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Como Beijar Uma Debutante
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Como Beijar Uma Debutante

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– Ainda preciso visitar outros lugares. Depois de olhá-las, entrarei em contato com o senhor.

– Preciso informá-la de que há outras pessoas interessadas na propriedade. Eu não esperaria muito para tomar uma decisão.

– Terei isso em mente – disse. – Se esperarmos demais e perdermos a compra, então a perda será nossa. – Ela foi até a porta e saiu do prédio. – Obrigada pela ajuda, Sr. Baldwin.

– O prazer foi meu. – Ele fez uma mesura. – Estou ansioso para falar com a senhorita novamente.

– Tentarei não levar muito tempo. – Ela sorriu para ele e se afastou. Havia algo nele que ela não gostava. Talvez fosse a simplicidade ou talvez estivesse sendo crítica demais. Não tinha certeza. Só sabia que queria se afastar dele o mais rápido possível.

Aletha entrou no automóvel e ligou o motor, então dirigiu para longe do edifício. Haveria alguém esperando por ela perto da estação de trem para pegar o veículo com ela pela manhã. Mandaria um telegrama para o avô e então iria para o hotel. Talvez jantar cedo e passar a noite lendo no quarto. Não estava com vontade de socializar. Além do mais, que companhia poderia conseguir em uma pousada pitoresca?

Estacionou o carro e foi enviar o telegrama. Depois que terminou, dirigiu até o hotel e entregou as chaves para o manobrista. As tarefas tinham sido cumpridas e esperava ter dado o primeiro passo para provar ao avô de que ela seria uma adição valiosa para a empresa.

Depois de dar entrada no hotel, ela foi para o quarto. O baú já estava lá esperando por ela. O serviço no hotel era bom, de qualquer forma. Ela se deitou na cama e fechou os olhos. Tinha sido um longo dia e a viagem estava só começando.

Rafael, o conte Leone, caminhava pela plataforma da estação. Tinha negócios em Bristol que não saíram conforme esperava. A noite no hotel não tinha sido muito melhor. Era hora de voltar para Londres. Não podia adiar mais. Um dos seus amigos mais próximos, William Collins, iria se casar e ele não poderia perder o casamento por nada. William contava com sua presença e Rafael não iria desapontá-lo.

O trem apitou à distância. Ele chegaria na estação a qualquer momento e então poderia embarcar. A viagem de Bristol para Londres não era longa, mas queria ir logo. Não se importava muito com casamentos. Eles faziam qualquer cavalheiro solteiro se sentir desconfortável e todas as damas solteiras ansiarem por seus próprios casamentos. Não estava particularmente ansioso para aquele aspecto das festividades.

Ele se recostou em um poste e fechou os olhos. Rafael queria ir para casa. Suas responsabilidades na Inglaterra o deixaram amargurado. A mãe, lady Pearla Montgomery Leone, tinha muitas propriedades ali que precisavam de atenção. O pai, Damian, Marchese d’Bari, também tinha muitos deveres na Itália para poder cuidar da propriedade dela. Muitas das posses da mãe eram parte do dote das irmãs de Rafael, Sofia e Gabrielle. Até então, nenhuma delas tinham se casado. Não poderia culpá-las. Casamento significava um laço em volta do pescoço, e ninguém passaria de bom grado uma corda em volta de qualquer parte do corpo.

O trem parou na frente da plataforma. O vapor levantava em volta dele. Rafe puxou o relógio e abriu a tampa. Até então ele parecia estar na hora. Os passageiros desembarcaram e se apressaram para ir para onde quer que estivessem indo. Bateu o pé impacientemente enquanto esperava pela chamada para irem a bordo. Algo chamou a sua atenção pelo canto do olho. Um vislumbre de verde… virou-se para ver o que era, mas ele desapareceu ou talvez nem tivesse estado lá para início de conversa.

Os minutos se passaram enquanto esperava. Eles se moviam à velocidade de lesmas. Iria fazê-los ir mais rápido, caso tivesse a habilidade. Outro apito ecoou à sua volta e eles finalmente fizeram o anúncio pelo qual esperava.

– Todos a bordo! – gritou um homem, e o som reverberou à sua volta.

Rafe pegou sua única mala e foi em direção ao trem. Entregou a passagem para o funcionário e foi até a área da primeira-classe. Não se deu ao trabalho de pedir o vagão da família para fazer aquela viagem. Não era necessário para um trajeto tão rápido e corriqueiro. Se estivesse querendo viajar muito, teria mandado trazê-lo quando partiu de Londres no início da semana. Embora a viagem fosse ser rápida, Rafe estava cansado. Arrependeu-se de não ter pegado o vagão. Se tivesse feito isso poderia descansar pelo resto da viagem.

Ele passou rapidamente pelos passageiros e seguiu até o vagão e então encontrou o seu assento. Colocou a bolsa debaixo do assento e se acomodou. Ao menos o assento era na janela. Poderia apoiar a cabeça lá e fechar os olhos um pouco. Se tivesse sorte, seria capaz de afogar os sons à sua volta e fingir estar sozinho. Rafe odiava multidões. Bem, não gostava muito das pessoas em geral.

– Com licença – disse uma dama interrompendo a sua inércia. – Posso incomodá-lo? Estou precisando de ajuda com a minha bolsa.

Ele permitiu que as pálpebras se abrissem e mal conseguiu controlar o sobressalto. O sotaque da mulher indicava que ela era americana, como William, mas não da mesma região que o amigo. Não queria lidar com ela, mas suas boas maneiras eram arraigadas demais para ignorá-la completamente. Agora estava feliz pela mãe tê-lo sabatinado quando ainda era menino.

Não havia dúvida de que a mulher à sua frente era encantadora. Ela tinha o cabelo louro escuro iluminado com fios cor de ouro e bronze. Os olhos eram de um tom de azul tão escuro que quase pareciam pretos à primeira vista. Mas então as luzes refletiram neles do jeito certo e eles brilharam como safiras. Os lábios dela eram perfeitamente curvados e de um belo tom de rosa. O rosto tinha uma delicadeza que o fazia querer protegê-la. Rafe se sentou e disse:

– Qual é o seu dilema? – A frase soou bastante estúpida. – Quer dizer, como posso ajudá-la?

– Que bondade a sua – disse ela, com doçura. – Infelizmente, minha mala é grande demais para caber adequadamente debaixo do meu assento. O senhor sabe se teremos outros passageiros viajando conosco?

Ele olhou em volta do compartimento.

– Eu não saberia dizer. – Deveria ter comprado toda a cabine e então poderia dizer que seriam só os dois até Londres. Mas, se ele tivesse comprado toda a cabine, ela não estaria ali com ele. – A senhorita pode colocar sua mala ali perto da parede. Não causará incômodo. – No que dizia respeito a ele, nada que tivesse a ver com ela incomodaria.

– O senhor tem certeza? – Ela mordeu aqueles lábios deleitáveis. Ele ficou com inveja dos dentes dela.

– Tenho – disse e sorriu para ela. – Se ninguém mais se juntar a nós, poderemos movê-la. Caso cheguem… – Ele deu de ombros. – Não demorará muito para chegarmos a Londres. Então não vai incomodar demais.

– Se o senhor tem certeza…—

– Tenho – reassegurou. – Por favor, sente-se. – Ele apontou para os assentos.

Ela fez o que ele disse e tomou o assento de frente para ele. Gostava de tê-la ali. Rafe poderia olhar diretamente para ela sem precisar se desculpar por encarar. Ela era muito bonita mesmo.

– Perdoe-me, milady – disse ele. – Meus modos estão deficientes. Minha mãe me mataria se pudesse me ouvir.

– Mas tem os modos impecáveis, senhor…—

– Rafe – disse. – Não nos agarremos às formalidades. Não é muito divertido.

Os lábios dela se contorceram em um sorriso travesso.

– Eu deveria lhe dizer que não sou uma lady. Embora meu pai fosse amar se eu me casasse com alguém da nobreza.

– Você está vestida como uma dama – disse ele. – Isso é próximo o bastante para respeitar o decoro.

– Então teríamos que voltar às formalidades, o que seria uma pena… – Ela lambeu os lábios, sedutora. Rafa conseguiu afogar o gemido antes que ele passasse por sua garganta. – Queria que fôssemos… amigos. Acho que é essa palavra que estou buscando. Se vamos ser amigos, então você pode me chamar pelo meu nome e então poderei chamá-lo pelo seu.

– Isso me parece justo – disse ele. Rafe queria mais do que ser só amigo dela. – Mas primeiro a senhorita precisa me dizer o seu nome para que possamos prosseguir dessa forma.

– O senhor está certo, é claro – disse ela, e então suspirou. – Meu nome é Aletha.

– É um prazer conhecê-la, senhorita Aletha.

– Eu acho que seremos os melhores amigos, Sr. Rafe.

Os lábios dele se contorceram. Talvez a corrigisse mais tarde. Por agora, iria aproveitar aquele faz de conta…

CAPÍTULO TRÊS

Aletha não esperava um encontro com um homem enigmático durante a viagem para Londres, mas, ainda assim, seria eternamente grata pelo acontecido. Ele era maravilhoso com aqueles cachos escuros meio compridos demais. O cabelo roçava um pouco além do colarinho e tinha uma textura interessante. Queria erguer a mão e tocar o cabelo dele para ver se era tão sedoso quanto parecia, mas firmou as mãos recatadamente no colo. A última coisa que queria era assustá-lo. Não se lembrava de alguma já ter ficado tão encantada por um homem. Esse tinha olhos impressionantes que pareciam mais prateados do que acinzentados. Rafe… ela até mesmo gostava do nome. O sotaque dele fazia os dedos dos seus pés se curvarem. Resumindo, ele era uma tentação.

– O que lhe trouxe à Inglaterra? – perguntou ele. Os olhos pareciam brilhar na luz da manhã. Aletha disfarçou um suspiro. Não precisava ficar sonhando acordada com ele. Aquilo poderia afastá-lo completamente.

– Obrigações familiares – respondeu ela. Aletha não queria falar sobre o casamento com ele. Aquela hora era dela, e pretendia aproveitá-la. Além do mais, só conhecia William Collins de passagem. A irmã dele foi quem meio que entrou para a família por meio do casamento. Mas o fato não impediu seus pais de aproveitarem a oportunidade de ir ao casamento e mandar que ela fosse também. Eles esperavam que ela conhecesse um lorde alguém e que o enredasse. Haveria muitos no evento.

– Ah – disse Rafe, o tom sugerindo que ele tinha entendido. – Elas podem ser um pouco entediantes. Embora, às vezes, também podem ser divertidas. Há algo do tipo me arrastando para Londres.

Ela ergueu os lábios.

– Espero que a sua esteja puxando mais para o lado divertido.

– Tenho certeza de que sim. – Os lábios de se ergueram nas comissuras. – Isso se o passado for indicativo de alguma coisa.

Aletha pensou em perguntar sobre as outras ocasiões, mas se segurou. O passado não importava. O que importava era o aqui e o agora. Aquela hora. O primeiro encontro entre os dois e para onde aquilo iria. Poderia convidá-lo para o casamento. Ninguém se importaria. Talvez seus pais… eles queriam alguém de posição mais elevada para ela. Ninguém nunca perguntou o que ela queria. Se tivessem perguntado, o avô teria permitido que ela tomasse parte na Carter Candy Company vários anos atrás. Até mesmo agora, ele não tinha concordado. Aquele era um teste e mesmo se ela passasse, ele podia muito bem ignorar a sua potencialidade como futura funcionária só porque ela nasceu mulher.

Aletha não queria contar nada daquilo para Rafe. Gostou dele, mas não o conhecia. Porém, aquilo lhe daria algo sobre o que falar além do casamento. Se ele fosse como a maior parte dos homens que conhecia, ele não teria a mínima vontade de sossegar e arranjar uma esposa. Bastava a palavra casamento ser mencionada para o seu irmão inventar uma desculpa para se esquivar da conversa e praticamente fugir da sala.

– Isso é bom. Só pelo tom da sua voz, dá para perceber que é muito melhor do que inspecionar edifícios em potencial para negócios de especulação. – Apesar de Aletha ter gostado bastante de visitar o último deles. Tinha sido emocionante, e gostou do desafio. Esperava que o avô fosse ser sensato…

– Oh? – Ele ergueu uma sobrancelha. – Que tipo de propriedade a senhorita está procurando? Jamais tive a oportunidade de conversar com uma mulher de negócios. Os americanos são tão progressistas.

Não tão progressistas quanto desejava…

– Uma grande o bastante para expandir nossas operações para a Inglaterra. Irei saber quando a encontrar. Tenho mais algumas para visitar antes de voltar para casa. – De alguma forma, encontraria tempo entre as festividades do casamento.

– Que maravilhoso – disse ele. O tom sugeria que ele tinha sido sincero. Aquilo era um sopro de ar fresco. – Suponho que a senhorita as olhou antes de partirmos. É por isso que estava lá?

Ela sacudiu a cabeça.

– Bem – começou. – Parcialmente. Nosso navio aportou lá em vez de em Londres. Minha mãe odeia o porto de Londres. Fiquei para trás ontem e vi a propriedade e eles foram na frente para… – Aletha quase mencionou o casamento, mas se segurou. – Ela não queria esperar. Londres a chamava e acredito que ela tenha mencionado algo sobre compras. – Não foi uma mentira, não tudo. A mãe tinha tagarelado sobre visitar algumas de suas lojas favoritas. Aletha mal conseguiu segurar uma ou duas reviradas de olho. – Ela tem outras prioridades.

– Entendo…

– Tenho certeza de que sim. – Muitos homens acreditavam que tudo o que as mulheres queriam fazer era gastar o dinheiro deles com frivolidades. A mãe de Aletha se encaixava bem no estereótipo como se ele fosse uma gaveta forrada de seda. – E o que o senhor faz com o seu tempo? – Ela ergueu uma sobrancelha. – É um homem de negócios?

– De certa forma – respondeu ele, enigmático. – Minha família tem vários negócios dos quais eu cuido.

Se ele fosse um lorde inglês, ela presumiria que ele estivesse falando das obrigações com o título, mas o sotaque dele sugeria algo diferente.

– Desculpe a pergunta, mas de onde o senhor é?

– Por que a senhorita acha que eu não passo meus dias na Inglaterra? – Ele sorriu.

Ela abriu a boca para responder, mas se segurou. Como poderia declarar o óbvio sem soar grosseira?

– Perdoe-me – começou. – É só porque não consigo identificar o seu sotaque e tirei conclusões precipitadas. Suponho que o senhor poderia chamar a Inglaterra de lar.

– Não tema, minha querida – disse ele, carinhosamente. – A senhorita estava correta da primeira vez. Eu não vivo aqui, mas a família da minha mãe, sim. Então isso me faz vir à Inglaterra com bastante frequência. Minha tia também se casou com um duque, então nossos laços com a Inglaterra são bem fortes. – Ele parou por um momento. – Mas, infelizmente, você está certa. Aqui não é o meu lar. Fico muito mais confortável em minha propriedade na Itália.

Italiano… que interessante. Aletha tinha mais perguntas, mas já tinha sido intrometida o bastante. Se ele lhe oferecesse mais detalhes, ela iria absorvê-los. Não sabia mais o que dizer. Uma propriedade implicava dinheiro, então se algo mais acontecesse entre eles, sua família não se intrometeria. Ela suspirou. Estava inventando um futuro depois de uma conversa em um trem. O que havia de errado com ela? Precisava tirar a cabeça das nuvens e firmar os pés na realidade.

– Isso parece horrível – disse Rafe. – Eu disse algo errado?

Estava gostando muito de ter Aletha como companhia e desejou que a viagem fosse mais longa. Chegariam a Londres em breve e então tudo chegaria ao fim. Queria encontrar outra razão para vê-la, mas não conseguia pensar em uma boa desculpa. Devido à forma como se apresentaram um ao outro, ele sequer conseguiu saber o sobrenome dela. Não iria poder procurar por ela e sequer encontrá-la acidentalmente de propósito. Rafe nunca conheceu uma mulher que o tenha deixado tão intrigado. A mulher era uma mistura de recato e falta de decoro. Ela sabia como deveria agir e, ainda assim, virava o nariz para tudo quando bem entendia. Adorou aquele lado dela. Rafe queria ver o quanto ela poderia se afastar das suas predisposições naturais se ele a pressionasse para tal.

– Não é nada – respondeu ela depois de um momento. Esqueceu o que tinha perguntado por estar perdido em pensamentos.

– O que é nada? – Ele inclinou a cabeça para o lado.

– No que eu estava pensando que me levou a suspirar. – Ela deu de ombros. – Eu só estava me lembrando de algo que eu precisava me lembrar. – Aletha olhou pela janela. – Todos temos um lugar no mundo. Só estava me lembrando do meu.

Não gostou do tom de voz dela. Tinha ficado melancólica de repente e ele queria afastá-la daquele sentimento. Aletha era tão bonita quando tinha vida no olhar. Essa menina triste na frente dele era etérea, e ainda assim, linda, mas ela era ainda mais deslumbrante quando tinha um brilho travesso nos olhos.

– A senhorita está certa, é claro – concordou. – Mas, às vezes, esse lugar não se encaixa tão bem para nós quanto gostaríamos. Não acha que, em vez de cedermos às expectativas da sociedade, não deveríamos tentar desbravar o nosso próprio caminho?

– Mais fácil dizer do que fazer – respondeu ela. Aletha mordeu o lábio inferior. – Sendo homem, essa escolha está muito mais ao seu alcance do que ao meu.

– Agora não é mais fácil para as mulheres? O movimento das sufragistas não mudou as coisas para vocês? – Ele não acompanhava aquele acontecimento porque não era algo que o impactava. – Lembro de ter lido algo sobre o seu país ter feito algum tipo de reforma dando direitos às mulheres.

Aletha fez que sim.

– Você não está errado. A décima-nona emenda dá às mulheres o direito de votar e tudo mais. Foi uma vitória conseguida a duras penas, mas ainda assim não resolveu todos os nossos problemas. O mundo ainda é, basicamente, dos homens e só nos permitem viver nele. Ainda há uma longa estrada a percorrer para que possamos ter posições remotamente equivalentes.

– E é isso o que deseja? Ser vista como uma igual? – As irmãs nunca expressaram interesse nessas coisas, mas elas ainda eram, sob muitos aspectos, jovens e tolas. Ou talvez fosse assim que as via… Teria que perguntar a elas se queriam a mesma coisa. Não gostava de pensar que as irmãs se sentiam inferiores sob quaisquer aspectos.

– Sim, acredito que sim, ou ao menos ter a oportunidade de mostrar que sou capaz de fazer outra coisa que não parecer bonita e gastar minha mesada com frivolidades.

Ele franziu o cenho.

– O que é que você mais quer? Parece algo bem específico. – Talvez estivesse vendo coisa onde não existia. Poderia só ser uma generalização. Ela respirou fundo.

– Não desejo divulgar todos os meus segredos em um único encontro. Basta dizer que a minha família é bastante antiquada e o meu avô mais que todos os outros. Ele não acredita que uma mulher possa fazer qualquer outra coisa que não seja parecer bonita e acatar as ordens dos homens.

– Acho que posso entender por que isso a aborrece. – Ele odiaria se alguém chegasse ao ponto de achar que tinha o direito de decidir o que ele queria ou até mesmo do que precisava. Rafe nunca parou para tentar entender qualquer coisa sob o ponto de vista de uma mulher. Essa conversa com Aletha estava sendo muito esclarecedora.

– É bom ter uma conversa com alguém do sexo masculino que não julga a mulher como alguém inferior sob quaisquer aspectos. Eu gostei bastante. – O canto do lábio dela se contorceu ironicamente. – É uma pena que talvez nunca mais nos veremos depois que desembarcarmos em Londres.

Como se aproveitando a deixa, um apito alto estrilou ao redor, anunciando a chegada na estação de destino. Precisava concordar com ela. Não era assim que ele queria que as coisas terminassem. Precisava de mais tempo com Aletha. O problema era que não tinha ideia de como conseguir o que desejava.

– Nós poderíamos… – a voz dele esvaneceu. Como pediria para que ela se encontrasse com ele novamente? Será que ela iria querer? Rafe estava nervoso pela primeira vez na vida. Não tinha ideia de como conseguir o que queria mais pelo medo de que fosse espantá-la. Estava sendo um tolo sentimental e tinha que sair dessa situação o mais rápido possível.

– Vermo-nos novamente? – Ela sorriu. – Eu adoraria.

O trem parou e os impulsionou um pouco para frente. Ele precisou segurar nos braços do assento para que não cometesse a idiotice de cair. Esse foi o primeiro trem que pegou e que parou tão abruptamente.

– A senhorita está bem? – perguntou.

– Estou – respondeu ela. – Acho que esse é o sinal para nos prepararmos para o desembarque. – Ela ficou de pé e começou a recolher os seus pertences. – Espero mesmo que possamos nos encontrar novamente. – Com aquelas palavras, ela saiu apressada. Estava atordoado demais para reagir na hora e, quando finalmente o fez, ela já tinha desaparecido em meio à multidão de passageiros desembarcando. Maldição… iria encontrá-la novamente. Rafe adorava um desafio e ela tinha proposto o desafio mais importante da sua vida.

CAPÍTULO QUATRO

Tinha um motorista esperando por Rafe assim que ele saiu da estação. Pelo menos teve o mínimo de bom senso de enviar um telegrama avisando de sua chegada. O motorista dos Marsden, Alfred, estava ao lado do carro com as mãos atrás das costas enquanto Rafe se aproximava.

– Boa tarde, conte Leone – cumprimentou-o Alfred. – Espero que tenha feito uma boa viagem.

– Fiz sim – disse Rafe, e sorriu. Bem melhor do que esperava, mas não diria aquilo a Alfred. – Obrigado por vir me pegar. A casa Marsden está muito cheia?

– Há… muitos convidados na residência. Alguns optaram por ficar com o marquês e a marquesa de Severn. Eles têm muito mais quartos.

Rafe pensou nas opções que tinha. Os gêmeos, Alex e Drew deviam ter aposentos de solteiro. Seria mais divertido ficar com eles… uma pena não ser uma opção. Os pais de Rafe deviam estar na casa Marsden com suas irmãs. Deviam estar esperando que ele chegasse em breve. Suspirou e entrou no carro.

– Meus pais já chegaram? – perguntou para Alfred depois de o motorista se acomodar no assento.

– Chegaram – respondeu ele. – Uns dois dias atrás. – Ele apontou para o carro com a cabeça. – Eu já cuidei da sua bagagem.

– Ótimo – respondeu Rafe. Alfred era um bom criado.