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Sumalee
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Sumalee
Javier Salazar Calle

Uma viagem a Cingapura para dar início a uma nova vida. Lá, o protagonista conhecerá a esperança, a traição, a dor e viverá uma tórrida história de amor com uma mulher avassaladora. Como ele foi parar no inferno de Bang Kwang, uma prisão tailandesa de segurança máxima? O que fez com que ele se transformasse em um homem totalmente diferente, capaz das mais obscuras atrocidades?

Uma história apaixonante de máfia, mistério e violência que levará o leitor por uma torrente de sentimentos e aventuras que o prenderá desde a primeira página. Novela carregada de emoções que, junto a um surpreendente final, não deixará ninguém indiferente.

Às vezes a vida não dá muitas opções e as que ela oferece não tem porque serem as que mais te agradam. Você nem sequer tem que gostar delas.

Sumalee

Histórias de Trakaul

de

Javier Salazar Calle

Traduzido por Mariana Baroni

Ilustração da capa © Sara García

Ilustrações internas @Elena Caro Puebla

Foto do autor © Ignacio Insua

Título original: Sumalee. Histórias de Trakaul.

Copyright © Javier Salazar Calle, 2020

3ª Edição (revisada)

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Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial deste documento por qualquer procedimento eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópia, gravação magnética e ótica ou qualquer sistema de armazenamento de informações ou sistema de recuperação sem permissão dos proprietários do copyright.

Dedico a Raquel, a melhor amiga que alguém poderia desejar.

Agradecimentos:

A Antonio Fernández, por contribuir com seus extensos conhecimentos sobre Cingapura e revisar o livro; a Josele González, pela fantástica página da Web que me fez (www.javiersalazarcalle.com (http://www.javiersalazarcalle.com)); e a meus leitores beta, por tornarem este livro muito melhor: minha mulher, Elena Caro; minha irmã, Pilar Salazar e meu pai, Jose Antonio.

ÍNDICE

Tailândia 12 (#ulink_531263f0-6fee-515a-8fb2-b4fd1b44be7b)

Cingapura 1 (#ulink_c6d6797b-a460-57a5-8c00-930ac647a1f2)

Cingapura 2 (#ulink_349ed04d-8f72-59fa-bbdc-c802d035ae97)

Cingapura 3 (#ulink_ab46231c-63d9-5ac3-bc8d-1916bca746c8)

Tailândia 13 (#ulink_1da3e428-f1fc-512c-b73c-804adb792bc3)

Cingapura 4 (#ulink_a5169663-4f7d-5455-8750-d025eb2f426c)

Cingapura 5 (#ulink_d54240f6-e25a-5428-b29d-2a85c0783880)

Cingapura 6 (#ulink_ee8a251b-65b7-5543-8426-7464529486ff)

Tailândia 14 (#ulink_21a9d657-5b74-5b23-9679-9d2bd153561f)

Cingapura 7 (#ulink_6503cd79-9b69-5326-87bc-ba9bba79d59d)

Cingapura 8 (#ulink_43c52f84-a25e-5bde-8df6-53deb5084061)

Cingapura 9 (#ulink_ae8fd1a8-4cd0-5ec9-9d5b-15a19d837b95)

Tailândia 15 (#ulink_6d61a92f-ff43-53e0-b4fb-c51d49852a90)

Cingapura 10 (#ulink_6ea193d0-f899-5af7-9c2f-a9ef522add51)

Cingapura 11 (#ulink_6b29db2a-f20b-5d17-8aa9-803331353123)

Cingapura 12 (#ulink_1314fdc6-00fe-591a-9e54-c04cb4fb16e8)

Cingapura 13 (#ulink_d27f1acc-4770-543a-a7cd-f1def61a8c5d)

Tailândia 1 (#ulink_dc2e86eb-f777-5158-b7be-f44ea2d0a7f2)

Tailândia 2 (#ulink_ecaeb66f-f611-5db6-ae4d-7f29d8783398)

Tailândia 3 (#ulink_902d8597-449d-5cc9-90c5-f5881ffdf690)

Tailândia 4 (#ulink_3bb5a717-a692-54d7-9fae-5b3fd6c9e622)

Tailândia 5 (#ulink_4d5e475c-f71a-5037-9301-c574fac7586f)

Tailândia 6 (#ulink_6f661a14-bc6a-5c57-ad82-a94283537559)

Tailândia 7 (#ulink_990c6913-3dab-5b31-8dd8-4799ceae96f4)

Tailândia 8 (#ulink_fab2cc66-e8ff-52c2-ae8a-5154e93ca687)

Tailândia 9 (#ulink_75f0083d-e84d-5e36-a5b3-4ced2f02a699)

Tailândia 10 (#ulink_70941821-9b92-5ef8-82ce-a510d5d4f22b)

Tailândia 11 (#ulink_1843be7a-8fc4-5130-9551-48323898d985)

Tailândia 16 (#ulink_33513604-631a-5c4f-bd29-c4524d9621a2)

Tailândia 17 (#ulink_b21c648a-a39c-5c56-bfbf-593c29bf9d51)

Tailândia 18 (#ulink_ea18fd17-fb9a-5a43-87e0-b6c2b6048e89)

Tailândia 19 (#ulink_9702ed3f-c764-5bc8-9135-b3a29acfe331)

Tailândia 20 (#ulink_2dbd0038-3527-5ab5-b997-7d86f6dda434)

Tailândia 21 (#ulink_d07cfadc-5057-5efa-a152-2a571dcdf00c)

Tailândia 22 (#ulink_45663114-19c5-53a3-a4fc-bd03124493c1)

Tailândia 23 (#ulink_911033b4-7f73-5590-8ad1-737d00fed6bc)

Tailândia 24 (#ulink_987bf6e4-4dac-5b82-a5ec-d6129dfdcf27)

Tailândia 25 (#ulink_47b85aa0-0855-5fe3-8cac-ccf765ab3707)

Tailândia 26 (#ulink_d59ce4cd-074e-5fb2-ab15-8cf7303c16a2)

Tailândia 27 (#ulink_d1abff74-33ec-504e-aae8-26886a75b869)

Tailândia 28 (#ulink_e0cfa8b9-edc0-5564-a150-e95105360375)

Tailândia 29 (#ulink_c791811a-a38b-5803-9aa9-e52da9cb4d9f)

Tailândia 30 (#ulink_47557282-a8a0-5784-b2bd-11e93fb81703)

Outros livros do autor (#ulink_bea403d1-650e-546f-a1e6-24fd4d7df725)

Sobre o autor (#ulink_2d8b258d-b8e4-5082-8c0c-521d4762fcb3)

Tailândia 12

A primeira porrada me deixou meio aturdido. A segunda me derrubou no chão. Ali, recebi um monte de chutes durante vários minutos. Tentei me encolher como um bebê e cobri a cabeça como pude. Um deles gritou, se divertindo:

— Você sabe bem como apanhar.

Quando se cansaram, eles foram embora do mesmo jeito que chegaram, andando com calma, rindo. A multidão se dispersou em seguida e quando abri os olhos, tudo parecia normal à minha volta, como se nada tivesse acontecido. Cada preso com suas coisas. Lei do silêncio.

Não era a primeira vez. Tinham me acertado nas marcas de todas as surras anteriores, sobre hematomas com toda sorte de cores em todas as suas fases de evolução. Em um deles, de um soco no olho, me deixaram com a visão embaçada por um par de dias, mas acabei me recuperando. Nesses dois dias, eu estava convencido de que ficaria cego para o resto da vida. A certeza era aterradora, muito mais que a lesão em si. Em outra ocasião, quando me deram um tapão no ouvido, fiquei enjoado por uma semana. Também tinha várias costelas lesionadas, não sabia se quebradas, e dores de todo tipo em cada parte do corpo. Me lembrava dos temos da juventude, quando eu dava uma de valentão e todo dia saía na porrada com alguém. Aprendi que proteger a cabeça era o fundamental. O resto sarava; melhor ou pior, mas sarava. O que era sinistro nessa situação, o mais humilhante, era ver como os guardas da prisão eram espectadores à distância em muitas dessas surras. Até riam e apostavam. Sobre o que? Não sabia, porque me limitava a receber as porradas desejando que acabassem o mais rápido possível. Talvez sobre se aquela seria a surra que me mataria.

Tentei me levantar, mas uma dor aguda no peito me impediu. Ali, no chão do corredor, de joelhos, eu tentava abrir a boca ao máximo para poder pegar a maior quantidade de ar para aliviar minha sensação de sufocamento, de asfixia. Eu estava me concentrando em respirar de forma lenta e profunda, mas não conseguia. Levei um tempo para diminuir meu ritmo cardíaco e poder respirar novamente com relativa normalidade. Com um árduo esforço fiquei de pé e, cambaleando, apoiando-me nas paredes, me esquivando de outros presos que me ignoravam, cheguei à minha cela. Minha e de mais quarenta pessoas.

Uma vez ali, sentei-me no colchonete e fiquei um tempo quieto, tentando deixar a mente em branco e isolar-me de tudo o que me rodeava, incluindo a dor que percorria meu corpo de cima a baixo. Um corpo que pedia aos gritos que eu me deitasse e não me levantasse por algumas horas, mas eu sabia que não podia fazer isso. Eu sabia. Minha sobrevivência dependia disso. Fiz o que eu tinha que fazer. O que era necessário. Me levantei e comecei minha rotina de treinamento. Alongamentos complexos, flexões, agachamentos… Trabalhando cada parte do corpo de forma independente e junto com as demais. A dor era quase insuportável, mas nem por isso parei; mesmo chorando em silêncio, molhando o chão com minhas lágrimas. Nunca deveria mostrar fraqueza. Se eu quisesse sobreviver, se quisesse poder sair algum dia dali sem que fosse no triste caixão de papelão que usavam, eu deveria continuar. Acabei o treinamento, tanto com os movimentos que eu tinha aprendido com meu antigo professor de boxe, quanto imitando o que eu via os prisioneiros que treinavam Muay Thai fazerem no pátio, aprendendo a lutar como eles, com a diferença de que eles faziam isso diante de todos, em plena luz do dia, e eu só treinava quando ninguém estava me vendo. Afastado de todo olhar curioso. Preparando-me nas sombras.

Algum dia, que eu esperava que fosse logo, me sentiria preparado e não me limitaria a receber os golpes, tentando minimizar o dano, mas responderia de forma brutal, certeira e sem compaixão. Matando, se fosse necessário. Sim, mataria sem pensar duas vezes. Nesse dia, eu ganharia o respeito deles e terminaria essa parte do pesadelo que estava vivendo. Eu tinha que garantir minha vitória de qualquer jeito, porque se me levantasse conta eles e não triunfasse de forma a não deixar espaço para dúvidas, me matariam. Pode ter certeza disso. Enquanto isso, só me restava ter paciência e tentar me manter com vida até esse momento, sem sofrer nenhum dano irreparável.

Eu tinha visualizado na minha cabeça mil vezes esse momento. Com mil variantes, com diferentes finais, em todo tipo de cenário, tentando prever qualquer possibilidade. Em breve, muito em breve, chegaria a minha hora. Ou morreria.

Mas como eu tinha chegado a esta situação, quando há apenas algumas semanas eu era David, um insignificante profissional de TI nos escritórios de uma instituição financeira de Madri? Que circunstâncias tinham me empurrado para esta situação inconcebível em tão pouco tempo?

Enquanto eu lutava contra o sofrimento, enquanto seguia com o calvário que me levava ao exercício, repassava as infelizes circunstâncias vividas. Que me empurraram de uma vida tranquila no departamento de informática de um banco para estar preparando0me para poder matar alguns indesejáveis que abusavam de mim constantemente na temida prisão de Bang Kwang, a sete quilômetros ao norte de Bangkok, na Tailândia. Uma das prisões mais perigosas do planeta. O poço de perdição onde eu me encontrava. Meu final, se eu não fosse capaz de inventar um caminho que me salvasse.

Cingapura 1

Algumas semanas antes…

Me custou várias tentativas para conseguir desligar o despertador. No segundo tapa, quase que eu o atiro da mesa de cabeceira. Sentei-me na borda da cama e estiquei os braços enquanto dava um grande bocejo. Mais um dia de trabalho. Como um autômato, levado pela rotina, comi o café da manhã, tomei uma ducha e me vesti. Quarenta minutos depois de ter me levantado, estava arrancando com o carro.

No caminho do trabalho, repassei meus últimos meses. Marcado pelo rompimento com minha namorada de sempre, ainda não tinha conseguido levantar a cabeça. Depois de sete anos, parecia que ela tinha se cansado de mim e me deixou para ficar com um suposto amigo que eu mesmo apresentei a ela e com quem, pelo que fiquei sabendo logo, já estava envolvida há muito tempo. Eu estava cego durante todo esse tempo, sem ver o que os outros me avisavam. Desde então, eu andava como uma alma penada, sempre cabisbaixo e triste. Desolado. Tinha me refugiado no boxe, que eu praticava várias vezes na semana. Esmurrava o saco de pancadas e os companheiros colegas de treino, como se essa adrenalina fosse capaz de devolver minha vida. Além disso, eu não gostava nem um pouco do projeto em que estava trabalhando no banco. Todo O dia todo fazendo testes, sozinho, com uma tediosa ferramenta e anotando os resultados em um documento padronizado. Resultado correto, resultado incorreto, ocorrência. Às vezes, eu olhava pela janela do quarto andar, onde ficava minha mesa, e tinha vontade de me atirar por ela. De forma figurada, claro. Nunca tinha pensado em algo tão drástico como o suicídio. Eu estava triste, não destruído. Resultado correto, resultado incorreto, ocorrência.

O que eu não sabia era que esse dia ia mudar minha vida para sempre. De uma forma que eu nunca havia imaginado.

Depois de meia hora dirigindo e um tempo dando voltas para encontrar lugar para estacionar, cheguei ao meu posto no escritório. Liguei o computador e fui cumprimentar outro colega. Quando voltei, dei uma olhada rápida, como todas as manhãs, nos e-mails recebidos. A mesma coisa de todos os dias: testes, testes, resultados de testes, perguntas sobre os testes, solicitações de testes, relatórios de testes e previsão de testes. Apenas um e-mail era diferente do restante. Era do meu gerente, enviado no dia anterior à noite, me pedindo para que ligasse para ele para conversar sobre um assunto. Não tinha nem ideia do que poderia ser, mas seja lá o que fosse, tudo o que sugerisse fazer algo diferente, ainda que fosse por cinco minutos, seria bem-vindo. Olhei para o relógio. Nove e meia. Bom horário. Peguei o celular do trabalho, procurei pelo Valentín na agenda e liguei.

— Pois não? — soou a voz de Valentín.

— Oi, Valentín. É o David. Acabei de ler seu e-mail e estou te ligando para ver o que você queria me contar.

— Bom dia, David. Como vai?

— Entediado. Você sabe que esse projeto que me designaram vai me matar. Diga que tem algo para mim. Preciso de uma mudança.

— Pode ser. O que você sabe sobre Cingapura?

— Cingapura? — Aqui ele já tinha conseguido atrair minha atenção. Fiquei em pé e fui até a sala de reuniões próxima, que estava vazia. — Não sei, Valentín… Um país pequeno da Ásia, com bom nível de vida, muito civilizado, falam chinês e inglês…

— É aí que eu queria chegar! — gritou Valentín. — Falam inglês, como você.

Era verdade, eu sou bilíngue. Minha mãe era americana. Apaixonou-se por meu pai e veio morar e trabalhar na Espanha. Poucos anos depois de eu nascer, meu pai desapareceu sem dizer nada. Nunca se soube mais nada dele. Todo mundo pensava que ele tinha abandonado minha mãe, mas ela sempre acreditou que tinha acontecido alguma coisa com ele, porque estavam apaixonados até o último fio de cabelo. Em todo caso, eu me criei sem pai desde os dois anos, coisa que teve muita influência em minha infância e adolescência, e falando inglês desde então.

— O que você está me propondo então?

— David, surgiu um projeto em Cingapura de uns seis meses de duração, ampliável a dois anos, no qual você se encaixa perfeitamente por causa dos seus conhecimentos e do idioma. Sei que é um pouco precipitado, mas preciso que me diga algo entre hoje e amanhã, porque existe uma urgência para começar a cuidar de toda a papelada. — Levantei as sobrancelhas, expectante. — Vou te mandar todas as informações do projeto e das condições nas quais você iria. Qualquer coisa, me liga e esclareceremos tudo. O que acha?

— Não sei o que dizer, Valentín. Você me pegou um pouco de surpresa…

— Eu sei, eu sei. Pense nisso e amanhã você me dá uma resposta. Não estava cansado de fazer testes? Essa é sua oportunidade e, se você se der bem, isso ajudará muito na sua possível promoção deste ano. Vou te mandar o e-mail. Pense e amanhã você me fala. Ei, sei eu não achasse que você se encaixava bem, não teria tocado no assunto.