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Tess
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Tess

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Carmen murmurou para si mesma - Eu não consigo resistir a esse homem. Ele pode encantar uma cobra na grama se quiser. - Ela lhe deu um beijo na bochecha e eles foram em direção ao salão de festas.

O objetivo social do governo era celebrar a aquisição e pleno funcionamento da nova aeronave. Desde que o evento foi anunciado como formal, Jake vestiu um smoking e Tess vestiu o seu vestido de noite Armani. Como era de se esperar, ela ficou deslumbrante no elegante vestido.

Eles chegaram ao salão, apresentaram seus convites e foram anunciados: - Coronel Jake Vickers e Major Tess Turner.

No piso inferior, muitos dos dignitários e suas esposas já estavam socializando. Vários casais ocidentais estavam se aglomerando, cumprimentando uns aos outros. Os pilotos Apache recém-formados correram para cumprimentar seus treinadores. Agora eles faziam parte da elite militar, e eles eram muito gratos a Jake e Tess por isso.

Um enorme piano Steinway chamou a atenção de Tess. Mesmo que ela tenha um Steinway em casa, ela raramente tinha a oportunidade de tocar o modelo D, um magnífico instrumento que foi a escolha de muitos artistas importantes para suas apresentações em concertos. Ela podia sentir seus dedos formigando. Jake acompanhou o olhar de Tess e percebeu que ela adoraria tocar esta noite.

General Atith Thuy, o oficial sênior do Camboja, aproximou-se deles e os cumprimentou. - É um prazer ver vocês de novo! Eu ouvi que você fizeram um trabalho incrível ao treinar os nossos pilotos e pessoal de manutenção! Gostaríamos de expressar nossa gratidão, então por favor, siga-me. Ele os levou até uma mesa florida onde havia uma caixa dourada em cima. - Tess, por favor, abra. - ele disse.

Tess retirou a tampa da caixa. No interior estavam duas lindas estatuetas de jade. Uma era a figura de Buda de Khmer e a outra era do rei Jayavarman VII, o construtor de Angkor Wat, em uma pose de meditação contemplativa. As estatuetas valiam uma fortuna considerável, Tess ficou sem jeito com a generosidade do governo.

- Nós não temos palavras para expressar o quanto nós somos gratos, tanto por sua bondade quanto pela oportunidade de trabalhar com sua equipe maravilhosa. - disse Tess.

O general sorriu e então eles mudaram de assunto. - Eu percebi que você estava admirando nosso piano. Nós o pegamos emprestado de Singapura para um concerto, amanhã teremos um renomado pianista se apresentando, Helmut Hoffman. Você toca?

- Sim. - ela respondeu - Eu gosto muito de tocar piano.

O rosto do general se transformou num enorme sorriso. - Que jeito esplêndido de começar essa festa! Você tocaria para nós?

Tess olhou para Jake e recebeu um sorriso em resposta. - General, eu ficaria honrada.

Tess caminhou para o Steinway, impressionada com seu tamanho e esplendor de ébano. Ela puxou o banco, sentou-se e testou os pedais. Ela então correu suas mãos suavemente sobre as teclas para sentir a resposta. Foi imediata e poderosa.

Tess sempre iniciava seus concertos com o Prelúdio de Bach e a Fuga em Dó maior, a primeira parte de Well-Tempered Clavier, uma composição lenta e sublime que tocaria a alma. O que ela tocou depois refletia seu humor no momento. Ela mudou para uma peça apaixonada e pensativa de Scriabin, o Etude Nº 12 em dó sustenido menor. Ela planejava parar por ali, mas os aplausos do público a persuadiram continuar a tocar.

Mais pessoas vieram para o salão de festa e tomaram os seus lugares nas mesas. Ela agora começou uma performance da primeira sonata para piano de Rachmaninoff. Ela preferiu tocar esta peça ao invés da mais conhecida, a segunda sonata. A música era mais pensativa, direta e poderosa. Ela também parecia ter sido composta para mostrar a sonoridade do piano de cauda. Inspirada por Goethe’s Faust, a música sugeria seu pacto com o demônio, que concordou dar tudo o que Faust desejava em troca de sua servidão no inferno. Cada passagem da composição sugere que os três personagens, incluindo Marguerite e Mephisto. Tess trouxe habilmente o lado macabro e sombrio da música com grande efeito. Os espectadores aplaudiram com entusiasmo, pedindo bis. Tess concluiu com uma emocionante e divertida peça de Albeniz Asturias. Quando os aplausos finalmente cessaram ela se levantou e se curvou em agradecimento.

As pessoas a rodeavam ansiosas para expressarem o apreço por seu talento. Parecia que eles estavam bem cientes de não tocar em suas mãos, mas estranhamente, os Europeus pareciam compelidos a tocar o resto dela. Desconfortável, ela olhou para Jake. Ele abriu caminho pela multidão, seguido pelo general, que agora estava acompanhado de um distinto cavalheiro de meia idade que vestia um smoking sob medida.

- Monsieur Laurent Belcour, chefe da organização de desenvolvimento internacional, ODI. Por favor conheça Major Tess Turner e Coronel Jake Vickers. Eles foram os responsáveis por treinar nossos pilotos e nos ajudaram com as aeronaves. Sem mencionar que eles nos proporcionaram um concerto inesquecível.

- Eu ouvi que você fez um trabalho encantador. - disse Belcour enquanto olhava para Tess e galanteamente tomou suas duas mãos e as beijou. -Isso faz com que eu queira ser um dos seus alunos piloto.

- Você é muito gentil, Monsieur Belcour. Nós estávamos apenas fazendo o nosso trabalho.

- Quem me dera que tivéssemos nos conhecido antes, Tess... Posso chamá-la de Tess?

- Claro, Monsieur Belcour, preferimos ser informais.

- Por favor, me chame de Laurent.

Belcour ficou só olhando, focado exclusivamente em Tess e ignorando totalmente Jake. Os olhos dele estavam devorando ela, fixo em seus seios e em seu ágil e lindo corpo.

- Como você entrou para este negócio Tess? Eu desconheço qualquer outra mulher tão bela que seja uma especialista em equipamento militar.

- Eu era uma piloto militar e venho de uma longa linhagem de soldados.

- Você deve ser parente do General Turner, estou certo?

- Sim, ele é meu pai. Ele agora é CEO da NTC, a fabricante de sistemas de armas avançados.

- Eu encontrei seu pai algumas vezes. Ele era um general brilhante e é ótimo no que faz agora. Eu, por outro lado, estou condenado a lidar com números na maior parte do tempo.

- Você é muito modesto Monsieur Belcour... Laurent, você tornou possível para esse país obter o sistema de helicópteros. Eles não conseguiriam sem você.

- Verdade, mas esse é o meu trabalho. Sou apaixonado por ajudar a melhorar os países em desenvolvimento. Ele fez questão de enfatizar apaixonado.

Belcour continuou dando em cima de Tess descaradamente, e ela foi ficando cada vez mais incomodada. Ela virou a cabeça para trazer Jake a conversa, mas ele tinha ido buscar uns drinks para eles. Por sorte, Nicola e Carmen apareceram para resgata-la. Depois de cumprimentarem uns aos outros e elogiarem suas aparências, Tess apresentou Carmen e Nicola a Belcour. Depois de um olhar apreciativo aos seios de Carmen, ele se virou para a Tess.

- Eu ouvi dizer que sua companhia está abrindo um escritório em Paris. Isso é surpreendente. Nós teremos a chance de nos ver outra vez.

- Como você sabe disso, Laurent? Nós não anunciamos isso ainda.

- Eu gosto de me manter informado. Eu estou muito feliz que você tenha decidido expandir na França. ODI é sediada em Paris também e organiza financiamentos para muitos países em desenvolvimento. Nós podemos facilitar os negócios da sua empresa ajudando você a obter contratos.

- Obrigada Laurent, mas até agora nós conseguimos nossos contratos graças a nossa boa reputação. Sinceramente, procuramos ajudar esses países, ajudando-os a selecionar e encomendar armamentos econômicos.

- Admirável. Estou ansioso para trabalhar com você num futuro próximo. Por favor me avise quando chegar a Paris. Eu insisto em lhe levar ao meu restaurante favorito e quem sabe mais... - Seus olhos continuavam fixos nela.

Tess ficou aliviada quando Jake apareceu com seus drinks e Belcour foi levado para conhecer outros dignitários.

Tess olhou para Jake. - Aquele cara me causa arrepios. Eu acho que ele mexeu comigo.

Jake sorriu. - Ele é um aristocrata francês. Está em seu DNA tentar seduzir as mulheres.

- É bom saber que você não está com ciúmes. Se fosse outro homem, teria acabado com ele.

- Não é necessário socar alguém. Eu admiro seu bom gosto para mulheres, contanto que ele mantenha as mãos longe de você.

Um ministro do governo pediu um brinde, agradecendo a todos por tornar realidade e concluir com sucesso a aquisição de armamento moderno.

Jake não pode resistir em sussurrar no ouvido de Tess. - Espero que ele saiba que com 35,5 milhões de dólares por cada helicóptero além de sistemas de apoio, ele poderia ter alimentado milhares de pessoas.

- Triste realidade, mas vamos dar a ele o benefício da dúvida. Hoje em dia eles precisam reforçar suas defesas. O Camboja está situado em uma área bem perigosa do mundo.

- Eu acho que sim. Agora, vamos tentar desaparecer.

Jake e Tess apertaram algumas mãos, agradeceram os anfitriões pelo convite e tomaram o caminho para o quarto.

Tess conseguia sentir que algo estava incomodando Jake. - Quer me dizer o que está passando pela sua cabeça?

- Eu acho difícil um figurão como Belcour voar para o Camboja para celebrar um projeto tão pequeno. Ele poderia ter enviado outra pessoa em seu lugar. Eu acho que há algo mais nisso.

Tess lhe deu um beijo na bochecha. - Jake. As vezes eu acho que você está vivendo uma teoria da conspiração.

4 - Tom nativo

Agora eles podiam relaxar de verdade, Jake alugou um Tuk Tuk, uma scooter motorizada com o espaço do motorista na frente, e uma pequena cabine coberta na parte de trás para os passageiros. Ele entrou no Tuk Tuk junto com Tess, Carmen e Nicola. O motorista os levou para um passeio bem tranquilo pelos pontos turísticos de Phnom Penh. Eles viram as atrações mais comuns: O palácio real com um templo de prata e o Museu Nacional, construído no estilo clássico Khmer pelos franceses durante a era colonial no final do século XIX. Eles também visitaram o Monumento da Independência, que foi construído na década de 1950, mas também foi construído no antigo estilo Khmer. Os colonos franceses deixaram a sua marca, com várias moradias, igrejas francesas, avenidas com o estilo de arte e decoração Phsar Thom Thmei.

De volta ao hotel, os casais tiveram um excelente jantar e, pela manhã, aproveitaram o brunch com champanhe Veuve Clicquot do hotel. Eles haviam acabado de colher ostras que haviam sido trazidas da França, foie gras terrine e até raclette. Eles estavam desfrutando de um paraíso francês nos trópicos, bem diferente da vida dos cambojanos que eles viram caminhando durante o passeio pela cidade.

Tess estava perfeitamente feliz, se deliciando com a piscina, usando máximo que podia de protetor solar e comendo nos restaurantes do hotel, mas sabia por experiência que sua indulgência não duraria. Como previsto, no dia seguinte, Jake convenceu Tess e o outro casal a irem até a cidade para vivenciarem o cenário local.

Eventualmente eles acabaram entrando em um restaurante nativo. Ao visitar um novo lugar, Jake, o aventureiro gourmet, avidamente procura pratos nacionais, e este lugar era perfeito para saborear pratos exóticos. Típico do seu MO, Jake adquiriu um conhecimento prático da língua em apenas algumas semanas, e ao mesmo tempo aprendeu sobre a cozinha local. Agora ele queria provar a comida, uma atividade que geralmente alarmava Tess. Ela era mais conservadora em suas preferências culinárias. Tess realmente amava Jake, até ele a arrastar para lugares que ela considerava estar bem longe de ser um restaurante civilizado e se aprofundar na busca de uma comida local autêntica. Em momentos como este, ela simplesmente suportava e tolerava o entusiasmo desenfreado do marido por novas lugares e sabores.

Jake começou a informar seus amigos sobre os destaques da cozinha Khmer. Ele começou a descrever os pratos que estavam em exibição sobre um balcão no restaurante. - Este é o peixe Amok. - Ele disse apontando para um dos pratos que estava a mostra. - Eles basicamente colocam o peixe em uma espuma. É suposto ter um gosto muito melhor do que aparenta.

Seus companheiros não pareciam estar convencidos, mas ele continuou compartilhando o que tinha aprendido. - Os cozinheiros adicionam slok ngor, uma erva local que trás um sutil amargor. Eles misturam essa combinação com leite de coco fresco e kroeung, um curry de erva-cidreira, raiz de cúrcuma, alho, cebolinha, galangal e gengibre chinês. Eles geralmente vaporizam em uma folha de bananeira, enquanto outros fazem uma versão fervida que é mais parecida com um curry de peixe com sopa do que com uma musse.

Mal eles haviam começado a considerar suas opções de prato, Tess e Carmen já estavam tentando não vomitar. Nicola parecia seguir pelo mesmo caminho. Jake concluiu, baseado na reação das mulheres, que aquele prato não era uma opção, então ele continuou a descrever o próximo.

Tess agora estava quase melancólica. - Eles tem um bom e simples bife, ao ponto e com batatas cozidas?

Carmen acrescentou, - Eu vi um restaurante mexicano a caminho daqui? Eu poderia comer uma enchilada verde.

Eram nessas ocasiões em que Tess desejava que Jake não possuísse uma memória fotográfica infalível. Juntamente com sua paixão pelo que ela considerava gostos estranhos, suas inclinações culinárias nunca deixavam de incomodá-la.

O entusiasmo de Jake era inabalável, ele animadamente apontou para um prato estranho. - Eu não acho que conseguiríamos encontrar isso hoje a noite. Continuando, formigas vermelhas fritas com carne e manjericão. Eles usam insetos de vários tamanhos, alguns quase não se consegue ver e outros tem quase uma polegada de comprimento. Estes são fritos com gengibre, erva-cidreira, alho, cebolinha e carne em fatias finas. Eles então adicionam pimenta, tomando cuidado para não subjugar o delicado sabor azedo que as formigas transmitem à carne. Este prato é servido com arroz e, se tiver sorte, você também receberá uma porção de larvas de formiga na sua tigela.

Jake olhou para Tess com a esperança que ela pelo menos considerasse experimentar o prato.

- Jake, se você cogitar isso eu lhe garanto um divórcio!

Carmen parecia enjoada e Nicola rapidamente sugeriu uma lasanha, ou pizza, num restaurante italiano. - Nós passamos por um, até que parecia decente.

Com um suspiro de decepção, Jake finalmente sugeriu Ang dtray-meuk — lulas grelhadas. - Não tem como errar escolhendo qualquer coisa que seja em porção espetada numa vara. Eles temperam com suco de limão ou molho de peixe e depois o assam em espetos de madeira. Para finalizar eles servem com um molho feito de alho, pimenta fresca, molho de peixe, suco de limão e açúcar. Vendedores de frutos do mar carregam pequenos fornos de carvão em seus ombros e cozinham a lula enquanto caminham pela praia.

Tess tomou uma rápida decisão. - Sim, vamos pedir isso. Ela continuava relutante em comer ali, mas pelo menos ela estava familiarizada com lula. Ela experimentou na França e eram saborosas. Aliviados, eles sentaram em uma mesa na varanda do restaurante, felizes por terem sido poupados de ouvir o resto da variedade de pratos oferecidos no local. O olhar agressivo de Tess não deu muitas opções a Jake, então eles pediram as bebidas.

- Graças a Deus as apresentações acabaram. - Tess falou depois de um pequeno gole do seu uísque single malt. - Ensinar os pilotos a como pilotar helicópteros nesse calor e com essa umidade, é o pior do que no deserto do Iraque.

Jake não estava prestando atenção. Seus olhos estavam cobiçando os pratos, que para ele eram proibidos, que os garçons serviam.

O jantar chegou, Tess teve que admitir que as lulas estavam excelente.

Então Jake sugeriu que eles experimentassem Cha houy teuk, uma sobremesa de geleia. Ele informou ao grupo que era feita de agar, uma gelatina derivada de algas marinhas. Pra começar, Tess não gostava de cremes e coisas moles, mas se obrigou a suportar a empolgação de Jake enquanto contava sobre a receita. - A geleia é combinada com sagu, feijão mungo branqueado e creme de coco, servido em uma tigela com uma colher de gelo raspado.

- De qualquer forma, você deve experimentar. Tess exibia um olhar ameaçador para Jake, caso ele ousasse pedir essa estranha combinação para ela. Nicola e Carmen escolheram um flan.

O jantar acabou e os casais começaram a caminhada de volta para o hotel. As ruas estavam movimentadas, a maior parte das pessoas aproveitavam seus jantares nos restaurantes. No caminho, eles passaram pelo bairro de sexo mais famoso de Phnom Penh, era chamado Edifício Branco. Se chamava assim por ter uma estrutura sinistra, decadente, branca acinzentada, que se estendia por vários quarteirões da cidade. Jake informou aos seus companheiros que, de acordo com suas pesquisas, as inquilinas daquele bairro eram prostitutas, muitas das quais tinham sido expulsas de bordéis menores porque estavam demasiado velhas ou desgastadas.

- O que você quer dizer com velha? Tess perguntou. - Eu vejo, na sua maioria, jovens.

- Nessas áreas, prostitutas na adolescência e 20 anos, não são mais tão úteis. Elas não tem outro lugar para ir a não ser aqui, a maioria não tem educação ou habilidades para outros trabalhos.

Tess não conseguia acreditar m seus olhos. A ideia de que uma mulher de 20 anos era considerada velha e que um edifício tão grande fosse dedicado à prostituição, a deixava chocada. Carmen estremeceu. A cena era pior do que o sul de Los Angeles, o duro lugar onde ela cresceu.

Eles continuaram descendo a rua, nas sombras do terrível prédio, passaram por vendedores que estavam vendendo frutas, partes de bicicletas e nozes seca. Todos os olhos estavam neles. Um homem em uma moto os observava perto demais.

De repente, eles ouviram um grito. Um cara estava segurando uma jovem mulher pelos cabelos, batendo nela repetidamente. Ela estava resistindo com toda sua força e arranjou um jeito de escapar, mas ele a alcançou e retomou o ataque.

As pessoas nas varandas e os pedestres agiam como se nada estivesse acontecendo. Esse tipo de espetáculo não parecia ser incomum. O homem continuava a bater na garota até que Tees decidiu fazer algo a respeito. Ela correu até eles e chutou o homem bem no estômago. Ele foi momentaneamente afastado da vítima, mas rapidamente se recuperou e contra-atacou com movimentos de artes marciais bem treinados. Tess o viu chegando e recorreu a sua pirueta alta, esmagando o homem na cabeça com o pé e derrubando o homem no chão. Sempre que podia, Tess evitava usar as mãos. Ela mais do que compensou essa limitação empregando o resto de seu corpo para destruir os adversários. Tendo sido uma piloto de helicóptero, ela recebeu uma formação fundamental em artes marciais, tendo sido reforçada por conta própria.

Do lado de fora da briga, Carmen e Nicola ficaram parados, olhando totalmente despreocupados. - Parece que Tess esta furiosa hoje. Melhor nos afastarmos. - Carmen sugeriu. Jake se acomodou apoiado em uma parede, acendeu um cigarro e observou o balé que Tess fazia com a precisão de seus movimentos. Ele não estava preocupado com a segurança dela. Tess podia ser letal quando provocada, ou quando ficava com raiva do mau comportamento das pessoas.

O agressor agora estava inconsciente com seu rosto em uma poça no meio da rua. A mulher que foi agredida estava sentada no chão, encostada em uma árvore, chorando. Tess e Carmen foram até ela e a ajudaram a levantar. Todo mundo na rua continuou a fazer o que estavam fazendo, indiferentes e alheios ao tumulto.

Jake tentou se comunicar com a jovem usando o pouco que tinha aprendido da língua local. Ele estava certo que o nome dela era Suchin Montri e que o homem, que agora estava no chão, era seu cafetão. Ela parecia estar aterrorizada ao pensar que teria que enfrentá-lo novamente. Então Tess e o resto do pessoal chamaram um taxi e levaram a jovem para o hotel com eles. Ela abraçou Carmen e Nicola e assegurou que ela e Jake iriam tomar conta da garota. - Apenas aproveitem o resto do dia. Nós nos vemos amanhã.

Uma vez no quarto, Tess ajudou a menina a tomar um banho e quando ela saiu lhe emprestou uma de suas camisolas. Jake pediu comida através do serviço de quarto e deixou a mulher se recompor. Eles conseguiram fazer com que ela comesse um pouco.

Jake conseguiu de alguma forma se comunicar com Suchin, percebendo que agora eles possuíam um problema. O que fazer com uma jovem prostituta que estava em perigo de ser severamente espancada, ou pior, por seu cafetão? Eles decidiram dar um passo de cada vez. Primeiro, ela precisava descansar. Eles a deitaram em uma das camas do quarto e Tess a deu um sedativo.

Sunchin dormiu, mas foi atormentada por pesadelos. Ela chorava e gemia durante o sono e teve que ser confortada várias vezes. Depois de uma noite agitada para todos, Jake perguntou a mulher o que ela gostaria para o café da manhã e pediu pelo serviço de quarto. O garçom entregou a comida no quarto e não piscou o olho ao ver dois ocidentais hospedando uma mulher local em seu quarto. Aparentemente, esses acordos eram comuns.

Jake, lentamente, tentou descobrir o que aflingia Suchin durante a noite. Hesitante, a jovem mulher disse-lhe o que ela sonhou. Ela estava sendo perseguido por homens. Eles a pegaram e jogaram-a em um quarto imundo, infestado de baratas. Ela sabia o que iria acontecer a seguir: Eles iriam torturá-la — chicoteá-la com cabos de metal, trancá-la numa jaula, choque com um fio elétrico solto — e depois iriam estupra-la. Não era realmente um sonho. Suchin realmente passou por isso.

A menina continuou. Sua mãe a vendeu para um bordel quando ela tinha sete anos de idade. Durante anos, cafetões forçaram Suchin para mais de 20 homens por dia. Se ela não fizesse o que mandavam, ou se ela tentasse fugir, ela era severamente punida. Queimada com um ferro quente, coberta de insetos que a mordiam e pior. - Eu quero morrer. - Ela disse. Ela teve relações sexuais com centenas de homens pelo tempo que ela tinha dez anos de idade.

Tess ficou chocada. - É difícil acreditar que uma mãe venderia sua própria filha para uma vida de escravidão.

Jake acessou a enciclopédia que se disfarçava como seu cérebro. - Camboja é uma nação fraca e corrupta que ainda esta se recuperando do genocídio cometido pelo regime Khmer, nos anos 70. O terror não pára por aqui. Mais de 12 milhões de pessoas são agora vítimas de prostituição forçada em todo o mundo. Compra e venda de seres humanos é um negócio global de US $ 32 bilhões.

Tess ligou para recepção e pediu para eles enviarem um tradutor. Um homem chamado Aran Mookjai apareceu na porta em quinze minutos e Jake rapidamente negociou o pagamento.

Suchin sentou na cama e começou a falar sobre a história da sua vida, Aran estava traduzindo as palavra dela. Ela lembrou de um infância feliz, com pais amorosos, três irmãos e uma casa fora da cidade. A família era dona de um campo de arroz. Seu pai até planejou que as crianças frequentassem a escola.

Infelizmente, seu pai morreu quando ela tinha cinco anos de idade. - Depois disso minha mãe mudou. - Sunchin disse. - Ele estava muito infeliz. Ficamos desamparados. Eventualmente, a família mudou-se para uma cabana. Quando Suchin tinha sete anos, sua mãe a vendeu, dizendo que ela seria uma empregada doméstica em uma casa. Suchin sentiu que era seu dever obedecer.

Aran explicou. - No Camboja as filhas são como propriedades. Elas estão lá como um meio de sustento para família.

Suchin continuou a contar. - Eles me trancaram em quarto. Eu chorei tentando abrir a porta. No dia seguinte, um homem disse, 'Eu tenho um cliente para você'. Eu não sabia o que ele queria dizer com isso, mas eu sabia que não era nada bom. Eu me recusei a ir. Então ele me levou para outro quarta, para me punir. - Ela parou por um momento. - Ele me fez beber a urina do homem, me amarrou e me cobriu com formigas mordedoras. Ele também me bateu. Finalmente, eu disse sim.

Suchin ficou desconfortável em contar sua história. Ela falou em pequenas explosões sem emoção. É como se ela tivesse se tornado outra pessoa contando sua própria história.

O primeiro cliente de Suchin era - Um homem asiático com um olhar maléfico. - Ela lembrou. Ela mudou de ideia e se recusou novamente a servi-lo. Furioso, seu cafetão levou a tortura a outro nível. Ele esmagou um punhado de pimenta quente com o pé e enfiou em sua vagina. - A dor era terrível. - Ela disse. - Eu não conseguia falar. Logo depois, o cliente colocou um preservativo e a estuprou, desfrutando de seus gritos.

Suchin não sabe se o cliente pagou uma taxa alta por sua virgindade. O tradutor acrescentou voluntariamente que, na maior parte da Ásia, você poderia ter sexo com garotas por tão pouco quanto 5 dólares. Jake observou que o preço para estuprar uma garota foi inferior aos nove dólares que ele pagou num táxi do aeroporto para o hotel.

Aran continuou. - Aqui, as virgens costumam custar mais. Depois da primeira vez, não é incomum os cafetões costurarem as meninas, as vezes até sem anestesia, assim elas vão gritar de dor na próxima vez e enganar os clientes.

Posteriormente, se Suchin não cumprisse sua cota de homens por dia, o cafetão a punia dando choques com um fio elétrico solto. - Várias vezes eu me sentia tão cansada que eu não conseguia sair da cama. Os homens simplesmente vinham até mim, um depois do outro, como uma gangue de estupradores. - Ela disse. - Eu parecia estar morta, eu queria morrer.

Aran olhou para Tess, suspirou e murmurou. - Esse é o Camboja.

- Qual a obsessã por virgens? - Tess perguntou.