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A Baía Kismet
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A Baía Kismet

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“Me desculpe.” A jovem mulher deu um passo à frente e colocou a mão no peito dele. Ao toque da mão dela, faíscas percorram seu corpo e ele relanceou os olhos dela. Sua cor era do oceano ao meio dia. Seu cabelo não era um marrom comum. Luzes vermelhas percorriam as mechas cor de chocolate e quase cintilavam na luz do sol. Ela era deslumbrante…

“Não foi nada.” Ele retirou a mão dela de seu peito. O toque dela causou algo nele, que ele não sabia se gostava ou não. “Vou ficar bem.”

“Holly?” Gabriel ficou ao lado dele. “O que está acontecendo?”

Ela olhou para Gabriel. Seus lábios assumiram uma curva ascendente criando o sorriso mais estonteante que Nicholas jamais viu. Era como levar um soco no meio do peito, do nada. Na parte que já ardia da queimadura feita pelo café dela. O que ela tinha que o fazia sentir coisas que ele nunca sentiu na vida? Ele não queria que essas emoções o perpassassem e ele queria colocar uma distância entre os dois.

Ela passou por Nicholas e abraçou Gabriel. Holly deu um passo para trás e quase esbarrou em Nicholas novamente. Ele estendeu os braços e a estabilizou antes que ela perdesse o equilíbrio. Ela olhou para ele e disse, “Me desculpe. Juro que normalmente não sou tão desajeitada.”

“Tudo bem”, ele respondeu de forma áspera.

Holly voltou sua atenção para Gabriel. “Eu ouvi falar de sua lesão”. Ela balançou as mãos de forma agitada. “Bom, nós assistimos acontecer. O pessoal de esportes só falava sobre isso. Não perdemos nenhum jogo dos Runaways.” Ela desviou o olhar de Gabriel e encarou a manga de seu casaco, então começou a mexer em fiapos imaginários ou talvez um fio solto. Nicholas não pareceu entender o que ela estava tentando fazer. “Quero dizer, a família toda...” Holly falou isso como se sua última frase esclarecesse tudo. Claramente não esclareceu nada para Nicholas.

Mas não pareceu perturbar Gabriel. Ele assentiu com a cabeça e deixou que ela agisse de maneira atordoada. “Como está Ivy?” ele perguntou. Isso aguçou a curiosidade de Nicholas. Quem diabos era Ivy?

“Hm...” Holly olhava para tudo exceto para Gabriel. “Ela está bem.” Bem bem. Você não precisa se preocupar com ela.” Ela colocou as mãos no bolso e retirou seu telefone. “Preciso ir, se me der licença. Já que você está na cidade, deveria participar do Tour do chocolate quente. Será divertido.” Com essas palavras, ela escapou deles e entrou no que parecia ser uma loja de flores. Que tinha um nome igualmente peculiar — Flores do Destino. Qual era a desses estabelecimentos nessa cidadezinha provinciana?

“Tour do chocolate quente?” Nicholas levantou uma sobrancelha.

“Não precisamos participar se você não quiser. Nós compramos uma caneca do Papai Noel em uma das lojas e então podemos provar todos os diferentes tipos de chocolate quente oferecidos nas lojas.” Gabriel deu de ombros, indiferente. “Os lucros são direcionados à organização local de caridade que auxilia as famílias necessitadas da comunidade. A família Strange administra a caridade quase desde a fundação da cidade. É uma tradição.”

“Família Strange?” Se ele continuasse levantando a sobrancelha logo ela sairia voando de sua testa para sempre. “Isso é um eufemismo ou é o nome verdadeiro deles?”

“Eu nunca inventaria algo assim.” Gabriel deu um tapinha no ombro dele. “Os Stranges são praticamente donos da cidade. O prefeito…” Ele lançou o olhar para a loja de flores para onde Holly tinha desaparecido. “Holly é uma deles.”

“E essa Ivy misteriosa também?” Nicholas não conseguia segurar sua curiosidade. Seu amigo não demonstrava interesse em mulheres perto dele a não ser por sexo casual ocasional, e isso acontecia raramente.

Gabriel suspirou. “Sim, e percebo que você tem perguntas. Você está interessado na Holly. Se quiser aprender sobre os Stranges então teremos que participar do Tour. Confie em mim. Todos eles participarão de alguma forma. Ele gesticulou em direção ao amigo. “Vamos lá, vamos entrar em uma loja e comprar nossa caneca de Papai Noel. Todas elas terão canecas.”

Nicholas se entregou e fez o que Gabriel estava sugerindo. O que mais ele teria pra fazer nessa cidadezinha mesmo?

CAPÍTULO TRÊS

Holly levou as flores-de-natal para a Travessa do Feliz Acaso e as colocou no balcão. Ivy deveria estar na sala dos fundos pois não estava no balcão da frente. Não havia clientes e o sino a teria alertado sobre a entrada de Holly. Ela deveria aparecer a qualquer momento para ver se alguém precisava de sua ajuda. Holly encarou a porta e deu uma mordidinha no seu lábio inferior. Sua irmã não ficaria feliz com o fato de seu ex-namorado ter voltado para a Baía Kismet.

Gabriel foi o amor da vida dela mas ele a abandonou pela promessa de fama e fortuna. Agora ele estava lesionado e talvez nunca voltasse a jogar futebol americano profissionalmente. Ela não queria mencionar isso a Gabriel. Deveria ser um ponto nevrálgico para ele. Ela deveria ter questionado o motivo de seu retorno e por quanto tempo planejava ficar. Se o amigo dele não tivesse mexido com algo dentro dela, ela teria perguntado. Ela nem tinha se preocupado em descobrir seu nome. Para ver como ele mexeu com sua cabeça. Holly ainda não acreditava que ela derramou café nele. O que aquele cara pensava sobre ela?

“Ah”, Ivy disse quando veio ao balcão. “É só você. O tour já começou?”

“Sim”, ela respondeu. “Essas são as canecas do Papai Noel?” Cada loja possuía um estoque limitado para vender para os participantes. As canecas permitiam o acesso ao chocolate quente oferecido em cada loja. Todos podiam beber tanto chocolate quente quanto aguentassem. “Por que você já não as arrumou? Eu achei que você faria isso enquanto eu estava fora.” Ela deveria ter ficado e desistido do café. “Deixa eu ajudar você.”

“O que está acontecendo com você?” Ivy franziu o cenho. “Você está agindo estranho.”

“Eu estou bem.” Ela começou a trabalhar silenciosamente e colocou as canecas em filas arrumadas na prateleira atrás do balcão. A maior parte de seu chocolate quente estava em uma grande panela na sala de trás, mas elas colocaram um pouco em um pote em um balcão próximo. Clientes que já tinham suas canecas podiam entrar e se servir. Os que precisavam da caneca do Papai Noel podiam vir ao caixa e comprá-la.

“Você esteve fora por bastante tempo. Por que demorou tanto?” Ivy pegou as flores-de-natal e as levou para a vitrine. Ela as arrumou em cada lado de uma pintura comissionada por um artista local. Frequentemente exibiam obras de artistas locais e os ajudavam a vendê-las. A Travessa do Feliz Acaso ficava com uma pequena porcentagem da venda.

“Eu tive um pequeno contratempo na frente da Poção da Bruxa.” Holly não olhou Ivy nos olhos. Ela ainda estava envergonhada de ter derramado café no homem bonitão em quem esbarrou. Ela nunca havia visto um homem mais atraente. Seu cabelo era escuro como o céu noturno e seus olhos azuis também eram tão escuros que quase pareciam pretos. A careta que ele fez os escureceu mais ainda. Ele não era jogador dos Runaways. Ela ficou se perguntando como Gabriel o havia conhecido.

“Ah é? É só isso que você vai falar?”

Holly foi salva pelo gongo ou, nesse caso, pela abertura da porta da loja, enquanto participantes do tour entravam. Todos já tinham suas canecas, então ela os direcionou para a versão da Travessa do chocolate quente. Ela torceu para que eles gostassem…

“O que você está olhando?”, um homem a questionou. Ela quase morreu de susto. Como diabos eles tinham conseguido surpreendê-la? Com tanta gente entrando e saindo da loja era fácil o bastante fazer isso. Especialmente porque ela estava perdida em seus pensamentos.

Holly se virou para encontrar seu olhar. “Olá, novamente.” Onde estava Gabriel? Ele não deveria estar fazendo o tour com seu amigo? Ela examinou a loja procurando por Ivy, mas não a encontrou. Onde ela tinha se metido? Se ela soubesse que Gabriel estava na cidade, daria um piti. Ela ainda o amava. Holly não acreditava que ela não o amasse, mas existe uma linha tênue entre amor e ódio. Gabriel a havia ferido profundamente e Ivy carregava as cicatrizes abertas.

“Acho que não fomos formalmente apresentados.” Ele estendeu sua mão. “Me chamo Nicholas Bell.”

“Hm. Prazer em conhecê-lo.” Por que ela não conseguia falar nada perto desse homem? “Você vai ficar bastante tempo na cidade?”

“Não se eu puder evitar”, ele respondeu. “Gabe precisava passar uns dias com sua família antes de viajarmos para um lugar com um clima muito melhor para o restante do feriado.

“Ah, é?” Ele deve pensar que ela é a mulher mais burra que ele já conheceu. “Entendo.” Ela assentiu para a caneca de Papai Noel na mão dele. “Você veio buscar chocolate quente?”

Ele encarou a caneca como se a achasse ofensiva. “Já tomei várias canecas. Se eu beber mais, vou me transformar em uma barra de chocolate.”

Ela apostava que ele seria bem saboroso. Holly quase lambeu seus lábios com a ideia de mordê-lo. Bem, não literalmente, mas em uma forma mais íntima. Ela precisava tirar esses pensamentos da cabeça. Ele não era para o bico dela. Nicholas odiava a Baía Kismet e ela jamais iria embora dali. Era a vida dela. “Que pena. A Travessa do Feliz Acaso tem o melhor chocolate quente da cidade.”

“Você tem tanta certeza assim?” Seus lábios se inclinaram para cima, em um sorriso sensual. “Você precisa ficar aqui ou pode dar uma volta comigo? Onde está o dono?” Ele deu uma olhada pela loja. “Peça por um intervalo ou permissão para sair mais cedo.”

Ela queria dizer sim, mas não queria deixar Ivy sozinha. E também estava irritada de ele não achar que ela poderia ser dona da loja. Ela só tinha 23 anos, mas isso não significava que ela não poderia ser uma proprietária séria. Ele devia ter quatro ou cinco anos a mais que ela. Ele parecia ter mais ou menos a idade de Gabriel.

“Receio que não.” Holly abanou a cabeça. “Ela é bem durona.”

“Que pena, nós poderíamos ter nos divertido.” Seu sorriso morreu em uma linha plana. “Se você me mostrar quem ela é, eu posso usar meu charme para que ela deixe você sair.”

“Isso não vai ser possível”, ela falou para ele. “Se fosse, eu já teria dito que sim.”

“Como assim?” Ele a olhou, confuso, e balançou a cabeça. “Entendi. Você é dona da loja.”

Ela assentiu. “Eu e minha irmã.” Ela apontou para o outro lado da loja. Ivy finalmente tinha voltado e não parecia muito feliz. “Ivy.”

“Talvez mais tarde então.” Ele encarou Ivy e ela ficou incomodada que o interesse dele se virou para ela. Esse homem era tão inconstante? Bem, ela não precisava dele mesmo… Ela o deixou sozinho e retomou o trabalho atrás do balcão. Holly tinha coisas melhores a fazer do que devanear com um homem que ela não poderia ter.

CAPÍTULO QUATRO

Nicholas tinha pisado na bola com Holly. Ele queria passar um tempo com ela e decidiu esperar o fechamento da Travessa do Feliz Acaso. O horário de funcionamento estava exibido na vitrine e elas não manteriam a loja aberta depois das cinco da tarde. Isso dava a ele algumas horas pra matar e ele usou o tempo de forma inteligente. Ele entrou na floricultura local e perguntou se conheciam Holly – e obviamente conheciam. Gabriel tinha razão. A cidade era cheia de Stranges. Como pertenciam à família de Holly, foi fácil descobrir suas flores preferidas e pedir uma dúzia delas. Então ele entrou na Sabores da Uva para comprar uma garrafa de vinho. Ele teve sorte lá também e conseguiu comprar alguns dos vinhos favoritos dela. Ele foi para a Poção da Bruxa e fez um negócio com Tristan Scott – dono da cafeteria, em conjunto com a prima de Holly, Esmeralda. A Poção da Bruxa fechava uma hora antes da Travessa do Feliz Acaso e ele pôde pagar pelo uso da cafeteria. Nicholas arrumou tudo para surpreendê-la. Tudo o que ele precisava era que alguém armasse sua entrada na cafeteria. Isso partiu de uma fonte surpreendente.

“Vou entrar na Travessa e falar que Esmeralda precisa da ajuda dela aqui.” Ele piscou para Nicholas. “Quando se trata das mulheres Strange, você precisa de toda ajuda que conseguir. A Esme já foi embora. Ela também tem um encontro quente mais tarde.”

“Isso incomoda você?” Nicholas perguntou.

“Não”, ele disse, balançando a cabeça. “Somos amigos, nada mais. Uma outra Strange é dona do meu coração. Ela voltará um dia. Elas sempre voltam.”

Nicholas franziu o cenho. “O que faz você ter tanta certeza?”

“Essa cidade chama por elas. Elas fazem dessa cidade o que ela é. Não consigo explicar direito.” Ele parou por um momento e continuou: “É quase como mágica. Tudo pode acontecer, às vezes quando você menos espera. Não consigo dizer quantas vezes o bichinho do amor picou as pessoas aqui. É quase como se essa cidade reunisse casais.” Ele balançou a cabeça. “Talvez isso seja ilusão minha. Eu preciso acreditar nisso ou terei perdido a minha amada para sempre.

“E quem é ela?” Ele não achava que fosse Holly pois, se fosse, Tristan nunca o teria ajudado. Nicholas já havia conhecido diversas Strange nas últimas horas. Nenhuma delas poderia ser o amor de Tristan. Todas eram donas de negócios na cidade. A forma que Tristan falava dessa moça deixava a entender que ela foi embora da cidade, sem nunca olhar para trás.

“A irmã gêmea de Holly – Sage.”

Algo o incomodou nessa revelação. Ele iria atrás de Holly se não conseguisse ficar com Sage? Se elas eram gêmeas…“Para onde ela foi?”

“Ela está na cidade grande administrando uma empresa de planejamento de eventos. Ela está construindo sua reputação. Sage é a única Strange que não teve vontade de deixar sua marca na Baía Kismet. A única coisa que tem em comum com as outras é a cor de seu cabelo. De outra forma, ela parece não pertencer.”

“Ela e Holly não são parecidas?”

Tristan fez que não com a cabeça. “Não, elas não são idênticas.”

Por algum motivo isso deixou Nicholas aliviado. Ele queria Holly para si e não gostava da ideia de ela ser parecida com alguém. Ela era…ele franziu o cenho quando seus pensamentos se tornaram possessivos. Naquele momento só uma palavra vinha à mente a respeito de Holly. Minha.

“Obrigado por me ajudar. Eu agradeço.”

“Não foi nada.” Tristan fechou o balcão e guardou tudo. Ele entregou um molho de chaves para Nicholas. “Certifique-se de que trancou tudo quando terminar. Entregue as chaves para Holly e eu as busco na Travessa do Feliz Acaso. Esmeralda abrirá amanhã então não vou precisar delas logo.

Nicholas nunca havia encontrado pessoas que confiavam tão facilmente. Talvez essa vida de cidade pequena tivesse algo…Tristan mal o conhecia e entregou a ele as chaves de sua empresa. Por que ele faria isso com um estranho? “Você pode confiar em mim.”

“Eu sei”, ele falou enigmaticamente. “Caso contrário eu teria te colocado pra fora quando pediu minha ajuda. Como eu disse…Kismet é mágica. Você vai ver.”

Com essas palavras, Tristan saiu da Poção da Bruxa e deixou Nicholas sozinho esperando por Holly. Ele torcia para que ela gostasse da surpresa e o desculpasse pela mancada anterior. Nicholas raramente agia por impulso, mas Holly fazia ele querer coisas, querer ela....

CAPÍTULO CINCO

Tristan disse para ela ir para a Poção da Bruxa. Para que Esmeralda precisava dela? Holly odiava estar mal-humorada, e tudo o que ela queria era ir para casa e se aninhar em seu sofá. O tour do chocolate quente havia sido um sucesso. Mais tarde naquela semana descobririam qual empresa ganhou mais votos em seu chocolate quente. Talvez Esmeralda quisesse acompanhá-la na janta. Holly não deveria ter afastado Nicholas. Se ela tivesse sido mais amigável talvez ele a teria convidado para jantar. Ela não poderia sair da Travessa do Feliz Acaso quando ele queria, mas ela estava livre o resto do dia.

Holly suspirou e empurrou a porta da Poção da Bruxa. Luzinhas brancas decoravam a loja inteira. Tristan e a Esmeralda tinham finalmente decidido colocar decorações de Natal? Holly estava pegando no pé deles há mais de uma semana para deixaram o lugar mais festivo. As luzes da loja estavam apagadas e a única iluminação vinha das luzinhas. “Esme?”, ela chamou. Não teve resposta. Holly entrou mais na cafeteria e deu um gritinho quando uma sombra grande parou na sua frente.

“Não queria assustá-la.” Nicholas chegou mais perto. “Eu queria que fosse uma surpresa boa.”

Será que Tristan e sua prima teriam armado um encontro para ela? Como sabiam que ela estava interessada em Nicholas? Isso não importava, mas ela perguntaria para os dois da próxima vez que se encontrassem. Ela estava desejando passar a noite com Nicholas e agora ela poderia. A questão era o quanto ela queria que ele soubesse desse desejo? “Está tudo bem. Eu estava esperando encontrar minha prima aqui e foi um pequeno choque que você não é a Esmeralda.”

“Me perdoe.” Ele falou. “Mas eu precisava vê-la novamente e na hora isso pareceu uma boa ideia.”

Holly olhou com cuidado o que ele havia feito. Suas flores preferidas – lírios rosa e branco em um vaso no centro de uma das mesas. Um vinho Riesling branco perto delas, com duas taças vazias. Havia duas tampas cobrindo dois pratos, provavelmente para manter a comida aquecida. Se ele havia escolhido todas suas coisas preferidas, quais eram as chances de ele ter escolhido sua comida preferida também? Holly virou sua atenção para ele. Nicholas tinha trocado sua camisa manchada e colocado uma camisa azul, um tom mais claro que os olhos dele. Sua gravata combinava com eles perfeitamente. Seu terno escuro o deixava tão elegante que ela tinha vontade de se jogar em seus braços.

“Então?”, ele levantou uma sobrancelha. “Você aprova tudo?”

Ela inclinou seus lábios para cima, em um sorriso sensual. “Por enquanto, sim.” Holly removeu seu casaco de inverno e o colocou em um gancho próximo, então voltou sua atenção novamente para ele. “Me conte o que você preparou para a janta e eu decido se está perfeito.”

“Frango marsala com macarrão integral.” Sua boca encheu de água imediatamente. Ele havia descoberto sua refeição preferida. Nicholas estava se revelando o homem perfeito e isso a assustava um pouquinho.

“Como você…?”

“Organizei isso?”, ele terminou a frase dela. “Sua família foi bem útil. Talvez você devesse conversar com eles sobre o perigo de compartilhar coisas com pessoas que eles não conhecem muito bem.”

Havia somente um motivo para todos o terem ajudado. A Baía Kismet estava fazendo sua mágica. Nicholas tinha sido grosseiro e irritável da primeira vez que se esbarraram. O nome da cidade não significava “Destino” à toa. Seus fundadores, os ancestrais dela, acreditavam em destino. Eles foram salvos quando seu navio chegou ileso à baía. Desde então, aquela região parecia mágica, e uma das coisas que trazia às pessoas era o amor. O destino podia trazer outras coisas além de uma alma gêmea, mas você não deve ignorar quando seu amor verdadeiro cruza seu caminho. Esse era um dos motivos para Ivy se sentir tão melancólica o tempo todo. Gabriel tinha sido isso para ela. Sem ele, ela não tinha um pedaço dela. O Nicholas seria a outra metade de Holly? Sua família parecia acreditar nisso e Holly também começava a crer. Ela sentiu um magnetismo por ele e não poderia ignorá-lo. Ele também deveria sentir um pouquinho, já que estava tentando conquistá-la tão avidamente.

“Os Stranges sempre confiam em sua intuição. Eles não o teriam ajudado se não acreditassem que era certo.” Ela não queria assustá-lo falando em destino e magia. Mas Holly queria fazer algo antes de tomar qualquer decisão. Ela diminuiu a distância entre os dois e envolveu o pescoço dele em seus braços. “Me beija”, ela comandou.

Nicholas não precisou que ela repetisse. Ele se inclinou e tocou seus lábios nos dela. A magia sobre a qual estava pensando os envolveu e acendeu uma faísca que fez os dois intensificarem o beijo. A língua dele se enroscou na dela e ela sentiu uma infusão do gosto dele — canela e chocolate. Os dois ingredientes principais de seu chocolate quente…Holly gemeu com o aumento de seu desejo e ela queria deixar os dois nus para ver se eram compatíveis de todas as formas. No entanto, ela se segurou. Era cedo demais para ficar tão íntima dele. Holly deu um passo para trás antes de seguir um caminho que ela poderia se arrepender.

“Isso…”

“Eu sei”, ela falou para ele.

Ele chacoalhou a cabeça. “Eu quero mais com você.”

Holly sorriu para ele e amoleceu um pouco. Nicholas poderia vir a ser mais importante para ela do que sua própria felicidade. Ele poderia ser sua felicidade. Ela manteve sua irmã Ivy em mente e seguiu cuidadosamente. “Eu gostaria de ter tempo para descobrir o que é isso. Como poderemos fazer isso se você mora na cidade grande?”

“Eu não sei”, ele respondeu francamente. “Mas eu quero tentar se você estiver disposta.”

Holly assentiu. “Eu quero.”

Nicholas a puxou de volta para seus braços e a segurou firmemente. “Eu nunca esperei encontrá-la quando vim para essa cidade com Gabriel, mas estou feliz que aconteceu. Mais tarde vou contar para ele que não quero ir com ele. Eu vou ficar na Baía Kismet no feriado. O resto…nós resolvemos no caminho.”

Holly também o abraçou e fechou os olhos. Ela conseguiu seu maior desejo e não queria desperdiçá-lo. Histórias precisavam começar em algum ponto e esse era seu Era uma vez no Natal com Nicholas…

Revelação de Ano Novo

CAPÍTULO UM

O vento frio soprou, deslizando para dentro da jaqueta de couro de Nash King como se ela nem existisse. Ele esfregou as mãos tentando espalhar algum calor pelos membros quase congelados. Seu destino não estava tão longe. Mais alguns passos e estaria na Adega de Sabores da Uva e poderia passar uns momentos preciosos com o amor de sua vida — Leilia Strange.

Eles eram melhores amigos desde a escola primária. Nash sempre a amou, mas infelizmente ela sempre o viu como amigo e nada mais. Alguns dias isso o incomodava mais do que ele queria admitir. Em outros, ele só era grato de poder pertencer à vida dela. Hoje ele esperava ser corajoso o suficiente para finalmente admitir para ela que a amava.

Ele empurrou a porta da adega e entrou. Nash amava o que Leilia e sua irmã, Caprecia, tinham feito com a adega. Cada vinho estava separado por tipo e colocado em estantes espalhadas pela loja. Elas tinham até uma seção cheia de diferentes tipos de queijo, biscoitos e pães. Era confortável e convidativo. Em conjunto com a outra irmã, Ophelia, eram donas de um vinhedo nos arredores da cidade. Cada uma desempenhava um papel no vinhedo, mas Ophelia não se envolvia com a adega. Ela preferia trabalhar com a prima Amadea na Flores do Destino. A família Strange era responsável por muitos dos negócios e atividades da cidade. Seus ancestrais fundaram a cidade há mais de 200 anos.

Nash adentrou mais fundo na adega em direção ao balcão de trás onde esperava encontrar Leilia. Ele não tinha uma boa desculpa para visitá-la, porém como vinha à adega com frequência, nem Caprecia nem Leilia estranhariam sua presença. Quando ele chegou ao canto ele a viu. Seus cabelos preto-azulados se espalhavam sobre seus ombros em magníficas ondas. De onde ele estava, não conseguia ver seus olhos, apesar de não precisar. O azul cobalto estava gravado em sua memória. Tudo sobre Leilia estava lá, na sua mente. Ele não poderia esquecê-la nem se tentasse, e certamente não queria esquecer. Ele deveria diminuir a distância entre os dois e falar com ela. Nash estava prestes a fazer isso quando Caprecia surgiu da sala dos fundos e deu uma leve batida de ombros em Leilia.

“O que você ainda está fazendo aqui?” Caprecia perguntou. “Vá pra casa se arrumar para seu encontro.”

Nash congelou no lugar. Que encontro? Leilia não havia mencionado para ele que teria planos de Ano Novo. Ele achava que contavam tudo um para o outro… Havia um jeito bem simples de descobrir. Tudo o que ele precisava fazer era caminhar até ela e puxar uma conversa. O resto sairia facilmente. Mas ele não conseguia fazer seus pés se mexerem e a dor que se espalhava pelo seu coração estava quase insuportável.

“Ainda tenho bastante tempo”, Leilia respondeu casualmente. Ela manteve sua atenção no que ela estava encarando quando Nash veio em sua direção. “Eu preciso terminar o inventário antes de ir embora. Vendemos todo o moscatel e o espumante rosé.” Ela deu uma olhada no relógio de punho e suspirou. “Esse é um dos dias mais movimentados do ano para nós. O que eu estava pensando quando concordei sair com Percival?”

“Porque você ainda está em busca de seu par Percifeito?” Caprecia deu uma piscadela. “Pegou meu trocadilho?”

Leilia olhou pra cima e a encarou. “Rá. Rá. Peguei sim.” Ela não parecia muito feliz com o que Caprecia estava sugerindo, mas isso não importava para Nash. Ele queria ser o único amor de Leilia. “Pode parar aí. A próxima coisa que vai dizer é que eu quero meu próprio príncipe num cavalo branco” Leilia revirou os olhos. “Eu também escuto a fofoca. Os três cavaleiros, como aquele trio é chamado. O que estava passando na cabeça das mães deles?”

“Eu não sei”, Caprecia falou com um dar de ombros. “Talvez elas esperavam que eles seriam tão nobres quanto os Cavaleiros da Távola Redonda de verdade. Apesar de que estão faltando Lancelote e Galaaz — elas não devem ter achado mais duas outras otárias para pegar os nomes deles.” Ela parou e tamborilou os dedos no queixo. “Tristan ainda tem sentimentos por Sage. Então sobram Percival e Gawain… Se você conseguir atraí-lo para longe das tentações de Hollywood — o que me faz pensar que realmente só sobra o Percival. Você vai arrebatar Percival para você?” Ela levantou as sobrancelhas. “Que chance você acha que tem? Ele é um gato.”

Nash não aguentava mais ouvir a conversa delas. Distraidamente, enfiou as mãos nos bolsos. Os três homens sobre quem discutiam, o importunavam durante o ensino médio. Fazia só quatro anos desde que se formaram e aquelas lembranças eram difíceis de esquecer. Agora tinham um relacionamento melhor, mas Nash não esquecia como o tinham tratado.

Ele se virou para ir embora, mas a ação veio tarde demais. “Nash”, Leilia chamou. O tom da sua voz tinha um fundo de alegria que era música para os ouvidos dele. “Vem aqui. Tenho um vinho novo para você provar.”

Nash tirou as mãos do bolso e foi até ela. Ele nunca poderia negar algo a Leilia. “Ah é?” Ele se inclinou no balcão. “Vou me arrepender de ter bebido ele?”