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Pintar Com O Dragão
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Pintar Com O Dragão

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Pintar Com O Dragão
Olga Kryuchkova

Elena Kryuchkova

Pintar com o Dragão

Elena Kryuchkova, Olga Kryuchkova

Traduzido por Bruna Santanita

“Pintar com o Dragão”

Escrito por Elena Kryuchkova, Olga Kryuchkova

Copyright © 2021 Elena Kryuchkova, Olga Kryuchkova

Editora Tektime

www.tektime.it

Traduzido por Bruna Santanita

Design da capa © 2021 Elena Kryuchkova

Kryuchkova Elena

Kryuchkova Olga

Pintar com o Dragão

Género: Fantasia Histórica, Fantasia Urbana, Místico, Aventura, Ambientes Históricos, Japão do século 19.

59000 total de palavras

Sumário:

Japão, finais do séc. XVIII - inicios do séc. IXX na cidade de Edo (atual Tóquio) Katsushika Ōi é a filha do artista Katsushika Hokusai. Desde a sua infância que tem mostrado interesse em pintar e de futuro torna-se uma artista: ela ajuda o seu pai e cria vários projetos da sua autoria.

Mas a vida da Ōi não está limitada à pintura. Ela está destinada a conhecer pessoas peculiares e criaturas místicas.

O seu amigo de infância, Shotaro, morre muito jovem e torna-se um Dragão. Mais tarde, ele volta a reencontrar-se com a Ōi, e juntos começam as suas viagens por mundos misteriosos.

No mundo dos sonhos, eles encontram-se com uma amiga em comum, Satsuki, que caiu no distrito da Luz-vermelha. Juntos eles vivem uma série de fabulosas aventuras...

Sinopse:

Japão, finais do séc. XVIII - inicios do séc. IXX na cidade de Edo (atual Tóquio) Katsushika Ōi é a filha do artista Katsushika Hokusai. Desde a sua infância que tem mostrado interesse em pintar e de futuro torna-se uma artista: ela ajuda o seu pai e cria vários projetos da sua autoria.

Mas a vida da Ōi não está limitada à pintura. Ela está destinada a conhecer pessoas peculiares e criaturas místicas.

Quando era criança, ela entra acidentalmente no Mundo dos Espíritos e vê um casamento de ratos. Isto inspira ainda mais a jovem rapariga a pintar.

O seu amigo de infância, Shotaro, morre muito jovem e torna-se um Dragão. Mais tarde, ele volta a reencontrar-se com a Ōi, e juntos começam as suas viagens por mundos misteriosos.

No mundo dos sonhos, eles encontram-se com uma amiga em comum, Satsuki, que caiu no distrito da Luz-vermelha. É aí que os três iniciam as suas fantásticas aventuras.

Satsuki, sonha em fugir do distrito da Luz-vermelha, Yoshiwara. Mas única forma de sair de lá viva é entregando a sua liberdade ou esperar que um dos clientes pague a sua liberdade.

Yoshiwara também está preenchida com místicismo e acaba por ajudar Satsuki de forma inesperada. Acumular os fundos para o resgate da menina acaba por por ser possível vom a ajuda a sua antiga mentora, Sra. Karen. Contudo, a liberdade não chega tão rápido quanto a menina deseja. E, durante a sua estadia em Yoshiwara, ela terá de superar muitas adversidades e a morte de uma amiga próxima.

Enquanto isso, Ōi continua a crescer e ao contrário de muitas mulheres, prefere não se casar, mas continua o no seu compromisso com a criatividade. A criatividade é o elemento mais importante da sua vida.

Nasce a irmã mais nova de Ōi, que por canta de um infeliz desígnio do destino morre cedo. Tornando-se um sacrifício num ritual mágico de forma involuntária. Mas nada temam! A rapariga, tal como Shotaro, renasce como um Dragão.

Na mesma altura, aparecem em Edo certa Dama Gekko e o Lorde Azayaka. Estão à procura do misterioso óleo da lua para a laterna de lótus. Se acenderes a lamparina com o óleo lunar poderás encontrar qualquer pessoa ou criatura mítica. A Gekko e o Azayaka vieram do Mundo dos Espíritos, e estão à procura da filha do seu Governador, a Princesa Uzuki.

Eles visitaram vários mercados e lojas que vendem óleos em Edo. Uma destas lojas pertence a Minamisawa Tōmei, que está apaixonado por Ōi. O jovem rapaz, é aprendiz do pai de Ōi Katsushika, o Sr. Hokusai.

Por mero acaso, Tōmei entra no Mundo dos Espíritos, onde encontra a Dama Gekko e o Lorde Azayaka, que arquitetam um plano maquiavélico transformando o jovem rapaz na princesa desaparecida.

Será que a Ōi e os seus amigos conseguem salvar o Tōmei? E o que será que o destino reserva de futuro para estes heróis?

Personagens

Ōi — personagem principal

Katsushika Hokusai — pai da Ōi, artista

Okiko — mãe da Ōi

Ohana — irmã mais nova da Ōi

Tatsujo — irmã mais velha da Ōi

Satsuki — filha de um mercador, amiga da Ōi, mais tarde cortesã de oiran

Koshiro — pai da Satsuki

Shotaro — amigo da Ōi, filho do artesão

Karen — alta cortesã, oiran da ‘Peónia’, mentora da Satsuki

Kagero — dona da ‘Peónia’

Ageha — alta cortesã, oiran da ‘Peónia’, amiga da Satsuki

Suigetsu — cortesã de classe de kôshi que adora Minamisawa Tōmei

Haku — espírito da montanha que vagueia sob a forma de monge budista.

Minamisawa Tōmei — proprietário da loja de óleos, futuro marido da Ōi

Minamisawa Mizuno — mãe do Tōmei

Maruo — cliente habitual da Satsuki, comerciante de cosméticos chineses.

Ochiyo — vizinha e amiga de Okiko

Sato Kuranosuke — feiticeiro negro

Uzuki — Princesa do Reino da Lua Nublada

Azayaka — Lorde no Reino da Lua Nublada

Gekko — Dama da corte do Governante do Reino da Lua Nublada

Shirohebi — mulher do Deus Ryūjin

Esta história é ficção e qualquer semelhança com a realidade, pessoas ou acontecimentos é mera coincidência.

Os nomes de pessoas reais que viveram no passado estão marcados em notas de rodapé. Mas a descrição das suas vidas nesta história é fictícia.

Esta história é completamente fictícia.

Capítulo 1. Ōi e o Casamento dos Ratos

No décimo nono ano do reinado do Imperador Kōkaku (1798, reinado do 119 imperador).

Na ilha de Honshu, na sua parte mais a leste está localizada a cidade de Edo

. Tinha uma riqueza histórica. Era uma vez, um terreno pantanoso onde é atualmente a cidade. E sítio onde o Rio Sumida banhava uma baía chamada "Edo", que significa "portão da baía" ou "boca do rio".

No longínquo século XII, há cerca de seiscentos anos atrás, um governante local construiu uma pequena fortificação nesta zona. Contudo, a história oficial da cidade de Edo começou mais tarde, trezentos anos mais tarde (1456). Quando um governante dessa época pertencente ao clã dos Uesugi chamado Ōta Dōkan, ordenou a construção de um pequeno castelo para se defender dos seus inimigos. Foi à data do término da construção deste castelo que se atribuiu a fundação da cidade de Edo.

Gradualmente, a cidade e o castelo foram crescendo. No entanto, doze anos após a sua formação oficial (1468), Ōta Dōkan foi assassinado, e assim Edo rapidamente caiu em desgraça. Pouco transformada, a cidade tinha mais de cem anos.

Mas como todos sabemos, mais tarde ou mais cedo tudo acaba. E pouco mais de um século depois

, estas terras foram anexadas aos títulos de

Tokugawa Ieyasu. À época, o castelo erigido por Ōta Dōkan estava deplorável. Os locais tinham-se fixado em pequenas povoações à volta do castelo. A cidade nem tinha uma muralha para se proteger!

Ieyasu Tokugawa, sendo ele uma pessoa de mente aberta e inteligente, rapidamente percebeu que a cidade de Edo representava grande vantagem económica e estratégica. Assim sendo, começou por impulsionar a cidade e restaurar o castelo.

Nove anos mais tarde, quando no futuro se tornou Tokugawa shogun

a segunda pessoa mais poderosa do país. Edo transformou-se numa cidade cheia de vida. De forma a assegurar o controlo sob os seus territórios, Ieyasu ordenou a construção de cinco estradas principais a partir de Edo. Cada uma destas estradas ligava a cidade às principais estradas do império.

Ao tornar-se num Shogun (em 1603), Tokugawa decidiu fazer de Edo a sua residência. Nos anos seguintes dedicou-se exclusivamente a expandir e a aperfeiçoar o castelo de Edo. O centro da cidade foi construído tendo por base o modelo da capital Heian. Esta por sua vez foi construída seguindo os exemplos clássicos das antigas capitais chinesas.

(Heian era chamada de capital da paz; o seu outro nome é Miyako.) A capital foi desenhada de acordo com o plano urbanístico chinês em "xadrez". Na parte Nordeste, as primeiras linhas de casas de Heian, que estão mais próximas do Mikado (Imperador) pertencem ao tribunal aristocrático. Elas elevam-se entre a primeira e segunda linha onde as ruas de Konoe, Nakamikado e Ōimikado se intersetam juntamente com as grandes estradas de Higashi no Toin, Nishi no Toin e Horikawa. Quanto mais afastadas da primeira linha fossem as casas, menos posses tinha o seu proprietário. Na parte Oriente e Ocidente de Heian havia dois mercados com a mais variada gama de produtos. E ainda havia mais dois templos na parte Sul. As restantes edificações religiosas localizavam-se fora de Miyako. Na parte central da cidade estava a avenida de Suzaku. Se observada pelos olhos de um pássaro durante um voo a cidade assemelhava-se a um retângulo.

Resultante desta situação, a área que envolvia o castelo também sofreu alterações: os pantanos estão cobertos e as colinas niveladas.

Vários materiais de construção foram trazidos através do canal que ligava a baía ao centro da cidade.

Bem como, a ponte de Nihonbashi construída alguns anos mais tarde, que significa "Ponte Japonesa" foi considerada lugar de destaque pelo país. Por ordem dada por Tokugawa, durante séculos todas as distâncias eram calculadas através desta ponte.

Consequentemente, os Shogun atraíram a chegada de cientistas, artesãos, artistas e escritores a Edo. E assim, a cidade foi crescendo e tornando-se o centro cultural do país. Quando comparada à Europa, Edo na sua dimensão superava grandes metrópoles como Londres ou Roma.

Posteriormente (em 1645) foram divididos os vários distritos da cidade. A entrada para cada um dos distritos era feita por vários portões, que estavam fechados desde a meia hora do porco até de madrugada

. O motivo destas medidas era evitar motins durante a noite, mas também para dificultar atividades criminais da máfia que existia em Edo.

Para além disso, tal como qualquer outra cidade com vários edifícios os fogos eram uma recorrente em Edo. Havia sempre um grande incêndio a cada três anos. Deste modo, para resistir ao destrutívo elemento do fogo, formou-se o primeiro grupo de bombeiros durante o reinado do terceiro shogun Tokugawa Iemitsu

. Por fim, os cidadãos começaram a ajudar a apagar os fogos e como resultado surgiram novos grupos de bombeiros rapidamente. No entanto, esta medida não ajudava a solucionar o problema por completo.

A outra patologia, para além dos fogos, que o Japão padecia tal como outras cidades era os sismos. Infelizmente, era impossível as pessoas resistirem ao seu poder destrutivo.

E claro que era em Edo o famoso distrito de Yoshiwara da Luz-vermelha. É de notar que durante o reinado do primeiro shogun Tokugawa Ieyasu, a prostituição de homens e mulheres estava amplamente disseminada pelo Japão. O que levou a que o segundo Tokugawa shogun, Hidetada

, criasse um decreto especial no décimo segundo ano do seu reinado (em 1617). De acordo com este decreto, a prostituição era ilegal fora e em especial dentro dos distritos fechados. Sendo estes Shimabara em Heian, Shinmachi em Osaka e Yoshiwara em Edo. Em Yoshiwara, mais de metade das cortesãs japonesas oficiais pertencentes à corte de yūjo trabalhava em Yoshiwara.

Em Yoshiwara, mais de metade das cortesãs oficiais japonesas de yūjo estavam referenciadas. Muitas mulheres foram parar ao distrito da Luz-vermelha quando eram ainda crianças: foram vendidas pelos pais com idades entre os sete e os doze. Algumas tiveram mais sorte e tornaram-se aprendizas de cortesãs de sucesso de classe alta. E quando as raparigas terminavam os seus estudos, elas próprias tornavam-se cortesãs.

Contudo, muitas mulheres de Yoshiwara sofriam com doenças sexualmente transmissíveis. Muitas das yūjo tinham sífilis entre outras maleitas terríveis.

Para as yūjo, deixar Yoshiwara só era possível de duas formas: ou eram compradas por um homem rico para ser sua mulher ou concubina ou se uma mulher as comprasse. Claro que a última hipótese só acontecia se a mulher fosse uma yūjo muito bem-sucedida. Embora fosse raro acontecer: muitas trabalhadoras dos bordéis morriam cedo devido a doenças sexualmente transmissíveis ou de abortos mal sucedidos antes do final dos seus contratos. Tipicamente, o contrato com um bordel findava em cinco ou dez anos, mas muitas mulheres tinham dividas exorbitantes que as prendiam lá para o resto da vida.

Afinal as raparigas tinham de pagar não só o valor da divida pela qual foram compradas. Tal como o total acumulado dos gastos durante a sua aprendizagem no bordel enquanto eram aprendizas. Até que começassem a trabalhar e dar lucro, as raparigas eram da total responsabilidade do bordel. Era lhes providenciada roupa e comida. E todas estas despesas eram eventualmente somadas à sua divida inicial juntamente com uma taxa de interesse.

Comprar-se a si própria não era tarefa fácil. Para além disso os serviços das cortesãs eram pagos pelos clientes ao proprietário do bordel. Estes por sua vez ficavam com a maior parte dos lucros para si. Visto que, manter um bordel não era tarefa fácil. Era preciso comprar aprendizas, comprar bebidas e comida para os clientes. E ainda pagar todos os gastos com a alimentação das aprendizas e trabalhadoras do bordel. Todas estas despesas eram deduzidas dessa percentagem dos lucros que iam para as raparigas. Deste modo, elas nunca recebiam assim tanto dinheiro como podia parecer à primeira vista. Embora os clientes também podessem dar presentes às cortesãs e deixar gorjetas adicionais. Tudo isso ficava para as raparigas.

Mas por outro lado as cortesãs tinham de comprar cosméticos e quimonos para elas próprias. Mas compensava bastante. E era assim que poucas se conseguiam salvar a si mesmas.

... Quanto às classes sociais, estas não estavam fortemente enraizadas na sociedade de Yoshiwara. Qualquer plebeu com dinheiro suficiente era servido de forma igual a um samurai. A permanência de samurais em Yoshiwara não era aprovada, mas eles iam lá na mesma com alguma frequência. A única coisa que lhes pediam era que deixassem as suas armas à entrada do portão.

Ao mesmo tempo, Yoshiwara era uma zona de comércio auspiciosa. A moda na cidade estava sempre a mudar, o que criou uma grande necessidade de consumo de novas roupas e joias. Claro que, tradicionalmente, os trabalhadores do distrito da Luz-vermelha estavam autorizados a usar apenas modestas roupas azuis. Esta regra raramente era seguida. Por exemplo, as cortesãs da mais alta classe, oiran e tayu vestiam frequentemente quimonos bastante vistosos, e o seu cabelo adornado com elegantes e ostentosas joias. A moda representava uma importância tal em Yoshiwara que frequentemente servia de palco às novas tendências, que mais tarde eram encontradas em todo o Japão.

A propósito as cortesãs estavam dividadas por classes e estatutos. Estas incluíam: yūjo — "mulheres para prazer" ou simplesmente prostitutas. Também havia jovens aprendizas kamuro, aprendizas mais velhas shinzô, cortesãs de classe mais baixa hashi e cortesãs de classe alta kôshi (este título era considerado um pouco mais baixo que tayu). E por fim, tayu e oiran — as cortesãs da mais alta classe e mentoras de oiran, yarite. Também havia prostituição masculina.

Para além das cortesãs também havia geishas cujo nome significa "pessoas da arte" e as suas aprendizas as maiko. Ao contrário das cortesãs, as geishas estavam proibidas de enveredar pela prostituição. Assim sendo, elas simplesmente entretinham os seus visitantes com danças, canções, cerimónias de chá e conversavam. Contráriamente às cortesãs, que apertavam o obi (sash) com um simples nó à frente, a geisha apertava o nó atrás. E a geisha apenas podia apertar ou desapertar o nó do obi com a ajuda de uma criada.

E é óbvio que, em Yoshiwara, junto com os clientes habituais havia visitas de vários artistas para desenharem os retratos das beldades, bijin-ga.

Um desses artistas foi Tokitarō, mais conhecido pelo seu pseudónimo Katsushika Hokusai.

. Muitas pessoas o tratavam assim.