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Por Ruas Empoeiradas E Solitárias E Outras Histórias
Por Ruas Empoeiradas E Solitárias E Outras Histórias
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Por Ruas Empoeiradas E Solitárias E Outras Histórias

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A mulher da loja de sua mãe andou rápido para alcançá-lo.

– Oi.

– Olá – disse Tega. Ele tentou acalmar sua raiva. Droga, estou fora de controle. Ele pensou e se sentiu mais desconfortável. O suor umedeceu sua sobrancelha. – Como posso ajudá-la – ele quase gritou as palavras para ela.

– Você não me conhece, mas eu sou cliente da sua mãe. Eu testemunhei a saga inteira lá atrás.

Em um instante, o semblante de Tega ficou na defensiva. Seus lábios mostravam irritação. Ela viu o constrangimento que estava no rosto de Tega.

– Confie em mim, eu vim como amiga. – Ela deu um sorriso deslumbrante para tranquilizar Tega de que não estava aqui para zombar dele.

O calor e a compreensão em seus olhos fizeram Tega relaxar:

– Sim, esse incidente que você testemunhou é o conto da minha família. Eu sei que é patético.

– Sinto muito por isso.

– Obrigado senhorita, senhora?

– Senhorita Clara… Mas é claro, você pode me chamar de Clara.

– O prazer é meu. Clara, obrigada pela sua preocupação.

Clara corou ao abrir a bolsa. – De nada. Aqui, pegue isso – ela estendeu um pouco de dinheiro; – Acredito que você terá um longo caminho até a cidade.

– Uau. Não posso agradecer o suficiente por esse gesto maravilhoso. Deus te abençoe muito bem, Clara. Obrigado.

– De nada, senhor?

– Tega, Tega é o meu nome.

– Tudo bem, Tega, é bom conhecê-lo.

– Igualmente, apesar de me desculpar pelas circunstâncias em que estamos nos encontrando.

– Está tudo bem, Tega. Considere isso como providência em ação. É minha esperança que você tenha melhores dias pela frente. Desejo-lhe um dia mais esplêndido e sucesso em todos os seus esforços. Tchau.

– Obrigado e tchau por agora. – Tega e Clara apertaram as mãos e foram em diferentes direções.

* * * * * *

Tega e seu pai estavam comendo à mesa quando a senhora Oghenevwede entrou na casa.

Ela atacou eles.

– Não me lembro de deixar comida na cozinha.

– Bem-vinda de volta, mamãe.

– Mesmo que nosso filho seja uma formiga, eu me tornei um rato?

Ela olhou arrogante:

– De onde essa refeição se materializou? Espero que nenhum de vocês tenha tocado meus alimentos?

– Estou falando com você, mulher. Pelo menos mostre alguma consideração por um homem que carregava vinho por sua causa.

– E daí se eu não tiver nenhuma consideração por um homem que tenha um barril miserável de vinho da palma para me arrancar do jardim florido de meu pai e me depositar em sua casa para bater em tanques como um escravo?

Tega ficou furioso. – Como se atreve a falar assim com meu pai? Cristo. Sua atitude é desprezível, mamãe, mostre algum respeito.

– Você vai ficar quieto, seu jovem idiota covarde. Quando os temperos escaldam em uma panela fumegante, uma refeição não preparada não se vangloria como um cardápio saboroso.

– Onde nos perdemos? Onde eu errei? – Oghenevwede lamentou e balançou a cabeça com total espanto.

– Pergunte a si mesma, miserável – a senhora Oghenevwede bufou e se afastou para lavar a louça do freezer.

Tega parou de comer. A situação doentia de sua família o preocupava. Sua mãe os considerava parasitas. A cegueira do pai o impedia de conseguir um emprego.

Tega não conseguiu um emprego remunerado para comprar provisões para a casa. O negócio de alfaiataria de sua mãe fornecia necessidades básicas. Isso fez dela a única provedora da casa. Ela os alimentava diariamente com o veneno da boca, em vez de sustento da bolsa. Houve momentos em que Tega pensou que nunca houve amor entre seus pais.

Ele largou os talheres:

– Oh, isso é um absurdo. – Ele cerrou os punhos.

– Acalme-se, meu filho, e por favor termine sua refeição

– Não papai. Eu perdi meu apetite.

– Você quer que eu perca meu apetite para comer e viver?

– Não papai – Tega pegou sua faca e garfo.

No dia seguinte, Tega e seu pai estavam tomando café da manhã.

– Papa, em breve não nos faltará nada. Se tudo correr como o planejado, pela graça de Deus voltarei para casa, com um emprego.

– Desejo e rezo para isso menino. Seu desemprego contínuo cessará neste dia. Aposto com a minha vida.

– Amém. No entanto, definitivamente não com sua vida, papai, Deus está encarregado disso. Papai, sua vida é mais preciosa para mim do que qualquer emprego que pague um bilhão de nairas.

– Amém. Esse é o meu filho. Desejo a você a melhor benção de Deus. Vá com cuidado.

– Obrigado, papai. Eu deveria ir agora. Não quero me atrasar.

– Mas é cedo. Se eu me lembro bem. Eles agendaram a entrevista para o meio-dia. São apenas oito horas.

– Sim, papai, mas é melhor eu chegar lá mais cedo do que tarde. Quero evitar o horário de pico e preparativos em cima da hora. Isso me deixa tenso. A espera na via expressa se tornou terrível.

– Sim, é verdade. É melhor você ir. Antes de sair, coloque meu telefone para carregar, por favor.

Tega pegou o telefone do pai da mesa e o conectou à caixa de extensão na sala de estar.

– Papa, está feito.

– Obrigado, meu filho.

Tega pegou as louças e foi até a cozinha. A senhora Oghenevwede o abordou. Ela fixou um olhar desdenhoso em seu elegante traje corporativo.

– Eu me pergunto o que estou perdendo nesta casa – ela perguntou a ninguém em particular. Ela apontou um dedo para Tega: – Ultimamente, você e seu pai estão aproveitando. Espero que você não esteja em atividades fraudulentas?

– E por que você faria uma pergunta tão imoral a nosso filho?

– É porque ele é o único que tem força para segurar uma arma de cano duplo. Você é um dodô fraco que não pode empunhar uma adaga – ela avaliou o marido – não vou dizer que você é o contador dele. Como um cego pode contar dinheiro? Seu único apoio será comer o resultado.

– Parece que você ficou louca – disse o senhor Oghenevwede.

– A forma como vocês dois estão jantando como rei e príncipe nesta casa deixa espaço para suspeitas. O que alguém pensaria conhecendo seu status de desempregado?

– O que você está insinuando? – o senhor Oghenevwede perguntou.

– Nada, só espero que ninguém venha me prender por um crime do qual nada sei.

– Você é impossível. Estou desapontado. Suas palavras são odiosas. O que meu pai e eu fizemos para você? Eu deveria sair daqui. Não quero que sua brincadeira repugnante estrague meu dia. – Tega entrou na cozinha. Ele lavou a louça e saiu de casa.

– Para onde ele está indo? O que vocês dois não estão me dizendo? Espero que você não esteja escondendo algo hediondo de mim.

O senhor Oghenevwede continuou em silêncio. Ele foi até a sala e sentou-se confortavelmente.

* * * * * *

Tega se aproximou de casa. Ele estacionou o carro de sua nova construtora do lado de fora. Ele queria surpreender o pai com seu novo emprego como motorista. Ele entrou na casa e viu algumas pessoas chorando enquanto outras tinham rostos tristes.

– O que está acontecendo aqui? Mamãe, por que essas pessoas estão em nossa casa? Diga-me por que as lágrimas e os rostos tristes?

– Oh, meu filho… – ela se jogou na cadeira. A senhora Oghenevwede chorou.

– Pare, mamãe, onde está o papai?

– Tega, é triste você ter que voltar para esse cenário. Tenha coragem, seja corajoso. – Um vizinho o consolou.

– Do que você está falando, senhor? Sobre o que você está tagarelando? Alguém pode se comunicar comigo em uma linguagem sã? Sobre o que é toda essa piada?

– Seu pai não existe mais – disse a Sra. Oghenevwede.

– Mamãe, eu não estou pronto para nenhuma das suas zombarias.

– Seu pai está morto. – Ela gritou.

Tega gritou e correu para o quarto de seu pai, seu cadáver coberto na cama. Ele abaixou a cabeça e gritou: – Não papai. Você precisa acordar.

A senhora Oghenevwede se ajoelhou perto de Tega. – Oh, meu filho, me desculpe. Você o amava demais. Isso é difícil para você, meu querido filho.

Tega virou-se lentamente para ver sua mãe. Ele enxugou as lágrimas com a palma da mão. – Sim, eu sei, você não precisa me lembrar. Eu era o único que o amava demais. Você o odiava muito.

– Não filho, não diga isso.

Ele falou devagar:

– Sim, você se importava muito. Eu fui testemunha. O que estou dizendo? – Tega riu dolorosamente. – Oh, apenas vá para o inferno, mamãe. Não adianta fingir agora. Você não se importava. Agora você deve estar feliz. Fique feliz por seu fardo ter diminuído. Se você acha que ainda tem um, não se preocupe, todos os seus fardos morreram. Todos nós fomos arrancados de seus ombros pesados.

– Não, meu filho – ela apertou as duas mãos na boca – não, meu filho. Por favor me perdoe. Não sei o que me possuía. Não me crucifique. Por favor, eu imploro a você. Eu sei que não era a melhor mãe e esposa. Por favor me perdoe. – Ela caiu no chão. Ela chorou em cima do cadáver. – Por favor me perdoe.

– Diga isso para as paredes, mamãe. Melhor ainda, você pode ir ao cemitério e gritar seu arrependimento.

– Por favor, meu filho, me perdoe. Eu amo vocês dois. Eu amei seu pai e ainda o amo.

– Como isso aconteceu, como meu pai morreu?

– Foi por choque elétrico.

– Meu Deus, ele teve uma morte horrível.

Ela esfregou as mãos como uma criança assustada.

– As torneiras dentro de casa pararam de funcionar. Eu tive que buscar água do lado de fora. Enquanto carregava a água para dentro de casa, algumas gotas caíram no chão. Eu ia limpar, mas isso me passou despercebido quando tive que correr para a loja e atender um cliente.

– Oh não, como você pôde mulher.

– Saí de casa às pressas. Uma cliente queria o vestido dela. Voltei para casa uma hora depois para ver seu pai, meu amado marido, com as pernas abertas no chão. Ele estava perto da caixa de extensão. Suas mãos colocadas no carregador do telefone. Era óbvio que ele estava indo pegar o telefone – seu pai foi eletrificado até a morte.

– Destino, por que você é tão cruel. – Tega chorou tristemente.

A senhora Oghenevwede embalou a cabeça do filho:

– A vida não era justa o suficiente para meu marido.

Ele afastou as mãos de sua mãe.

– Onde está o telefone dele?

Ela desamarrou um nó em um pacote e tirou o pequeno telefone. Ela o entregou a Tega. Ele percorreu o registro de chamadas e viu as chamadas perdidas.

– Então, foi minha ligação. Eu não deveria ter tentado ligar para você, papai. Eu deveria ter dirigido direto para casa. Papai, gostaria que você não tivesse tentado atender minha ligação. Oh Deus, por que, por que você fez meu pai receber dessa maneira? – Ele inclinou a cabeça no cadáver e chorou.

Nenhum todos os elogios que a avó de Oghenevwede tinha dado a ele o atingiram. Ela havia declarado que, antes que ele subisse em suas câmaras ancestrais, ele atingiria as alturas de Omiragua – um título distinto concedido a um homem de alta personalidade e próspero em ações filantrópicas e liderança exemplar em sua comunidade.

Quando Tega derramou areia no caixão de seu pai, ele decidiu ir para longe de sua mãe. Antes do canto do galo, Tega pegou o primeiro ônibus para a cidade.