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O Regresso
O Regresso
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O Regresso

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"Estou analisando os dados nesse momento. A telemetria indica uma mudança de 0,01 grau sem uma razão aparente. Tudo parece funcionar corretamente."

"Poderia ter sido atingido por um pedaço de rocha", arriscou o engenheiro sênior. "No fundo, o cinturão de asteróides, não é tão longe."

"Juno é praticamente na órbita de Júpiter, e lá não deveria haver nenhum", afirmou com grande tato o jovem.

"Então, o que aconteceu? Tem que haver uma falha de algum tipo." Pensou por um segundo, então, ordenou: "Eu quero um duplo controlo sobre toda a instrumentação de bordo. Os resultados dentro de cinco minutos no meu computador" e desligou.

O jovem engenheiro foi subitamente consciente da responsabilidade que tinha recebido. Observou as próprias mãos: tremiam ligeiramente. Decidiu ignorá-las. Pediu ajuda a um colega para executar um Check-up diferencial da sonda e cruzou os dedos. Os computadores começaram a realizar sequencialmente todos os controles programados, e alguns minutos mais tarde, em sua tela, apareceram os resultados:

Check-up completo. Todos os instrumentos estão em funcionamento.

"Parece tudo em ordem", disse o colega.

"Então o que aconteceu? Se não descobrirmos dentro dos próximos dois minutos, o chefe vai nos massacrar ", começou fervorosamente a digitar no teclado que estava na frente dele.

Nada de nada. Funciona tudo perfeitamente.

Tinha que inventar alguma coisa e rapidamente. Começou a tamborilar os dedos sobre a mesa. Continuou por cerca de dez segundos, em seguida, decidiu apelar para a primeira regra não escrita no manual de conduta no local de trabalho: nunca contradizer o chefe.

Ele abriu o microfone e disse rapidamente: "Chefe, você estava certo. Foi apenas um pequeno asteróide troiano que desviou a sonda. Felizmente, ele não bateu diretamente, mas é só passou perto. Evidentemente, a massa do asteróide criou uma pequena força gravitacional no nosso Juno, assim, causando a ligeira modificação do curso. Estou mandando os dados" e prendeu a respiração.

Depois de intermináveis segundos, no auricular veio a voz orgulhosa do chefe "Eu tinha certeza. Rapaz, o instinto do velho lobo nunca erra." E acrescentou: "Preparem para ativar os motores da sonda e corrigir a rota. Não se admitem erros." e fechou a chamada. Um segundo depois reabriu dizendo: "Bom trabalho, rapazes."

O jovem engenheiro percebeu que o sangue recomeçava a fluir em seu corpo. Seu coração batia tão forte que podia senti-lo batendo em meus ouvidos. No fundo, poderia ser exatamente o que aconteceu. Ele virou seu olhar para o colega e, erguendo o polegar, fez o sinal de ok. O outro respondeu com uma piscadela. Tinha andado tudo bem, pelo menos até agora.

Nassíria - Depois Do Jantar

O sistema de registro emitiu um duplo bipe e se reativou. A voz da doutora voltou a ser reproduzida pelo pequeno alto-falante no interior da máquina. "Acho que é hora ir, Jack. Amanhã de manhã eu vou ter que levantar cedo para continuar as escavações."

"Ok." respondeu o Coronel. "Vou agradecer o chef, e depois podemos ir."

"Porca miséria", disse o magro. "Por causa sua perdemos a melhor parte."

"Vamos lá, não fiz de propósito" justificou-se aquele mais gordo. "Podemos sempre dizer que houve um mau funcionamento do sistema e que parte do discurso não fomos capazes de gravar."

"Sou sempre eu que tenho que cobrir a tua estupidez" disse o outro.

"Vou me fazer perdoar. Eu já tenho um plano para colocar as mãos sobre o tablet da nossa doutora." Ele colocou o nariz entre o polegar e o indicador, depois disse: "Vamos entrar esta noite em seu quarto e copiar todos os dados sem que ela perceba."

"E para não acordar ela o que vamos fazer, uma canção de ninar?"

"Não se preocupe, amigo. Eu tenho alguns truques na manga" e piscou.

Enquanto isso, no restaurante, Jack e Elisa estavam se preparando para sair. O Coronel ligou o comunicador portátil e contatou a escolta "Nós estamos saindo."

"Aqui fora é tudo livre, Coronel", respondeu uma voz no fone de ouvido.

Com um comportamento prudente, o Coronel abriu a porta e com atenção olhou fora. Do lado de fora, em pé ao lado do carro, ainda havia o soldado que tinha acompanhado Elisa.

"Você pode ir" ordenou o Coronel. "Acompanho eu a doutora."

O soldado ficou em posição de sentido, saudou e disse algo em seu comunicador, antes de desaparecer na noite.

"Foi uma noite maravilhosa, Jack." disse Elisa saindo. Respirou profundamente o ar fresco da noite e disse: "Era da muito tempo que não passava uma noite assim. Muito obrigada" e abriu um dos seus maravilhosos sorrisos.

"Vamos, não é muito seguro ficar ao ar livre nesta área", e assim dizendo, abriu a porta e ajudou a doutora a entrar no carro.

O grande carro escuro, dirigido pelo Coronel, partiu veloz, deixando para trás uma grande nuvem de poeira.

"Eu também me diverti muito. Eu nunca pensei que uma noite com uma "doutora pedante" poderia ser tão agradável."

"Pedante? É assim que me considera?" e virou do outro lado fingindo estar ofendida.

"Pedante sim, mas também muito simpática, inteligente e muito sexy." Como ela estava olhando para fora, ele aproveitou a oportunidade para acariciar suavemente o cabelo atrás da cabeça.

O contato causou-lhe uma série de arrepios agradáveis que percorreram a coluna vertebral. Não podia ceder tão cedo. A sua excitação, no entanto, estava crescendo cada vez mais. Decidiu não dizer nada, e aproveitar aquela agradável e pequena massagem. Jack, encorajado com a falta de reação contrária ao seu gesto, continuou acariciando o longo cabelo. De repente, ele começou a deslizar sua mão, primeiro em seu ombro, em seguida, no braço, seguindo mais e mais para baixo, até tocar seus dedos suavemente. Ela sempre virada para a janela, pegou a sua mão e segurou com firmeza. Era uma mão grande e forte. Esse contato lhe dava segurança.

Não muito longe dali, um outro carro escuro estava seguindo os dois, tentando desvendar algum outro diálogo interessante.

"Aqueles dez dólares, creio, estão mudando de estrada, meu velho", disse o homem gordo. "Agora a leva no hotel, ela o faz subir para uma bebida e vão nos finalmentes."

"Reza para não vai acabar assim, ou quero ver como nós vamos copiar os dados do dispositivo."

"Caralho, não tinha pensado."

"Você nunca pensa alguma coisa que não tenha a chance de acabar nesse seu estômago sem fundo."

"Vai, não fique muito longe", disse o gordo, ignorando a provocação. "Não quero perder novamente o sinal."

Ficaram mão na mão, sem dizer nada. Ambos olhando para fora do pára-brisa. O hotel estava sempre mais perto e Jack se sentia tão desajeitado. Não era a primeira vez que ele saia com uma mulher, mas naquela noite, sentia ressurgir toda a timidez que o havia torturado na sua juventude, e que achava tivesse passada. Esse contato tão prolongado estava paralisando ele. Talvez ele devesse falar alguma coisa para quebrar o silêncio constrangedor, mas temendo que qualquer palavra arruinasse esse momento mágico, decidiu adiar.

Ele agradeceu a transmissão automática que não obrigava deixar a mão dela para mudar de marcha e continuou a dirigir na noite.

A Elisa, no entanto, voltavam à mente, um por um, todos os supostos "homens da sua vida." Diferentes histórias, tantos sonhos, projetos, alegrias e felicidade, mas, no final, sempre tanta decepção, amargura e dor. Era como se o destino já tinha decidido tudo para ela. Tinha sido traçado para ela um caminho cheio de satisfações e reconhecimento em nível profissional, mas parecia que não era previsto alguém ao seu lado para acompanhá-la. Lá estava, em um país estrangeiro, na noite, de mãos dadas com um homem que até o dia antes considerava apenas como um obstáculo aos seus planos e que agora passava tanta ternura e carinho. Mais de uma vez se perguntou o que deveria fazer.

"Tudo bem?" perguntou Jack com preocupação, vendo os olhos dela sempre mais lacrimejantes.

"Sim, obrigada Jack. É só um momento de tristeza. Já vai passar."

"É, talvez, minha culpa?" perguntou depressa o Coronel. "Eu falei ou fiz algo errado?"

"Não, ao contrário." ela respondeu rapidamente e com uma voz muito doce e acrescentou: "Fique comigo, por favor."

"Estou aqui. Não se preocupe com nada. Não vou deixar que nada te aconteça, ok?"

"Obrigada, muito obrigada", disse Elisa enquanto tentava enxugar as lágrimas que lentamente caíam por suas bochechas. "Você é um tesouro." Jack permaneceu em silêncio e apertou a mão ainda mais forte.

O letreiro do hotel apareceu no fim da estrada. Fizeram todo o caminho sem dizer nada. Em seguida, o Coronel diminuiu a velocidade e parou o carro junto à entrada. Os dois se olharam intensamente. Por um lungo momento ninguém se atreveu a dizer nada. Jack sabia que seria sua vez de dar o primeiro passo, mas Elisa se lhe antecipou: "Agora você deve me dizer que foi uma bela noite, que sou maravilhosa e eu devo convidá-lo a subir para uma bebida"

"Sim, a práxis o impõe", disse Jack. "Deveria ser assim se você fosse uma como todas as outras, mas isso não é o que eu penso." Ele respirou fundo e continuou. "Eu acho que você é uma pessoa muito especial e essa noite juntos me deu a oportunidade de conhecê-la melhor e descobrir muitas coisas que nunca pensei encontrar em uma 'arqueóloga'."

"Eu tomo isso como um elogio", disse ela, tentando alegar a situação.

"Por trás dessa armadura de mulher forte e indestrutível, acredito que se esconde uma menina delicada e assustada. Você é uma garota doce e com uma sensibilidade única"

Talvez ele iria se arrepender do que estava dizendo, mas tomou coragem e continuou, "Francamente, eu não me importo com uma noite de sexo para ser arquivada depois, como tantas outras absolutamente inúteis e que na manhã seguinte não deixam nada além de um imenso vazio. De você eu quero mais. Eu sempre gostei muito de você, confesso." Agora ele não podia mais parar. Pegou as duas mãos dela, apertou com as suas e continuou. "Desde que te conheci pela primeira vez em meu escritório, percebi que em você havia algo de particular. Inicialmente eu estava, obviamente, atraído por sua beleza, mas, em seguida, a sua voz, a maneira de falar, seus gestos, a maneira de andar, seu sorriso..." parou por um momento, em seguida, acrescentou:"o seu encanto me enfeitiçou. Você roubou o meu coração. Eu não acho que eu já não podia pensar em uma vida sem você e não vai ser o fim dessa noite que vai me fazer mudar de idéia."

Elisa, que certamente não esperava tal declaração, ficou muda por um momento, em seguida, ainda olhando em seus olhos, aproximou-se dele lentamente. Hesitou por um momento, então o beijou.

Foi um beijo longo e intenso. Emoções antigas e novas surgiram nas mentes de ambos. Elisa repente parou o beijo e, permanecendo apenas a poucos centímetros dele, disse, "Obrigada por suas palavras, Jack. Nem eu queria que o nosso encontro terminasse com uma triste noite de sexo. Essa noite me deu a oportunidade de saber mais sobre você e apreciar o tipo de homem que você é. Eu também nunca teria pensado em encontrar, atrás de um áspero "Coronel", uma pessoa tão delicado e sensível. Devo confessar que não sentia o meu coração batendo tão forte há muito tempo. Eu já não sou mais uma garotinha, eu sei, mas não quero estragar tudo agora fazendo você subir. " Fez uma longa pausa, depois acrescentou: "Eu gostaria muito me encontrar com você novamente."

Ela o beijou de novo, saiu e entrou correndo no hotel. Tinha medo de que, se olhasse para trás, não seria capaz de respeitar o que ela tinha dito.

Jack a seguiu com os olhos até desaparecer além porta giratória do hotel. Ficou observando as portas girando até pararem completamente. Nesse ponto, deu uma última olhada no letreiro piscante do hotel, em seguida, apertou o acelerador e, com um grito agudo de pneus, desapareceu na noite.

As duas figuras sombrias, que seguiam o casal, estacionaram o carro na parte de trás do hotel tomando cuidado para não serem notados. De lá, podiam ver a janela do quarto de Elisa, que depois de menos de um minuto, se iluminou.

"É entrada e está sozinha" disse o gordo.

O magro logo lembrou ao outro que tinha perdido a aposta. "Amigo, desembolsa a grana", e fez o gesto de esfregar com o indicador e o polegar.

"Bem, esperava de tudo, menos que fosse acabar assim", disse o homem obeso. "Nosso querido Coronel parece estar caidinho."

"Sim, e ela também parece não ficar pra trás."

"Realmente um lindo casal'', disse o homem gordo com a sua habitual risada. "Agora vamos esperar até que a garota vá pra cama, depois, entramos no quarto dela e copiamos todos os dados do tablet." Saiu do carro e acrescentou: "Enquanto isso, prepare o equipamento, e controla se a luz se apaga."

Elisa se sentia torturada por mil pensamentos. Tinha feito bem em deixa-lo assim? O que ele estaria pensando? Ele realmente queria vê-la novamente? A final, foi ele mesmo a propor um adiamento. Sem dúvida, Jack tinha lhe dado uma ótima demonstração de seriedade. Eram realmente sinceros os sentimentos que, com tantas palavras maravilhosas, tinha expressado ou eram apenas uma estratégia para joga-la cada vez mais em uma rede inteligentemente preparada? Não iria suportar uma outra decepção amorosa, mais dor, mais sofrimento. Decidiu não pensar, por enquanto. O objetivo que havia estabelecido em si tinha sido alcançado: o Coronel havia concedido mais duas semanas para concluir a sua pesquisa. O resto eram apenas 'expectativas' e agora ela tinha aprendido a não fazer muitas ilusões. Ela não podia dar-se o luxo de cair em trápola novamente. Não seria capaz de se levantar mais uma vez.

Tirou a roupa e se jogou na cama. O álcool tinha feito o seu efeito. Agora, o seu maior desejo era apenas dormir profundamente. Apagou a luz e quase no mesmo instante adormeceu.

Jack, enquanto dirigia em direção à base, pensava mais ou menos as mesmas coisas. Havia decepcionado ela? Ela realmente queria vê-lo novamente? Apesar de tudo, tinha certeza de ter feito uma boa impressão passando, de maneira tão nobre, a oportunidade de ir para a cama com ela. Poucos outros teriam feito e era certo que ela tinha apreciado. Afinal, se realmente estava começando alguma coisa, teriam todo o tempo do mundo para ficar juntos. Um dia a mais ou a menos não faria qualquer diferença.


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