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Sete Planetas
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Sete Planetas

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- Não conseguimos encontrá-los, devem ter fugido.

- Não só desfez todas as provas, deixou fugir o comando! Foste um incompetente! Leva-me ao local!

Depois, pensando que não fosse o caso de dar a saber a Mastigo o que estivesse à procura, se corresse:

- Prepara uma equipa, partirei sem ti.

Segundo Capítulo

Por cima das suas cabeças pendia uma espada de rocha

- Fiquemos preparados, poderíamos não receber flores à nossa chegada! – Exclamou Oalif, o mais engraçado do grupo.

Este era composto por quatro expoentes dos planetas que se opunham ao domínio de Carimea, escolhidos pela sua história e as suas capacidades psico-físicas. Juntos formavam uma equipa capaz de afrontar qualquer missão, seja sob o ponto de vista físico como estratégico. A sua tarefa era aquela de defender a paz, não apenas militarmente, mas também através de acções de inteligência e de coordenação entre os povos.

O conselho da coligação dos Quatro planetas os tinha condecorado pelo título de Tetramir, em virtude do qual lhes foram reconhecidas, pelos vários governos, autoridades e funções especiais até à conclusão do seu objectivo.

A naveta comercial atravessava os grandes anéis cinzentos de Bonobo e dirigia-se para o Mar do Silêncio.

As navetas deste tipo, projectadas para o transporte de mercadorias, tinham a forma de paralelepípedo com a parte frontal embotada para dar um mínimo de aerodinâmica e das pequenas asas dobráveis assim que necessário para sair da atmosfera. Atrás, um enorme portaló, que se abria como uma flor em três partes, servia para o carregamento e descarga das mercadorias. Lentas embaraçantes, aterravam e descolavam perpendicularmente no solo, sem a necessidade de espaço para a manobra, como todas as outras navetas.

- Identifiquem-se – chegou do rádio a voz metálica das sentinelas do planeta.

- Somos mercantes, senhor - respondeu Oalif.

- Vejamos, mas quem e o que se encontra a bordo? Vocês têm a licença?

- Sétimo de Oria, senhor.

- Número da licença! – Insistiu a sentinela.

- 34876.

- Não constam na nossa lista, mudem imediatamente a rota, nenhuma permissão de aterragem naquela zona.

- O sinal está fraco senhor, não o oiço, número da licença 34876 - repetiu Oalif fingindo de não estar a ouvir.

- Permissão de aterragem naquela zona recusada!

- Não recebemos senhor – insistiu o Bonobiano e depois dirigindo-se aos membros da tripulação – estamos dentro gente! Estamos a atravessar o nevoeiro do Mar do Silêcio!

Piloto de grande experiência e grande conhecedor do planeta natal, Oalif era um Bonobiano, mas não entrava nos cânones de simplicidade e brandura usualmente atribuídos à esta raça. A sua tribo de pertença não se tinha por acaso curvado aos Anic e por isso tinha pagado um preço altíssimo. Durante a última grande guerra, perdeu o controlo do planeta, tinham sido forçados ao exílio e, hospedados pelos planetas da coligação, organizavam a rebelião interna para a reconquista do planeta.

O corpo de Oalif estava recoberto por pelos pretos que deixavam vislumbrar a pele clara, o contorno dos olhos verdes e as maçãs-do-rosto eram lisas, tinha uma barba espessa que terminava pontiaguda no peito, os cabelos compridos e recolhidos em forma de rabo na nunca.

Oalif era perfeito para esta missão mas infelizmente deveria permanecer a bordo para não atrair olhares indiscretos. Era com efeito procurado, o seu rosto era conhecido e não sabiam quem e o que o grupo teria encontrado.

A naveta aterrou numa verdíssima clareira assolada atravessada por um enorme rio das águas baixas e transparentes que deixavam vislumbrar a profundidade composta por uma grande variedade de rochas com cores vivas, como um quadro impressionista.

- A melhor forma para esconder algo é à luz do dia, Oalif assim que descemos activa os painéis de camuflagem e obrigado… Foste magnífico – felicitou Ulica o Eumenide.

- É incrível este lugar, o nevoeiro que o circunda uma vez dentro evapora e os raios de KIC 8462852 aquecem como em pleno verão – chamou a atenção assim que esteve fora da naveta Zàira de Oria.

- Despachemo-nos, temos pouco tempo para achar um refúgio antes de anoitecer, Mastigo não nos vai dar muito tempo para encontrar o mosteiro – ordenou Xam do Sexto Planeta, quarto componente do grupo.

- Avancemos ao longo do rio – propôs Zàira – a floresta que o circunda cobrir-nos-á enquanto avaliamos o melhor percurso.

Entranharam-se na vegetação, Xam e Zàira abriam caminho enquanto Ulica avaliava a direcção por seguir para alcançar uma aldeia Bonobiana onde contavam em restaurar-se e encontrar informações sobre o mosteiro de Nativ, o alvo deles.

Xam, guerreiro do Sexto Planeta, humano, durante as últimas guerras tinha-se distinguido por coragem e humanidade.

Era um jovem adulto, alto e de um físico escultural, tinha a pele clara e os cabelos encaracolados, curtos e bastante pretos como os seus olhos, os seus longos lábios escondiam-se por baixo da espessa barba densa de caracóis. Nos calções aderentes trazia um cinturão multifuncional altamente tecnológico, concebido pelo seu povo para fazer frente às situações de defesa ou sobrevivência. O resto do seu corpo estava coberto por um gel usado por Sistiani para manter a temperatura corporal estável em qualquer condição meteorológica.

Zàira, sua contemporânea, era de Oria, o planeta da atmosfera reduzida. Uma morena couraça natural a recobria, partindo da ponta da testa, para alargar-se ao longo de toda coluna até à cauda, era a feição distintiva da sua raça. Uma curta e densa pelugem branca cobria o resto do corpo, excepto o rosto com feições humanas onde destacavam-se os seus maravilhosos olhos cinzentos verdes. Na testa, nos lados da couraça, tinha dois tufos de cabelos brancos que ligavam-se atrás da cabeça e terminavam numa trança que descia até aos ombros.

Ulica, a mais jovem do grupo, cientista e matemática de alto nível, era de Eumenide. Fina e elegante como uma borboleta… o seu corpo estava recoberto por um véu natural, cor verde de água e transparente como asas de borboleta.

Abrindo os braços desdobrava umas asas verdadeiras que lhe permitiam de pairar. Eriçadas e estendidas nos dorsos de ambas as mãos, por assim dizer parecia uma decoração, subtis línguas de seda alongavam-se à medida dos seus desejos para ser utilizadas como chacota ou chicote.

A procura durou mais do previsto por causa de um mau funcionamento do detector da posição causado pelos estranhos efeitos nos aparelhos que se verificam no Mar do Silêncio. O imprevisto os distanciou do rio despistando-os e causando um atraso dalguns dias ao seu prospecto de marcha.

Apercebendo-se finalmente do problema, recuaram seguindo os seus passos e bordejaram o rio até que avistaram uma clareira. Os seus olhos debruçaram-se sobre uma serie de pequenas cabanas dispostas em círculo, tendo na parte central um cavalete usado para cozinhar em comum a carne de caça. As paredes eram construídas com troncos de bambu gigante, ligados juntos bem lacrados com lama e extractos de capim. As coberturas, constituídas por entrelaçamentos de folhas de palmeira, no topo tinham um furo, que servia em substituição da malha.

Com a sua grande surpresa, aperceberam-se que a aldeia encontrava-se mais próximo do previsto ao lugar onde tinham aterrado.

Todos os habitantes, à vista dos estrangeiros, fugiram por toda a parte, enfiando-se nas suas habitações, pareciam bolas de bilhar batidas pela bolinha no inicio da partida.

Encontravam-se diante de uma das poucas tribos bonobianas que não quisera ceder à vontade dos Anic, refugiando-se naquele lugar impenetrável.

Não escaparam à vista das sentinelas, passou apenas algum tempinho e diante deles apresentaram-se alguns guerreiros armados em lanças.

- Viemos em paz – apressou-se dizendo Xam.

- Nós também queremos a paz – afirmou o mais barrigudo dos guerreiros, que provavelmente era o chefe deles.

- Por isso queremos que vão embora!

- Não estamos arranjar sarilhos, precisamos da vossa ajuda, Oalif nos falou da vossa coragem.

- Oalif nos abandonou há muitos anos. O que vieram fazer?

- À procura do mosteiro de Nativ.

- Para quê?

- Estamos aqui por uma missão de paz que envolve todos os povos.

- Muitos celebram a paz mas depois desencadeiam a guerra.

- Mas nós, como podes ver, não somos Anic. Sou Xam dos Tetramir, já ouviram falar de nós…

- Xam do Sexto Planeta?

Xam anuiu.

- Chamem o sábio – ordenou o guerreiro barrigudo.

Xam não estava à espera de ver saindo da cabana um seu companheiro de tantas batalhas e o chamou pelo nome:

- Xeri! Eis onde viste parar, pensava que te tinha feito desaparecer.

- Xam? O quer fazes aqui, meu amigo? Morreu apenas a minha alma de combatente: vi muitos jovens amigos a morrer.

- Rever-te deixa-me feliz - exclamou Xam abraçando o velho amigo.

- Eu também, mas o que vos traz aqui? Onde está Oalif?

- Se tivesse sabido que te encontras aqui não o teríamos retido na naveta.

Procuramos o mosteiro de Nativ.

- Então não vos serve ir longe, basta erguer os olhos. Encontra-se na ilha flutuante.

Os Tetramir ergueram o olhar para cima e viram que, precisamente por cima das suas cabeças, pendia uma espada de rocha enorme contendo no topo umas árvores que ocultavam a vista de toda ilha.

- Como faremos para ali chegar?

- Não fica perto como pode parecer, não se iludam, ninguém conseguiu de maneira alguma alcançá-la. Muitos tentaram inutilmente chegar ali – continuou Xeri – a distância que vos separa da ilha ficará sempre a mesma de todas as formas procurem de alcançá-la, é como se encontrasse numa outra dimensão.

Reparem em volta. Não projecta nenhuma sombra no solo.

Não tiveram o tempo para dirigir de novo os olhos no seu amigo, que um assobio atingiu a sua atenção. Viram cair no chão Xeri, Xam correu para o socorrer mas percebeu que era bastante tarde.

- Todos ao abrigo – Gritou.

- Às armas – gritou o chefe guerreiro.

De novo as bolas de bilhar espalharam-se, mas desta vez os buracos encontravam-se no mato da selva.

A batalha alastrava-se, os soldados de Mastigo tinham chegado mais rapidamente do previsto. Alguns meninos tinham ficado petrificados pelo medo no centro da aldeia.

- Devemos fazer alguma coisa – disse Xam, mas não foi a tempo de terminar a frase que a Oriana já tinha-se precipitado sobre eles para protegê-los com a sua couraça envolvendo-os.

Xam cobriu o seu afastamento abrindo fogo, enquanto Ulica, subida rapidamente numa árvore graças as suas dimensões de seda, planou silenciosa sobre os soldados de Mastigo escondidos entre as moitas, como um falcão sobre a sua presa, e os atacou até a morte.

Cessados os ataques as mulheres correram para recuperar os meninos entre os braços de Zàira, Xam e Ulica precipitaram-se ao encontro dela.

A praça estava vazia, um vento levantou-se fortíssimo, como um pequeno redemoinho dirigiu-se para o centro da aldeia sem destruir nada ao longo do seu trajecto. Zàira, Xam e Ulica sentiram os seus movimentos endurecer-se e, como quem está retido por magia, não conseguiram fugir. Rodopiaram durante vários segundos antes de serem depositados no limite de um grande litoral daquela ilha flutuante.

Durante um tempinho Ulica sentiu-se suspensa no vazio. A cabeça ainda girava como quando desde criança por brincadeira, agarrando pela mão as amigas, rodeava até mais que podia, mas recuperou e procurou os seus companheiros da viagem.

Xam já tinha encontrado Zàira, que tinha perdido os sentidos, e estava ao lado dele de joelhos: os seus olhos escuros estavam cheios de tristeza, um fraco por aquela Oriana o tinha sempre acompanhado.

Ulica aproximou-se a eles e, realista como sempre, começou a controlar Zàira para perceber o que fazer, apalpou-lhe o pulso e disse:

- Batimento lento mas normal, o seu corpo esta a tentar minimizar o esforço para recuperar.

Girou-a lentamente para ver onde a teriam atingida, tirou-lhe o vestido que trazia amarrado atrás do pescoço e deixava descoberta as costas que permitia de se enrodilhar se necessário e a cingia nos flancos nas ilhargas até à metade da coxa.

- Está ferida na ilharga direita, atrás da coluna, felizmente de raspão, a sua couraça lha protegeu.

Não tinha perdido muito sangue, o laser tinha causticado em parte a ferida que não era profunda.

- Não parece que tenha atingido os órgãos vitais ou já estaria morta – continuou Ulica.

Xam a reparava estupefacto, aquele homem indómito que durante a batalha não destilava uma gota de medo e piedade pelos seus inimigos, habituado aos campos de batalha onde o horror da guerra e do sangue eram algo comum, não conseguia falar.

Acenou com a cabeça que concordava.

- Devemos encontrar um lugar para cuidar a ferida – sugeriu Ulica.

Xam já tinha segurado no braço de Zàira e se dirigia para aquilo que parecia um templo, no cume de uma colina verdíssima.

A sua aproximação e o seu cheiro lhe levaram outra vez à razão quando desde menino Zàira tirou-o fora do Canyon dos Cristais sobre Oria, tinha acontecido num dos poucos períodos em que deixava a academia, para ele única família conhecida.

Durante as ferias, quase todos os amigos do curso regressavam às suas famílias. Nem todos os rapazes tinham esta sorte: alguns eram órfãos, como Xam; outros permaneciam porque as suas famílias eram bastante ocupadas pelas suas necessidades laborais; outros ainda, pelo contrário, pertenciam às famílias onde realmente a demasiada carga de trabalho não permitia o seu regresso. Para todos eles vinham organizados alguns campos de verão e muitas vezes o destino era Oria.

Neste planeta, a atmosfera era rarefeito por causa das suas pequenas dimensões que comportavam uma baixa força gravitacional. Todos aqueles que não eram Orianos deviam usar um pequeno compensador de ar para obter uma oxigenação perfeita, sem o tal se sentiria como quem está no cume de uma montanha que supera os oito mil metros.

A estadia no campo estival de Oria era marcada por um monte de tarefas mas no fim das actividades diárias, Xam encontrava-se a mandriar nos arredores do campus, nas quais vizinhanças encontrava-se a fazenda do pai de Zàira e foi ali que a conheceu.

Naquele Verão a amizade deles solidificou-se. Como todos os adolescentes amavam arranjar sarilhos mais ou menos graves. Zàira, efectivamente, naquele Verão contou a Xam sobre um lugar que a ela parecia encantador, não revelou toda a verdade, manteve secreta uma parte para não estragar a surpresa e acima de tudo escondeu que os adultos o proibiam pela sua perigosidade.

Foi desta forma que arrastou o amigo naquela aventura no deserto. Pediu a Xam para calçar as botas mais pesadas que possuísse e não quis que levasse alguns amigos consigo, deveria permanecer um lugar secreto.

Caminharam muito, Xam não conseguia perceber o porquê, naquele dia de calor tórrido, Záira lhe tivesse dito para calçar aquelas malditas botas.

Zàira não era por acaso uma grande conversadora, percorreram uma boa parte do troço em silêncio até que Xam cansado lhe perguntou:

- Ainda falta muito?

- Não sejas um zero, estamos quase lá – respondeu Zaíra.

- Espero que valha a pena!

- Verás que será assim. Bastar-nos-á chegar no topo daquela subida.

- Então vejamos quem chega primeiro – gritou Xam começando a correr.