dinastia dos Arodingi. Ele destruiu as cidades e as fortalezas dos Romanos que se encontravam ao longo do litoral, dos arredores de Luni até à terra dos Francos e à leste até Oderzo. Combateu junto ao rio Scultenna e naquela batalha caíram oito mil Romanos.
7. Rotari reinou por dezessete anos. Depois dele reinou Ariperto por nove anos e depois reinou Grimoaldo. Naquele tempo, o Imperador Costantino partiu de Constantinopla e veio para a região da Campania, depois se deslocou para a Sicília e foi morto pelos seus. Grimoaldo reinou por nove anos e depois reinou Pertarito.
História dos Lombardos
Historia Langobardorum
Paulo Diacono
Paulus Diaconus
Traduzione di
Peruto Daniela
Primeiro Livro
1. A região setentrional, tanto mais é afastada do calor do sol e fria pelo gelo das neves, mais é saudável para o corpo humano e adequada a difundir as estirpes. Ao contrário, as regiões dispostas ao sul, são mais próximas ao sol, tanto mais são ricas de doenças e pouco adequadas para fazer crescer os mortais. Deste modo, acontece que muitos povos nascem sob a ursa, assim que toda aquela região, do Tanai ao ocidente, mesmo se nela mesma, cada uma das localidades têm um nome próprio, é chamada de modo comum, Germânia. Quando os Romanos a ocuparam, chamaram as duas províncias além do Reno de Germânia Superior e Germânia Inferior.
Desta populosa Germânia, inúmeros grupos de prisioneiros foram levados embora e dispersos, vendidos como escravos junto aos povos do sul. Mas é verdade também que muitas estirpes saíram dela, porque gera muitas a ponto de não poder nutri-las e deste modo, afligiram partes da Ásia e, principalmente, a contígua Europa. Isto é testemunhado pelas cidades destruídas em todo o Lírico e na Gália, mas sobretudo aquelas da sofrida Itália, que experimentara a crueldade de quase todos aqueles povos. Pela Germânia, uniram-se os Vândalos, os Rugi, os Eruli, os Turcilingi e outros povos ferozes, bárbaros. Do mesmo modo, chegou à estirpe dos Winili, ou seja, os Lombardos, que depois reinou de forma feliz na Itália. Eles também são germânicos, mesmo se muitos narram que eles desceram da ilha Escandinava.
2. Desta ilha, fala também Plinio Segundo nos seus livros sobre a natureza das coisas. Ela, como nos contam aqueles que a visitaram, não é sobre o mar, mas é circundada por ondas marinhas, estas penetram no interior da terra, favorecida pelo baixo nível das suas costas. As populações se estabeleceram ali, muito prolíficas, não podendo mais habitá-las todas juntas, se dividem, como é contado, em três partes, e com o sorteio escolheram quem devia deixar a terra dos pais.
3. Assim, aquela parte a quem tocou a sorte de ter que abandonar o seu país e procurar terras estrangeiras, foram dados dois chefes, Ibore e Aione. Dois irmãos jovens, florentinos e os mais fortes de todos. Saudaram a todos juntos aos seus caros e a terra dos pais, depois saíram em marcha para encontrar novas terras para morar e estabelecer a própria base. Entre eles, estava a mãe dos dois líderes, se chamava Gambara, mulher de grande talento e que provia a aconselhar e fornecer sabedoria. Nos momentos de incerteza, eles contavam com ela, sempre.
4. Não pretendo me afastar do assunto tratado, se por algum tempo inverto a ordem da narrativa e conto, em breve, até que a minha pena se encontre na Alemanha, por um prodígio, que lá é conhecido por todos, além de qualquer outra coisa. Nos extremos territórios da Alemanha, na direção do norte, nas margens do Oceano, sob um alto penhasco, se encontra uma cavidade onde sete homens, não se sabe há quanto tempo, repousam adormecidos em um longo sono, íntegros não só no corpo mas também nas roupas, exatamente porque resistem sem serem corrompidos depois de tantos anos, são objeto de veneração, por parte daquelas pessoas incultas e bárbaras. Eles, naquelas roupas, parecem Romanos. De tal forma levados pela ganância, quiseram despir um e pelo que se conta, logo secarem-se os braços. Esta punição apavorou os outros, assim ninguém ousou mais tocá-los. Pode-se imaginar, por qual motivo a divina Providência os conserva intactos por tantas estações, talvez porque um dia, acha-se que por serem apenas cristãos, acordando, com a sua pregação levarão a salvação àqueles povos.
5. Perto deste lugar, moravam os Scritobinos. Assim se chama aquela gente que nem no verão estão livres das neves e das feras. Eles se nutrem apenas de carne crua dos animais selvagens e com as suas peles ásperas tentam se cobrir. Fazem derivar o seu nome de um vocábulo que na sua linguagem bárbara significa “saltar", de fato, dão a caça às feras, correndo em saltos, sobre madeiras curvas com uma certa arte em forma de arco. Perto deles, vive um animal parecido com o cervo, eu mesmo vi uma roupa feita com a sua pele, deixada áspera com pelos como era sobre o animal, era semelhante a uma túnica, longa até os joelhos como eles usam da forma que me foi referido. Nestes lugares, nos dias de solstício de inverno, apesar de ter a luz do dia, o sol nunca é visto e os dias são curtíssimos, mais que em qualquer outro lugar e as noites mais longas. De resto, tanto mais nos afastamos do sol, tanto mais se está mais baixo no horizonte, as sombras se alongam. Na Itália, como escreveram os antigos, no dia de Natal, a sombra do corpo humano mede nove pés, eu na Gália Belgica, em um lugar chamado Villa di Tatone, medindo a minha sombra a encontrei com dezenove pés e meio. Assim, ao contrário, quanto mais nos aproximamos do sol, indo para o sul mais as sombras se tornam curtas, a ponto que durante o solstício de verão, quando o sol está a meio céu, no Egito, em Jerusalém e nas regiões próximas, não se veem sombras. Na Arábia, no mesmo período, o sol é visto além da metade do céu, no sentido setentrional e, por consequência, as sombras estão voltadas para o sul.
6. Não muito longe da costa do que falamos antes, na direção do ocidente, onde o Oceano se estende sem fim, há aquele profundíssimo abismo de água que normalmente é chamado "umbigo do mar”, dizem que duas vezes por dia engole as ondas do mar e duas vezes as rejeita, como é demonstrado pela rapidez da maré naquelas praias. Um abismo parecido ou vórtice é chamado, pelo poeta Virgilio, Cariddi; ele o põe no estreito da Sicília e o descreve assim:
Ocupa o lado direito da Sicília, o esquerdo a inabalável Cariddi e três vezes do profundo vórtice da imensidão engole as grandes ondas em seu abismo e de novo o ar e volta a atirar-se, flagelando com as ondas as estrelas.
Do vórtice que falamos antes, é dito que arrasta violentamente os navios, tão rápido a ponto de igualar o voo das setas através do ar, tanto que às vezes se perdem sem escapar naquele horroroso abismo. Geralmente, em vez disso, enquanto já estão para serem submersos, são rejeitados para longe da água de forma imprevista e com a mesma velocidade com a qual as sugou. É dito que um outro vórtice semelhante se encontra entre a ilha Britânica e a Gália, isto é confirmado por aquilo que acontece nas praias da Sequania e da Aquitania. Estas duas vezes por dia são submersas inesperadamente, tanto que se alguém é surpreendido um pouco longo da costa, consegue escapar com dificuldade. Podem ser vistas as águas dos rios daquelas regiões subirem rapidamente na direção da fonte por muitas milhas e as águas doces tornarem-se amargas. A ilha de Evodia está a trinta milhas das praias da Sequania, mas os seus habitantes afirmam ouvir o barulho das águas que são descarregadas naquelas de Cariddi. Ouvi falar por uma pessoa que desfruta de grande estima entre os Galeses que muitos navios que foram levados por uma tempestade, acabaram sendo engolidos por este vórtice. Um apenas daqueles homens que se encontrava em um daqueles navios conseguiu se salvar, foi encontrado flutuando ainda vivo, único entre os seus, arrastado pelas violentas correntes na direção do precipício, chegou à beira daquele terrível abismo, já morto de medo, viu aquele buraco enorme profundíssimo sem fim, quando já tinha perdido a esperança foi jogado contra uma pedra, onde se agarrou. Toda a água tinha fluído no turbilhão deixando descoberto o fundo do mar e enquanto ele esperava angustiado e cheio de medo pelo fim inevitável, inesperadamente, viu aparecer grandes montanhas de água, elas subiam do fundo; em primeiro lugar, viu ressurgir os navios que tinham sido engolidos, assim quando um lhe chegou perto, ele se segurou com todas as forças. Em um instante, rapidamente, ele voou próximo à costa, assim fugiu da cruel sorte e pode em seguida contar o perigo que correu. Ainda no nosso mar, o Adriático, mesmo se em modo menor, invade as praias das Venezas e de Istria, assim podemos pensar que haja redemoinhos, claro pequenos e escondidos, que engolem e rejeitam as águas adriáticas e dos outros mares itálicos. Depois de ter referido estas coisas, é hora de retomar a narrativa.
7. Sob a guia de Ibore e Aione, os Winili saíram da Escandinávia e chegaram em uma região chamada Scoringa, onde pararam por alguns anos. Naquele tempo, Ambri e Assi, líderes dos Vândalos, incitavam com guerras contínuas todas as populações próximas. Encorajados pelas muitas vitórias, mandaram aos Winili mensageiros com a solicitação de um tributo, dando como alternativa a guerra. Assim, Ibore e Aione, levados pela mãe Gambara, decidiram que era melhor defender a liberdade com as armas do que aceitar a infâmia de pagar o tributo. Deste modo, mandaram mensageiros com a resposta aos Vândalos, esta dizia que combateriam em vez de submeter-se. Naquele tempo, os Winili estavam todos na flor da idade juvenil mas escassos em número, pois eram só um terço de um povo que vive em uma ilha não muito grande.
8. A este ponto, os antigos contam uma fábula ridícula. Os Vândalos ficaram com Godan para pedir a vitória sobre os Winili, mas o Deus respondeu que teria dado a vitória àqueles que tivessem visto em primeiro lugar o nascer do sol. Gambara em vez disso, ficou com Freia, mulher de Godan, e pediu a vitória para os Winili, a deusa deu-lhe um conselho: disse que as mulheres deviam soltar os cabelos e ajustá-los em torno ao rosto como uma barba, depois tinham que se unir aos homens e dispor-se com eles na batalha em um lugar onde fossem visíveis por aquela janela por onde Godan costumava olhar para o oriente. Assim, os Winili fizeram e, ao nascer do sol, Godan viu as mulheres arrumadas daquele modo e não vendo o engano, perguntou à sua mulher: «Quem são aqueles Longobarbas?». Então Freia lhe pediu para dar a vitória àqueles a que tinha apenas dado o nome. Assim, Deus deu a vitória aos Winili. São coisas de pouca conta e ridículas, onde a vitória não é mérito do valor dos homens mas esbanjada pelos Deuses.
9. De todo modo, é certo que, daquele momento, os Winili foram chamados Longobardos exatamente pela particularidade da sua longa barba nunca cortada. Do resto na sua língua“lang”, significa longa, e “bard”, barba.
Wotan, que ao mudar uma letra torna-se Gotan, é o mesmo que os Romanos chamam Mercúrio e é adorado como Deus por todos os povos da Germânia. Remonta antigamente que este Deus não estivesse na Germânia mas na Grécia.
10. Assim os Winili, chamados também Longobardos, atacaram em batalha, com fúria, lutando pela glória de serem livres, conquistaram a vitória.