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Infinitamente Meu Marquês.
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Infinitamente Meu Marquês.

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– Então, por favor, siga-me – respondeu o mordomo.

Ele a levou por um longo corredor e para uma grande sala. Não se assemelhava a qualquer sala de estar em que ela já estivera. Não havia sequer cadeiras, mas sim uma longa mesa.

– Você encontrará as outras senhoras do outro lado da sala. – O mordomo se virou e saiu, deixando Annalise sozinha para se apresentar. O homem foi bastante rude…

Ela caminhou mais para dentro, e pôde ouvir os sons distintos de metais batendo em metal, rapidamente seguido por risadas femininas. Annalise inclinou a cabeça na direção dos ruídos. Que interessante… Ela acelerou o passo em direção ao som. Depois que virou o canto, encontrou as razões do riso. Estella estava no meio de uma partida de esgrima com outra dama. Annalise nunca tinha visto a outra mulher antes e não podia ter certeza de quem ela era, mas suspeitava que fosse Lady Manchester.

– Chega – Estella respondeu, depois de outro barulho de espadas – Se continuarmos assim, seu marido virá e castigara a nós duas.

A outra senhora relaxou o braço da espada e então franziu o nariz. – Garrick não ousaria.

– Não? – Estella levantou uma sobrancelha. – Ele nos deu uma palestra por uma hora inteira antes de concordar em nos deixar esgrimar. De forma alguma, duvido que ele apreciasse se eu te deixasse exagerar.

– Tudo bem – a senhora concordou. – Garrick ficaria chateado. Mas acho que é seguro dizer que seu marido nunca deixaria que ele colocasse um dedo em você.

– Isso também é verdade. – A risada de Estella reverberou pela sala. Ela caminhou até uma mesa próxima e pousou o florete, depois pegou um bule de chá e despejou um pouco em um copo. – Você acha que este chá ainda está quente?

– Eu não sei – respondeu a senhora. – Mas não me importo. De repente, estou morrendo de fome. – Ela pegou um bolo da bandeja de chá e praticamente o enfiou na boca, depois pegou a xícara da mão de Estella e bebeu o conteúdo. – Isso está incrível.

– Gravidez faz coisas estranha com as mulheres.

– Eu não quero interromper… – Annalise apareceu. – O mordomo…

– Annalise – Estella exclamou e correu para o lado dela, e puxando-a para um abraço. – Você está aqui. – Ela deu um passo para trás. – Acabou de chegar?

Annalise não sabia exatamente o que pensar com a meia-irmã esgrimando com a condessa de Manchester ‒ porque tinha que ser quem a outra mulher era. Elas pareciam ter um relacionamento amigável, o que Annalise invejava. Ela colocou um sorriso no rosto e acenou para Estella. – Alguns momentos atrás. Marrok está comigo, mas você sabe como ele é. Teve que ir que andar um pouco antes que pudesse se estabelecer.

– Estou feliz que ele esteja aqui com você. Eu me preocupo com você viajando sozinha – disse Estella. – Venha, deixe-me apresentar-lhe Hannah. Ela está bastante ocupada com seu chá e bolos, mas você deve perdoar sua grosseria. Carregar um bebê a deixa faminta, às vezes. – Estella a levou para o lado da dama. – Lady Manchester… Hannah, gostaria que conhecesse minha meia-irmã, Lady Annalise Palmer.

Lady Manchester deixou a xícara de chá na mesa e fez uma reverência.

– Por favor, me perdoe – disse a senhora em questão. – O que ela diz é verdade. Isso me acomete muitas vezes e, geralmente, bastante inesperadamente. – Ela sorriu calorosamente. – É um prazer conhecer você.

– É bom conhecer você também. – Annalise sorriu para a mulher. – E não há necessidade de se desculpar. É a sua casa, e você está livre para fazer o que quiser dentro de suas paredes. Além disso, se eu tiver a sorte de ter um filho, gostaria que as pessoas respeitassem meus desejos.

– Você gostaria de chá?

Pelas observações feitas sobre o chá mais cedo, tinha que estar horrível. Annalise foi pega entre ser rude e consumir chá frio. Os bolos pareciam bastante deliciosos. Seu estômago roncou com esse pensamento. – Que tipo de bolos são estes?

– Oh, – Lady Manchester disse alegremente. – Estes são bolos de limão. Eu tive desejos terríveis por eles, e o cozinheiro foi gentil o suficiente para fazê-los todos os dias para mim.

– Você se importa? – Annalise gesticulou para eles. Ela não queria tomar o doce favorito da dama.

– Sirva-se – disse ela e apertou a mão no estômago. – Eu não estou me sentindo bem, acho que vou me deitar um pouco.

Annalise pegou um dos bolos e deu uma mordida. O bolo de limão era doce e azedo, absolutamente delicioso. Podia ver por que Lady Manchester os devorava todos os dias. Eles provavelmente iam bem com chá também. Ela olhou para o chá e pensou em servir uma xícara gelada e recusou a ideia. Não estava com sede…

– Vá – insistiu Estella. – Nós vamos visitá-la mais tarde.

Lady Manchester acenou com a cabeça e saiu da sala, deixando Estella e Annalise sozinhas. Estella se virou para ela e disse. – Você está cansada?

– Estou, um pouco – admitiu Annalise. Agora que ela se encontrara com Estella, seu nervosismo se dissipou. Poderia finalmente relaxar e talvez tirar uma pequena soneca. Isso a ajudaria a se recuperar de sua jornada.

– Venha – disse Estella. – Eu vou te mostrar o seu quarto, e depois podemos discutir tudo.

Annalise sorriu para sua meia-irmã. Elas saíram da sala grande juntas. O corredor ainda era longo, assim como as escadas. A caminhada até seu quarto atribuído foi mais longa do que ela pensava. Elas finalmente chegaram e Estella a abraçou novamente. – É tão bom ver você. Obrigada por ter vindo me visitar.

– Não há outro lugar que eu prefira estar.

Estella recuou e a deixou sozinha. Annalise fechou a porta atrás dela e depois se deitou na cama. Fechou os olhos e encontrou o sono antes de perceber que tinha parado de pensar.

CAPÍTULO DOIS

Ryan Simms, o marquês de Cinderbury, olhou para o Castelo de Manchester de cima de seu cavalo, Octavius. O garanhão bufou, depois relinchou quando sacudiu a crina. A viagem de Londres demorara mais do que ele previra. A razão principal era porque ele não queria sobrecarregar sua montaria, e se recusava a deixá-lo sob os cuidados de outra pessoa. Então isso significava parar muitas vezes para deixar Octavius descansar. Era bom finalmente chegar para que pudesse checar sua prima por si mesmo. Ele se sentia responsável pelo bem-estar dela e queria ter se envolvido nisso antes. Seu padrasto era um homem malvado, que lembrava à Ryan de sua madrasta, mas nem ela era tão cruel quanto o duque de Wolfton.

Seu avô recusara-se a intervir. O duque de Ashthrone achava que Estella estaria melhor aos cuidados de seu padrasto. Ryan não tinha certeza se era uma mentalidade de duque, ou se seu avô se identificava com o duque de Wolfton. De qualquer forma, ele não podia apelar para a boa natureza de seu avô porque o bastardo podre não tinha nenhuma. Oh, ele salvou Ryan das garras de sua madrasta, no entanto, não fora pela bondade de seu coração. Ashthrone tinha percebido que Ryan seria seu herdeiro, e queria ter certeza de que ele não só sobrevivesse, mas fosse treinado corretamente por ele.

Cada segundo que passou na propriedade do duque tinha sido de pura miséria, o que deveria ter endurecido ainda mais o coração de Ryan. Mas havia feito o oposto, isso lhe dera um propósito. A expectativa de quando não houvesse mais ninguém para mandar nele, e quando finalmente atingisse a maioridade, ele fosse embora, levando o pouco que restava de sua herança, o que Lady Penelope não pudera tocar, e investir. Ele tinha apenas dezoito verões quando assumiu esse risco e não se arrependia.

Sua madrasta tinha acesso ao fundo destinado à propriedade, a fim de mantê-la funcionando, mas ela não fez muita manutenção propriamente dita, então seu avô contratou um administrador de propriedade, e aquele pobre homem lidou com Lady Penelope. Ele não tinha verificado essa parte de sua herança desde que atingiu a maioridade. Enquanto sua madrasta morasse ali, ele não pisaria perto do lugar. Smithers, o administrador, mandava relatórios trimestrais, e mesmo esses eram mal escritos. Seu estômago se apertava em um nó sempre que pensava em alguma coisa relacionada à sua antiga casa.

No momento que herdou o título de Marquês de Cinderbury, tinha construído uma fortuna na indústria de navegação, e estava procurando mais para investir. Ele tentou lutar pela tutela de sua prima, Estella, mas falhou. Sem o apoio adequado, ele não tivera uma chance, e o duque de Wolfton tinha mais poder do que ele na época. Ele tinha vinte e um anos, e Estella não mais do que uma menina de quinze anos. Sete anos depois, ele tinha dinheiro, prestígio e mais poder do que seu avô. Ninguém iria atrapalhar, mas não significava nada, agora que sua prima não precisava mais dele. Ela encontrou uma maneira de sair do inferno sozinha e também de alguma forma encontrou o amor. Ele devia a ela pelo menos uma visita e oferecer sua ajuda, se ela precisasse no futuro.

– Bem, Octavius, acho que é hora de encarar Estella. Espero que ela não me odeie pelo meu fracasso em protegê-la.

Ele instigou o cavalo para um galope e percorreu a distância restante para o castelo. Quando chegou à entrada, diminuiu a velocidade e depois parou. Deu um tapinha na cabeça de Octavius e depois desmontou do cavalo. A porta se abriu e um cavalheiro mais velho saiu.

– Posso ajudá-lo? – Ele perguntou.

– Estou aqui para ver Lady Warwick – respondeu Ryan. Ele levantou as rédeas de Octavius para o homem ver. – Vou precisar que minha montaria seja cuidada.

Ele quase riu do olhar completo de perplexidade que cruzou o rosto do velho. Eles não recebiam muitos visitantes no Castelo de Manchester? Ele não parecia particularmente acolhedor…

– Vou mandar um lacaio levá-lo para você – ele finalmente respondeu. – Dê-me apenas um momento.

Ele voltou para dentro do castelo, fechando a porta atrás dele. Ryan balançou a cabeça, perplexo com suas ações. Pelo menos, não planejava ficar muito tempo no castelo. Não mais do que uma noite ‒ duas, no máximo, e ele estaria a caminho de sua propriedade. Tinha coisas a fazer lá e não podia se dar ao luxo de ficar mais tempo do que isso. Depois de vários momentos, a porta se abriu novamente, mas não foi o velho que saiu. Uma mulher com madeixas meia-noite, maçãs do rosto salientes, lábios cor-de-rosa exuberantes e o rosto mais lindo que já vira. Ele não sabia quem era, mas queria descobrir.

Ela parou, surpresa ao vê-lo, mas se recuperou rapidamente.

– É normal esperar do lado de fora com um cavalo, nesse castelo?

– Eu não sei – respondeu ele. Onde estava aquele velho? – Esta é a primeira vez que eu visito o castelo. – E esperançosamente, a última… Ele não deveria ter nenhum motivo para visitar novamente.

A lady sorriu, e isso quase lhe tirou o fôlego. Ele piscou várias vezes e recuperou o controle de seus sentidos. A última coisa que queria era agir estupidamente devido à beleza de uma mulher. Seu pai fizera uma coisa dessas e se casara com lady Penelope. Beleza não poderia ser confiável. Ela deu alguns passos para frente e parou na frente de Octavius. – Ele é um cavalo tão bonito. – A dama começou a acariciar o pescoço de Octavius quase amorosamente, e Ryan se viu com ciúmes de seu próprio cavalo. Havia algo seriamente errado com ele.

– Ele está gostando descaradamente de sua atenção. – Ryan olhou para a mão dela enquanto ela acariciava seu cavalo. – Se continuar fazendo isso, ele se tornará mimado.

– Você não lhe dá atenção suficiente se minhas tentativas escassas conseguem tais resultados. – Sua voz era quase melódica e encantadora. Ela olhou para cima e sorriu para ele novamente. Foi como um soco no coração, e ele levantou a mão para esfregar a dor. – Talvez você deva acariciá-lo com mais frequência.

– Vou levar isso em consideração.

A porta se abriu, tirando-o de seus pensamentos sentimentais. Isso serviu como um lembrete de que ele nunca quis se ligar a uma mulher. Havia uma dama com quem se preocupava, e era sua prima Estella. Um homem diferente saiu e caminhou até eles. – Olá, meu senhor – ele cumprimentou. – Minha dama.

– Você está aqui para levar meu cavalo para o estábulo?

– Estou, Lord Cinderbury – respondeu ele. – Sua prima está lá dentro esperando por você. Eu ia lhe dizer para encontrá-la na sala de estar.

Ele deveria vagar pelo castelo e torcer para encontrar a sala certa? Ninguém ia levá-lo até lá. A equipe era ridiculamente rude e inexperiente. Ele nunca tinha visto nada parecido com eles e não tinha certeza de como se sentia sobre a coisa toda. O homem pegou seu cavalo e começou a andar no que Ryan assumiu ser a direção do estábulo. Ele franziu a testa enquanto olhava para o homem que conduzia seu cavalo. Octavius ficaria bem, mas tudo tinha sido tão estranho desde que chegara.

– Ele se dirigiu a você como Lord Cinderbury? – A dama perguntou. Ele se virou para ela e respondeu.

– Sim, sou eu.

– Eu entendo. – Ela mordiscou o lábio inferior. Seus olhos foram imediatamente atraídos para a ação. Ele estava desenvolvendo um problema sério, onde a dama. Ryan tinha estado dolorosamente consciente dela desde o momento em que saiu do castelo, mas ele esperava que ela fosse embora e a sensação dentro dele fosse uma mera ilusão.

– Então, você é o primo de Estella? Sou Lady Annalise Palmer, sua meia-irmã.

Ah… Ele sabia que não deveria confiar nela. Um rostinho bonito escondia uma enganação muito bem. Ela estava relacionada com o tirano que abusou de Estella. Os músculos de sua mandíbula tensionaram enquanto ele lutava pelo controle. Ryan não queria acreditar no pior dela. No entanto, ele também não podia confiar totalmente. – Ah, então por que você está aqui? Seu pai não iria desaprovar você passar algum tempo na companhia de Estella? Não vai manchar sua reputação intocada? – Ele nunca teve a chance de conhecer o homem com quem sua tia tinha escolhido se casar. A única informação que teve sobre o duque ou sua família era a reputação, e nada disso tinha sido bom.

Ela recuou como se ele tivesse lhe dado um tapa. As palavras poderiam ser armas e Ryan aprendeu essa lição bastante bem quando menino. Sua madrasta jogara farpas nele com mais frequência do que se lembrava. Ele se acostumou a elas quando um menino não deveria fazê-lo. Alguns dias, odiava seu pai por ter se deixado cegar pela beleza de Lady Penelope e deixá-lo sozinho em seus cuidados. No fundo, ele sabia que seu pai não queria morrer, mas a tristeza e a dor não eram razoáveis. Ele não o culpava completamente, mas uma pequena parte dele sempre o faria. As escolhas de seu pai haviam deixado Ryan no inferno. Por isso, tinha muita dificuldade em perdoá-lo.

– Meu pai tem seus defeitos, e sim, eu percebo que eles são numerosos, mas ele ainda é meu pai.

– E você o ama? – Ele terminou a frase para ela. Ryan não era tão delirante sobre sua própria família. Havia um deles que merecia sua devoção. – Ou algo assim?

– Eu não iria tão longe – ela respondeu, surpreendendo-o. – Mas houve momentos em que eu o tolerava.

Ryan não conseguiu parar a gargalhada que saiu dele. Ele estava começando a gostar de Lady Annalise, e isso não podia ser um bom sinal. Tinha que haver algo errado com ela. Beleza e inteligência era uma mistura difícil de encontrar. Contanto que ela não tivesse um coração cruel, ele poderia achar que passar o tempo em sua companhia seria quase agradável. – Palavras mais verdadeiras nunca foram ditas. – Ele sorriu. – E eu entendo o sentimento. Muitas vezes sinto o mesmo em relação ao meu avô.

Ela franziu a testa. – Eu conheci seu avô, e eu tenho que concordar. Ele compartilha alguns traços semelhantes ao meu pai. Você acha que isso é uma coisa de duque?

– Eu espero que não – ele respondeu. – Caso contrário, eu odeio ver no que me transformarei quando herdar o título. Aquele velho desgraçado quase deserdou Estella. Acho que ele nunca a conheceu, e sei que ele mal a menciona. A única vez que me lembro de ele ter conversado sobre ela foi repreendendo o pai por não ter produzido um herdeiro. Eu não acho que ele gostou muito da ideia de me tornar o próximo na fila de herdeiros.

Ryan não se importava com o título. Ele não queria ser um grande duque e ser um dos governantes dos ditames da sociedade. Havia coisas muito melhores que poderia fazer com seu tempo. Ele gostava de trabalhar e ganhar dinheiro. O poder poderia ser obtido de várias maneiras, e ele o fez ao longo dos anos. Se seu avô vivesse até cem anos, ele estaria bem com isso. O velho bastardo poderia manter seu título. Ryan ficaria feliz em administrar seus negócios e encontrar outras coisas para investir seu tempo.

– Alguns homens são assim. – Ela gesticulou em direção à porta. – Eu suponho que você está aqui para ver Estella. Você quer que eu te mostre a sala de estar?

– Por favor – ele respondeu. – Todos os criados são como esse? – Ele não mencionou o velho que o cumprimentou pela primeira vez. – Acho estranho que deixem os convidados se apresentarem sozinhos.

– É mais descontraído em Manchester – Estella concordou. – Este é o meu segundo dia aqui, e na verdade, tem sido bastante refrescante. Eles podem parecer incompetentes, mas são bastante eficientes.

Ele não via dessa forma. Ryan teria que aceitar a palavra dela sobre isso. Talvez, se gastasse algum tempo no castelo, apreciaria o que quer que fosse que os servos fizessem. Ele se viu perguntando: – Quanto tempo você visitará Estella?

– Não muito tempo – ela respondeu enquanto caminhavam em direção à porta. Ele a abriu e gesticulou para ela ir na frente dele. Lady Annalise o fez e ele seguiu atrás. Ela se virou para ele. – Meu pai não tem muita paciência. Tenho sorte de ele ter permitido uma visita curta.

– Deve ser difícil viver com um homem tão duro e com regras rígidas.

– Você se acostuma com isso. – Ela não olhou para ele e manteve o olhar para frente. – O castelo é grande, mas não é guiar. Estella e Hannah ‒ Lady Manchester ‒ podem ser encontradas na sala de estar a essa hora do dia. Embora seja difícil dizer o que elas realmente fazem lá.

– Perdão?

– Não se surpreenda se você descobrir que elas participam de atividades pouco femininas. – Seu tom tinha um toque de humor. – Eles não são mulheres normais.

Eles caminharam por um longo corredor, e então ela o levou para uma sala. Um cômodo muito grande que não se parecia com uma sala de estar… Ryan não tinha estado no Castelo de Manchester há muito tempo, mas chegou a algumas conclusões: o castelo e seus ocupantes constantemente o surpreendiam, e sua prima poderia cuidar de si mesma ‒ ela era perigosamente sangrenta com um florete.

CAPÍTULO TRÊS

A felicidade que enchia o castelo de Manchester não se parecia com à casa de Annalise em nada. Testemunhou a pura alegria e teria de abandoná-la, mas percebeu que, em menos de um dia, estaria deixando tudo para trás. Nunca tinha invejado sua meia-irmã no passado. Agora, porém… Ela ansiava pelo que Estella tinha. O amor que ela compartilhava com o marido era puro. Até mesmo lorde e lady Manchester tinham algo especial entre eles.

– O que a deixou tão sentimental? – Estella perguntou.

– Nada – disse Annalise. – Pelo menos, não é algo que possa ser mudado. Papai nunca me permitiria ficar mais tempo do que já fiquei. – Ela colocou um sorriso no rosto na esperança de que isso aliviasse a preocupação de Estella. – Quanto tempo você e lorde Warwick pretendem ficar no Castelo de Manchester? Ele não tem uma propriedade própria? – Isso deveria ser suficiente para distrair sua meia-irmã. Ela não queria discutir o quão terrível seu pai poderia ser.

– Ele tem – Estella respondeu, e depois riu levemente. – Partiremos não muito depois de você. Garrick, Lord Manchester, teve a gentileza de nos oferecer um lugar para ficar por um tempo. Eu gostei, e Hannah é uma nova amiga que eu nunca tinha pensado em ter.

– Fico feliz que você tenha encontrado uma amiga. – Outro item a acrescentar à crescente lista de coisas que invejava Estella. Se ela ficasse por muito tempo, poderia começar a se ressentir de sua meia-irmã. – Estou feliz por você.

– Você vai encontrar alguém para amar um dia – disse Estella. – Seu pai nem sempre estará por perto para impedir que você encontre a felicidade.

Ele estaria por perto tempo suficiente… Seu pai tinha um jeito de sempre impedir qualquer namoro de começar. Ela não tinha uma real chance de encontrar o amor. Era como se ele tivesse alguma forma de sentir quando um homem se interessava por ela. O duque estava determinado a escolher um marido para ela, e Annalise recusava todo cavalheiro que ele colocava na sua frente. Eles eram todos da mesma classe de seu pai, e ela não se ligaria a outro homem semelhante a ele pelo resto de seus dias.

– Isso é verdade – ela concordou. – Mas não significa que algum dia encontrarei o amor. Algumas pessoas estão destinadas a ficar sozinhas. Eu posso ser uma delas.

– Minha querida Annalise – disse Estella e depois sorriu para ela. – Tenha um pouco de fé e ouse sonhar. Talvez você tenha uma fada madrinha como eu tive.

Foi a vez dela de rir. – Eu não tenho um amor verdadeiro que esteja sendo mantido longe. – De certa forma, ela desejou que tivesse. Nunca se apaixonou ou até mesmo entendeu o que era ter alguém que a amava em troca. Estella sempre amou Donovan. Annalise não tinha ninguém, e ela provavelmente nunca teria. Pelo menos enquanto seu pai vivesse… – O amor não é para todos. Eu vou ficar bem… eu prometo.

– Bem, contanto que você prometa. – Estella revirou os olhos. – Não seja tão cínica. Às vezes, os sonhos se tornam realidade. Se você não tiver fé, vai depender de mim ter um pouco por você.

Ela não queria discutir com Estella. Seu tempo já estava diminuindo, e logo estaria em uma carruagem indo para casa. Annalise queria que suas últimas horas fossem de alegria, e não de tristeza. Se isso fizesse sua meia-irmã feliz, por ter fé que Annalise um dia encontraria o amor, bem, então ela acreditaria. Não era segredo que ela precisava de toda a ajuda que pudesse encontrar. Com um pai infernal, empenhado em fazê-la infeliz, ela não alienaria sua única amiga verdadeira.

Estella sempre foi melhor em socializar do que Annalise. A maioria da sociedade acreditava que ela era pretensiosa e indelicada. Na verdade, ela achava difícil falar com as pessoas, e dava essa impressão. Adoraria ter mais amigos, mas não tinha ideia de como construir esse tipo de relacionamento. – Se um milagre acontecer e eu encontrar o amor verdadeiro, saberei a quem agradecer.

– Com certeza que saberá. – Estella piscou. – Agora venha passear comigo no jardim. Hannah está descansando, e não tenho nenhum desejo de passar algum tempo com Lady Corinne.

– Quem é ela? – perguntou Annalise. – Ela não é muito conversadora. Tentei falar com ela no jantar e ela imediatamente me ignorou.

A bonita mulher loira manteve-se calada a maior parte do tempo que estavam lá. Ela estava secretamente observando Marrok, e seu irmão olhava para a dama de volta. Algo tinha acontecido.

– Ela é, de alguma forma, relacionada a Lord Manchester, talvez seja sua sobrinha… – Estella franziu a testa. – Eu me lembro agora. Ela é a tia de Amelia, e aquela é a jovem sobrinha de Garrick. A pobre menina perdeu ambos os pais. Lady Corrine era a irmã de sua mãe. Garrick a deixa ficar para longas visitas, então Amelia não se sente tão sozinha.

– Isso é legal da parte dele – Annalise respondeu. – É bom ver um homem realmente se preocupando com seus parentes femininos. – Sim, sua amargura se derramou nessas palavras. Para o pai, ela não era nada mais do que uma moeda de troca para seu ganho pessoal.

– Nem todos os homens são como o duque de Wolfton. – Estella levantou-se e Annalise juntou-se a ela. Elas saíram da sala de estar e se dirigiram para o jardim. Uma vez fora, Estella agarrou o seu braço e disse: – Não cometa o mesmo erro que eu. Se você se apaixonar, por favor, não deixe de confiar nele. Se eles são bons o suficiente para conquistar seu coração, então merecem a completa verdade. Se eu tivesse explicado tudo a Donovan, talvez não tivéssemos tido todos esses anos de separação.

– É difícil dizer o que pode ou não ter acontecido. – Ela mordiscou o lábio inferior. – Pelo menos vocês encontraram o caminho de volta um para o outro. Não se preocupe comigo, se eu tiver a sorte de encontrar o amor, prometo confiar nele completamente. O que seria do amor sem confiança?

Isso ela acreditava completamente. Elas desceram o caminho do jardim, que era uma parede de roseiras e tinha uma variedade de cores de pêssego a rosa, e também um vermelho brilhante. Annalise adorava flores, mas sempre gostara de rosas. Elas eram tão bonitas e desejou que pudesse crescer algumas dessas no jardim de sua casa. Sim, eles tinham algumas rosas, mas não iguais às que cresciam no jardim de Manchester. Seu pai não se importava, desde que fosse bem cuidado e parecesse decente o suficiente para mostrar aos convidados.