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A Posse De Um Guardião
A Posse De Um Guardião
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A Posse De Um Guardião

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Olhos dourados sem emoção a estavam a fixar no local onde ela estava deitada. As semelhanças entre o seu sonho e a sua realidade eram desanimadoras para dizer o mínimo.

Ela rapidamente olhou ao redor reparando no piso de mármore preto e as paredes de pedra. O seu primeiro pensamento foi que aquilo era exatamente como a caverna, só que melhor. Parecia o que ela sempre imaginou que seria o interior de um castelo. Grandes tapeçarias cobriam partes das paredes dando um toque mais quente junto com o travesseiro dourado e preto onde estava deitada.

A sua atenção voltou a Kyou, percebendo que ele não tinha movido um músculo. Mais uma vez, a lembrança do seu pensamento anterior voltou para assombrá-la... Ele é tão perigoso quanto Hyakuhei. Como alguém tão bonito pode ser tão mau? A escuridão da sala fazia a sua aura parecer perturbadoramente mais brilhante, como se gozasse dos seus pensamentos.

Mais uma vez, a mesma sensação de nó no estômago voltou, como no sonho. Fechando os olhos com força, ela cerrou os punhos no travesseiro e rezou para que isso fosse apenas mais um sonho... que acordasse de volta com a estátua da donzela e Toya estivesse de pé sobre ela gritando sobre a sua estupidez por ter voltado no meio da noite. Quando os seus olhos se abriram, engoliu em seco com medo, compreendendo que isso era muito real.

Quando ele realmente falou, ela se assustou tanto que estremeceu com a voz melancólica. Os seus olhos esmeralda se arregalaram com a reação sabendo que tinha acabado de estragar novamente, mostrando-lhe medo... isso não era bom.

– Eu não vou te magoar... se tu te comportares. – Kyou olhou fixamente nos olhos dela, esperando a sua reação às palavras dele. Ele então sorriu interiormente quando ela olhou para ele. Ótimo. ele pensou. Ela não ia gritar de medo dele... não pelo menos enquanto ela ainda estava com tanta raiva.

Kyoko olhou fixamente para ele enquanto se lembrava do que ele tinha feito... e bem ali na frente de Toya, de todas as pessoas. Como ele pôde ter feito tal coisa? Levantando o queixo Kyoko assobiou: – E o que faz tu pensares que eu algum dia me comportaria?

Kyou quase se perdeu quando a demanda voou dos seus lábios rosados. Pelos deuses, ela estava determinada a desafiá-lo até ao fim. Apesar da sua antipatia inicial por ela, tinha que saber que não era o seu desejo acabar com a sua existência. Se fosse esse o caso, ela teria morrido nas mãos dele no primeiro encontro. O seu desafio estava a aquecer o seu sangue novamente... forçando-o a fazer um esforço físico para se concentrar na tarefa em mãos.

Os olhos de Kyoko de repente caíram dos dele. Ela não podia competir com a intensidade do seu olhar. Não naquele momento. Não com o coração a bater tão forte. O olhar estranho das suas orbes douradas a assustou mais do que lutar contra o próprio Hyakuhei.

– Tu vais te comportar se quiseres voltar para Toya e os outros guardiões. – Ele disse confiante como se estivesse a declarar um fato. Estreitou o olhar quando os olhos dela voltaram para os dele. Então... ela pensou que iria discutir, não é? Ele certamente esperava que sim. Se ele tivesse alguma coisa a ver com isso... ela nunca colocaria os olhos em Toya novamente.

– Quem tu pensas que és? – ela exigiu, ficando de joelhos na frente dele. – Tu colocaste as tuas mãos em mim... me tocaste de uma maneira que eu não queria. Eu não me importo com o que tu queres ou tens a dizer, leva-me de volta para Toya, seu... seu pervertido!

Kyou de repente se inclinou para a frente fazendo Kyoko cair de volta na sua posição original e ele saboreou o cheiro misto do seu medo e emoção.

– Tu vais ficar aqui comigo até que eu considere o contrário. Se os teus chamados Guardiões não podem estar presentes para proteger-te, então eles não merecem a responsabilidade. – O temperamento de Kyou explodiu quando se lembrou do quão perto ela esteve da morte pelos demónios que ele destruiu antes de tomá-la. Isso foi para o bem dela. Se ele não a tivesse encontrado a tempo, ela estaria com Hyakuhei agora, em vez da sua proteção.

Os lábios de Kyoko se separaram em confusão – Por que tu queres que eu fique aqui contigo? – Foi então que ela percebeu o quão perto ele estava enquanto se inclinava sobre ela. Ela observou a maneira como ele respirava e piscou... por um momento, parecia que a camisa dele ficou quase transparente na luz. Balançando a cabeça mentalmente, ela encontrou o seu olhar esperando por uma resposta à sua pergunta.

Antes que Kyou pudesse responder, a porta da sala se abriu e duas crianças pequenas entraram a correr, sorriam e riam. Eles pareciam ter cerca de seis anos. Os meninos tinham cabelos loiros indomáveis que paravam logo abaixo dos ombros. Eram gémeos idênticos.

Kyou sentou-se abruptamente ereto, momentaneamente, com uma expressão de alguém com a mão presa no pote de biscoitos. Kyoko nem sabia que esse olhar estava no seu repertório. Ela sabia que nunca iria esquecer... onde estava uma cámera quando tu realmente queres?

Ela inclinou a cabeça para o lado sabendo que eram crianças humanas e gémeas. Por que elas estavam aqui... com ele?

– Kyou, tu estás de volta. – Eles gritaram o seu nome enquanto corriam para mais perto. Percebendo Kyoko eles pararam, os seus olhos se arregalando com uma curiosidade tímida.

– Kyou, ela vai ficar? – eles ergueram os seus olhos azuis claros para encarar Kyou.

Kyoko assistiu Kyou. Ele nem mesmo olhou para os pequenos gémeos enquanto respondia.

– Hiroki, Hiraru. – Ele disse numa voz inexpressiva.

– Sim? – Vieram as respostas doces.

– Ela vai ficar. Agora deixem-nos por enquanto. – A voz fria e calma de Kyou não perturbou os gémeos enquanto sorriam para Kyoko, então de repente correu para a frente, fechando a distância entre eles.

Kyoko esperava ser atacada. Os seus olhos se arregalaram de surpresa quando pararam antes de alcançá-la e subiram para o colo de Kyou, abraçando-o com tudo o que valiam. Mais uma vez, a expressão no rosto de Kyou não teve preço, fazendo-a se perguntar o quanto ela realmente sabia sobre ele. Os gémeos saltaram para trás a rir quando Kyou rosnou abruptamente no fundo do seu peito antes de se virar e saltar para fora da sala.

Kyoko olhou de volta para Kyou. – Por que eles estão contigo? – Ele simplesmente ficou diante dela, elegante e irritantemente lindo. Ela percebeu que ele não responderia e ficou surpresa quando o fez.

– Eles quiseram ficar... e eu deixei. – ele respondeu com o mesmo olhar vazio que tinha dado a ela antes. Elevando-se sobre ela, Kyou notou a expressão de surpresa que cruzou o seu rosto. O olhar dele percorreu as suas bochechas para parar nos seus lábios... lábios carnudos, quase carnudos.

Kyoko não sabia o que pensar sobre a sua resposta. – Por que tu os deixaste quando odeias humanos?

Ele gostava de ver os lábios dela a se moverem. Kyou se inclinou para mais perto de Kyoko, chegando a centímetros do seu rosto. – Eles não são inteligentes o suficiente para terem medo de mim. – A sua voz era baixa e suave. Os olhos dele se ergueram dos lábios dela e se fixaram nos dela.

Kyoko engoliu em seco, inclinando-se um pouco, mas o travesseiro não permitia muito espaço para isso. O que ele quis dizer... que ela não era inteligente o suficiente para ter medo dele? Ela poderia dizer que ele não iria magoa-la, então ela não se afastou dele. – Então por que estou aqui? – ela levantou uma sobrancelha para ele.

– Porque tu também não és inteligente o suficiente para ter medo de mim. – a sua voz ficou mais suave enquanto observava o rosto dela tão perto do dele. Ele ficou surpreso com o quanto as emoções dela transpareciam no seu rosto.

Kyoko queria inclinar-se para trás mais alguns centímetros tentando criar espaço entre eles. – Tu queres que eu tenha medo de ti? – ela perguntou levantando uma sobrancelha irritada. Ela inalou quando os olhos dele pareceram brilhar de forma anormal ainda mais dentro do quarto sombrio. Ela de repente esqueceu o que tinha levado a essa conversa.

– Contanto que tu te comportes, tu não tens nenhuma razão para me temer. Por enquanto. – Ele estendeu a mão para tocar a sua bochecha apenas para abaixá-la lentamente quando ela de repente se afastou. A luz da janela atrás dele refletiu nos seus olhos. Ela percebeu o quão sedutora ela parecia com a sua inocência de criança e os seus lábios melancólicos? Ele se sentou longe dela, o seu olhar estreitando mais uma vez.

Kyoko o observou com curiosidade. – Kyou... por que estou realmente aqui? Eu preciso voltar para os outros guardiões e continuar a caçar os talismãs perdidos. – Ela não sabia o que estava a acontecer com ele e isso estava oficialmente a começar a assustá-la. Ele ainda não lhe respondeu e as borboletas no seu estômago cresciam enquanto ela esperava.

Depois de um minuto observando-o apenas olhando para ela, Kyoko finalmente colocou a mão no travesseiro e se pressionou até ficar em pé.

Kyou ficou tão tentado a deixá-la se inclinar para ele, mas depois de tratar o seu corpo de forma tão sedutora antes, ele sabia que isso iria quebrar qualquer tipo de confiança que ele ganhou. Ele se inclinou para trás e a deixou se levantar.

Sentindo-se um pouco desequilibrada ao tentar ficar de pé no travesseiro de grandes dimensões, Kyoko colocou as mãos para se equilibrar enquanto o olhava desafiadoramente. – Ok. Se não há razão para eu estar aqui, então eu quero voltar. – Ela deu um passo, mas antes que soubesse o que aconteceu, estava deitada de costas olhando para um Kyou que parecia muito zangado. Bem... pelo menos eu sei que o rosto dele não é feito de pedra, ela pensou consigo mesma.

Kyou agarrou os tornozelos de Kyoko e quando ela pousou, ele a puxou na sua direção. Ele estava instantaneamente em cima dela, olhando para o seu rosto. As suas mãos estavam pressionadas contra o seu peito e ele podia sentir o poder do cristal a crescer nas suas palmas, mas ela não o soltou. Bom. ele pensou.

– Tu achas que eu te tomei por nada? Tu estavas em perigo e nem sabias disso! – ele a informou sombriamente.

– Perigo. – Kyoko quase rosnou para ele. – Eu estava bem até tu apareceres!

Ele respirou fundo tentando acalmar o seu temperamento e o seu coração batendo rapidamente. Ele não queria magoa-la, mas ela ainda não iria embora. Alguém tinha que mantê-la segura e ele não confiava nos seus irmãos para fazer isso depois da sua negligência. – Tu não irás embora até que eu saiba o que preciso saber de ti.

– O que tu queres aprender comigo? – Kyoko pressionou as mãos contra o seu peito duro e empurrou, tentando fazê-lo recuar para que ela pudesse sentar-se novamente. Quando ela percebeu que ele não iria se mover, ela olhou para ele com frustração.

Ela estava a começar a perder a paciência com o “príncipe de gelo”, ela pensou consigo mesma, causando um leve sorriso histérico nas suas feições. As pontas dos dedos dela formigaram com o seu poder e ela o controlou, já que ele não tinha feito nenhuma ameaça real para ela... ainda.

Kyou novamente observou as emoções cruzarem o seu rosto com espanto, embora ele não mostrasse nenhuma evidência de estar surpreso. Ele colocou as mãos nos ombros dela e a sacudiu levemente. – Isto... Eu quero aprender isto.

Kyoko franziu a testa para ele. Do que diabos ele estava a falar?

Ele a sacudiu novamente – E isso, eu quero saber disso.

– O quê? – Ela gritou com ele, ficando com raiva. Kyoko deu-lhe um olhar estranho, perguntando-se silenciosamente se ele tinha perdido seriamente a cabeça.

– Sim, isso, tudo isso e isso também. – Ele a puxou para si e roçou os lábios nos dela num beijo ardente.

Kyoko engasgou quando ele a pegou de surpresa e deslizou a sua língua pelos seus lábios trazendo o seu corpo mais perto do dela, provando-a. No seu pânico... o poder do cristal enfraqueceu e ela empurrou contra ele, mas a sua força não tinha vontade real.

Kyou escolheu este momento para soltá-la quando a sua luta cessasse. Ele tinha defendido o seu ponto de vista, mesmo sendo o único que o entendia. O seu olhar nunca deixou o seu rosto quando ela caiu de costas contra o travesseiro, com as bochechas coradas. A imagem ficaria para sempre impressa na sua mente. Os seus seios subindo e descendo com cada respiração profunda. Os seus lábios se separaram ligeiramente. O seu longo cabelo ruivo se espalhou ao seu redor em ondas.

Foi o olhar de sedução inocente... que fez a sua virilha apertar e inchar. Ela já era dele... só que ela não sabia disso.

Kyoko colocou as costas da mão nos lábios numa tentativa de impedi-lo de fazer tal coisa novamente. Ela estava brava. Ela não entendeu. Ele queria aprender o que com ela? – Do que estás a falar? O que queres que eu te ensine? – ela fez as perguntas com uma voz trémula, sentindo como se ele estivesse a tentar arrastá-la para a sua insanidade.

Quando ela não obteve uma resposta rápida o suficiente, ergueu uma sobrancelha irritada para ele e sibilou: – Vai dar um salto voador. – Ela então enxugou a boca com as costas da mão como que para afastar a sensação do beijo dele.

Perdendo a paciência com ela, ele se virou para sair da sala. Por que ela não entendeu? Por que ela não percebeu que ele queria conhecê-la? Ele não podia libertá-la agora... desprotegida de Hyakuhei. O inimigo tinha ficado tão perto dela que agora estava a assombrar os seus sonhos... ele não permitiria.

Kyoko gritou com ele. – Eu quero ir embora! Deixa-me! Se eu não sei o que tu queres de mim, então não posso te ajudar! – Ela viu quando ele parou, as suas costas enrijeceram, mas ele não se virou para encará-la.

Kyou sabia o que queria dela, mas por enquanto, isso teria que servir. – Eu quero que tu me ensines as tuas emoções humanas. – Ele caminhou em direção à porta. – Talvez então… Vou entender por que estou preocupado em proteger um.

Ele saiu, fechando a porta atrás dele. Uma vez no corredor fora da sala, se encostou na madeira da porta. Isso foi... estranho. ele pensou com uma sobrancelha levantada. Rapidamente se endireitou e olhou ao redor para ter a certeza de que ninguém tinha testemunhado o seu momento de fraqueza.

Kyou ficou parado por um momento, pensando. Se ele pudesse fazer com que ela ficasse... mesmo que fosse apenas por um tempo, ele teria tempo de tentar fazer com que ela o amasse. Era hora de admitir o que ele estava a tramar... pelo menos admitir para si mesmo. Ele queria apenas mantê-la. Pela primeira vez na sua longa vida, ele queria algo que o seu irmão Toya possuísse.

Ele queria a sacerdotisa para si... queria ser o único a protegê-la. Era isso que eles chamavam de amor? Os seus olhos escureceram atraentemente. No fundo... ele conhecia as emoções, mas só ele estava ciente desse fato. Ele simplesmente não tinha um motivo para tocá-las há tanto tempo que elas se tornaram dormentes. Ele sorriu secretamente. Se ela queria deixá-lo... então primeiro, ela teria que conhecer o verdadeiro ele.

Primeiro, ele queria saber o que era o amor humano e ela seria a única a mostrar-lhe. Para fazer isso... ela teria que se apaixonar por ele. O seu sangue nobre já a tinha escolhido como sua companheira e ele não podia mudar isso. Não importa o quanto ela lutasse com ele... ele apenas lutaria mais.

Os olhos de Kyou ficaram mais brilhantes com o pensamento dela vindo até ele de boa vontade. Ele queria sentir todas essas emoções. Ele sabia por que o seu pai e irmãos pensavam que os humanos eram tão interessantes... vale a pena proteger. Eles achavam que cada um deles é diferente e, de alguma forma, intrigante. Ele achou fácil ignorar a maioria dos humanos... mas não a sacerdotisa. Ela era o enigma entre os humanos.

Já fazia muito tempo desde que o senhor do reino guardião esperava por qualquer coisa... Mas esta era uma batalha que ele não pretendia perder.

Capítulo 4 - Problema duploz

Kyoko sentou-se nos travesseiros olhando para a porta que tinha batido apenas alguns segundos antes. Os seus pensamentos estavam congelados no motivo pelo qual ele disse que ela estava ali. Kyou queria que ela lhe ensinasse emoções humanas? Por que o príncipe de gelo iria querer conhecer as emoções humanas? E por que ele iria querer aprender com ela?

Ela levou a mão aos lábios ainda sentindo a sensação de formigamento que o beijo dele causou. Os olhos de Kyoko se estreitaram quando ela baixou a mão pensando. Uma coisa é certa! Kyou já conhece duas emoções... raiva e presunção.

*****

Hiroki e Hiraru abriram a porta espreitando, procurando pela menina bonita. Nunca houve uma menina no castelo ou pelo menos uma que eles já tivessem visto. Já fazia muito tempo que eles não viam outro humano entre eles. Estavam tão acostumados a ver Kyou que nunca lhes ocorreu que estavam perdendo nada até agora. Agora não podiam manter a sua curiosidade sob controle.

Olhando um para o outro quando não viram nada de imediato, eles se inclinaram um pouco mais para ver completamente o travesseiro onde a menina estava deitada. Vendo que ela ainda estava ali, eles quase caíram um sobre o outro no processo.

Os olhos de Kyoko brilharam consideravelmente quando ela viu os meninos gémeos. Eles eram tão adoráveis e, novamente, ela se perguntou como alguém como Kyou poderia ter esses dois lindos filhos na sua companhia. Simplesmente não combinava com a sua personalidade fria.

Na sua corrida para o lado dela, um deles tropeçou, mas felizmente caiu na ponta do travesseiro, em vez do chão de mármore implacável. Kyoko não pôde evitar e riu, levando-o nos braços e colocando-o de volta em pé. Ela observou o outro gémeo correr e abraçar o seu irmão. As suas bochechas estavam pressionadas juntas olhando para ela com sorrisos idênticos. Eles eram tão adoráveis e a lembravam do seu irmão mais novo quando ele era pequeno.

– Tenha cuidado. – advertiu Kyoko. – Você não deve correr em pisos tão escorregadios. Meu nome é Kyoko.

– Hiya Kyoko. Ele é o meu irmão Hirok … – E ele é o meu irmão Hiraru. – Eles terminaram as frases um do outro.

– É muito bom conhecê-los. – Kyoko assentiu.

– Você é muito bonita. – Hiraru disse calmamente.

Kyoko mentalmente gritou com sua fofura, mas se segurou. – Obrigada Hiraru, devo dizer que vocês os dois são muito bonitos também.

Ambos coraram docemente e Kyoko estava achando mais difícil evitar abraçar a vida deles. Ela olhou para a porta e depois de volta para eles. – Vocês sabem onde Kyou está?

Hiroki e Hiraru trocaram olhares de cumplicidade. – Acho que ela gosta dele. – sussurrou Hiroki.

Os lábios de Kyoko se separaram, mas nada saiu e ela corou.

– As bochechas dela estão vermelhas. – disse Hiraru. – As bochechas da mamã sempre ficavam vermelhas quando o papá a abraçava. Você acha que Kyou abraçou Kyoko?

Kyoko resistiu ao desejo de cair e enterrar o rosto no travesseiro. Ele fez mais do que me abraçar, o pensamento passou pela sua cabeça. Tentando se distrair, ela notou as manchas de sujidade nas mãos do menino e sorriu. Meninos seriam meninos e parecia que aqueles dois estavam a brincar do lado de fora.

Kyoko estendeu a mão e levantou a mão de Hiroki virando-a com a palma para cima. – Andamos brincando na terra, não é? – ela piscou.

– Precisamos tomar um banho agora. – Hiraru informou, sabendo que Kyou nunca teve as mãos sujas. Os gémeos olhavam para ele e queriam ser como o herói deles. – Você vem tomar banho connosco?

Kyoko balançou a cabeça, – Eu não acho que seria uma ideia muito boa. – Ela vacilou quando os gémeos cada um pegou a mão e tentou colocá-la de pé.

– Kyou não se importará. – disse Hiroki. – Assim que ele vir como você é bonita quando estiver limpa, talvez ele te abrace.

Os olhos de Kyoko se arregalaram novamente e ela gemeu mentalmente. Ela não queria que Kyou a abraçasse... ela queria que Kyou a deixasse ir. Foi quando realmente ocorreu-lhe... as crianças não sabiam que ela estava a ser mantida contra s sua vontade.

Os pequenos gémeos sorriram inocentemente para ela, puxando-a em direção à porta. A sua resolução de ficar exatamente onde estava despedaçada quando viu os seus pés descalços sujos. Ela se perguntou quem tomava banho e cuidava deles. Todas as pequenas coisas que a sua mãe costumava fazer por ela, que ela tomava como certas, não foram dadas a esses lindos meninos.

Kyoko não sabia o que fazer, então ela apenas balançou a cabeça e seguiu as crianças para fora da porta e pelo corredor. No momento, era uma vantagem apenas sair daquela sala. Havia grandes tapeçarias e pinturas que revestiam as paredes... mais do que alguns Kyoko não teria se importado de dar uma vista de olhos mais de perto, mas ela não estava prestes a marcar uma consulta. Ela tinha um motivo oculto... encontrar uma maneira de sair do castelo e voltar para Toya.

As pequenas mãos segurando as dela continuaram a puxá-la corredor abaixo até um conjunto de degraus em espiral de mármore branco. A escada era tão íngreme que Kyoko apertou ainda mais as mãos das crianças, não querendo vê-las tropeçar e cair na pressa. No fundo, eles a conduziram através de um conjunto de portas duplas. Kyoko sentiu a mudança de temperatura e humidade... ela piscou de surpresa e olhou em volta com os lábios entreabertos de admiração.

A sala era enorme, com uma fonte termal tentadora borbulhando confortavelmente no centro do piso de pedra. A pedra se estendia até as paredes, onde era forrada com almofadas macias e fofas, criando um ambiente muito confortável. Sob as circunstâncias certas... poderia ter sido considerado romântico.

Seguindo a parede, esticou o pescoço percebendo que ela subia pelo centro do castelo, levando a diferentes alas e deixando entrar a brisa e o sol. Se estivesse chovendo, ela estaria molhada agora.

– Bem, pelo menos isso está mais perto de estar do lado de fora do que eu. – ela olhou para baixo e sorriu quando os dois meninos olharam para ela com curiosidade. – É lindo. – ela balançou a cabeça, não querendo preocupá-los com as suas próprias divagações.

Kyoko se lembrou de Toya uma vez dizendo-lhe que Kyou vivia num ambiente luxuoso... isso por si só já o confirmava. Ela não podia dizer o quão grande o castelo era, e ela não tinha a certeza se queria descobrir. Já era mau o suficiente que ela estivesse a ter problemas para se lembrar como ela chegou a este quarto.

Seguindo a sua linha de visão de volta à nascente, ela notou onde havia materiais macios para secar e vapor a sair da água aquecida. Ela passou a amar absolutamente as pequenas fontes termais que muitas vezes encontravam neste mundo, mas esta era... a melhor coisa desde o pão fatiado. De certa forma, era ainda melhor do que ela tinha no seu mundo moderno.

Parecia quase bom demais para uso geral e ela se perguntou se aquela era a área de banho pessoal de alguém. Ela estremeceu quando a ideia de que esta poderia ser a casa de banho privativa de Kyou entrou na sua mente. Dando uma rápida vista de olhos ao redor para ter a certeza, ela deu um suspiro de alívio ao determinar que ele não estava por perto.

Kyoko olhou para Hiroki e Hiraru nervosamente. – Nós deveríamos estar aqui?

Eles sorriram, saltando de entusiasmo. – Queríamos que Kyoko viesse connosco como a mamã costumava fazer! – Com isso... os gémeos começaram a se despir e a correr para a água, rindo de alegria.

O queixo de Kyoko caiu. – Como a mamã costumava fazer? Ela piscou várias vezes se perguntando como duas crianças tão doces e inocentes tinham sobrevivido sem a sua mãe e como era que acabaram vivendo com o príncipe de gelo.

*****

Kyou andou para frente e para trás dentro das paredes do seu quarto se perguntando o que ele faria com Kyoko. Ele não estava preocupado com Toya e os outros, mas o fato de Hyakuhei ter ficado tão perto dela não o deixou feliz. Se ele não tivesse chegado primeiro, o que teria acontecido?

Balançando a cabeça, ele rosnou com a pergunta. Ele sabia exatamente o que teria acontecido. Hyakuhei a teria seduzido e então a usado para reunir o talismã e abrir um portal para o seu mundo. Ele ainda conseguia se lembrar da suavidade na sua voz quando ela disse o nome de Hyakuhei no seu sono. Esse pensamento por si só foi o suficiente para fazê-lo querer explodir com raiva. O seu tio não merecia tocar... NUNCA tocaria no que era dele.

Ele parou de andar e olhou para o espaço. Ele, ele gostava daquele som. O único problema que enfrentou no momento foi ganhar mais confiança dela e fazê-la ver que ele era o único que teria a capacidade de protegê-la da maneira que ela deveria ser protegida. Para que pudesse fazer isso, precisava mantê-la ao lado dele e se certificar de que ela permanecesse assim.