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Herança Perdida
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Herança Perdida

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Herança Perdida
Robert Blake

Um thriller vibrante de aventura, suspense e mistério ambientado no último quartel do século XIX e na Primeira Guerra Mundial. Um arqueólogo proeminente desaparece em circunstâncias estranhas durante a Primeira Guerra Mundial, enquanto os exércitos lutam contra uma frente interminável em batalhas sangrentas e enormes dificuldades que causam estragos nos dois lados. No final da guerra, um jornalista perspicaz, intrigado com o surpreendente desaparecimento do arqueólogo, assumirá uma investigação complexa, que o levará a viajar por diferentes continentes em uma busca rápida até que ele possa desvendar um episódio incomum na história do Império Britânico. Mergulhe em um thriller em ritmo acelerado, onde você poderá descobrir alguns dos achados mais famosos da era de ouro da arqueologia.

Herança

Perdida

Robert Blake

Título original: El legado perdido

© 2021 Robert Blake

© Imagem da capa: Retirada dos common wells do Flickr

Tradução de Susana Franco

(Sem restrição de direitos de autor)

Todos os direitos reservados

Não é permitida a reprodução total ou parcial deste trabalho, nem a sua incorporação a um sistema de computador, ou transmissão em qualquer forma ou por qualquer meio, seja ele eletrónico, mecânico, de gravação ou qualquer outro, sem autorização prévia e escrita pelo autor.

A infração dos direitos acima mencionados pode constituir um delito contra a propriedade intelectual (Art.270 e seguintes do Código Penal).

Índice

Prólogo (#ulink_9badcb27-2a45-5b24-b44d-f3a697192deb)

Capítulo I (#ulink_d941776a-5857-523f-a88b-8a1cd64bb930)

Capítulo II (#ulink_a018a26c-6612-5663-87d4-e871359dbe92)

Capítulo III

Capítulo IV

Capitulo V

Prólogo

Tessalónica, 1912

— Mais de meia hora à espera neste calor sufocante — rosnou o diretor do museu enquanto mantinha o relógio de bolso no colete — Quando é que o barqueiro vai aparecer?

Ele continuou a andar às voltas para cima e para baixo enquanto a névoa do amanhecer não permitia ver nem um metro de distância; apenas o leve ruído de algum pássaro alterou o profundo silêncio.

— Penso que não deve demorar muito — respondi enquanto folheava o pergaminho mais uma vez.

— Achas que vamos encontrar o lugar exato com esta névoa? — Acrescentou o velho.

Kalisteras pareceu morder o lábio; estava a começar a ficar cansado das queixas do velho.

— Assim que os primeiros raios de sol nascerem, a névoa começará a dissipar-se e o lago ficará visível.

— Tens a certeza?

— Eu já percorri este caminho muitas vezes — ele respondeu presunçosamente.

O diretor olhou-o de cima a baixo, não suportava os presunçosos.

— Espero que estejas certo — eu disse a olhar nos olhos dele. — É preciso estar um dia claro e nítido para poder interpretar este mapa.

— Enquanto não for uma cópia grosseira feita por alguns manuacenses nos séculos seguintes, — acrescentou o diretor com um meio sorriso.

— Então a nossa jornada à Salónica terá sido em vão. — Respondi ironicamente. — Nunca faço uma investigação sem provas suficientes. Este pergaminho é do século IV.

— Eu sei amigo. Por isso é que decidi sair da minha biblioteca. Ainda assim tenho as minhas dúvidas — ele suspirou suavemente.

Imediatamente a figura do barqueiro apareceu na neblina sem que estivéssemos conscientes da sua presença. Ele cumprimentou Kalisteas e acenou para entrarmos no barco.

— Eles já pensavam que você não vinha, — Kalisteas o repreendeu. — Os meus amigos estavam a começar a ficar nervosos.

O barqueiro olhou para ele; não parecia gostar de receber ordens.

— Com este nevoeiro, até para mim, é difícil navegar, — respondeu ele.

Kalisteas olhou para ele surpreendido.

— Vamos lá, — ele acrescentou sem rodeios. — Levaremos o dobro do tempo para chegar ao nosso destino nestas condições.

O barqueiro, com um joelho na madeira lascada, começou a brandir o seu longo remo de cima para baixo, enquanto nós estávamos sentados à sua frente, tentando decifrar algo naquela manhã quente em que a água parecia uma jangada de azeite e somente o som dos pássaros quebrava o inquebrável silêncio do amanhecer.

Os primeiros raios de sol finalmente começaram a aparecer, penetrando nas nuvens e diminuindo a névoa que começou a deixar-nos ver uma manhã esplêndida naquele vasto pantanal.

A gruta para a qual estávamos a ir, que à distância parecia um simples buraco, também começou a tornar-se mais visível quando nos aproximámos.

— O nível da água não baixou o suficiente! — Gritou Kalisteas, apontando com a mão. — Meia caverna ainda está inundada!

Apenas o topo estava seco. A água alcançou até três quartos da gruta.

— O pergaminho garante que este é o único mês do ano em que o nível da água torna a caverna visível, — respondi.

— No mês passado choveu muito. Portanto, o nível da água está mais alto do que o normal.

— E agora? — O diretor rosnou novamente.

— Toca a nadar, amigo, — Kalisteas anunciou com um sorriso irónico. A situação parecia diverti-lo.

O barqueiro deixou-nos bem à entrada do buraco, então só tivemos que pular para a água e nadar uma curta distância dentro da caverna até chegarmos a uma borda rochosa ao fundo dela.

— Pagaste ao barqueiro? — Perguntou o grego quando chegamos à costa.

— Não tivemos tempo. Pulámos rapidamente para a água.

Kalisteas abanou a cabeça várias vezes.

— Pagaremos no regresso — respondi.

— Ele esperava o pagamento agora. Quem garante que voltaremos? — Ele acrescentou com raiva e começou a caminhar em direção a um pequeno túnel à sua esquerda.

— Porque é que ele está furioso? — O professor sussurrou ao meu ouvido alguns metros depois, quando o grego se afastou um pouco.

— Dá azar não pagar a portagem — respondi, virando a cabeça. — Os gregos são muito supersticiosos.

Kalisteas levou-nos por um corredor estreito que serpenteava da esquerda para a direita quando começámos a descer e o calor ficou ainda mais sufocante. Chegámos a uma encruzilhada onde dois túneis bloqueavam o caminho e uma pequena cavidade continuava a descer.

— Guiei-vos até onde sei, — disse Kalisteas em voz baixa. — Agora é a vossa vez.

Analisamos cuidadosamente aquela encruzilhada, até que o professor reconheceu umas inscrições gravadas no fundo da rocha num dos túneis e virou-se para nós com um sorriso triunfante no rosto.

— É esta a marca que procuramos, — anunciou. — Não tenho dúvidas.

Continuámos por uma passagem estreita, iluminando com lâmpadas de querosene enquanto ouvíamos o bater de morcegos atrás de nós, até que o caminho parou de repente.

Depois de iluminar trezentos e sessenta graus, vimos como à nossa esquerda havia uma abertura estreita pela qual quase ninguém podia passar.

— A entrada secreta, — anunciou o professor.

Kalisteas curvou-se e entrou na passagem, enquanto o seguíamos.

O túnel continuava em linha reta enquanto nós rastejávamos agachados para que as cabeças não tocassem no teto. As nossas pernas começaram a ficar dormentes até que finalmente chegamos ao pé de uma escada de pedra em espiral, que descemos cuidadosamente.

Ao chegar ao fundo, o professor estava ofegante.

— Estás bem?

— Claro. Não te preocupes comigo. Sou um velho viciado em livros e não estou acostumado a fazer esforços, mas não vou desistir.

Kalisteas finalmente sorriu, parecia ver um espírito aventureiro no professor curvado.

— Acho que chegamos ao fim do nosso caminho, — anunciou o grego enquanto apontava para a frente.

Diante dos nossos olhos havia uma lagoa escura subterrânea que impedia a nossa passagem. Quando nos aproximámos da costa, havia um pequeno altar que parecia pouco visível da nossa posição no fim da gruta.

— Só há duas opções, — exclamei, virando-me para os meus companheiros. — Atravessar a lagoa ou voltar e tentar outro túnel.

— Há algo nesta caverna que não me agrada — disse o professor. — Há muito silêncio.

Começamos a inspecionar a costa, era apenas um pedacinho de terra, cercado por um imenso muro de pedra com cerca de dez metros de altura que atravessava a lagoa da esquerda para a direita.

— A outra margem não parece tão longe, — disse Kalisteas. — Sou um bom nadador. Acho que poderia atravessar sem nenhum problema.

— Não há vestígios de presença humana nesta caverna. É como se ninguém tivesse aqui estado há centenas de anos — acrescentou o professor.

Nós dois o encaramos como se ele tivesse lido os nossos pensamentos. O grego começou a tirar a roupa e preparou-se para entrar na água.

— Tens a certeza que consegues nadar até lá?

Ele sorriu com um aceno de cabeça.

Ele entrou na água e começou a remar enquanto tremia e a névoa saía-lhe pela boca. Ele estava a nadar há pouco tempo quando ouvimos um respingo na água e uma pequena onda se formou a poucos metros de onde ele estava.

— Olha para aquilo, — disse o professor.

— Nada até à costa o mais rápido que puderes! — Gritei para ele instantaneamente. — Há algo na água!

Kalisteas olhou para a esquerda e viu-o aproximar-se a alta velocidade.

— Ilumine para ali, professor! — Eu disse enquanto tirava o meu revólver da mochila e começava a atirar naquela direção.

O som dos tiros pareceu assustar a criatura do lago e Kalisteas conseguiu alcançar a costa são e salvo.

— Agora já sabemos porque é que ninguém atravessa esta lagoa há anos, — disse o grego, tentando secar-se e voltar a vestir-se.

— E agora? — Observou o professor.

— Não faço a mínima ideia — respondi, olhando para aquela caverna sinistra mais uma vez.

Passámos algum tempo a examinar cada canto tentando encontrar uma solução. A princípio, pensámos que a melhor ideia era regressar e voltar noutro dia com o equipamento certo, mas estávamos longe da cidade mais próxima e a entrada da caverna ficaria submersa novamente em alguns dias, por isso teríamos que esperar um ano inteiro para tentar novamente.

Exaustos, sentámo-nos num conjunto de pedras na beira da água. Apesar da escuridão, as tochas que tínhamos colocado na costa refletiam-se nas águas da lagoa, desenhando um céu estrelado sobre a abóbada da caverna.

Foi essa visão que me fez lembrar de quando, há anos atrás, me levantei antes do amanhecer para empreender a árdua subida dos picos alpinos durante as minhas férias na Suíça.

— Quanta corda trouxeste? — Perguntei a Kalisteas, levantando-me do assento como uma mola.

— A quantidade que pediste. Tem vários metros.

— Vês a parede que atravessa a gruta da esquerda para a direita? — Eu falei, apontando para ela — Começa nesta ponta e vai dar ao pequeno altar. Se eu conseguir passar, não preciso molhar um dedo.

— Enlouqueceste? — O professor repreendeu-me como se estivesse a ensinar na sua sala de aula em Oxford.

— Eu consigo atravessar aquela parede de uma ponta à outra. — Vejam — apontei — a humidade formou inúmeras cavidades na rocha. Pode ser escalada sem grandes problemas. Só espero ter metros de corda suficientes.

— É muito arriscado — acrescentou Kalisteas. Foi a primeira vez que notei o medo nos seus olhos.

— Não vim até aqui para dar meia-volta quando estamos prestes a fazer a maior descoberta da história — respondi com raiva.