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– Bloquear o jogo. É um método para demonstrar aos jogadores as vantagens e as desvantagens das suas posições.
A este propósito é necessário que:
a) Seja fixado um sinal visual a todos para bloquear o jogo (ex: duas apitadelas, mas sobre este ponto estou convicto que o sinal tenha que ser necessariamente visível como no jogo o treinador não pode utilizar o apito e daí os jogadores devem reconhecer visualmente uma situação comum para todos de forma que ao reconhecê-la, todos se comportem como estabelecido no treino);
b) Os jogadores param para não alterar a situação do jogo que se pretende corrigir (convém parar o jogo para acentuar o tema tratado, mas não para tratar temas diferentes).
– Corrigir e tentar novamente: depois de ter parado com o jogo é importante fazer repetir na forma correcta aquilo que foi feito de forma errada.
– Pensar alto: trata-se de um método mediante o qual o treinador pensa em voz alta no lugar do jogador, antecipando as suas acções. Este método usa-se muitas vezes para tornar mais eficaz a repetição correctiva.
O TREINAMENTO E O CRESCIMENTO
Mediante o treinamento persegue-se o melhoramento das capacidades motoras. Algumas capacidades podem ser treinadas e melhoradas outras podem ser educadas e transformadas. Já dissemos que não é possível intervir sobre uma única delas sem influenciar positivamente ou negativamente as outras. Nos jogos desportivos é significativa a influência das várias capacidades na eficácia do gesto desportivo, este efeito produziu a noção do “regime de manifestação”. O regime de manifestação representa o modo de manifestar-se duma capacidade motora (ex: a resistência em regime de velocidade; a velocidade em regime de força), representa também o modo de manifestar-se na mistura dos factores do treinamento (ex: a preparação física no regime técnico, a preparação técnica no regime táctico).
As componentes da preparação físico motor são:
– A preparação física geral e multilateral, que realizada de forma particular e global, é particularmente focada às grandes funções do organismo, e é muito adequado aos jovens;
– A preparação física especifica, que direcciona-se sobre as funções e sobre a motricidade próprias de qualquer jogador desportivo correspondente às solicitações das prestações de disputa, para obter depois do ciclo preparatório juvenil.
A figura mostra que as prestações do jogador ou melhor a sua eficiência numa prova dependem de múltiplas habilidades, capacidades e qualidades, que se influenciam mutuamente.
Componentes das capacidades de prestação do jogador (Weineck-Erlangen, 1994).
A figura mostra que as prestações do jogador ou melhor a sua eficiência numa prova dependem de múltiplas habilidades, capacidades e qualidades, que se influenciam entre si.
Na estrutura do rendimento representada na figura anterior, as capacidades condicionais são fundamentais, porque fornecem as bases para uma prestação técnica, táctica e psíquica estável durante a prova (Stiehler-Kinzag-Dӧblen, 1988).
Para enfrentar seriamente os problemas do treinamento é preciso seleccionar três operações:
A primeira consiste em definir as qualidades físicas dominantes no jogo de futebol:
– A resistência em regime de força;
– A velocidade (acelerações);
– A destreza (capacidade de compreender e executar rapidamente movimentos complexos).
Com a segunda, definir as características do esforço específico pedido no jogo de futebol. O esforço físico é caracterizado geralmente pelos seguintes parâmetros:
• Intensidade
• Duração
• Complexidade
• Processos metabólicos para a produção de energia.
A intensidade do exercício físico deve ser relacionada à idade do registo civil do indivíduo; para indivíduos adultos uma indicação a adoptar é aquela de considerar a frequência da pulsação máxima por atingir respeitando:
As fórmulas de Cooper:
Fc Max = 220 – idade para as mulheres
Fc Max = 205 – (idade/2) para os homens
Ou então a formula de Karvonen. Fc Max = 220 – frequência em repouso ou melhor ainda, a fórmula de Tanaka. Fc Max = 208 – (0,7 x idade)
É preciso recordar que:
– Entre os 50-60% da Fc Max, realiza-se um trabalho moderado;
– Entre os 60-70% da Fc Max, realiza-se um grande trabalho, dito também (cardiotraining);
– Entre os 70-80% da Fc Max, realiza-se um trabalho no sob limite aeróbico próximo do limiar;
– Entre os 80-90% da Fc Max, realiza-se um trabalho no limite anaeróbico;
– Alem de 90% realiza-se um trabalho máximo (pouco aconselhável).
Do ponto de vista da duração o esforço pode ser:
• Curto ou longo;
• Continuo ou variável;
• Com ou sem interrupção.
Do ponto de vista da complexidade o esforço pode ser:
• Simples (ex: a maratona);
• Complexo (ex: o futebol).
Do ponto de vista dos processos metabólicos de produção de energia o esforço pode ser:
• Aeróbico
• Anaeróbico
• Misto
Para o futebol, o esforço específico é considerado:
Por intensidade:
– Sob limite (freq. Card. 180/200 – freq. Resp. 30/40
Por duração:
– Variável com numerosas interrupções
Por complexidade:
– Complexo pois que recorre às qualidades físicas diversas (velocidade, força, etc.) e acções técnicas, tácticas, com situações de embate físico.
Por processos metabólicos:
– Misto, com notáveis empenhos anaeróbicos alactácidos.
A terceira operação é aquela de estabelecer o aumento e a diminuição dos esforços durante o treino.
Praticamente estabelecer o plano do treinamento e o programa da preparação física.
O objectivo central de todo treinamento futebolístico deve ser a melhoria das capacidades de acção do jogador(Bisanz-Gerisch, 1990). Esta afirmação serve para reestruturar a importância dos factores de condição para evitar uma sua depreciação excessiva no treinamento. Num visado treino de futebol vai-se procurar favorecer um exercício de velocidade de acção que se oriente à prática do jogo mantendo sempre em consideração todos os factores da prestação ao nível psicofísico, técnico-táctico e social. As seguintes citações demonstram que uma teoria específica do treino de futebol deve basear-se nas exigências da prova e que o treino da condição deve assimilar à prática do jogo ou possivelmente integrar-se a ela.
“O melhor maestro para o treino é a competição” (Cramer, 1987).
“A partir da competição percebemos o que temos que treinar” (Krauspe-Rauhut-Teschner, 1990).
“Se a competição é o melhor treinamento é também verdade que um bom treino deve a todo custo ter o carácter duma prova” (Northpoth, 1988).
“O segredo do futebol está sempre no treino para a prova” (Beenhakken, 1990).
“O objectivo fulcral de todo o treinamento de futebol deve ser o melhoramento da capacidade de acção do jogador” (Bisanz-Gerisch, 1990).
A partir destas citações resulta que o treinamento futebolístico da condição deve assemelhar-se à prática do jogo ou possivelmente integrar-se a ela. O treinamento não é por isso o fim só por si mas segue o objectivo de “melhorar a capacidade de jogar e de optimizar as capacidades de agir”.
Se duma parte quer-se reestruturar a importância dos factores da condição física, doutra será oportuno favorecer no treino futebolístico um exercício de velocidade de acção que se oriente à prática do jogo mantendo sempre presente todos os factores da prestação à nível técnico-táctico e psico-social. Isto significa que é necessário atribuir mais importância a um treinamento próximo à prática do jogo com métodos e meios cada vez mais especializados. (Lotterman, 1990).
O TREINADOR DEVE
1) Conhecer bem os atletas e trabalhar para melhorar constantemente a sua aprendizagem e a sua formação.
2) Analisar com os atletas e os dirigentes, as razões do sucesso e as causas dos resultados ruins.
3) Contribuir à formação do grupo, sentido de responsabilidade e respeito.
4) Induzir os atletas para seguir um treinamento regular.
5) Preocupar-se do estado de saúde dos atletas.
6) Incutir nos atletas o sentimento de afeição às cores sociais e o respeito da propriedade social.
7) Encorajar os atletas a participar com dedicação em todos os treinos.
8) Cuidar a própria actualização profissional.
9) Ter uma documentação quotidiana relativa ao treinamento.
10) Preparar o treino de forma a suscitar o interesse dos jogadores para os exercícios físicos, técnicos e tácticos.
O TREINAMENTO DOS JOVENS JOGADORES
É oportuno deter-se antes dos mais graves erros que foram cometidos a propósito dos objectivos do treino juvenil.
O primeiro erro está em comparação do jovem a uma imagem reduzida do adulto sem considerar que ele tem uma personalidade ainda em formação, formas de pensar ainda em evolução e acima de tudo um físico e capacidades completamente diferentes. Não é possível transferir na esfera juvenil o treinamento dos adultos, talvez dando apenas atenção para reduzir a quantidade e a intensidade.
O incremento das capacidades físicas não pode ser proposto da mesma forma para os jovens e para os adultos, ou melhor isso deve ser uma posterior diferenciação também no mesmo âmbito juvenil, conforme as faixas etárias.
Conduzir por exemplo um ciclo de treinos para rapazes de 12-13 anos (muitos jovens) tendo como o objectivo o máximo rendimento para atingir sucessos imediatamente, significa desvirtuar o espírito do mesmo treino; efectivamente, o rapaz deve ser conduzido gradualmente e passo a passo e nos anos em direcção do rendimento almejado.
Uma preparação bastante rápida e precoce, que geralmente fica sempre ligada ao alcance de metas ambiciosas para os adultos, dará notáveis resultados a curto prazo, mas provoca certamente danos que quase sempre são irreversíveis.
Quando os jovens e os adolescentes em particular são submetidos a uma excessiva carga física e psicológico diminui a sua motivação para aquilo que estão a fazer, diminui o seu desejo até chegar a uma verdadeira e própria rejeição diante aos primeiros insucessos. Assim pode-se perceber como muitas vezes os jovens jogadores depois do treino com a própria equipa, encontrem-se (no oratório, no corredor ou em espaços abertos) para jogar finalmente futebol.
Um graduado e focado treino conduzem a um grau mais alto de preparação física e atlética na idade adulta e a mentem estável mais demoradamente no tempo.
À conclusão do ciclo juvenil o jogador terá que:
□ Ter alcançado uma certa maturidade física;
□ Ter adquirido uma bagagem técnica completa;
□ Ter adquirido um correcto sentido táctico;
□ Ter desenvolvido as ditas “qualidades de vontade” indispensáveis para obter resultados duradouros e isto é:
● Disponibilidade ao trabalho de grupo;
● Espírito de colaboração;
● Disponibilidade de aprender e trabalhar;
● Consciente da melhoria mediante a dedicação;
● Desejo de emergir.
Estas qualidades agem positivamente não apenas no âmbito desportivo, mas são de grande ajuda para encarar a vida e as dificuldades todos os dias.
Paralelamente a estes objectivos primários, devemos considerar outros aspectos que desempenham grande importância para a formação dos jovens:
– A manutenção e o cuidado da saúde e da higiene pessoal;
– A organização e a ocupação do tempo livre;
– O jogo de futebol e o relativo treino devem permanecer em segundo plano em relação à escola ou ao trabalho;