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Ele conseguiu perceber o momento em que Tristian reparou que ele ali estava porque os seus passos aceleraram.
Ele e Tristian tinham sido melhores amigos desde que ele se lembrava, mas nos dois últimos anos, ambos tinham conhecido o lado mais negro um do outro... tudo porque a Angel os deixara. Ele observou Tristian enquanto ele encurtava a distância entre eles depois estudou a sua expressão.
Erguendo os seus lábios num sorriso aberto, Hunter dirigiu-se a ele. - Fico feliz de ver que sobreviveste ao helicóptero - gozou Hunter ao apertar o ombro de Tristian com uma mão amigável, depois acenou para cumprimentar o outro.
- Pois, um dia vou pegar num lança-granadas e explodir com aquela coisa - Tristian encolheu os ombros enquanto Hunter se riu. Mudando de assunto, acrescentou. - Pelo menos é toda a gente que temos esperado para passar a semana. O último dos convidados saiu há uma hora, então agora só resta a famÃlia e amigos. Acho que nunca vi este sÃtio tão vazio, mas sabe muito bem.
Observando a reação de Hunter atentamente, Tristian deu um passo atrás para que pudesse apresentá-los. - Hunter Rawlins... Este é Ashton Fox.
Ashton esticou a mão e apertou a mão de Hunter com muita força quando se cumprimentaram. Ele estava à espera que Hunter apertasse a mão de volta e ficou surpreendido por ele não o fazer. O Ãndio manteve o aperto de mão amigável para coincidir com o sorriso que tinha.
E pensar que ele tinha estado preocupado por ir conhecer o rapaz Apache de quem tinha ouvido Angel falar tanto. Quem a ouvia falar sobre Hunter e Ray⦠podia pensar que eles conseguiam andar sobre água, assim como fazer tudo o que alguma vez se viu um Ãndio fazer nos filmes.
- Bem-vindo ao santuário - Hunter repetiu a mesma coisa que teria dito a qualquer convidado. - Estás pronto para te divertir esta semana? - As palavras soaram como uma espada de dois gumes nos seus ouvidos, mas o outro homem não pareceu fazer ideia.
- Porque não? - Ashton sorriu, contente por ainda não ter de libertar a sua testosterona. - Mas primeiro, acho que preciso de um banho e de relaxar um pouco depois de estar a voar durante quase dez horas de seguida.
- Não digas mais - disse Tristian, levando-o até à entrada principal. - Hunter, que quarto é que arranjaste para ele ficar durante a semana?
- Eu vou buscar a chave - disse Hunter, passando por eles em direção ao átrio dando um espetáculo ao abrir o livro de registos como se estivesse a ver a lista de nomes.
Ele sabia exatamente onde tinha colocado Ashton⦠mesmo ao lado do quarto onde o Ray ficava para ter fácil acesso, só não era o fácil acesso que o namorado gostaria de ter. Ashton Fox tinha tido um de dois quartos que pareciam desaparecer depois da esquina do salão do primeiro andar, do outro lado da, enorme, piscina interior⦠afastados de todos os outros quartos.
Dando a volta, Hunter tirou a chave certa da parede e entregou-a a Tristian. Olhando para Ashton, deu a entender que era algo bom. - Está com sorte, pois mesmo ao lado do quarto seu ficam a piscina interior e o ginásio.
Tristian no número da chave virado de costas para Ashton enquanto disfarçava a sua expressão. Ele estava contente por Hunter não ter posto Ashton perto do quarto de Angel, mas pensou que fosse ser, pelo menos, no mesmo quarto⦠não que ele se fosse queixar. Se o são plano corresse bem, Ashton não iria ficar a semana inteira.
- Está tudo pronto para a festa na piscina? - perguntou Tristian, sabendo que Angel adorava nadar. Ele queria, desesperadamente, lembrar-lhe todas as coisas que ela estava a perder desde que se tinha mudado.
Hunter acenou. - Sim, os filhos de Carley convidaram vários amigos para passar a noite e já abriram o bar havaiano para se servirem - vendo o ar que Tristian lhe lançou, acrescentou. - Jason deu os quartos ao lado do seu e das suas irmãs aos seus convidados⦠não que eles vão dormir lá.
- Bem verdade - Tristian sorriu sabendo que entregar-lhes os quartos extra era para mostrar, apenas. Ele odiava o facto de os seus primos agirem sempre como se fossem donos do hotel quando, na verdade, quando não passavam de parasitas que não faziam nada para merecer o seu sustento. Eles tinham fama de trocar de namorados e namoradas cada mês, cada semana⦠às vezes cada dia. A única coisa para que serviam era sexo⦠fora isso, os seus parceiros nunca permaneciam muito tempo.
- Vemo-nos por aà mais tarde - anunciou por cima do ombro.
Quando Tristian partiu com Ashton, Hunter virou-se e agarrou a chave para o melhor quarto que havia no santuário⦠uma das suites nupciais no quarto andar. Não era como se alguém fosse a fosse usar durante esta semana e, provavelmente, Angel iria adorar ficar numa.
- Quem vai ficar na suite nupcial?
Hunter voltou-se, vendo Ray logo do outro lado da esquina com a caixa de foguetes segura debaixo do seu braço. Ele e Ray tinham estado numa situação estranha desde que a mãe deles tinha morrido há um mês. Tinham declarado tréguas, mas ambos sabiam que era uma situação muito frágil. Ele amava o seu irmão, mas ultimamente Ray tinha estado a agir de forma estranha o suficiente para que ele estivesse em alerta máximo.
- Então, decidiste lançar os foguetes esta noite? - Hunter mudou, rapidamente, o assunto enquanto colocava a chave no seu bolso.
Os olhos escuros de Ray seguiram o movimento protetor, mas deixou passar por agora. - Sim, queremos que a semana tenha um começo explosivo, não queremos?
- Claro. Vens à festa na piscina mais logo? - perguntou Hunter, não gostando que Ray estivesse de olho nele.
- Sim, eu vou estar⦠por perto - respondeu Ray com um olhar elevado enquanto tirava alguns fósforos de uma taça na secretária e os atirava para a caixa de foguetes antes de se virar para sair.
Hunter ficou onde estava até Ray estar fora de vista, depois levou, lentamente, a mão ao bolso e retirou a chave. Virando-se, começou a pendurar a chave de volta no sÃtio dela, mas decidiu colocá-la numa das gavetas da secretária. Virando-se para o chaveiro, abanou os dedos como se estivesse a pensar, depois tirou a chave do quarto ao lado do seu.
Ele sentia-se mais tranquilo se conseguisse manter Angel debaixo de olho⦠especialmente à noite.
CapÃtulo 2 âSegredosâ
Angel ficou de frente para as portas de vidro olhando para a sua avó. Ela calculou que Isabel Hart fosse estar na enorme marquise a olhar para os jardins nesta altura do dia. Ela sentiu um aperto no peito ao ver a sua avó a tocar nos botões da cadeira de rodas enquanto se aproximava das portas do terraço que levavam para fora do jardim.
A última vez de que tinha visto a sua avó, ela estava de pé e emproada, limpando as lágrimas da face enquanto lhes disse adeus. Colocando a sua mão contra as enormes portas de vidro, Angel respirou fundo e abriu-as.
- Avó! - Angel sorriu e correu toda a sala em direção a ela. O seu sorriso brilhou ainda mais quando os olhos da sua avó se abriram de alegria. Inclinando-se, Angel deu-lhe um abraço sentido. - Oh céus, senti tanto a tua falta!
Isabel fechou os seus olhos desfrutando do abraço sincero. Isso era o que ela tanto gostava em Angel e Tristian⦠o facto de eles não serem falsos como o resto da famÃlia. Quando amavam alguém⦠amavam com todo o seu coração.
- Aqui está o meu anjo - Isabel acariciou-a fracamente nas costas. Ela sentiu a sua força a voltar só por estar perto de Angel. Aquela rapariga sempre tivera a capacidade de a deixar de melhor humor e de a fazer sentir amada. Mas isso não a ia impedir de fingir a doença, fosse como fosse. - Estou feliz por teres voltado para me ver uma última vez - deixou a sua voz esganiçar como se fosse um pensamento devastador.
- O quê? - Angel respirou fundo depois afastou-se para poder olhar para a sua avó. -Avó? De que estás a falar? - só de a ouvir a dizer algo assim deu-lhe um aperto no coração e trouxe-lhe lágrimas aos olhos.
- Oh, não vamos falar de mim, minha querida. Conta-me tudo, senti tanto a tua falta nestes dois últimos anos e quem é este namorado sobre quem tenho ouvido tantos rumores? - Isabel lançou-lhe uma débil careta. - Não acredito que a minha neta está a tentar crescer num sÃtio tão longe que eu nem o consigo ver a acontecer.
*****
Tristian saiu do quarto de Ashton, fechando a porta enquanto o seu telemóvel vibrou no seu bolso. Vendo que era Ray, respondeu rapidamente. - Olá Ray, diz-me?
- A limusina acabou de partir e a tua namorada está a subir a montanha neste momento. Parece ser o fim do tráfego permitido. Ainda queres que eu tranque o portão lá em baixo? - perguntou Ray, sabendo que tinham sido instruções de Isabel Hart.
- Sim, a avó tem uma posição muito firme em relação ao aparecimento de convidados indesejados - confirmou Tristian. - Fecha-o bem e volta para aqui para te divertires. Se alguém precisar de sair⦠vão precisar de um guia para fora da montanha.
- Ã um bom plano - murmurou Ray.
Ele desligou o telemóvel e fechou a, pesada, vedação de ferro. Selando os três, espessos, cadeados olhou para a alta e espinhosa vedação. Vendo a torre móvel pelo canto do seu olho, partiu na sua direção. Era a única torre móvel num raio de oitenta quilómetros e ele tinha a impressão de que estava prestes a tornar-se inútil.
*****
Angel saiu do terraço, precisando de um momento a sós para absorver o choque de ver a sua avó com um aspeto tão frágil naquela cadeira de rodas. Todas as vezes que ela tinha levantado o assunto da sua saúde, Isabel tinha-se esquivado, fazendo as suas próprias perguntas.
Depois de uma pequena visita, apenas a sua avó tinha dito que estava demasiado cansada e tinha de se deitar durante o resto do dia, mas fez Angel prometer que a visitaria de manhã. Preocupou-a que a sua avó fosse para a cama tão cedo, então perguntou-se, ao certo quão doente ela estava. A sua avó tinha estado de tão boa saúde antes de ela ter deixado o santuário e ter partido para a Califórnia. Até tinha rejuvenescido depois da morte do avô.
Os lábios de Angel cerraram-se com ao relembrar o velho homem que ela sempre considerara um monstro. Ela nunca tinha odiado ninguém em toda a sua vida, mas poucas horas antes ele ter caÃdo das escadas, tinha-a apanhado e a Hunter a voltarem depois de irem nadar sozinhos no lago. O seu avô gritou com ela, dizendo-lhe que ela era demasiado velha para estar a brincar com o refugo Ãndio da reserva. Ele disse a Hunter que desaparecesse da sua montanha, depois bateu com as portas quando entrou. Ver Hunter ir-se embora assim foi devastador. Quando ela se virou para o defender, o seu avô bateu-lhe com tanta força que ela tinha caÃdo para o chão.
Angel gritou de dor, mas não tinha dito mais nada, sabendo que ele, provavelmente, tinha razão. Ele nem tinha sabido que ela e Hunter estavam a fazer coisas que não deviam ter estado a fazer⦠beijaram-se, tocaram-se, experimentavam⦠se ele tivesse sabido dessa parte tinha-lhe batido mais de que uma vez.
- Vês, eu disse-te que não era a estátua de um anjo. à mesmo a Angel â alguém se riu atrás dela, assustando-a e tirando-a da sua melancolia. Virando-se sorriu, vendo os gémeos idênticos do tio Robert, Devin e Damien.
- Meu Deus, como vocês cresceram! - ela sorriu enquanto eles tiravam vez para a abraçar e a balançar à roda. Eles tinham a mesma idade de Tristian, mas tinham crescido o suficiente nos últimos anos para lhe passarem em altura, de alguma forma. Com, pelo menos, um metro e noventa, pareiam-se com seguranças. Ambos usavam uma t-shirt justa ao corpo com o logotipo âSantuárioâ na parte da frente.
Ela colocou uma mão no braço de cada um, vendo o orgulho brilhar nos seus olhos cinzentos. - Acho que isso explica o que têm andado a fazer nos últimos dois anos â riu-se. - Têm estado longe de sarilhos, ou a causá-los?
- Quem? Nós? - Devin riu-se enquanto a colocava de novo no chão, deixando a sua mão acariciar a sua perna e anca no caminho.
- Devias conhecer-nos melhor do que isso â Damien revirou os olhos para o seu irmão quando deslizou o seu braço à volta da cintura de Angel e a puxou para longe do alcance de Devin. Era um jogo que os gémeos haviam jogado há anos⦠tentavam sempre superar-se um ao outro quando havia uma rapariga bonita por perto.
- à uma sorte para vocês que ela conhece mesmo â Hunter olhou fixamente para os gémeos, depois sorriu quando Angel se virou ao ouvir a sua voz.
Os lábios de Angel separaram-se quando ela avistou Hunter pela primeira vez em quase dois anos. Subitamente, todo o tipo de memórias passou pela sua mente, deixando-a de joelhos enfraquecidos e batimento acelerado. Emails e chamadas telefónicas não se comparavam a vê-lo em pessoa.
O seu cabelo estava maior do que ela se lembrava, descendo até meio das suas costas, escuro como tinta preta. Ele parecia um daqueles homens dos romances históricos em que o Ãndio e a rapariga branca eram fotografados num abraço ardente.
Corando com a imagem mental, soltou-se dos seus primos e andou na direção dele. - Estás mais alto â ela respirou fundo ao olhar para ele. Hunter era a única pessoa que a sabia mais sobre ela do que o seu irmão.
- Não, tu ficaste mais pequena â gozou Hunter mesmo antes de lançar os braços à volta dela e de a levantar do chão. - A não ser que eu faça isto â ela sempre fora leve como uma pena para ele. Ele rosnou interiormente quando ela se inclinou, acabando com o jogo infantil com um abraço apertado. Ele inalou o seu aroma, lembrando-se de todas as razões pela qual ele tinha esperado que ela voltasse.
Sabendo que estavam a ser observados, Hunter colocou-a, rapidamente, no chão e olhou por cima do seu ombro para os gémeos. - A festa na piscina está a começar e há lá alguém a perguntar por vocês.
- Stacey! - os gémeos bateram as mãos num cumprimento. - Vemo-nos mais tarde â eles partiram como se fosse uma corrida para ver quem chegava à rapariga primeiro.
- Então aprenderam, finalmente, a partilhar â disse Angel com um ar sério, vendo os gémeos a partir, depois riu-se suavemente da sua própria piada.
- Penso que eles gostam mesmo é da competição â refletiu Hunter. - Esta Stacey aparece a toda a hora só para que eles lutem por ela⦠até agora, nenhum deles ganhou.
Ela sorriu, suavemente, enquanto se virou de volta para Hunter, reparando na longa mecha de cabelo ébano que tinha caÃdo sobre a sua cara quando ele a levantou. Esticando a mão, ajeitou-a para o lado, carinhosamente, e prendeu-a atrás da orelha dele. - Sinto que posso respirar, finalmente.
- O que te impedia? - a voz de Hunter estava tão suave como a dela. Ele sabia o que ela estava a querer dizer porque sentia o mesmo. Sentia-o com tanta intensidade que os seus olhos estavam a arder.
O seu olhar desceu para o beicinho que havia nos lábios dela e sentiu-se a aproximar⦠querendo beijá-la como costumava fazer antes de ela se ter ido embora. Ele tinha sido quem lhe ensinara beijar, apesar de saber que ela nunca o tinha levado tão a sério como ele. Para ela, tinha sido apenas uma brincadeira infantil⦠para ele tinham sido os laços que unem.
- Uma pessoa nunca devia ser separada do seu melhor amigo⦠magoa â Angel suspirou e abraçou-o de novo.
Hunter congelou ao ouvir as palavras âmelhor amigoâ. Algo que ela usava como forma de carinho que o fazia sentir como se levasse um soco no estômago. Entrelaçando os braços à volta dela, Hunter inclinou-se para beijar o topo da sua cabeça enquanto tentava controlar a sua voz. - Eu sei.
Ela usava esse termo desde que lhe tinha contado todos os seus segredos⦠mesmo o segredo entre ela e Tristian. Até lhe tinha contado uma vez que pensava que estava apaixonada pelo irmão mais velho dela. Então Hunter começou a levá-la para as montanhas⦠só os dois⦠mostrando-lhe todas as coisas que ele a conseguia fazer sentir que o seu irmão não. Aquele foi o ponto de viragem entre ele e Tristian⦠porque ele sabia que os sentimentos secretos eram retribuÃdos. Para seu desespero, acabou por, apenas, convencer Angel que estava apaixonada por ambos.
Afastando-se, colocou o seu braço à volta do ombro dela e começou a andar com ela para fora do jardim. - Aposto que ainda nem tiveste hipótese de relaxar depois do teu voo de risco â Ele sorriu, sabendo que ela odiava tanto o helicóptero como Tristian.
- Sabes⦠podias ter convencido a avó a não o fazer â disse, indo contra ele. - Costumavas ser capaz de a convencer a fazer ou não fazer qualquer coisa.
- Oh nem te atrevas â Hunter sorriu. - Não me culpes pela viagem. Além disso, tenho deixado a tua avó fazer mais o que quer, ultimamente â atravessou a relva até ao campo. Ele sabia que estavam no campo de visão do quarto de Ashton, então andou um pouco mais devagar, só por maldade. Nunca ninguém o acusara de ser um santo.
Ãs o meu herói⦠sabias? Angel fez com que ele parasse para poder olhar para ela. - Se não tivesses encontrado a avó quando ela teve o ataque cardÃaco⦠- a sua voz reduziu-se a um mero sussurro. - Salvaste-lhe a vida.
Ashton enrolou a toalha à volta da sua cintura, enquanto saia da casa de banho. Era mesmo o que precisava, um longo e quente duche para começar a semana. Talvez conseguisse causar uma excelente impressão na famÃlia de Angel e reclamá-la para si. Nunca tinha trabalhado tanto para impressionar uma rapariga como a Angel.
A sua última namorada acabou por se revelar uma galdéria dissimulada a quem ele tivera de ensinar uma lição, mas Angel não. Ele conseguia perceber que ela era uma doce e jovem virgem criada em casa a quem ele tivera de dar a volta por um simples beijo. Mas isso não o tinha incomodado. Se ele quisesse sexo⦠havia muitas rameiras dispostas a dar-lho e irem-se embora para que ele pudesse passar tempo com Angel.
Olhando para o espelho do armário, começou a secar o cabelo com a toalha, parou, reparando em algo no reflexo. Virando-se para a janela, fez uma careta vendo Angel e Hunter tão perto um do outro que pareciam estar a contar segredos.
Ele cerrou os dentes, fazendo os músculos do seu maxilar saltar, enquanto via a sua namorada com o rapaz Ãndio que ela chamava de melhor amigo, com tanto carinho. De algum modo, não pensou que Hunter gostasse muito dessa alcunha⦠nenhum homem no seu juÃzo perfeito, gostaria.
- Angel, a tua avó sempre foi querida para mim e para o Ray⦠mesmo quando não tinha razão para ser. Detesto o que lhe aconteceu â Hunter suspirou, sabendo que era mentira. Se Isabel Hart não tivesse tido o ataque cardÃaco, Angel não estaria ali naquele momento. Ele encolheu-se sabendo o que tinha feito.
O xamã da sua tribo tinha-lhe ensinado tudo sobre plantas e a forma como elas podiam curar ou danificar o corpo. Ele tinha usado esse conhecimento e criado a mistura certa para causar a ligeira paragem de Isabel. Tinha sido a única coisa de que se tinha lembrado que faria Angel voltar.
- Eu não mereço nenhum louvor por a encontrar â admitiu Hunter, de consciência pesada.
Angel sorriu suavemente, sabendo que Hunter não tinha um único vestÃgio de prepotência no seu corpo. Querendo que ele soubesse o quanto ela estava agradecida pelo que ele fizera, colocou-se nos bicos dos pés e deu-lhe um, suave e fugaz, beijo nos lábios.
Quando ela se afastou, os seus olhares cruzaram-se por um tempo. Angel inspirou, bruscamente, sentindo os pequenos relâmpagos atingirem-na estômago abaixo e pelas pernas acima. Esta não foi a primeira vez que ele tinha causado esta reação dentro dela, mas era a primeira vez que não era suposto sentir isto por ele. Agora ela tinha um namorado⦠estar apaixonada por Hunter era um tabu.
Angel engoliu em seco, enquanto deu um passo atrás. â Obrigado por salvares a minha avó. Não sei o que iria fazer se a tivesse perdido.
Hunter semicerrou os olhos, sabendo que ela estava a negar o que ambos tinham acabado de sentir. Talvez não a negar, mas a ignorar definitivamente. Ele não fazia intenção de a deixar escapar⦠aliás, ele pretendia lembra-la de que ele não era esquecido assim tão facilmente.
Esticando-se, agarrou a mão dela e avançou para as portas da frente. â Vamos, temos de te instalar.
Ashton apertou o parapeito da janela com tanta força que ouviu a madeira estalar. Angel nunca lhe tinha dado razões para se sentir com ciúmes antes, mas não gostou nada da forma como olhou para Hunter⦠a forma como ela o beijara. Não gostou nem um pouco. Ele não a tinha deixado vir para casa só para a ver atirar-se a outros rapazes.
Angel entrou no elevador afastando o resto da eletricidade que beijar Hunter lhe tinha causado. â Então, onde é que eu vou dormir? â ela sorriu, sabendo que era um jogo que eles costumavam jogar.
Os quatro, Tristian, Ray, Hunter e ela costumavam tirar os registos da secretária e trocar os quartos para causar confusão em massa. Eles costumavam ter em tantos sarilhos por causa daquilo que era engraçado o facto de Hunter estar encarregue da mesma coisa que costumava fazer com que gritassem com eles.
Hunter encolheu os ombros. â Calculei que fosses querer ficar ao lado do teu irmão â ele esticou-se e carregou no botão para o quarto andar. â Por isso, pus-te no teu velho quarto.
- Fico contente saber que ainda tenho um quarto grande â ela sorriu, sabendo que os quartos do último andar eram enormes, comparados aos lá de baixo. Além disso, ia ser bom sentir-se completamente em casa de novo. â Obrigado.
- Eu sempre achei que vocês os dois eram um bocado mimados â brincou Hunter â foi por isso que decidi mudar-me também â ele tirou a chave do seu bolso. Tinha-se mudado para o quarto mesmo ao lado do dela quando se mudou para lá o mês passado. Tinha feito com que ele se sentisse mais próximo dela, mesmo estando ela longe.
- Quando é que te mudaste para o santuário? â perguntou Angel. Ele e Ray conduziam de trás para a frente todos os dias para que pudessem passar a noite com a mãe deles⦠mesmo antes de Ray ter a sua carta. Ele e Ray sempre amaram imenso a sua mãe e asseguravam-se que ela estava sempre bem tratada.
Quando as portas se abriram, Hunter colocou a sua mão na ponta da porta do elevador para a manter aberta. â Desculpa Angel⦠eu disse ao Tristian para não te dizer. Não queria que te preocupasses connosco â os seus olhos escureceram, sabendo que ela tinha todo o direito de ficar chateada se quisesse.
- Então diz-me agora â Angel tinha um mau pressentimento. Hunter nunca lhe tinha escondido nada e ela perguntou-se se estar fora todo aquele tempo tinha causado isto. â O que é que eu não sei?
- A nossa mãe morreu o mês passado quando a nossa casa pegou fogo, acidentalmente â ele engoliu em seco, continuando a não querer tocar assunto. â Os bombeiros disseram que pareceu que ela estava a cozinhar e deve ter adormecido.
Os lábios de Angel abriram quando os olhos dele começaram a brilhar com lágrimas, por cair. â Meu Deus, Hunter⦠lamento imenso. Quem me dera que me tivesses dito⦠tinha voltado mais cedo.
- Não queria que o fizesses⦠ver-me assim â confessou ele, enquanto ela colocou os seus braços à sua volta, pela terceira vez na última meia hora.
Largando a porta, ele deixou-a fechar enquanto se esticava para carregar no botão de paragem. Colocando as palmas das mãos nas costas dela, Hunter não conseguiu evitar puxá-la contra si, deixando o cheiro do seu cabelo acalmar a dor que tinha dentro de si. Esta dor não tinha nada a ver com a sua mãe.
Angel não pensara em fazer nada mais que confortá-lo, mas assim que os seus corpos se tocaram, viu-se encostada contra a parede do elevador e com uma das pernas dele entre as suas coxas, fazendo com que uma chama ardesse em ambos de novo.
- Meu Deus, Angel â murmurou Hunter contra a suave pele do seu pescoço, enquanto ele sentia o seu calor do seu centro subir até ao tecido que tapava a perna dele. Pressionando a sua coxa contra ela, levantou a cabeça e apanhou-lhe os lábios, num beijo frustrado. As suas mãos viajaram pelos braços dela e capturaram as suas mãos. Deslizando os seus dedos pelos dela, empurrou-os contra a parede conhecendo-a bem o suficiente para saber que ser dominada era algo que a excitava. Se quase contasse como sexo, eles tinham sido amantes há muito tempo.
No inÃcio, Angel beijou-o de volta perdendo-se nas sensações que ele lhe estava a causar, mas depois a imagem de Ashton apareceu na sua mente, quando ela virou a cabeça, rompendo o beijo. Ela gemeu, suavemente, quando sentiu a respiração ardente no seu pescoço. Tirando as suas mãos das dele, colocou-as no seu peito e empurrou-o.
- Hunter? â Angel manteve os olhos no chão com um medo, súbito, do que veria quando olhasse para ele â Desculpa, euâ¦
- Shhh⦠- ele colocou os dedos debaixo do queixo dela e levantou-o para que ela olhasse para si. Ele já sabia porque é que ela estava a parar. Ashton Fox já tinha perdido⦠apesar de ela ainda não o saber. Os seus olhos escureceram, atraentemente, enquanto ouvia a sua respiração ofegante por causa de um simples beijo.