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Mercedes Sosa - Uma Lenda
Mercedes Sosa - Uma Lenda
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Mercedes Sosa - Uma Lenda

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Mercedes Sosa - Uma Lenda
Anette Christensen

Mercedes Sosa - Uma Lenda, traça a jornada espiritual, política e artística de Sosa, e explora o segredo por trás do significativo impacto gerado por ela. A narrativa traz um perfil psicológico que revela como a criação, circunstâncias políticas e tragédias pessoais moldaram a vida e a carreira de Sosa.

A cantora popular argentina Mercedes Sosa foi uma artista de alto nível, cuja influência foi muito além das fronteiras da música. Apelidada de “A voz dos sem voz”, Sosa foi uma força dinâmica na configuração da América Latina, transmitindo a garra e a chama necessárias para uma mudança cultural, pessoal e política.

Hoje, sua vida permanece como um exemplo de como o poder heróico da voz de alguém é capaz de fazer uma diferença significativa nas questões humanas. Sosa foi uma artista que transformou o sofrimento pessoal em arte e ativismo visando um mundo mais empático e solidário. Sua vida é para todos nós uma inspiração nos tempos conturbados em que vivemos.

Mercedes Sosa - Uma Lenda explora o segredo por trás do significativo impacto gerado por ela e revela como a criação, circunstâncias políticas e tragédias pessoais moldaram sua vida e carreira.

Se gosta de mulheres corajosas e histórias originais de heroísmo, solidariedade e compaixão, então vai amar esta poderosa biografia.

”Uma homenagem sincera e afetuosa que honra a vida da minha mãe” - Fabián Matus, filho de Mercedes Sosa e presidente da Fundação Mercedes Sosa

“Se Mercedes o tivesse abraçado, você jamais esqueceria. Ela tinha o talento de abraçar as pessoas como ninguém mais no mundo; a sensação era sempre a de ter sido abraçado pela própria Mãe Natureza. Ela abraçou a todos nós com sua voz, com essa inigualável voz de bel canto que sempre foi uma expressão pura de sua alma. Nunca houve nada de artificial nessa mulher maravilhosa, essa mulher corajosa, esse ícone de destemida resistência à ditadura militar. Para mim, ela irradiava o que de mais importante há em um grande ser humano: bondade.”

- Konstantin Wecker, cantor e poeta, Alemanha

“Nesta obra, você encontrará uma nova e tocante perspectiva sobre a nossa amada Mercedes. É uma homenagem sincera e afetuosa que honra a vida da minha mãe. Obrigado, Anette, por todo o seu esforço, em nome da Fundação Mercedes Sosa.”

- Fabián Matus, filho de Mercedes Sosa e presidente da Fundação Mercedes Sosa até o seu falecimento, em março de 2019.

Anette Christensen

Mercedes Sosa

Uma Lenda

Um tributo à vida de uma das

maiores artistas da América Latina

(1935 – 2009)

Traduzido por Mariana D'Angelo

Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida em nenhum

meio escrito, eletrônico, gravado ou fotocopiado sem a

permissão por escrito da editora ou da autora. À exceção no caso

de citações breves incorporadas em artigos críticos ou resenhas,

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a autora e a editora não assumem nenhuma responsabilidade por

erros ou omissões. Não será assumida nenhuma responsabilidade

por danos que possam resultar do uso de informações aqui contidas.

Editora: Tektime

Editores: Daniel Loedel - NY Book Editors e David Larkin

Tradução: Mariana D’Angelo

Capa: © Mariana D'Angelo

Projeto Gráfico: © Tribute2Life Design

Ilustrações de Abertura de Capítulos: © Monica Gaifem

Desenhos Internos: © Anette Christensen

Fotografia da Autora: © Pernille Schmidt

Fontes Utilizadas: Lora e Antonio

(Capa Comum)

(eBook)

Primeiras Edições

Original title: Mercedes Sosa More than a song

Mercedes Sosa-Uma Lenda

© 2020 de Anette Christensen. Todos os direitos reservados.

Dedicatória

Em homenagem a Fabián Matus, filho de Mercedes Sosa, falecido em 15 de março de 2019, menos de dez anos após a morte de sua mãe. Você trabalhou de corpo e alma para sua mãe enquanto estava viva, e talvez ainda mais para estabelecer o legado dela após a sua morte.

Às Avós da Praça de Maio, que mesmo em uma idade avançada, ainda estão ativas na busca pelos filhos roubados de seus pais e entregues aos generais durante a Guerra Suja. Vocês são um exemplo para todos nós, de que idade não é impedimento para mudar o mundo.

Às pessoas que Mercedes Sosa amou e ajudou durante toda a vida. Aqueles que sofrem com o fardo da pobreza, da perseguição, da censura, da tortura e de qualquer forma de injustiça social, como os indígenas, os marginalizados, os oprimidos, os desabrigados, os órfãos, os deprimidos, os solitários e todos aqueles que nunca foram vistos e amados por quem são.

Índice

Prefácio por Maria Rita (#u5d887b6a-b751-5331-9508-8f429c94798b)

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Introdução (#u10dd5820-378b-5a91-a8e9-5822dcbe42cb)

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Dinamarca, 4 de outubro de 2009 (#u94bce307-88f0-55e2-b975-280d9a7b945f)

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Buenos Aires, 4 de outubro de 2009 (#udebb2e6d-e07e-52ca-99df-c1ee330725f7)

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Tempo antes do exílio (#u98c7b8b7-eb1e-5c8b-86b9-c8fceefafeef)

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Exílio (#u5a4af3fb-58d8-5b83-a22d-569163d02467)

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Tempo depois do exílio (#u0c1101ab-c76e-5c61-9f1e-110fe02f840e)

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Doença e os últimos anos (#u74492443-14d4-5cc1-916a-1ba290d59412)

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Conclusão (#u893ea08f-f736-5d0a-b72c-69fb0bd3a7f9)

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Epílogo (#u1a3be0c9-1c37-5130-a74f-7eac92bfb2a2)

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Depoimento - Raimundo Fagner (#u7253245c-5378-5c57-bbd8-7260bbbe3d68)

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Apêndices (#u28cfaf9e-6e30-5464-9098-c76af1066dd0)

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Sobre a autora (#u550da803-53f1-57f8-bbaf-59fe568e2835)

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A Fundação Mercedes Sosa (#u79647f0d-6112-5d72-87b8-9d55f3c727a3)

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Notas finais (#uac115273-1c52-5d8d-8b40-e2dbf8b67346)

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Gravações (#ue8e27beb-110a-5476-9384-9cedc7d2d186)

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Fontes (#u971887bc-98af-589f-ac70-4b52f4b39cea)

Bibliografia (#u9178b5f2-b3aa-54e6-af77-41d81457959a)

Prefácio por Maria Rita

Eu não me lembro quando conheci Mercedes Sosa — de nome, pelo menos, não. Fico provocando minha memória, tentando resgatar um momento que seja — mas o que volta para mim de concreto é a minha própria voz cantarolando “Gracias a la vida”. Eu devia ter uns 14, 15 anos. Foi na época que eu busquei conhecer minha mãe, entender aquela mulher pr’além da cantora: a força, a entrega, a beleza, a inteligência, a sensibilidade, a coragem. Durante esse período alguém me deu algum disco e essa canção (ou seria um hino?) apareceu com toda a profundidade que tem. Me arrebatou. E me despertou para uma outra voz, que também cantou essa mesma canção. A voz de uma mulher também forte, entregue, bela, inteligente, sensível, corajosa. Era Mercedes Sosa.

Quando estudava na NYU (1996 — 2000), fiz “estudos latino-americanos”, além de “comunicação social”, e pude mergulhar um pouco mais na realidade dessas mulheres todas, na realidade de um tempo que há muito tinha ido mas que, por algum motivo, vibrava forte em mim. Construí uma ponte entre essas mulheres à frente do tempo. Destemidas, apesar de tanta sombra. Entendi o papel social da mulher naquele período triste, entendi a fibra da mulher, em especial da mulher latino-americana.

Ouvir Mercedes me trazia um colo, um entendimento do que é ser força, do que é ser arte. (especialmente por que ouvir minha mãe me causava uma dor, uma saudade que nem sempre foi fácil de lidar). Era uma voz que me causava uma emoção inexplicável. Sua versão de “Gracias a la vida”, tão absolutamente diferente da versão de minha mãe, me instigou: como é que Mercedes conseguia trazer tanta doçura e leveza à uma narrativa que, em outra voz, soava como uma demanda, um rasgo na alma?

Tenho para mim que encontrei a resposta no dia que a conheci pessoalmente, na sala de estar do seu apartamento em Buenos Aires. Ela era tudo isso: uma força descomunal saindo de um corpo pequeno, olhos brilhando e me olhando firme, um abraço silencioso que disse tanto. Eu, ali, entendi que Mercedes sabia que nem tudo precisava ser rasgo na alma, e que também podemos fazer revolução com doçura e leveza. Mercedes me trouxe uma calma que eu, honestamente, não imaginei que sentiria diante de tamanha lenda. Mercedes me olhou e me abraçou e me acolheu como quem entende o peso da história, o tamanho de sua contribuição para essa história. Me acolheu com respeito e com saudade. Me observou com generosidade. Mercedes, para mim, é toda essa complexidade que só uma mulher poderia ser. E ela me inspira justamente por isso. Me inspira a ser vida, a ser arte, a ser o olhar adiante. Me inspira a carregar a doçura e o rasgo na mesma alma feminina. Seja em meio à sombra, seja em meio à luz. Cheia, repleta, completa. Gigante!

Maria Rita, Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2020

Mercedes Sosa e Maria Rita: Gracias a la Vida, ao vivo (https://www.youtube.com/watch?v=ZMVIpuKaLe4&list=PL5PuhOi-6caSe9qrHR_XJKQhJEZTsxSYw&index=1)

www.maria-rita.com (http://www.maria-rita.com)You Tube (https://www.youtube.com/user/mariaritaoficial)Facebook (https://www.facebook.com/MariaRitaOficial/)Instagram (https://www.instagram.com/mariaritaoficial/)

Introdução

FOI EM 4 DE OUTUBRO de 2009, quando sua morte foi anunciada no noticiário, que eu vi Mercedes Sosa pela primeira vez. Era um curto vídeo onde ela cantava “Gracias a la vida” em um show acústico na Suíça em 1980. A primeira coisa que me impressionou foi sua autenticidade. Eu podia sentir que ela era uma pessoa verdadeiramente íntegra. O que ela expressava parecia estar em completa sintonia com quem ela era. A intensidade e a firmeza em sua voz, o entoar de cada nota e de cada palavra pareciam refletir a minha alma. Sua sensibilidade, profunda paixão, presença marcante e carisma me emocionaram intensamente. Comecei a ver e ouvir Mercedes Sosa na internet e logo me vi completamente imersa em sua vida — um universo de música e amor. Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu a assistia e ouvia suas músicas, e intuitivamente comecei a usar seus olhos como um espelho, refletindo aquilo que eu havia perdido na infância. Em seus olhos encontrei o olhar de uma mãe, um olhar que dizia: “Eu vejo quem você é, e para mim você é maravilhosa”.

Como a descoberta de Mercedes Sosa teve um impacto tão profundo e inquietante em mim, comecei a procurar por qualquer informação que conseguisse encontrar sobre ela. Logo descobri que não era só eu que me sentia revigorada e transformada em sua presença. Ao me aprofundar na vida de Mercedes, descobri que seus fãs muitas vezes se referiam a ela como uma “presença mística”. Isso despertou minha curiosidade em saber mais sobre sua vida pessoal — a relação que tinha com a família, os fãs e os amigos, e também sobre os eventos que moldaram sua vida pessoal e profissional. Eu embarquei em uma jornada para descobrir o segredo por trás de seu enorme impacto e dessa tal “presença mística”.

O que descobri me afetou em vários níveis. Ver como Mercedes lidava com problemas sociais e políticos aumentou minha consciência social. Observar como ela se relacionava com os outros, fossem camponeses ou presidentes, amigos ou inimigos, me tocou profundamente e despertou em mim um desejo de me tornar mais respeitosa e compassiva, e prestar mais atenção aos outros.

Eu sou uma pessoa sensitiva e intuitiva, e sempre busco o melhor nos outros. Às vezes, quando encontro uma pessoa pela primeira vez, meu sexto sentido me diz que encontrei ouro. É uma sensibilidade que me permite sentir a essência de uma pessoa e ver de imediato sua beleza interior. Foi exatamente isso que aconteceu quando Mercedes Sosa apareceu em meu radar. Eu senti que tinha encontrado um tesouro, e quanto mais eu descobria sobre ela, mais convencida ficava de que tinha encontrado uma lenda.

Naturalmente, me interessava em conversar com outras pessoas sobre ela, então perguntava a quem quer que encontrasse se a conheciam, mas nunca tive uma resposta positiva. Perceber que ela ainda era uma figura anônima entre os falantes da língua inglesa, aliado à minha vontade de conhecê-la, aprender sobre ela e me conectar com ela, trouxe-me inspiração para escrever este livro. Lembro-me de estar sentada na escada do lado de fora de casa, olhando para as estrelas, quando essa ideia passou pela minha cabeça pela primeira vez, apenas um mês depois de sua morte.

Escrever este livro tem sido como montar um quebra-cabeça de mil peças, começando com apenas uma e sem saber como seria a imagem completa. Eu estava tão atraída por aquela única peça encontrada, que tinha que procurar pelas outras novecentos e noventa e nove. Eu sou uma pessoa empenhada e extremamente persistente, e o desafio de não ter acesso às fontes em espanhol só aumentou a minha motivação. Os primeiros quatro anos foram uma solitária jornada, já que eu não tinha ninguém com quem pudesse compartilhar minha paixão. Mas isso mudou em 2013, um ano depois de meu marido e eu termos nos mudado da Dinamarca para a Turquia.

Eu voltava da praia quando passei em frente a uma pequena loja, pela qual passo todos os dias. Neste dia em particular notei um lindo vestido em batik turquesa pendurado do lado de fora. Como turquesa era minha cor preferida na época, decidi parar e experimentar. Até então, só tínhamos conhecido duas pessoas turcas que falavam inglês, então quando a moça da loja se aproximou e percebi que ela falava inglês muito bem, fiquei surpresa e muito feliz.

Também fiquei um pouco chocada porque ela parecia muito com a Mercedes Sosa quando jovem. Ela era uma pequena mulher de aparência exótica, com longos cabelos negros e intensos olhos escuros. Além disso, eu identifiquei imediatamente que sua essência era parecida com a de Mercedes. Evidentemente não poderia deixar de fazer a ela a mesma pergunta que fiz a todos que cruzaram o meu caminho nos últimos quatro anos, mesmo sem nunca ter tido uma resposta positiva. Eu perguntei: “Você conhece a Mercedes Sosa?”

Sua resposta fez meu coração acelerar. “É claro que eu conheço, eu adoro ela!”